Sunday, August 29, 2021

A Rendição Americana ao Talibã - 29/08/2021

 

Vinte anos atrás, nesta data, novaiorquinos como eu estávamos prestes a testemunhar o maior ataque em solo americano da história. Ninguém poderia imaginar que o ataque à base naval de Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, pouco menos de 60 anos antes, um dia que o presidente Roosevelt definiu como o Dia da Infâmia, poderia ficar reduzido por um outro, desta vez no coração de Manhattan.

A diferença entre um e outro é que em Pearl Harbor o alvo eram as forças armadas americanas e o ataque matou 2.403 marinheiros, soldados e pilotos. Os ataques de 11 de setembro alvejaram civis e levaram 2.996 vidas.

Em 11 de setembro tínhamos um presidente americano republicano que não teve escolha a não ser caçar os perpetradores. Ele não vacilou e nem poderia ter vacilado naquela hora.

Ninguém vai discutir se ocupar um país por 20 anos, 10 anos a mais depois que o mandante dos ataques fora morto foi bom ou não. Mas a crise que estamos passando hoje foi completamente orquestrada por Joe Biden. Um burocrata de esquerda senil, que tinha o sonho de brincar de presidente, que não consegue tomar uma decisão coerente em prol da América, e que agora tem sangue em suas mãos.

A situação mental de Biden é tão preocupante que numa entrevista coletiva ele tirou do bolso uma lista de nomes de jornalistas para ele chamar para fazerem suas perguntas. Se ele precisa de instruções para uma coletiva, para o que mais ele precisa de instruções? E quem está dando estas instruções? Quem está realmente governando a América?

Biden disse que estava amarrado pelo acordo que Trump fez com os Talibãs. Mentira! Biden não teve qualquer problema em rasgar todos os outros acordos feitos por Trump, como o acordo com o México sobre os migrantes, o acordo sobre o oleoduto com o Canadá e tantos outros. Mas a data para a saída do exército americano do Afeganistão, foi cunhada em pedra?

O acordo de Trump funcionava com condições. O próprio Trump não teve problema em atacar o Talibã quando ele não cumpriu o prometido. E desde o acordo nenhum soldado americano foi morto. Agora 13 jovens perderam suas vidas por nada. Média de idade 22 anos. Entre eles duas moças. Horas antes de morrer, Sargento Nicole Gee postou sua foto no Instagram segurando um bebê e escreveu: eu amo meu trabalho. Hoje ela voltou para casa num caixão.

Se alguém se der o trabalho de ler o acordo de Trump com o Talibã, está lá que os Estados Unidos manteriam sua presença na base aérea de Bagram, ao norte de Kabul. Esta base daria um porto seguro para americanos, europeus e seus colaboradores afegãos saírem do país. Mas não. Biden mandou evacuar a base semanas atrás retirando o suporte aéreo de qualquer missão. Em vez disso, americanos e afegãos têm que passar pelos talibãs para chegarem ao aeroporto.

Qual o problema de os EUA deixarem uma base no Afeganistão? A América tem nada menos do que 800 bases em mais de 70 países, incluindo a Alemanha e o Japão, desde a segunda guerra mundial, a Coreia do Sul e 5 bases no Iraque.

Mas a estupidez e pura negligência de Biden não teve limites. Para supostamente assegurar que americanos e seus aliados tivessem acesso ao aeroporto em Kabul, Biden deu ao Talibã todos os dados destes americanos e aliados. Ele deu aos Talibãs, um grupo terrorista que passou os últimos 20 anos matando americanos, os nomes, endereços e dados biométricos de seus cidadãos e colaboradores afegãos achando que os Talibãs irão ajudá-los a chegar ao aeroporto ou de alguma forma protegê-los.  Isto é pura insanidade! Agora os Talibã têm uma lista de eliminação, especialmente sabendo que não haverá prorrogação do prazo de saída e o último avião americano sairá na terça-feira. Os ingleses já saíram e reconheceram que há mais de mil cidadãos britânicos que foram deixados para trás. O que acham que irá acontecer com eles? E com os americanos que não puderem embarcar?

Até a mídia de esquerda não pode deixar de apontar o dedo para Biden como o culpado por este desfecho vergonhoso. Mas a cobertura 24 horas por dia da retirada americana do Afeganistão não lidou com quatro pontos-chave que terão consequências duradouras muito além da miopia de Biden.

O primeiro é o arsenal de armas deixado para o Talibã e outras organizações jihadistas pela saída precipitada dos Estados Unidos e a desintegração das forças armadas afegãs. 84 bilhões de dólares em equipamento. Armas, munições, dinheiro, centenas de veículos e até os avançados helicópteros Black Hawk. OK, vamos dizer que os Talibãs não terão pilotos para estes helicópteros. Mas os chineses e russos já estão em Kabul e porão suas mãos neles, roubando uma tecnologia vital.  

Não apenas demos aos terroristas outro estado falido para planejar ataques regionais e internacionais, mas também os armamos. De acordo com um artigo da revista Forbes, os Estados Unidos deixaram para trás um arsenal de tal tamanho que poderá não só sustentar uma força terrorista, mas um verdadeiro exército por uma década.

“Os Estados Unidos deixaram para trás 75.000 veículos de guerra ... Humvees, veículos protegidos contra emboscadas resistentes a minas (MRAP) e veículos blindados ... 1.000 veículos resistentes a minas que custam até $767.000 cada um - 208 aviões e helicópteros, incluindo 20 aeronaves de ataque A-29 Super Tucano. Os A-29 custam $ 21.3 milhões de dólares cada. Helicópteros Black Hawk que podem custar até $21 milhões de dólares. Seiscentos mil rifles, metralhadoras ... 25.000 lançadores de granadas e 2.500 obuses – o canhão moderno.”

O segundo é o perigo causado pela libertação de cinco mil terroristas de “alto valor” da Al-Qaeda, ISIS e Talibã que estavam na prisão de Bagram. Não é nem preciso explicar este perigo.

O terceiro é a noção equivocada de que os americanos podem decidir encerrar suas guerras contra o terrorismo simplesmente deixando o Afeganistão. Eles deveriam perguntar aos israelenses como a saída unilateral funcionou para eles em Gaza e no Líbano.

Finalmente, é o reconhecimento que não haverá inteligência humana ou de qualquer aliado americano no local para adquirir a inteligência e prevenir outro grande ataque terrorista.

A guerra contra o terrorismo não acabou apenas porque o presidente Biden disse que acabou. Um artigo no National Review explicou bem a situação: “O Afeganistão é apenas uma frente em um conflito global que os Estados Unidos não iniciaram e não podem querer acabar de uma hora para outra ... Quando os participantes do movimento salafista-jihadista mundial observam os desdobramentos da semana passada, eles não veem motivos para desistir deste caos. Eles vêem o caos, o pânico, a violência, a desordem e a retirada americana como uma justificativa para sua ideologia e um estímulo para novas ações ”.

E não só eles. Hoje os ucranianos e os taiwaneses não devem estar dormindo à noite. Eles estão vendo que não podem mais contar com os Estados Unidos para defendê-los. A Rússia já tomou a Península da Criméia e agora nada a impedirá de tomar o resto da Ucrânia. A China poderá facilmente iniciar sua ofensiva para reunificar a democrática Taiwan com a China comunista.

E Israel? Israel está numa posição ainda pior. Ao se retirar do Afeganistão de forma tão estabanada, deixando para trás não só colaboradores, mas cidadãos americanos, Biden está mandando uma mensagem clara que não irá começar uma outra guerra na região e não irá tomar qualquer atitude com relação ao Irã. Nesta Israel está só.

Ao mandar as tropas americanas baterem em retirada, Biden também conseguiu enfraquecer a OTAN de maneira que nem a Rússia conseguiu. Foi a primeira vez que o art. 5º da OTAN fora invocado engajando todos os outros membros na guerra contra a Al-Qaeda.

Em 21 de agosto de 2017, antes de ter ganho a eleição Trump fez uma previsão marcante. Ele disse que qualquer saída do Afeganistão que não fosse em fases, pausadas e planejadas, iria deixar um vácuo enorme que seria preenchido por grupos terroristas e isso para ele era inaceitável. Estava claro, mas Biden deixou todos na mão com seu erro colossal. E depois de ter errado tão miseravelmente ele quis deixar parecer que este resultado era inevitável. Não era.  

Apesar de Biden ter feito parte do Comitê de Relações Exteriores do Senado por décadas, ele sempre errou em suas posições. Tanto que Barack Obama disse para nunca subestimarmos a capacidade de Joe Biden de atrapalhar ou estragar as coisas.

Depois de Pearl Harbor os Estados Unidos se uniram às forças aliadas e 4 anos depois venceram a guerra submetendo e humilhando o Japão com duas bombas nucleares. Depois de 11 de setembro e vinte anos de guerra, Biden conseguiu a derrota para a América sua humilhação, vergonha e o sangue dos jovens soldados em suas mãos.

Sunday, August 15, 2021

Israel Precisa Ter Cuidado com William Burns - 15/8/2021

 

Na semana passada o primeiro-ministro de Israel Naftali Bennett se encontrou com o diretor da CIA William Burns. Como esperado, Bennett saiu da reunião todo sorrisos dizendo que eles haviam discutido o fortalecimento da cooperação de segurança e inteligência entre os dois países, o Irã, e a expansão da cooperação regional.

Pois é. Mas Bennett deve desconfiar de Burns depois da visita dele a Israel e também à Autoridade Palestina. Sim, porque Burns também se encontrou com o chefe da inteligência palestina Majed Faraj que, como representante do seu mendigo chefe Mahmoud Abbas, exigiu uma assistência americana imediata (em milhões de dólares, é claro), sem a qual o “Hamas tomará o poder na Cisjordânia”.

Então vejamos. Temendo perder as eleições para o Hamas, a Autoridade Palestina as cancelou, acusando Israel de proibir os árabes do leste de Jerusalém de votarem. É claro. Os árabes de Jerusalém são residentes de Israel, e não há por que eles participarem em eleições que são irrelevantes para eles. Isto é só um complô de Abbas para minar a soberania de Israel sobre a cidade unida.

A decisão de Abbas de cancelar as eleições trouxe protestos e tumultos que Abbas resolveu abafar, outra vez, fabricando um confronto com Israel dizendo que os judeus estavam tomando a mesquita de Al-Aqsa e despejando seis famílias árabes que tomaram propriedades de judeus, judeus que finalmente conseguiram a reintegração de posse nos tribunais.

O dia de Jerusalém, o dia em que a cidade foi reunificada depois da Guerra dos Seis Dias, também foi usado para incitar a violência, desta vez em todo o país. Abbas quis mostrar que ele é tão machão quanto o Hamas quando se trata de aniquilar Israel. Árabes de todo o país passaram dias agredindo seus vizinhos judeus, bombardeando apartamentos, carros e sinagogas com coquetéis Molotovs enquanto o Hamas, para não ficar atrás, intensificou o lançamento de balões incendiários e mísseis contra Israel. Quando o Hamas lançou uma barragem de mísseis contra Jerusalém, Israel começou a operação Guardiões das Muralhas.

Apesar dos comandos centrais do Hamas e Jihad Islâmico em Gaza terem sido deixados em ruínas, o Hamas declarou vitória sobre os “sionistas”. Abbas por seu lado continuava reinando em Ramallah sem qualquer oposição.

Mas isto não foi o que Burns discutiu com Abbas. Nem o fato da Autoridade Palestina continuar a gastar o equivalente da totalidade da ajuda americana recompensando terroristas e suas famílias por assassinatos de judeus. Não. Abbas é mestre dos eufemismos e Burns não quer nada mais do que comprar suas mentiras.  

Afinal, quem é William Burns? Antes de ser Diretor da CIA, ele foi presidente de uma fundação de esquerda estabelecida e mantida por George Soros e um diplomata de carreira. Ele foi escolhido precisamente porque não é o tipo de conduzir ações de espionagem mas prefere apaziguar diplomaticamente os inimigos dos Estados Unidos em vez de saber o que estão fazendo.

E se fosse um bom diplomata, menos mal. Mas em uma matéria que ele publicou em 2019, Burns mostrou uma imensa ignorância sobre o Oriente Médio e pior, uma total falta de visão sobre o plano que levaria aos Acordos de Abraão um ano depois, dizendo que Trump estava “enterrando o único plano viável para trazer a paz entre israelenses e palestinos com pressupostos falhos e ilusões”.

De acordo com Burns em 2019, tudo o que Trump fez, de mudar a embaixada para Jerusalém, de reduzir a ajuda americana aos palestinos enquanto o pagamento aos terroristas continuasse; de reconhecer a soberania de Israel sobre as Colinas do Golã, tudo isso contribuiu para enterrar a paz. Ele ainda disse que “os estados árabes podem cochichar privadamente, mas não há qualquer possibilidade que eles poderiam dar apoio a qualquer plano de paz que não inclua um caminho crível para um estado palestino”. Realmente um gênio da diplomacia internacional.

Só para informação, os Emirados e o Bahrain estão fechando negócios com Israel a cada semana. E o Marrocos abriu a embaixada israelense em Rabat esta semana.

A recusa da esquerda de reconhecer o mal da Autoridade Palestina é tão antigo quanto a suposta “solução” que ela encontrou: a solução de dois estados. Uma solução que os palestinos nunca aceitaram. E quando Burns ouve Abbas repetir o mantra, ele não tem como não considerar Abbas um “moderado”.

E isso também vale para o Irã. Burns é um dos que estão fazendo de tudo para retornar os Estados Unidos ao famigerado Acordo Nuclear de 2015, sem o qual, ele diz o Irã irá obter armas nucleares e capacidade de transportá-las por mísseis balísticos sem “transparência”. É o problema é a “transparência”. Nem dá para acreditar que o chefe da maior agência de inteligência do mundo precisa de um acordo com um país como o Irã para saber o que se passa com o seu programa nuclear. Talvez ele precise fazer um estágio no Mossad de Israel para aprender alguma coisa.

E isso nos leva ao Afeganistão, e à enormíssima derrota dos Estados Unidos que está acontecendo neste exato momento. Hoje pela manhã o Talibã entrou em Kabul e está esperando o governo resignar e transferir o poder a eles. O Talibã avisou que se o governo fizer isto, eles não atacarão a capital, mas a rapidez e a brutalidade com a qual eles tomaram as capitais de todas as outras províncias, não deixam muito espaço para negociar com eles.

As dramáticas medidas que conhecemos principalmente contra as mulheres, já estão sendo implementadas. Meninas pequenas estão sendo tomadas para serem dadas em casamento a membros do Talibã. Mulheres que trabalham foram mandadas para casa e escolas de meninas foram fechadas. 250 mil mulheres com crianças fugiram para as fronteiras. É um retrocesso total e um tapa na cara dos americanos que pagaram mais de 1 trilhão de dólares e deram as vidas de 2.500 americanos e outros 20 mil feridos, tentando libertar este país destes esquizofrênicos.

Em 7 de julho último, portanto há pouco mais de um mês, Joe Biden anunciou a data de 31 de agosto para a retirada final das tropas americanas do Afeganistão dizendo que outras prioridades como o aquecimento global deveriam ter precedência no orçamento americano. É claro que uma retirada ao estilo do Vietnã, com americanos sendo hasteados em helicópteros do teto da embaixada, mostra uma imagem vencedora ao Talibã.

Foi ridícula a mensagem do porta-voz do Pentágono que disse que o governo Biden estava chocado que o Talibã tinha tomado o país tão rapidamente. Que eles não viram isso no horizonte. Ele e seu chefe Biden ganharam o prêmio de ingênuos, ignorantes e incompetentes do ano.

Burns junto com Biden e os europeus, pertencem à categoria dos que preferem ficção aos fatos. Eles querem acreditar naquilo que faz bem ao seu ego, que se conforma à sua ideologia.

Por isso podemos entender como Burns também se surpreendeu com a derrota no Afeganistão e porque não acreditou que acordos de paz de países árabes com Israel eram possíveis. Mas ele não pode ser desculpado por não ver atrás dos olhos mentirosos de Abbas que alega querer dois estados somente para se manter relevante e é claro – muito rico.

Burns é um que mantém terroristas, ditadores e tiranos de terno e gravata no poder por décadas. Esperemos que o governo de Israel saiba com quem está lidando e que o fortalecimento da “cooperação” entre Israel e o governo Biden pode significar o aumento de pressão sobre o estado judeu para fazer concessões unilaterais perigosas.



Sunday, August 8, 2021

O Novo Irã com o Açougueiro de Teerã - 8/8/2021

Na última sexta feira, uma barragem de 20 mísseis caiu no norte de Israel. Esta barragem veio dois dias depois de três mísseis terem sido lançados do Líbano sobre Kyriat Shemona. A diferença é que os mísseis da quarta-feira teriam supostamente sido lançados por um grupo palestino fora da lei. Mas na sexta, a Hezbollah tomou a responsabilidade diretamente.

O interessante é que a Hezbollah enviou mísseis para campos abertos e ninguém foi ferido. A pergunta é, por que agora?

A primeira coisa que veio à mente é que o Irã tem um novo presidente. Na quinta-feira, Ebrahim Raisi, o Açougueiro de Teerã, assumiu o cargo, prometendo uma radicalização e uma beligerância ainda maior do Irã.

Como com a Coreia do Norte, que precisa mostrar seus músculos a cada mudança de líder, o Irã, através de seu filhote a Hezbollah, está tentando mandar uma mensagem para Israel, que chegou um novo líder. Uma atitude muito adulta.

Se por um lado Raisi deu preferência a se encontrar com líderes de grupos terroristas logo depois de sua inauguração, como o Hamas e a Hezbollah, por outro, ele declarou em inglês que está disposto a negociar diplomaticamente a suspensão das sanções contra seu país.

Não há nada de novo sobre um líder do Irã falar pelos dois lados da boca, especialmente quando muda para o inglês. Mas houve uma razão para Raisi ter sido escolhido pelo Supremo Líder Ali Khamenei, para substitui-lo. E isso tem a ver com os milhares de protestos em todo o país contra a situação econômica e a ruina da infraestrutura pelo mal gerenciamento dos aiatolás.

É esperado que Raisi, "o Açougueiro", para seguir a linha dos aiatolás, irá governar com punho de ferro, fechar as comunicações com o exterior, reprimir violentamente os protestos em todo o país e mentir sobre tudo para a comunidade internacional.

E não há dúvidas que ele continuará a tradição de culpar os Estados Unidos e Israel pelas terríveis dificuldades econômicas – a América pelas "sanções paralisantes" e Israel por agressão (seja lá o que isso for).

A diferença é que hoje o povo iraniano está tão farto de situação nas mãos deste regime que não acredita mais nesta propaganda. Eles querem comida no prato e água na torneira, ambos os quais estão tão em falta quanto a eletricidade. Uma vergonha! um dos dez maiores produtores de petróleo e gás do mundo, ter que racionar eletricidade, água e comida.  

O fato de que as manifestações contra o governo incluam slogans pedindo a morte de Khamenei significa que o povo não tem mais medo das penas de morte e tortura que recaem sobre os dissidentes iranianos. O povo está dizendo que não tem mais nada a perder e sai nas ruas para denunciar o financiamento da Hezbollah no Líbano, as milicias no Iraque, os Houthis no Iêmen, o terrorismo palestino do Hamas, sem falar do dinheiro gasto com mísseis balísticos e ogivas nucleares.

O problema é que o que eles têm a ganhar (a mudança de governo) pode ser facilmente frustrado pelas fantasias de Washington. Sim, o governo Biden incrivelmente se recusa a abandonar o desejo de retornar os Estados Unidos a alguma forma do Acordo Nuclear de 2015 como a única maneira de conter a ameaça de Teerã.

A idiotice e ingenuidade da ilusão da equipe Biden é tanta, que eles acreditam firmemente que um acordo com o regime liderado pelo açougueiro de Teerã (e numa outra oportunidade vamos falar do porquê do título tão elogiador) garantirá maior "transparência" de suas atividades nucleares e, portanto, uma melhor capacidade de mantê-lo sob controle. Raisi, sem dúvida, deve ter dado altas gargalhadas quando leu isso.

É como se esta administração americana tivesse resolvido esquecer o monstruoso arquivo que o Mossad retirou do Irã, e que deu provas concretas da violação do Acordo Nuclear por Teerã e prontificou Donald Trump a sair dele.

Raisi, também está ciente de que foi o conteúdo destes arquivos que levou à assinatura no ano passado dos Acordos Abraão entre Israel e os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, e a aproximação com outros vizinhos árabes. Esses países não estavam apenas interessados ​​em se alinhar com os durões do pedaço – Trump nos Estados Unidos e Benjamin Netanyahu em Israel. Seu maior interesse era e continua a ser, de impedir que o Irã obtenha armas nucleares armas e exporte sua revolução terrorista para seus países.

Raisi sabe que precisará exercer força bruta sobre um público furioso e flexionar seus músculos para o Ocidente mas apenas o suficiente para ser apaziguado e conseguir mais concessões.

E isso nos traz a Israel. Durante uma reunião em Jerusalém na quarta-feira com embaixadores de países membros do Conselho de Segurança da ONU, o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, afirmou inequivocamente que a Força Aérea do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica estava por trás de “dezenas de ataques terroristas no Golfo Persico empregando drones e mísseis”, inclusive o último a um navio gerenciado por uma companhia israelense aonde o Irã matou um cidadão britânico e um da Romênia.

Yair Lapid, ministro das Relações Exteriores de Israel foi mais além dizendo que “este foi um crime internacional”, e perguntou “o que a comunidade internacional vai fazer a respeito? O direito internacional ainda existe? O mundo tem a capacidade e a vontade de aplicá-la? Se a resposta for sim, então o mundo precisa agir agora.” Caso contrário, "será cada um por si".

O Irã conta com isso, e com razão - especialmente tendo em vista a decisão da União Europeia de enviar o diplomata Enrique Mora à cerimônia de posse de Raisi. E uma vez que Raisi anunciou que "certamente negociará para suspender as sanções", a presença de Mora, mesmo tendo sido relegado a um banco de trás da cerimônia de posse, significa que a UE está tão ansiosa para voltar ao Acordo Nuclear como os Estados Unidos. E ataques letais de drones a navios comerciais para a UE são questões menores.

A imagem do representante europeu sentado atrás do Hamas e da Hezbollah, mostra que a liderança iraniana quer reforçar a ilusão americana de que só um acordo que irá suspender as sanções poderá trazer o Irã para a mesa de negociações e a ilusão de que os aiatolás continuam firmes e fortes dentro de casa.

No dia 26 de julho, o Comandante da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami declarou que "todo o mundo muçulmano se tornou uma arena de jihad e os arrogantes [americanos] estão fugindo". Ele disse que “o Líbano e a Hezbollah agora estão fortes e capazes contra os sionistas, e toda vez que o inimigo se mover, a Hezbollah o cortará pela raiz.” Salami continuou dizendo que os inimigos “devem saber que a nação iraniana não desistirá do Islã e da revolução por causa de cortes de energia ou falta de água ... O povo do Irã tem mostrado nestes dias que é leal aos ideais do Islã e dos da revolução."

Salami parecia não entender que as imagens das pessoas protestando contra o regime corrupto e repressivo conseguiram chegar ao Twitter e mostrar a discrepância entre suas palavras e o que se passava na rua de baixo. Mesmo assim ele disse algo que acredita ser verdade: que “hoje, o Irã está ditando os termos sobre os quais uma superpotência como a América retornará ao acordo nuclear, e isso indica a autoridade exercida pelo Irã islâmico.”

Biden e seus companheiros europeus não devem provar que esta corja está correta. Chegou a hora de tirar proveito das rachaduras na armadura deste regime.

Mas se conhecemos Biden, isso não vai acontecer num futuro próximo. E neste caso, Israel terá que agir sozinha. Esperemos que o primeiro-ministro Naftali Bennett e seu novo governo esteja à altura da tarefa e que a oposição se una a ele nesta empreitada.

 

Sunday, August 1, 2021

O Antissemitismo na Universidade da Cidade de Nova Iorque - 1/8/2021

 A situação do antissemitismo aqui nos Estados Unidos e em especial em Nova Iorque está tomando rumos e níveis escandalosos.

Na semana passada, pelo menos 50 professores da Universidade da Cidade de Nova York, a maior universidade pública do Estado, retirou sua filiação do sindicato do corpo docente, após a aprovação de uma resolução unilateral do Sindicato condenando Israel pela recente guerra contra o Hamas e ameaçando apoiar o movimento de boicote, desinvestimento e sanções contra o Estado judeu.

A resolução aprovada pelos delegados do sindicato, indignou muitos professores - alguns dos quais são descendentes de vítimas do Holocausto e têm familiares em Israel.

O Professor Yedidyah Langsam, presidente do Departamento de Ciência da Informação e Computação do Brooklyn College e de seu conselho docente escreveu em uma carta de demissão à presidente dizendo que o Sindicato, escolheu apoiar uma organização terrorista, o Hamas, cujo objetivo ('Do Rio ao Mar') é destruir o estado de Israel e matar todos os meus familiares que vivem lá”.

Langsam comparou a situação com a dos professores judeus nas universidades alemãs durante o infame reinado nazista no final dos anos 30. “Pessoalmente, tenho uma sensação desconfortável ao interagir com esses professores e, como muitos alunos escreveram, sinto-me extremamente desconfortável no campus”.

“Por esse motivo, renunciei ao Sindicato com efeito imediato, após ter sido membro por mais de 40 anos. Pedi a meus colegas professores que renunciassem imediatamente. Vocês NÃO nos representam e eu não farei parte de uma organização que apóia aqueles que desejam nos destruir.”

Isso vem em seguida à decisão do fabricante de sorvetes Ben & Jerry’s anunciar que não venderá mais seus produtos nos territórios palestinos ocupados por Israel. E isso colocou o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, numa saia justa já que em sua campanha em 2016, ele jurou suspender os negócios com qualquer empresa envolvida na campanha antissemita do BDS contra Israel. E outros 34 estados que passaram resoluções anti-BDS também estão pesando a presença do sorvete em seus territórios e os investimentos de seus fundos de pensão na holding, Unilever.

O Fiscal Estadual de NY Tom DiNapoli alertou a Unilever, que Nova York pode restringir os investimentos na empresa.

A presidente do Sindicato dos professores, reconheceu que a resolução anti-Israel causou "angústia" entre os membros, mas culpou os conservadores por supostamente “explorarem a controvérsia para prejudicar o grupo. É. Ela dá o tiro no pé e culpa os “conservadores”.

Os professores transtornados com a resolução argumentam que ela ignorou completamente fatos cruciais, como por exemplo, que o Hamas disparou milhares de mísseis contra centros populacionais civis em Israel durante a recente disputa. A resolução simplesmente diz que o “Sindicato condena o massacre de palestinos pelo estado israelense'' e critica o" expansionismo e violentas incursões de Israel nos territórios ocupados".

A resolução ainda diz que a luta palestina por “autodeterminação” é semelhante às lutas de “povos indígenas e negros nos Estados Unidos” e negros no apartheid na África do Sul e que no outono o Sindicato irá considerar sei apoio ao BDS” contra Israel.

Isso foi na semana passada.

Nesta semana, um professor adjunto da mesma universidade afirmou que os muçulmanos vão "apagar essa sujeira chamada Israel" e que “os judeus causam corrupção em todo o mundo”, durante um sermão proferido no Centro Islâmico de Union County, em Nova Jersey. O discurso pode ser visto no site da Memri.

Abbasi apresentou sua interpretação do capítulo do Alcorão intitulado “Jornada Noturna” que diz: "E transmitimos aos Filhos de Israel nas Escrituras que, 'certamente vocês causarão corrupção na terra duas vezes, e certamente alcançarão grande arrogância.'". Abbasi declarou que os muçulmanos tiveram uma rodada no tempo de Maomé e depois os judeus receberam "uma rodada" nas décadas de 1930 e 1940, quando "eles vieram de toda parte" para Israel.

Ele disse que ‘a primeira das advertências aconteceu,' e 'então tivemos a oportunidade de dominá-los.' Aí então eles ganharam de novo, estabelecendo seu projeto colonial chamado Israel". E, com um sorriso sarcástico Abbasi declarou "não quero deixá-los deprimidos, quero lhes dar as boas notícias agora. Com a ajuda de Alá, [os muçulmanos] irão apagar essa sujeira chamada Israel."

Na quarta-feira, o congressista de Nova York, Lee Zeldin, pediu à Universidade da Cidade de NY que demitisse Abbasi dizendo: "Em um momento em que a violência antissemita está aumentando nos Estados Unidos, ninguém, - especialmente alguém encarregado de educar - deveria poder atiçar ainda mais as chamas do antissemitismo, endossando -a violência contra Israel."

"Mohammad Abbasi e sua odiosa retórica antijudaica e anti-Israel não têm absolutamente nenhum lugar em qualquer sala de aula americana, e não podemos permitir que ele faça uma lavagem cerebral em nossos jovens com seu antissemitismo. Ele deve ser demitido imediatamente, e a CUNY precisa tomar medidas definitivas para eliminar o antissemitismo das fileiras de seu corpo docente. "

O que é preciso entender é que a Universidade da Cidade de Nova York, não é qualquer universidade. Ela tem 25 campuses com 275 mil estudantes. Muitas de suas faculdades estão entre as melhores do país apesar de ela ser pública. Só para comparar, a Universidade de São Paulo, a maior do Brasil, tem ao todo 59 mil estudantes.

Aceitar professores com esta retórica em nome da “diversidade” ou fechar os olhos para a moção do seu sindicato é inadmissível.

E voltando ao Sindicato, sua moção desequilibrada nem menciona os mais de 4.000 mísseis disparados de Gaza contra áreas residenciais e falha em abordar o apartheid do governo palestino. Afinal nem um único judeu tem permissão para entrar em Gaza ou nas áreas controladas pela Autoridade Palestina na Judéia e Samaria sem ser linchado. E nem mesmo reconhece que palestinos são membros da Knesset israelense com 5 partidos e hoje fazem parte da coalizão governante.

Langsman corretamente disse que o Sindicato “equipara o bombardeio cuidadoso da Força Aérea Israelense contra alvos estritamente militares - para minimizar qualquer dano colateral, com as ações dos palestinos que usam seus próprios civis, mulheres e crianças, hospitais e escolas como cobertura para seus locais de lançamento de mísseis.

Langsam disse que Israel pode receber críticas legítimas, mas que a resolução foi "unilateral" e "nada mais é do que uma expressão de puro antissemitismo, disfarçado na terminologia do Politicamente Correto  de anti-sionismo."

O grupo de professores que saíram do Sindicato declararam que ele evoluiu nos últimos anos de maneiras que o tornam irreconhecível”. “Eles agora gastam tempo e dinheiro em atividades que não têm nada a ver com nossas carreiras. Em vez disso, eles se concentram na política externa, mesmo quando muitos dos membros não têm interesse nisso.

“Decidimos, portanto, não financiar mais este Sindicato com nossos salários ou continuarmos como membros. ” O êxodo crescente prejudicará o bolso do sindicato. Os professores contribuem para ele com mais de 1% do seu salário bruto.

É isso aí. Quem pensa que pode boicotar Israel injustamente, deve estar preparado para ser boicotado de volta.