Sunday, January 22, 2023

O Antissemitismo Como Preludio do Declinio da America - 22/01/2023

 

Há um ditado que diz que tudo que começa com os judeus, nunca termina com os judeus.

 É sabido que os judeus são o “canário da mina” da história. Em todas as culturas e continentes, onde os judeus floresceram, as sociedades ao seu redor também floresceram. Onde os judeus enfrentaram perseguição e expulsão, a história mostra, foi o prelúdio das forças sombrias que se apoderaram, degradaram, e, muitas vezes, destruíram a sociedade local. E não por causa da influência judaica em si. É que quando uma sociedade é tolerante, livre e protetora de suas minorias, ela é automaticamente próspera. As pessoas têm vontade de criar, de construir, de expandir seus negócios.

Os exemplos deste fenômeno são numerosos e profundos. A era de ouro das comunidades judaicas na Espanha, por exemplo, também foi uma era de sucesso sem precedentes do Reino. A expulsão dos judeus resultou num declínio fatal para o país. Os judeus foram fundamentais para a vibrante vida intelectual, artística e econômica da Alemanha nos séculos 18, 19 e 20. O ódio maligno e irracional de Hitler não apenas dizimou os judeus europeus, mas também destruiu a Alemanha e dezenas de milhões de vidas em toda a Europa.

Com essas lições de história em mente, como devemos ver o crescente antissemitismo na América hoje? Como algo inevitável que os judeus têm enfrentado desde sempre? Como algo pontual que temos que condenar? Ou como um perigo para a América – e os valores fundamentais que têm sido a base da ascensão deste país?

São os três. Mas o perigo para a América é inegável. Temos sim que nos preocupar com a maneira com a qual o antissemitismo reflete perigos mais amplos.

Quando tudo isso começou? Após o Holocausto, o antissemitismo foi politicamente incorreto na América por cerca de 30 anos, mas um novo tipo de antissemitismo começou a se originar na esquerda, especialmente nas universidades na década de 1960, logo após a vitória milagrosa de Israel na Guerra dos Seis Dias. Foi essa vitória em 67, e a nova aliança militar que Israel formou com América, que, na cabeça dos esquerdistas, transformou o estado judeu, de Davi lutando contra Golias em um cão colonialista e imperialista.

De xodó da esquerda, com uma economia socialista, os kibutzim, os moshavim e uma luta por sua sobrevivência contra todas as expectativas, assim que Israel se aliou com a América que eles odeiam, a esquerda se voltou contra ela.

Os quatro principais impulsionadores do antissemitismo na América – a direita radical dos neonazistas e skinheads, a esquerda ativista como Alexandra Ocasio Cortês, os muçulmanos radicais e os supremacistas negros, como Louis Farrakhan – todos também odeiam a América. Todos esses grupos e seus apoiadores procuram minar seus valores centrais de liberdade de expressão, democracia, direitos individuais, igualdade e pluralismo religioso. E todos eles veem os judeus – que desde sempre defendem esses valores – como alvos fáceis.Todos usam os judeus para provar que a América não tem nada de excepcional, nenhum mérito, e que ela é a culpada pelos males do mundo. 

Embora o ódio aos judeus por supremacistas negros seja um fenômeno americano recente, a direita radical, a esquerda e os muçulmanos radicais odiaram os judeus por centenas ou milhares de anos. Cada um deles promovendo sua própria versão do antissemitismo clássico que resultou em libelos de sangue, pogroms, massacres e finalmente, o holocausto.

Na década de 1970, os movimentos da Esquerda pró União Soviética e China, começaram a formar alianças com grupos muçulmanos radicais porque ambos se posicionaram contra os valores ocidentais.

Apesar do fato de serem naturalmente desalinhados em seus sistemas de crenças e ideologias, essa parceria estratégica conhecida como aliança vermelho-verde é baseada em princípios antiocidentais, antiamericanos e antissionistas. Essa aliança se firmou na América na década de 1980, principalmente em universidades.

A Teoria Crítica da Raça (TCR), enraizada no marxismo, começou a se formar na mesma época, alegando que os brancos são inerentemente e irremediavelmente racistas e se beneficiam de várias “estruturas de poder” sistematicamente racistas.

Organizações alinhadas à TCR começaram a corroer os princípios fundamentais que fizeram dos Estados Unidos um país excepcional, substituindo o compromisso da América com direitos individuais e igualdade, meritocracia, estado de direito, tolerância, pluralismo, liberdade de expressão e capitalismo de livre mercado por políticas centradas em um mundo dividido racialmente e violento, imerso em teorias da conspiração e polarização política.

E no meio do caos, o objetivo é conseguir o controle do país. É só ver a política da abertura das fronteiras de Biden e seus democratas, trazendo as gangues criminosas, os traficantes de drogas que só no ano passado custaram a vida de mais de 100 mil americanos, tráfego de mulheres e crianças, a eliminação da fiança para criminosos, a legalização das drogas, tudo que em 2 anos transformou as cidades em que vivemos. Quem chega em NY hoje, não pode deixar de notar o cheiro de maconha que permeia o ar, os sem-teto e pedintes nas ruas e aqueles com problemas mentais nas plataformas de metrô.

Por seu lado, os muçulmanos também passaram a promover ideologias radicais na América, argumentando que grupos marginalizados e oprimidos (como eles ...) devem se unir contra os opressores, que incluem Israel e o Judeus.

E se o antigo antissemitismo não fosse o suficiente, agora temos um novo tipo! Este Novo Antissemitismo, começou no início do século 21 com o Movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS). Com a aliança islamo-esquerdista por trás dele, o BDS, tem a agenda específica de demonizar o povo judeu e destruir o Estado de Israel. O problema é que este movimento rapidamente saiu das margens da sociedade e entrou no mainstream. Organizações da sociedade civil, universidades americanas e políticos da esquerda hoje endossam o BDS.

Por trás do BDS, sempre existiu um ódio ardente pela América, seu excepcional caráter liberal democrático e capitalista e sua influência mundial.

Com os judeus americanos incapazes de montar uma defesa eficaz contra o BDS devido ao nosso pequeno número, divisão e aversão ao conflito, o BDS ganhou popularidade nos últimos vinte anos, normalizando o antissemitismo como parte integrante do antiamericanismo.

O BDS e a TCR estão agora intimamente ligados por meio de uma outra teoria da esquerda: a “Interseccionalidade” que está sendo implementada agressivamente nos locais de trabalho e nas escolas por meio de políticas adjacentes ao TCR. Uma delas chegou até a Ordem dos Advogados de Nova Iorque tornando obrigatório aos advogados fazerem um curso de pelo menos uma hora a cada dois anos, em Diversidade, Equidade e Inclusão. Os americanos desde tenra idade estão sendo doutrinados para ver a América como intrinsecamente má, que deve ser totalmente refeita de acordo com os padrões social-comunistas e de raça.

Embora os judeus sejam um dos principais alvos desses grupos, o alvo final sempre foi a América.

Os judeus americanos precisam criar alianças com outros americanos focados em ajudar o público a entender que o antissemitismo que espalha BDS, TCR, Estudos Étnicos e políticas de Diversidade Equidade e Inclusão são, antes de mais nada, uma ameaça aos valores americanos tradicionais de família, liberdade de expressão, de negócio, de congregação, de religião e inclusive de nos vermos livres da intromissão do governo em nossas vidas.

Nada menos que o futuro da América – e da comunidade judaica americana – está em jogo.

Sunday, January 15, 2023

A Reforma do Judiciário Não É o Fim da Democracia em Israel - 15/01/2023

 

Todo o bom advogado escuta atentamente o seu cliente, e o caso com o qual ele precisa de ajuda. No final, o advogado sempre pergunta: e o que é que você quer fazer? Isso é porque depende muito se você estiver no ataque ou na defesa. No direito há argumentos para todos os lados. E a decisão do juiz vai depender não só da argumentação, do embasamento legal, mas mais que tudo, vai depender da convicção pessoal do juiz sobre aquele assunto.

Nos anos 90, com o colapso da União Soviética, caiu-se na moda dos direitos humanos, do globalismo e da descaracterização cultural que levou ao ativismo político das cortes. Em Israel esta moda foi levada à diante por Aharon Barak do Supremo Tribunal do país. Isso infelizmente, criou um desequilíbrio nos poderes, fazendo do judiciário, que não é eleito pelo povo, ser supremo sobre o executivo e o legislativo.

O novo governo de Bibi Netanyahu está tentando mudar isso e o novo ministro da justiça Yariv Levine propôs, logo nos primeiros dias de governo, a reforma do sistema judiciário de Israel. Uma reforma necessária para realinhar o equilíbrio entre os três poderes.

Mas esta tentativa de reforma que parece razoável, foi a desculpa da esquerda e do Supremo para declarar que ela trará o fim da democracia no país. Eles estão errados. A democracia já começou a morrer com uma Suprema Corte extremamente politizada, que nomeia amigos e pessoas de ideologia semelhante não só para o Supremo, mas como conselheiros legais em todos os ministérios que controlam a formulação de políticas, às custas dos legisladores da Knesset e do governo.

E  pior: eles se autodenominam pretensiosamente os guardiões dos portões da democracia”! Exceto que esses poderosos perturbaram a democracia israelense usurpando poderes para si mesmos nunca pretendidos pelos fundadores do Estado ou parlamentares de Israel –que se estendem muito além daqueles detidos pelo sistema legal em qualquer outra democracia.

Além do que eles distorcem a tomada de decisões para o lado mais progressista de qualquer questão, tornando impossível para a direita e centro-direita (que é onde a maioria dos israelenses está), governar de forma eficaz.

São eles que ameaçam a democracia israelense, não as propostas do ministro da Justiça Levine. Porque não é sensato mudar a forma como os juízes são selecionados (em vez de um amigo que traz o outro)? Porque não é sensato limitar a capacidade desses juristas de derrubar legislação aprovada pela Knesset que eles dizem ser “inadequada” aos seus olhos?

De acordo com o exemplo dado pelo ex-megapresidente da Suprema Corte Aharon Barak e perpetuado desde então por meio de seus sucessores escolhidos a dedo por ele, em Israel hoje, todos os assuntos estão sujeitos ao Supremo. Sim, Barak decidiu unilateralmente, que qualquer pessoa tem posição perante o tribunal sobre qualquer assunto e tudo é justiciável, o que significa que tudo, desde impostos até políticas de defesa, está sujeito à reprovação do Supremo Tribunal do país.

Para realizar sua revolução judicial, Barak desenvolveu uma série de conceitos subjetivos. Peguem o termo razoabilidade, por exemplo, que corre como um vírus nas decisões das últimas duas décadas. Razoável é o que eles acham ser razoável.

“Democracia substantiva” é outro termo inventado por Barak que significa que é o Tribunal quem tem a responsabilidade de estabelecer normas substantivas e padrões de decência para a vida pública e de aplicar interpretações próprias de valores, equilíbrio e igualdade. Conceitos totalmente subjetivos!

E assim, nos últimos anos, o tribunal decidiu com punho liberal sobre a alocação de terras do KKL, operação da sede da Autoridade Palestina em Jerusalém, adiamentos de projetos da comunidade religiosa, comércio no Shabat e muito mais.

Por exemplo, o Supremo Tribunal decidiu que não era razoável fechar a rua Bar-Ilan em Jerusalém por várias horas no Shabat, embora um comitê público de proeminentes judeus religiosos e seculares – que era muito mais representativo da sociedade israelense do que o Tribunal – achou  que fosse.

O tribunal considerou irracional permitir que judeus religiosos rezassem no Monte do Templo porque isso perturbaria os árabes e exigiria uma presença maciça da polícia. Por outro lado, o tribunal considerou razoável permitir que as Mulheres do Muro rezassem de maneira ofensiva para a maioria dos fiéis no Muro das Lamentações, apesar da perturbação envolvida e da necessidade da presença massiva da polícia para torná-la viável.

Não foi razoável para a alta corte dar ao distinto editor Shmuel Schnitzer o Prêmio Israel por causa de uma coluna ofensiva que ele escreveu ao longo de uma excelente carreira de 30 anos de jornalismo. Mas foi razoável dar à líder do Meretz, Shulamit Aloni, o Prêmio Israel, apesar de uma carreira de 30 anos especializada em atacar e ofender o público religioso.

O Supremo Tribunal também derrubou a legislação da Knesset relativa à imigração ilegal de africanos, embora a Knesset tenha aprovado leis revisadas sobre a matéria com o apoio de uma grande maioria dos parlamentares. O Tribunal simplesmente decidiu que sabia melhor do que os parlamentares o que era razoável.

E agora? Uma decisão do governo de estender a lei israelense a todos as comunidades judaicas na Judéia e Samaria seria uma decisão razoável? Que tal a decisão oposta de desmantelar todas elas? ou uma decisão do gabinete de bombardear o Irã? Quais dessas decisões seriam razoáveis e quais não? Os imperiosos juízes da Suprema Corte é quem decidirão? não o governo?

Mas não é só o Supremo. O procurador-geral e os conselheiros legais em todos os ministérios também adquiriram o hábito de anular julgamentos de valor aprovados em lei pelos representantes democraticamente eleitos e de substituí-los por suas próprias ideias que eles consideram muito mais refinadas.

Um caso em questão diz respeito aos terroristas. Em 2018, a Knesset aprovou uma lei que permite ao ministro do Interior revogar a cidadania ou a residência permanente de terroristas condenados e também seus benefícios sociais. Mas o procurador-geral decidiu que a lei não era de seu gosto e forçou o ministro do Interior a conceder aos assassinos árabes o status de residentes temporários.

Esse status dá aos terroristas todos os benefícios, como seguro-desemprego, pensão alimentícia, seguro por invalidez e pagamentos de segurança social quando saírem da prisão, pagos pelos contribuintes israelenses. Claro, isso é exatamente o oposto do que a Knesset pretendia.

A legislação de Levine propõe colocar limites a tal intervencionismo. Ela permitirá que a Suprema Corte anule a legislação da Knesset apenas quando se reunir com uma bancada completa e com uma grande maioria dos juízes.

Isso vai acabar com a brincadeira do tribunal de mudar a intenção do legislador que foi eleito pelo povo. Finalmente juízes, promotores e conselheiros legais não mais agirão também como júris e carrascos.

E o mais importante de tudo, a contrarrevolução de Levine devolverá aos representantes eleitos de Israel o controle sobre quem seleciona os juízes da Suprema Corte e forçará audiências de confirmação abertas na Knesset, assim como nos EUA.

Ontem à noite, 80 mil pessoas do campo não-Bibi foram às ruas de Tel Aviv para protestar a reforma de Levine. Mas em 1º de novembro houve uma manifestação ainda maior. De dois milhões e meio de pessoas que pediram esta reforma através do voto.

Este não é o fim da democracia em Israel, mas sim uma solução há muito esperada para a democracia israelense. Os parlamentares israelenses, incluindo a oposição, deveriam debater e negociar os limites desta reforma legal em vez de escalar as muralhas com ameaças sinistras e slogans exagerados e mentirosos.