Se alguém
procurasse notícias sobre Israel esta semana, não iria encontrar muito sobre o
novo governo de Netanyahu. Em vez disso, o foco da imprensa mundial se fixou
sobre a visita de 13 minutos do recém-nomeado ministro da
Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir ao Monte do Templo. Foi a proverbial tempestade no copo d’agua.
Mas todo o problema é
que se tratou do Monte do Templo, o local mais sagrado do
judaísmo.
Apenas 13 minutos
foi suficiente para ele atrair a ira do mundo sobre Israel. O debate se seguiu
em Israel. De um lado, os que defenderam o direito de Ben-Gvir de subir ao
Monte do Templo mas ao mesmo tempo perguntando por que ele
precisava fazer isso agora, quando
o governo está sendo empossado.
Este não foi o
ponto. Para a maior parte do mundo, Ben-Gvir fez sua
visita numa
data sem significado particular. Mas a terça-feira da semana passada não foi um dia qualquer no calendário
judaico. Era o dia do jejum
Assarat Be Tevet, ou o décimo dia do mês de Tevet, no qual lembramos o
início do cerco babilônico
a Jerusalém em 588 AC,
que levou à destruição do Primeiro Templo.
O fato de que os judeus de hoje, em 2023, ainda celebram
esta data, ainda choram pela
perda do Templo para as forças de Nabucodonosor há mais de dois milênios
e meio é pertinente. E é também
comovente. Todos aqueles que enfatizam a importância da Mesquita de al-Aqsa e
do complexo circundante para os muçulmanos por causa de um sonho de Maomé em que ele teria voado
para uma mesquita distante, uma mesquita que não existia em Jerusalem enquanto
ele estava em vida, devem lembrar que os laços religiosos e
emocionais que unem os judeus a Jerusalém são anteriores ao cristianismo e ao
islamismo por vários
séculos.
Ben-Gvir não é
tímido quando se trata de fazer
provocações, mas esta vez não
foi uma delas. Ben-Gvir tinha todo o direito de subir ao Monte do Templo para orar. Ele e o resto dos judeus do mundo não
precisam
da aprovação dos EUA, da Jordânia, dos palestinos, das Nações Unidas ou da
mídia mundial.
O que os adversários de Ben-Gvir não
estão percebendo é que, ao criticar o direito dele de subir no
Monte do Templo, estão fortalecendo sua base de votos. Elefoi eleito precisamente
por causa de sua posição sobre segurança pessoal durante a contínua violência
palestina e ataques a judeus e aos direitos dos judeus em Israel aos locais sagrados.
Na semana passada, antes da posse do novo governo, o
rei Abdullah II da Jordânia alertou Israel contra qualquer mudança no status
quo em Jerusalém, onde ela
tem o papel de guardião dos locais sagrados. Ele disse à CNN que “se alguém quiser entrar em conflito conosco, estamos
bem preparados”.
Na quarta-feira, a Jordânia convocou o embaixador de
Israel para uma reprimenda diplomática, e uma série de países árabes condenou a
“invasão” da mesquita
Al-Aqsa por Ben-Gvir. Já
falei aqui sobre este tropo centenário da mesquita estar “em perigo” mesmo
quando os judeus eram proibidos de se aproximarem do Monte do Templo. Os
palestinos ameaçaram
violência se Ben-Gvir visitasse o local e um míssil foi disparado da Faixa de Gaza
controlada pelo Hamas na direção do sul de Israel na noite após sua visita.
Aqueles que temeram que mais misseis sejam lançados, correram
para condenar Ben-Gvir em vez de condenar
os palestinos pela
violência. O mundo está mais chateado com uma breve visita do
que com as ameaças palestinas. E
sabem por que isso? Porque o mundo vê a violência palestina
como algo normal
– e o direito
dos judeus ao
Monte do Templo como uma
aberração. Parem
um momento para pensar o que isso significa não só para os judeus, mas também para os
cristãos.
A história mostra
que os palestinos não precisam de um motivo específico
para lançar uma intifada. Os chamados “Dias do Ódio” se expandiram em
semanas e meses. Muitas vezes, a razão não tem nada a ver com Israel e tudo a
ver com a política interna palestina e rivalidades – particularmente entre o
Hamas e a Autoridade Palestina liderada pela Fatah e entre o Hamas e o Jihad Islâmico. O Hamas, por exemplo,
usou o pretexto da Marcha anual da bandeira de Jerusalém em maio de 2021 para
lançar uma miniguerra contra o Estado judeu, ajudando a desviar a atenção da
agitação doméstica em Gaza e reforçando sua imagem como o “defensor de
al-Aqsa”.
Ao contrário do que repete a mídia, a visita de
Ariel Sharon ao Monte do Templo como primeiro-ministro em 2000 não foi a causa
da Segunda Intifada. Tendo recusado o acordo de paz surpreendentemente generoso
oferecido por Ehud Barak, Yasser Arafat lançou uma guerra total de terror
contra Israel para tentar alcançar seus objetivos de um estado palestino “do
rio ao mar”. A visita de Sharon
foi só o pretexto.
Após a visita de Ben-Gvir, os palestinos e
jordanianos, com a ajuda dos Emirados Árabes Unidos, pediram ao Conselho de
Segurança da ONU que se reunisse para discutir os “eventos” no Monte do Templo. Mas não são os
visitantes judeus que ameaçam a santidade do local. Pelo contrário. A maioria dos judeus que sobem no Templo se preparam física e
espiritualmente, indo para a mikveh – o banho ritual por exemplo.
São os jovens muçulmanos que fazem
piqueniques, jogando lixo no chão, ou jogam futebol no solo
sagrado antes e
depois das orações. E não pode haver profanação maior do que quando árabes
estocam pedras e armas nas mesquitas esperando para atacar os judeus.
Existem judeus religiosos e ultraortodoxos que não
sobem ao Monte do Templo por medo de pisar no Santo dos Santos, cuja localização
exata não é conhecida.
Isso é verdade. Mas hoje sabemos onde o Santo dos Santos não poderia estar e um
número crescente de judeus sobe no local. E gradualmente eles conquistaram o direito de orar
lá, embora em silêncio.
Em que mundo distorcido apenas as orações dos judeus
em seu local mais sagrado são consideradas uma ameaça? Quando muçulmanos racistas e antissemitas se opõem a
qualquer presença judaica em qualquer lugar mas em especial no local onde ficavam
o Primeiro e o Segundo Templos. Quem acha que proibir as visitas de judeus é a
solução, saibam que o bullying palestino não trará a paz.
Falar em manter o “status quo histórico” também é
enganoso. A Jordânia ocupou a
cidade velha de Jerusalém por 19 anos, de 1948 a 1967, entre as
guerras lançadas pelo mundo árabe com a intenção de acabar com o Estado judeu.
Durante esses 19 anos, os judeus não tiveram acesso ao Monte do Templo ou ao
Muro das Lamentações abaixo dele. Israel em 1967, no entanto, falhou em afirmar
plenamente sua soberania sobre a cidade reunificada e isso foi um erro
estratégico.
A resposta internacional à visita de Ben-Gvir não é novidade. Há anos que a comunidade internacional vem
atacando os direitos dos judeus a Jerusalem. É só ver os termos que usam.
Quando a Assembleia Geral da ONU votou na semana passada para convocar a Corte
Internacional de Justiça em Haia para examinar a questão da “ocupação,
assentamento e anexação” de Israel, ela se referiu ao Monte do Templo apenas por seu nome
árabe, Haram al-Sharif. Ao chamá-lo constantemente apenas pelo nome árabe, a ONU está empurrando o fim aos vínculos
judaicos com o Monte do Templo.
Da mesma forma, quando se referem à Judéia e Samaria como
“a Cisjordânia”. Mahmoud Abbas hoje
quer erradicar Israel como um estado judeu. As suas ações
não são sobre paz ou progresso. Isso só acontecerá quando os palestinos admitirem que havia dois templos judaicos no Monte. E o mundo
cristão também deve tomar nota. Toda erradicação dos vínculos judaicos é necessariamente
uma erradicação dos
vínculos cristãos com Jerusalém.
Respeitar os direitos de todos os fiéis e honrar a
santidade do local é um imperativo moral. Não pode haver maior ironia – ou
sacrilégio – do que as tentativas palestinas de tornar o Monte do Templo em
Jerusalém Judenrein ou livre
dos judeus .
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