Sunday, January 8, 2023

A Visita de Ben-Gvir ao Monte do Templo - 8/1/23

 

Se alguém procurasse notícias sobre Israel esta semana, não iria encontrar muito sobre o novo governo de Netanyahu. Em vez disso, o foco da imprensa mundial se fixou sobre a visita de 13 minutos do recém-nomeado ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir ao Monte do Templo. Foi a proverbial tempestade no copo d’agua. Mas todo o problema é que se tratou do Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo.

Apenas 13 minutos foi suficiente para ele atrair a ira do mundo sobre Israel. O debate se seguiu em Israel. De um lado, os que defenderam o direito de Ben-Gvir de subir ao Monte do Templo mas ao mesmo tempo perguntando por que ele precisava fazer isso agora, quando o governo está sendo empossado.

Este não foi o ponto. Para a maior parte do mundo, Ben-Gvir fez sua visita numa data sem significado particular. Mas a terça-feira da semana passada não foi um dia qualquer no calendário judaico. Era o dia do jejum Assarat Be Tevet, ou o décimo dia do mês de Tevet, no qual lembramos o início do cerco babilônico a Jerusalém em 588 AC, que levou à destruição do Primeiro Templo.

O fato de que os judeus de hoje, em 2023, ainda celebram esta data, ainda choram pela perda do Templo para as forças de Nabucodonosor há mais de dois milênios e meio é pertinente. E é também comovente. Todos aqueles que enfatizam a importância da Mesquita de al-Aqsa e do complexo circundante para os muçulmanos por causa de um sonho de Maomé em que ele teria voado para uma mesquita distante, uma mesquita que não existia em Jerusalem enquanto ele estava em vida, devem lembrar que os laços religiosos e emocionais que unem os judeus a Jerusalém são anteriores ao cristianismo e ao islamismo por vários séculos.

Ben-Gvir não é tímido quando se trata de fazer provocações, mas esta vez não foi uma delas. Ben-Gvir tinha todo o direito de subir ao Monte do Templo para orar. Ele e o resto dos judeus do mundo não precisam da aprovação dos EUA, da Jordânia, dos palestinos, das Nações Unidas ou da mídia mundial.

O que os adversários de Ben-Gvir não estão percebendo é que, ao criticar o direito dele de subir no Monte do Templo, estão fortalecendo sua base de votos. Elefoi eleito precisamente por causa de sua posição sobre segurança pessoal durante a contínua violência palestina e ataques a judeus e aos direitos dos judeus em Israel aos locais sagrados.

Na semana passada, antes da posse do novo governo, o rei Abdullah II da Jordânia alertou Israel contra qualquer mudança no status quo em Jerusalém, onde ela tem o papel de guardião dos locais sagrados. Ele disse à CNN que se alguém quiser entrar em conflito conosco, estamos bem preparados”.

Na quarta-feira, a Jordânia convocou o embaixador de Israel para uma reprimenda diplomática, e uma série de países árabes condenou a “invasão” da mesquita Al-Aqsa por Ben-Gvir. Já falei aqui sobre este tropo centenário da mesquita estar “em perigo” mesmo quando os judeus eram proibidos de se aproximarem do Monte do Templo. Os palestinos ameaçaram violência se Ben-Gvir visitasse o local e um míssil foi disparado da Faixa de Gaza controlada pelo Hamas na direção do sul de Israel na noite após sua visita.

Aqueles que temeram que mais misseis sejam lançados, correram para condenar Ben-Gvir em vez de condenar os palestinos pela violência. O mundo está mais chateado com uma breve visita do que com as ameaças palestinas. E sabem por que isso? Porque o mundo vê a violência palestina como algo normal – e o direito dos judeus ao Monte do Templo como uma aberração. Parem um momento para pensar o que isso significa não só para os judeus, mas também para os cristãos.

A história mostra que os palestinos não precisam de um motivo específico para lançar uma intifada. Os chamados “Dias do Ódio” se expandiram em semanas e meses. Muitas vezes, a razão não tem nada a ver com Israel e tudo a ver com a política interna palestina e rivalidades – particularmente entre o Hamas e a Autoridade Palestina liderada pela Fatah e entre o Hamas e o Jihad Islâmico. O Hamas, por exemplo, usou o pretexto da Marcha anual da bandeira de Jerusalém em maio de 2021 para lançar uma miniguerra contra o Estado judeu, ajudando a desviar a atenção da agitação doméstica em Gaza e reforçando sua imagem como o “defensor de al-Aqsa”.

Ao contrário do que repete a mídia, a visita de Ariel Sharon ao Monte do Templo como primeiro-ministro em 2000 não foi a causa da Segunda Intifada. Tendo recusado o acordo de paz surpreendentemente generoso oferecido por Ehud Barak, Yasser Arafat lançou uma guerra total de terror contra Israel para tentar alcançar seus objetivos de um estado palestino “do rio ao mar”. A visita de Sharon foi só o pretexto.

Após a visita de Ben-Gvir, os palestinos e jordanianos, com a ajuda dos Emirados Árabes Unidos, pediram ao Conselho de Segurança da ONU que se reunisse para discutir os eventos no Monte do Templo. Mas não são os visitantes judeus que ameaçam a santidade do local. Pelo contrário. A maioria dos judeus que sobem no Templo se preparam física e espiritualmente, indo para a mikveh – o banho ritual por exemplo. São os jovens muçulmanos que fazem piqueniques, jogando lixo no chão, ou jogam futebol no solo sagrado antes e depois das orações. E não pode haver profanação maior do que quando árabes estocam pedras e armas nas mesquitas esperando para atacar os judeus.

 

Existem judeus religiosos e ultraortodoxos que não sobem ao Monte do Templo por medo de pisar no Santo dos Santos, cuja localização exata não é conhecida. Isso é verdade. Mas hoje sabemos onde o Santo dos Santos não poderia estar e um número crescente de judeus sobe no local. E gradualmente eles conquistaram o direito de orar lá, embora em silêncio.

Em que mundo distorcido apenas as orações dos judeus em seu local mais sagrado são consideradas uma ameaça? Quando muçulmanos racistas e antissemitas se opõem a qualquer presença judaica em qualquer lugar mas em especial no local onde ficavam o Primeiro e o Segundo Templos. Quem acha que proibir as visitas de judeus é a solução, saibam que o bullying palestino não trará a paz.

Falar em manter o “status quo histórico” também é enganoso. A Jordânia ocupou a cidade velha de Jerusalém por 19 anos, de 1948 a 1967, entre as guerras lançadas pelo mundo árabe com a intenção de acabar com o Estado judeu. Durante esses 19 anos, os judeus não tiveram acesso ao Monte do Templo ou ao Muro das Lamentações abaixo dele. Israel em 1967, no entanto, falhou em afirmar plenamente sua soberania sobre a cidade reunificada e isso foi um erro estratégico.

A resposta internacional à visita de Ben-Gvir não é novidade. Há anos que a comunidade internacional vem atacando os direitos dos judeus a Jerusalem. É só ver os termos que usam. Quando a Assembleia Geral da ONU votou na semana passada para convocar a Corte Internacional de Justiça em Haia para examinar a questão da “ocupação, assentamento e anexação” de Israel, ela se referiu ao Monte do Templo apenas por seu nome árabe, Haram al-Sharif. Ao chamá-lo constantemente apenas pelo nome árabe, a ONU está empurrando o fim aos vínculos judaicos com o Monte do Templo.

Da mesma forma, quando se referem à Judéia e Samaria como “a Cisjordânia”. Mahmoud Abbas hoje quer erradicar Israel como um estado judeu. As suas ações não são sobre paz ou progresso. Isso acontecerá quando os palestinos admitirem que havia dois templos judaicos no Monte. E o mundo cristão também deve tomar nota. Toda erradicação dos vínculos judaicos é necessariamente uma erradicação dos vínculos cristãos com Jerusalém.

Respeitar os direitos de todos os fiéis e honrar a santidade do local é um imperativo moral. Não pode haver maior ironia – ou sacrilégio – do que as tentativas palestinas de tornar o Monte do Templo em Jerusalém Judenrein ou livre dos judeus  .

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