Sunday, December 27, 2020

Veremos uma Vingança do Irã Antes da Posse de Biden? 27/12/2020

 Muito tem se falado sobre o fato de Israel ser considerado o povo eleito ou o povo escolhido. O que as pessoas não se dão ao trabalho de perguntar é “escolhido” pra quê?

Mas pelo menos aos olhos da ONU, Israel é sim, o país escolhido. Israel foi escolhida por esta organização – criada depois de 2ª guerra, para defender a paz entre os Estados - para ser castigada e condenada ano após ano apesar dela ter feito concessões que nenhum outro país jamais fez em prol da paz.

Israel desistiu de territórios importantes estratégica e economicamente como o Sinai; expulsou seus próprios cidadãos de todas as comunidades de Gaza para dar a oportunidade aos palestinos de construírem um país; deu a eles autonomia em grandes porções da Judeia e Samaria e recebeu em troca terrorismo. Ao mesmo tempo, Israel contribuiu para a humanidade em todas as áreas de ciência e assistiu com tropas e médicos em catástrofes em dúzias de países inclusive no Brasil.

Mas isso não tem qualquer impacto quando se trata de votar resoluções anti-Israel. E neste ano a coisa não foi diferente. No começo de dezembro a Assembléia Geral votou em cinco resoluções de um pacote de 20 anualmente propostas pelos palestinos que nem um Estado são. E algumas destas resoluções são coisas obscuras como a afirmação do Comitê para o Exercício Inalienável dos Direitos do Povo Palestino ou a resolução chamada de “Programa de Informação Especial sobre a Questão Palestina”.

A questão aqui é que estas resoluções, adotadas durante décadas, não alcançaram coisa alguma em termos de trazer a paz. Apenas reforçam a obsessão da ONU com Israel e a intransigência palestina em retornar à mesa de negociação.

Por outro lado, temos uma ONU que se recusa a restabelecer as sanções contra o Irã, mesmo com as piores violações deste governo insano que incluem violações de direitos humanos, como a execução do campeão mundial de luta greco-romana Navid Afkari e a prisão do resto de sua família por ele ter participado do protesto contra a situação econômica no Irã em 2018, e do jornalista Roohollah Zam. A ONU também se recusa a reconhecer a fomentação pelo Irã do terrorismo em todo o Oriente Médio e Europa, terrorismo cyber contra os Estados Unidos e a busca destes fanáticos loucos pela bomba atômica.

Nestas últimas semanas do que parece ser o final do governo Trump, parece estar acontecendo algo com o Irã.

O Irã está num dilema. Por um lado, tem que vingar as eliminações de Qassem Soleimani e de Mohsen Fakhrizadeh para não mostrar fraqueza. O Irã precisa matar alguém importante ou um numero grande de soldados americanos ou causar algum dano sério a Israel e não pode esperar até depois do dia 20 de janeiro quando Biden será empossado sem colocar em perigo a volta da América ao acordo nuclear que Biden insiste em ressuscitar. Ao atacar antes, a retaliação sairá do caminho e então o Irã poderá abrir uma nova página com o governo democrata.

E é por isso que nas últimas semanas Trump Netanyahu enviaram uma série de mensagens e sinais aos iranianos, alertando os aiatolás das consequências de um ataque lançado diretamente ou por um dos seus agentes no Líbano, Iraque ou Iêmen.

Nas últimas semanas, submarinos americanos e israelenses foram vistos navegando no Golfo Pérsico. Os EUA enviaram dois bombardeiros B-52 para a região no mês passado, pela primeira vez desde 2019, com o objetivo declarado de “deter a agressão e tranquilizar os parceiros e aliados dos EUA”.

O presidente Donald Trump ameaçou o Irã na semana passada, depois que vários foguetes foram disparados contra a embaixada dos EUA no Iraque. “Agora ouvimos rumores de ataques adicionais contra americanos no Iraque”, tuitou Trump. “Um conselho de saúde amigável ao Irã: se um só americano for morto, responsabilizarei o Irã. Pense bem. ”

Em Israel, o Chefe de Gabinete do IDF, Tenente-General Aviv Kochavi lançou uma forte ameaça contra o Irã, dizendo que se os aiatolás ou seus representantes tentarem realizar ataques contra Israel ou alvos israelenses, eles pagarão um preço alto.

Sua ameaça veio poucos dias depois que o presidente da Junta de Chefes dos Estados Unidos, general Mark Milley, visitou Israel para conversas com Kochavi, sobre a ameaça iraniana.

Kochavi ainda disse que os planos de retaliação de Israel “estão preparados e já foram treinados”.    No sábado passado, Israel emitiu outro alerta via porta-voz do IDF, Brig. Hidai Zilberman em entrevista ao jornal saudita Elaph. Ele enfatizou que todos deveriam estar em alerta máximo em relação à ameaça iraniana, que ele descreveu como um “barril de pólvora sujeito a explodir”, considerando os muitos golpes que o Irã recebeu no ano passado sem ter sido capaz de responder a altura.

Embora esperemos que a guerra seja evitada, é importante que o Irã compreenda que não pode se safar com ações agressivas e terroristas que realiza em todo o Oriente Médio e além. Isso é particularmente importante para Biden que se prepara para assumir o cargo e quer reengajar os iranianos sobre um novo acordo nuclear.

Voltar ao mesmo negócio alcançado em 2015 seria um erro gravíssimo. O Irã precisa ser obstruído e contido. O último acordo não se aplicava ao desenvolvimento e produção de mísseis balísticos de longo alcance ou à sua atividade terrorista regional. Outra falha foi a cláusula de caducidade que permitia aos iranianos aumentar seu enriquecimento de urânio e produção nuclear assim que o acordo expirasse em 2025.

A vigilância é importante e Teerã precisa ser constantemente lembrado de que há um preço a pagar por atividades ameaçadoras e terroristas. Biden precisa ter isso em mente quando assumir o cargo (se ele se lembrar é claro).

Assim como Biden não pode recompensar a Autoridade Palestina por seu terrorismo contra Israel, ele não pode recompensar os aiatolás por seu terrorismo interno e externo. Biden só terá resultado se continuar o isolamento e pressão contra o Irã - e, se necessário, ele tem que estar preparado para usar a ação militar conforme os EUA e Israel advertiram na semana passada. É importante que o Irã entenda que a ameaça é real. É agora, não depois, que esta mensagem tem que ficar bem clara.

Sunday, December 20, 2020

O Absurdo Painel Contra o Antisemitismo - 20/12/2020

 Nesta era de pandemia, num momento raro em que o mundo se uniu contra um inimigo comum – e que não veio em uma nave espacial - poderíamos esperar que deixassemos de lado as picuinhas e agendas mesquinhas, e principalmente os ódios, pelo menos temporariamente.

Mas as noticias do progresso feito em encontrar uma vacina e o sucesso das primeiras que foram aprovadas não deixaram os velhos preconceitos morrerem.

Na semana passada ocorreu aqui um painel intitulado “desmantelando antissemitismo, ganhando justiça”. Este painel teve o patrocínio de vários grupos incluindo a Fundação para o Oriente Médio, Unidos Contra o Ódio, Instituto Árabe-Americano, Povo Coletivo por Justiça e Libertação e outros. Entre os ilustres palestrantes esteve Rashida Tlaib, a congressista americana-palestina pró-BDS, Marc Lamont Hill, o jornalista da CNN que foi despedido do canal depois de exigir um estado palestino do Rio ao Mar, num discurso na ONU, a professora Barbara Ransby, uma apologista do movimento Black Lives Matter e Peter Beinart, que defende o desmantelamento do estado judeu e a transição para um estado binacional, ideia que Tlaib também apoia. Beinart foi o único judeu do painel.

Fantástico, não? Todos falaram o quanto “amam os judeus” e o quanto denunciam ataques contra judeus. Rashida Tlaib, gesticulando nervosamente declarou: “Diguem a todos, eu não odeio vocês. Eu absolutamente amo vocês”. Mas ao mesmo tempo, não deixaram de criticar a existência de Israel e defender o movimento BDS.

O painel gerou muitas críticas de comentaristas judeus e ativistas pró-Israel quando foi anunciado, tanto por dar aos antissionistas uma plataforma para discutir o antissemitismo, quanto por serem em sua vasta maioria não judeus. Bari Weiss, a ex-redatora e editora de opinião do New York Times, twittou: “Então,‘ desmantelar o antissemitismo ’é, na verdade, desmantelar as “acusações” de antissemitismo.”

“Este evento foi uma tentativa de virar a realidade do avesso. Não é nada menos que hipocrisia perigosa por parte daqueles que alimentaram o antissemitismo alegar que eles próprios são vozes sérias no combate ao ódio aos judeus. Ninguém, incluindo os progressistas como Tlaib e o Prof. Hill devem ter permissão para ditar aos judeus o que constitui o antissemitismo. Eles simplesmente não tratariam qualquer outra minoria da mesma forma”. disse Sacha Roytman-Dratwa, diretor do Movimento de Combate ao Antissemitismo.

Ransby disse que “os palestinos que defendem os direitos palestinos não são o inimigo, aqueles de nós que defendem o BDS como uma estratégia para promover os direitos dos palestinos destituídos e exilados não são o inimigo”. “O inimigo é a pessoa que vai a uma sinagoga e abre fogo para matar judeus”.

Todos os palestrantes rejeitaram a noção de que a defesa de direitos palestinos, incluindo o apoio a um boicote a Israel, constitui antissemitismo. Todos afirmaram que o antissemitismo vem predominantemente da direita e concordaram que é melhor combatê-lo aliando-se a outros grupos oprimidos pela sociedade. E ao mesmo tempo, precisam garantir que os movimentos progressistas não sejam contaminados pelo antissemitismo”.

Não sei em que planeta este pessoal vive, mas não é neste. Quer dizer que o antissemitismo só existe quando ataca um judeu que mora fora de Israel. Ele não existe quando se trata de matar judeus em Israel ou judeus que procuram sua autodeterminação em sua terra ancestral.

É lógico que todos eles têm a memória muito curta ou deliberadamente omitem o que tem se passado. Os movimentos progressistas como o #Me Too, lembram? Em 2018, a Marcha das Mulheres, promovida pelo grupo na capital dos Estados Unidos, baniu mulheres judias dizendo que os Judeus deveriam confrontar seu próprio papel no racismo.

Neste ano, um dos slogans do Black Lives Matter era “De Minneapolis à Palestina, Racismo é um Crime”. A quebradeira de sinagogas e locais judaicos nos protestos contra a morte de George Floyd provou que quando se trata de judeus, não há tolerância, diversidade ou outra palavra de efeito.

E aí temos a Antifa – o mais violento grupo esquerdista da América, que aumentou sua retórica antissemita sem qualquer crítica, porque têm a simpatia da mídia. Os jornalistas os descrevem como manifestantes legítimos e racionalizam sua conduta. A epidemia de antissemitismo nos campus universitários americanos está diretamente ligado ao movimento BDS, professores esquerdistas e Islamistas, não a neo-nazistas que não têm qualquer simpatia do mundo acadêmico ou da mídia.

E pior. A Europa, considerada o berço do progressismo, esta semana baniu a carne kosher. A decisão veio da Corte de Justiça da União Européia, mantendo a proibição de shechitah na Bélgica. A Europa requer que o animal seja eletrocutado, gaseado ou golpeado antes de ser morto. De acordo com os europeus, isto é mais “humano” do que simplesmente degolar o animal com uma faca super afiada.

Já na Suécia, Noruega, Islândia, Dinamarca, Eslovênia e agora a Bélgica, não há exceções para esta regra. A diferença é que a comunidade judaica religiosa da Bélgica é bastante substancial. O presidente do Congresso Europeu, Moshe Kantor disse que a decisão é um grande golpe para a vida judaica na Europa, e seu direito de praticar sua religião e costumes”. Mas a Europa não quer parar aí. Quer banir também a circuncisão pois bebês não podem “consentir” com o procedimento. Curiosamente, os mesmos países que baniram a carne kosher já também proibiram a circuncisão. E quando se põe supostos “direitos dos animais” acima dos direitos de livre prática de religião de seres humanos, temos um problema.

Agora vamos proibir matar baratas ou pisar em formigas. E temos que deixar os pernilongos nos morderem é claro. Eles têm direitos... Isso é querer justificar o injustificável.

Hoje já não há argumentos para justificar o antissemitismo. Então, toma-se os argumentos mais insanos, mais idióticos e os colocamos nas bocas e nas decisões de Altos Tribunais Europeus para lhes dar legitimidade. A única legitimidade destas ações é a de cortar dos judeus europeus a última corda que os seguram no velho continente.

Surpreendentemente muitos judeus europeus, cansados do antissemitismo lá se mudaram para os Emirados. Dubai, Abu Dhabi e Bahrain estão acolhendo esta comunidade de braços abertos. A sua proximidade com o Irã não me tranquiliza mas escancara o que a esquerda e os progressistas realmente fazem e o que realmente são. 

Antissemitas pura e simplesmente.

 

 

 

 

 

Sunday, December 13, 2020

Novos Ventos no Oriente Médio - 13/12/2020

 Novos ventos estão soprando no Oriente Médio no que parece serem os dias finais da administração Trump. O comprometimento do presidente americano para com Israel continua a surpreender. Trump vai ficar na história como o presidente que mais ajudou a trazer a paz para esta conturbada região, cheia de tiranos e ditadores. E apesar de tudo isso ele não recebeu o prêmio Nobel da paz. O desacreditado comitê prefere dá-lo a alguém que fez absolutamente zero pela paz, como Obama. Quanta hipocrisia!

Nesta semana Trump conseguiu que mais um país árabe, o Marrocos assinasse um acordo para normalizar as relações com Israel. Só que esta normalização não veio de graça. Os Estados Unidos prometeram investir $3 bilhões no país e reconheceram a controversa ocupação do Saara Ocidental pelo Marrocos.

O Saara Ocidental sempre foi considerado uma entidade separada do Marrocos. É um dos lugares menos populosos do mundo, mas é muito rico em recursos minerais que o Marrocos explora impiedosamente. Era uma colônia espanhola até 1975 e tem sido listada como um território sem governo central pela ONU desde 1963. Os Sahrawis, como são chamados os locais, criaram um movimento de independência chamado Front Polisario reconhecido até hoje pela ONU como representante legítimo da população local, e seu direito à auto-determinação. Em 1976, o Front Polisario declarou a independência e a formação da Republica Democrática Árabe do Sahrawi reconhecida por 46 países. O território, no entanto, continuou a ser reclamado tanto pelo Marrocos como pela Mauritânia até 1979.

O Marrocos foi mais agressivo. Contrariamente à 4ª Convenção de Genebra , que proíbe a transferência de partes de sua população civil para um território ocupado, o Marrocos instigou sua população a se mudar para o Saara Ocidental, mantendo à força mais de 40 mil em tendas. Hoje 2/3 da população de 600 mil pessoas é marroquina.   

Não só a normalização com mais um país árabe deve deixar Mahmoud Abbas e sua corriola nervosos, mas o reconhecimento do direito do ocupador a uma região árabe, deveria incomodá-los. Até agora eles não se manifestaram.

E isto deve ser porque a reação no Marrocos sobre a normalização não foi nada parecida com o que vimos com os Emirados Árabes ou no Bahrain. Os jornais, em sua maioria só mencionaram o reconhecimento americano da ocupação do Saara Ocidental. Em Israel, claro, houve outra festa, especialmente na comunidade marroquina que agora espera pelos vôos diretos.

Nos Emirados, vimos neste final de semana cenas extraordinárias em Dubai que incluíram as celebrações de Hanukah, traduzindo o acordo com Israel em ações concretas. Uma Menorah gigante foi acesa frente a famosa torre Burj Al-Khalifa. Além disso, incrivelmente o Sheik Hamad Bin Khalifa al Nahyan, um dos Emires, anunciou a compra de 50% do time de futebol israelense Beitar Yerushalayim, prometendo um investimento de 300 milhões de shekels nos próximos 10 anos! Incrivel mesmo.

Vimos esta semana também alguns países da Europa acordarem um pouco. O parlamento da Noruega votou em cortar a ajuda aos palestinos em mais de 3.4 milhões de dólares por causa da recusa deles reduzirem a incitação à violência em seus livros escolares. Os legisladores noruegueses deram um basta às promessas que a reforma dos livros escolares é iminente e declararam que até que o ódio e a incitação forem removidos dos livros escolares palestinos, a União Européia e as nações europeias devem seguir o exemplo da Noruega e cessarem sua participação na incitação diária dos escolares palestinos e para o vergonhoso abuso de suas contribuições. Até que enfim!!! Realmente novos ventos!

Outra boa noticia para Israel foi a resolução anual sobre Jerusalem. Pela primeira vez em muito tempo, tirando os 9 países tradicionais, a Liberia, decidiu votar contra, porque a resolução se refere aos locais santos somente pelo nome muçulmano de Haram al-Sharif e não o Monte do Templo como é conhecido por Judeus e Cristãos. Foram 147 votos a favor, 10 contra e 16 abstenções. 3 abstenções a mais que o ano passado.

O Brasil, desta vez, apesar de ter votado a favor a resolução, uma pena ter perdido esta oportunidade, disse que poderia mudar seu apoio à resolução se a ONU não adotasse uma linguagem mais abrangente, reconhecendo a santidade do local para judeus e cristãos. Taí uma boa oportunidade para nós, cidadãos do Brasil expressarmos nossa opinião ao Ministério das Relações Exteriores!

Para finalizar, o Butão, uma pequena monarquia entre a Índia e a região do Tibet, hoje ocupada pela China, anunciou o envio de um embaixador para Israel.

Nesta região, mensagens são importantes. Esta onda de apoio a Israel está aí para ficar se o governo Biden não ressuscitar os dinossauros malignos da era Obama e traze-los para seu governo, como John Kerry que assegurou ao mundo que Israel nunca teria paz com seus vizinhos se não fizesse antes a paz com os palestinos, dando a eles toda a Judeia, Samaria e Jerusalem. Kerry estava errado.

Ou resolver apaziguar a Turquia ou o Irã, que nesta semana executou por enforcamento o jornalista Rouhollah Zam por (olhem só), “corromper a terra”, uma acusação sem um crime específico.

Zam estava vivendo na França e foi sequestrado e levado ao Irã pelas autoridades iranianas. Mas o escândalo da Europa, que não pode protege-lo, foi de dizer aos mulás para não fazerem isto de novo porque a pena de morte é uma penalidade cruel. É com este país que Joe Biden quer renovar o acordo nuclear e levantar as sanções.

Nesta festa de chanukah, no meio desta pandemia, quando não temos como festejar em publico, podemos pelo menos iluminar as injustiças, mas sem esquecer de iluminar e agradecer pelas boas noticias que recebemos, por menores que sejam.


Sunday, December 6, 2020

A Eliminação de Fakhrizadeh e a Hipocrisia da Midia - 06/12/2020

 A hipocrisia da mídia esta semana extrapolou todo o aceitável e o bom senso. Depois da eliminação do chefe do programa nuclear e general da Guarda Revolucionária do Irã, Mohsen Fakhrizadeh, os jornais e noticiários aqui parecem estar em outro mundo. A PBS declarou “Assassinato do Cientista Iraniano”. O NYT twitou seu espanto, pois de acordo com o jornal, "as autoridades iranianas ... sempre sustentaram que suas ambições nucleares são para fins pacíficos, não para armas".  

Ainda mais absurdo, John Brennan, o "czar" do contraterrorismo de Obama que planejou o ataque que matou Osama bin Laden, tuitou: "Este foi um ato criminoso e altamente imprudente."

O Irã imediatamente apontou o dedo para Israel e prometeu vingança. Israel manteve o silêncio, não reivindicou o ataque, mas tomou medidas para proteger seus cientistas, seus diplomatas e locais sensíveis.

Realmente, considerar Mohsen Fakhrizadeh apenas um cientista é como chamar Bin Laden de apenas um clérigo. Um religioso pacífico. Fakhrizadeh era um oficial sênior da Guarda Revolucionária Islâmica, designada como um grupo terrorista pelos Estados Unidos, Arabia Saudita e Bahrain.

Só para lembrar, durante o governo Obama, os EUA executaram 563 ataques com drones, em sua maioria contra operativos muito menos perigosos do que Fakhrizadeh.

Em abril de 2012, Brennan disse que o presidente Obama deveria "usar de toda a força americana" para "proteger a segurança do povo americano". Para justificar a legalização e a ética do uso de drones, Brennan disse que era preciso “garantir que o indivíduo fosse um alvo legítimo...; que ele “representasse uma ameaça significativa...; determinasse que a captura não era algo viável” e não prejudicar "civis inocentes". Por esses parâmetros, tanto os Estados Unidos como Israel seriam justificados em eliminar  Fakhrizadeh, neste ataque cirúrgico que matou apenas ele e um guarda-costas.

Nesta semana, o jornalista canadense Gil Troy fez um apanhado das novas memórias de Obama, publicado recentemente. O livro de mais de 750 páginas de auto-congratulações, mostra a visão de Obama, de apaziguador do Irã e de acusador de Israel. De acordo com Troy, a América para Obama é a Terra Prometida, que tem permissão para se defender, e a outra “Terra Prometida”, Israel, não tem esta permissão.

O duplo padrão para Obama é justificável. Ele sempre denunciou o excepcionalismo americano, pedindo desculpas ao mundo pelas supostas agressões anteriores da América. Ele achou que se tratasse os mulás do Irã com respeito e honra, eles se dobrariam ao seu charme. E sempre desconfortável com o poder desproporcional do Ocidente, ele decidiu “equilibrar” a situação entre “Israel e os palestinos” exigindo que “Israel, o lado mais forte, desse um passo maior em direção da paz.” Israel fez o gesto, congelando as construções não só na Judeia e Samaria, mas em Jerusalem. E isto não levou a absolutamente nada. Os palestinos não voltaram à mesa de negociações.

Mas para Obama, ao pressionar Israel e ao mesmo tempo engajar o Irã, ele estava compensando os "pecados" anteriores da América. É por isso que ele higieniza a virada palestina da negociação para o terrorismo em 2000, descrevendo uma "violência" mútua, minimizando o terrorismo que os palestinos iniciaram traindo e traumatizando os israelenses. Em vez disso, ele decide que "as atitudes israelenses em relação às negociações de paz se endureceram, porque a paz não parecia mais tão crucial para garantir a segurança e a prosperidade de Israel". Esta obsessão com o poder econômico e militar de Israel o cega para os sentimentos israelenses de vulnerabilidade e culpabilidade palestina.

Ele nunca assume a responsabilidade por nada errado. Ele culpa os republicanos para explicar suas deficiências políticas, assim como ignora a ascensão da Irmandade Muçulmana no Egito depois de ter intimidado Hosni Mubarak a se aposentar. E Obama tolamente continua duro com Israel, mas brando com o Irã.

Indo mais além, Obama escreve que a “visão de Bibi Netanyahu de si mesmo como o principal defensor do povo judeu contra a calamidade permitiu-lhe justificar quase tudo que o mantivesse no poder”. Como se Bibi não tivesse sido eleito ou não tivesse trazido outros partidos de Israel para o governo.

Obama acredita que sua posição é justa, idealista - e se ressente das críticas que recebeu, especialmente da AIPAC. Mas sua obsessão com a culpabilidade da América e o resto dos países ocidentais o fizeram muito generoso com ditadores e terroristas como os iranianos e palestinos.

Todo o charme de Obama, junto com os Bilhões de dólares que ele transferiu ao Irã, não deteve os mulás de continuarem com seu projeto de obter uma bomba atômica e dominar o Oriente Médio. Não os deteve de invadir e dominar o Iraque, a Síria e o Líbano e a desestabilizar o Iêmen. Não os deteve de atacar a Arábia Saudita e ameaçar os outros países do Golfo explodindo tanqueiros no estreito de Ormuz. O charme de Obama só os encorajou e os bilhões lhes deu o poder. Poder para eliminar qualquer protesto interno ou externo.

Este governo insano não pensou duas vezes antes de executar um campeão de luta de calibre mundial, de 27 anos, por ter protestado contra o governo em 2018. Navid Afkari foi acusado falsamente de homicídio culposo de um segurança durante o protesto. Ele negou categoricamente até ser torturado brutalmente e forçado a confessar. Apesar de repetidos pedidos internacionais, Navid foi enforcado em Setembro. Seus irmãos, que também participaram do protesto, pegaram 56 anos de prisão cada um. Esta foi uma execução de exemplo. Os líderes do Irã quiseram enviar a mensagem que ninguém, nem mesmo um atleta famoso está a salvo de ser acusado.

É este tipo de gente, que pratica a injustiça sistêmica, e que enforca ou joga do alto de edifícios homossexuais como passatempo, que Obama queria apaziguar e que Joe Biden, se empossado em janeiro, vai querer reengajar em negociações.

Como disse Gil Troy em sua opinião, “O presidente eleito Joe Biden e sua nova equipe devem corrigir os erros de Obama, não repeti-los. Olhe à sua volta, não apenas à frente. Não se trata apenas de fronteiras ou armas nucleares: os líderes palestinos devem parar de aterrorizar palestinos e israelenses; Os iranianos devem parar de aterrorizar o mundo. Em vez de criticar amigos como Israel e mimar inimigos como os iranianos e os palestinos, restaure a verdadeira ordem moral do universo: apóie seus amigos, seus aliados e enfrente seus inimigos”. A mídia deveria fazer o mesmo.