Nesta era de pandemia, num momento raro em que o mundo se uniu contra um inimigo comum – e que não veio em uma nave espacial - poderíamos esperar que deixassemos de lado as picuinhas e agendas mesquinhas, e principalmente os ódios, pelo menos temporariamente.
Mas as
noticias do progresso feito em encontrar uma vacina e o sucesso das primeiras
que foram aprovadas não deixaram os velhos preconceitos morrerem.
Na semana
passada ocorreu aqui um painel intitulado “desmantelando antissemitismo, ganhando
justiça”. Este painel teve o patrocínio de vários grupos incluindo a Fundação
para o Oriente Médio, Unidos Contra o Ódio, Instituto Árabe-Americano, Povo
Coletivo por Justiça e Libertação e outros. Entre os ilustres palestrantes
esteve Rashida Tlaib, a congressista americana-palestina pró-BDS, Marc Lamont
Hill, o jornalista da CNN que foi despedido do canal depois de exigir um estado
palestino do Rio ao Mar, num discurso na ONU, a professora Barbara Ransby, uma
apologista do movimento Black Lives Matter e Peter Beinart, que defende o
desmantelamento do estado judeu e a transição para um estado binacional, ideia
que Tlaib também apoia. Beinart foi o único judeu do painel.
Fantástico,
não? Todos falaram o quanto “amam os judeus” e o quanto denunciam ataques
contra judeus. Rashida Tlaib, gesticulando nervosamente declarou: “Diguem a
todos, eu não odeio vocês. Eu absolutamente amo vocês”. Mas ao mesmo tempo, não
deixaram de criticar a existência de Israel e defender o movimento BDS.
O painel
gerou muitas críticas de comentaristas judeus e ativistas pró-Israel quando foi
anunciado, tanto por dar aos antissionistas uma plataforma para discutir o antissemitismo,
quanto por serem em sua vasta maioria não judeus. Bari Weiss, a ex-redatora e
editora de opinião do New York Times, twittou: “Então,‘ desmantelar o antissemitismo
’é, na verdade, desmantelar as “acusações” de antissemitismo.”
“Este evento
foi uma tentativa de virar a realidade do avesso. Não é nada menos que
hipocrisia perigosa por parte daqueles que alimentaram o antissemitismo alegar
que eles próprios são vozes sérias no combate ao ódio aos judeus. Ninguém,
incluindo os progressistas como Tlaib e o Prof. Hill devem ter permissão para
ditar aos judeus o que constitui o antissemitismo. Eles simplesmente não
tratariam qualquer outra minoria da mesma forma”. disse Sacha Roytman-Dratwa,
diretor do Movimento de Combate ao Antissemitismo.
Ransby disse
que “os palestinos que defendem os direitos palestinos não são o inimigo,
aqueles de nós que defendem o BDS como uma estratégia para promover os direitos
dos palestinos destituídos e exilados não são o inimigo”. “O inimigo é a pessoa
que vai a uma sinagoga e abre fogo para matar judeus”.
Todos os
palestrantes rejeitaram a noção de que a defesa de direitos palestinos,
incluindo o apoio a um boicote a Israel, constitui antissemitismo. Todos afirmaram
que o antissemitismo vem predominantemente da direita e concordaram que é
melhor combatê-lo aliando-se a outros grupos oprimidos pela sociedade. E ao
mesmo tempo, precisam garantir que os movimentos progressistas não sejam
contaminados pelo antissemitismo”.
Não sei em
que planeta este pessoal vive, mas não é neste. Quer dizer que o antissemitismo
só existe quando ataca um judeu que mora fora de Israel. Ele não existe quando
se trata de matar judeus em Israel ou judeus que procuram sua autodeterminação
em sua terra ancestral.
É lógico que
todos eles têm a memória muito curta ou deliberadamente omitem o que tem se
passado. Os movimentos progressistas como o #Me Too, lembram? Em 2018, a Marcha
das Mulheres, promovida pelo grupo na capital dos Estados Unidos, baniu
mulheres judias dizendo que os Judeus deveriam confrontar seu próprio papel no
racismo.
Neste ano, um
dos slogans do Black Lives Matter era “De Minneapolis à Palestina, Racismo é um
Crime”. A quebradeira de sinagogas e locais judaicos nos protestos contra a
morte de George Floyd provou que quando se trata de judeus, não há tolerância,
diversidade ou outra palavra de efeito.
E aí temos a
Antifa – o mais violento grupo esquerdista da América, que aumentou sua
retórica antissemita sem qualquer crítica, porque têm a simpatia da mídia. Os
jornalistas os descrevem como manifestantes legítimos e racionalizam sua
conduta. A epidemia de antissemitismo nos campus universitários americanos está
diretamente ligado ao movimento BDS, professores esquerdistas e Islamistas, não
a neo-nazistas que não têm qualquer simpatia do mundo acadêmico ou da mídia.
E pior. A
Europa, considerada o berço do progressismo, esta semana baniu a carne kosher.
A decisão veio da Corte de Justiça da União Européia, mantendo a proibição de
shechitah na Bélgica. A Europa requer que o animal seja eletrocutado, gaseado
ou golpeado antes de ser morto. De acordo com os europeus, isto é mais “humano”
do que simplesmente degolar o animal com uma faca super afiada.
Já na Suécia,
Noruega, Islândia, Dinamarca, Eslovênia e agora a Bélgica, não há exceções para
esta regra. A diferença é que a comunidade judaica religiosa da Bélgica é
bastante substancial. O presidente do Congresso Europeu, Moshe Kantor disse que
a decisão é um grande golpe para a vida judaica na Europa, e seu direito de
praticar sua religião e costumes”. Mas a Europa não quer parar aí. Quer banir
também a circuncisão pois bebês não podem “consentir” com o procedimento.
Curiosamente, os mesmos países que baniram a carne kosher já também proibiram a
circuncisão. E quando se põe supostos “direitos dos animais” acima dos direitos
de livre prática de religião de seres humanos, temos um problema.
Agora vamos
proibir matar baratas ou pisar em formigas. E temos que deixar os pernilongos
nos morderem é claro. Eles têm direitos... Isso é querer justificar o
injustificável.
Hoje já não
há argumentos para justificar o antissemitismo. Então, toma-se os argumentos
mais insanos, mais idióticos e os colocamos nas bocas e nas decisões de Altos
Tribunais Europeus para lhes dar legitimidade. A única legitimidade destas
ações é a de cortar dos judeus europeus a última corda que os seguram no velho
continente.
Surpreendentemente muitos judeus europeus, cansados do antissemitismo lá se mudaram para os Emirados. Dubai, Abu Dhabi e Bahrain estão acolhendo esta comunidade de braços abertos. A sua proximidade com o Irã não me tranquiliza mas escancara o que a esquerda e os progressistas realmente fazem e o que realmente são.
Antissemitas
pura e simplesmente.
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