Sunday, September 26, 2010

Nações Unidas, Ahmadinejad e O Fim da Moratória - 26/9/2010

O circo está novamente na cidade! Esta semana aqui em Nova Iorque tivemos a abertura anual da Assembléia Geral das Nações Unidas e junto com as ruas bloqueadas, trânsito caótico e protestos espalhados pela cidade, tivemos que engolir a presença de Ahmadinejad e seus intermináveis discursos.

Mas o pior é que o líder do Irã virou a vedete da mídia, conseguindo entrevistas com Christianne Amanpour na ABC, com Larry King na CNN e com a Fox News que será televisada hoje. Além disso, virou tradição ele oferecer um café da manhã para jornalistas dos maiores jornais americanos, como o New York Times, Washington Times e outros. E todos prontamente atenderam dando à ele uma plataforma para defender suas posições, em sua maioria, muito estranhas. Como disse um comentarista, o presidente do Uruguay não teria conseguido sequer chamar a atenção de qualquer destas emissoras.

Mas o que fez este ano a delegação dos Estados Unidos, de todos os 27 países da União Européia, da Austrália, Nova Zelandia, Canadá e da Costa Rica se levantarem e saírem da Assembléia Geral em protesto, foi a afirmação de Ahmadinejad de que o governo americano foi quem orquestrou os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York para reverter o declínio econômico da América e seus vassalos no Oriente Médio para salvar o regime Sionista (?????). Ele continuou dizendo que a “maioria do povo americano, assim como a maioria das nações e políticos no mundo concordam com este ponto de vista”.

E não parou por aí. Chamou Netanyahu de ditador (apesar dele ter sido democraticamente eleito pelos israelenses) e também de assassino de palestinos que deveria ser julgado num tribunal internacional.

Mais uma vez Ahmadinejad escolheu vomitar teorias vís e antisemitas que são tão esquizofrenicas e irracionais quanto previsíveis.

Obama, que já havia feito seu discurso respondeu numa entrevista que dizer que as próprias autoridades americanas foram responsáveis pelos ataques era odioso e ofensivo, especialmente pela declaração ter sido feita um pouco ao norte do local aonde ocorreram.

Ahmadinejad sem dúvida conseguiu o que queria. Suas várias oportunidades de fotos com dignatários do mundo inteiro e a adulação da mídia americana, sem dúvida, melhoraram sua imagem no Irã que já está sentindo os efeitos das sanções econômicas. Além disso, ao se lançar mais uma vez contra Israel, Ahmadinejad se manteve como o grande defensor da causa palestina acima de qualquer líder árabe. Fareed Zacharia da CNN perguntou se ele apoiaria um acordo que os palestinos decidissem assinar, e Ahmadinejad pareceu extremamente desconfortável com a pergunta. A resposta à questão é obviamente não, pois a continuação do conflito entre Israle e os palestinos muito o ajuda a alcançar suas ambições nucleares.

Mas foram as declarações de Obama sobre as negociações no Oriente Médio que causaram mais debate na mídia. Em uma das mais longas passagens de seu discurso, Obama descreveu a importância dos israelenses e palestinos chegarem à um acordo de paz, dentro dessas discussões diretas que ele ajudou a colocar em marcha.

No seu estilo tradicional de retórica, Obama disse que “desta vez precisamos pegar o que há de melhor dentro de nós” seja lá o que for que isto queira dizer. Se isto acontecer, de acordo com Obama “então voltaremos no ano que vem, teremos um acordo que levará à recepção de um novo membro das Nações Unidas – um estado da Palestina, independente e soberano, vivendo em paz com Israel”. É claro que isto lhe conferiu aplausos fervorosos.

Mas Obama também falou sobre a necessidade de Israel extender a moratória de construção dos judeus na Judéia e Samária pois ela fez diferença no chão e melhorou a atmosfera das discussões. Esta moratória expirou hoje à meia-noite mas os residentes da Judéia e Samária não estão vendo qualquer razão para celebração.

Isto foi uma manobra muito bem calculada por Abbas, apoiado por Obama que realmente acredita que nenhum judeu tem direito de construir em território pós-67. Durante os 10 meses negociados com Netanyahu, Abbas se recusou a sentar, esperando pelo último momento literalmente para dizer que se as construções resumirem ele abandonará as negociações. Isto é muita Chutzpah!
Durante estes 10 meses centenas de pessoas e companhias com contratos, com construções já autorizadas para começar ou em andamento, dando emprego a outras centenas de palestinos, tiveram que ser suspensas. Estas pessoas tiveram que alugar outra moradia, colocar seus filhos em outras escolas, pagar pelo material já comprado, e pagar advogados para receberem alguma forma de compensação pela decisão do governo de baixar a cabeça lamber as mãos de Obama. Mas esta situação não pode durar para sempre.

Além disso, o que pouca gente noticia é que há anos não há absolutamente nenhuma autorização para judeus construirem fora dos perímetros dos assentamentos já existentes e dentro destes perímetros só com ordem do ministro da defesa, o que, como devem imaginar, não é fácil conseguir. Portanto, não há problema de “tomada de terras adicionais” como reclamam os palestinos e há um consenso de que estes assentamentos ficarão em Israel. Tudo isto é pura desculpa para Abbas sair andando das negociações.

Apesar de Netanyahu ter dito que não irá extender a moratória, o noticiário está repleto de “soluções temporárias” oferecidas por Israel, como por exemplo, extender a moratória por só mais três meses, ou pelo menos não dar nenhuma autorização nova, deixando prosseguir as construções que já haviam obtido as permissões necessárias antes da moratória. Levando tudo isto em consideração, é como se a moratória continuasse de fato.

Se por um lado há a opinião de que uma declaração de Netanyahu terminando de vez a moratória seria um tapa na cara de Obama como expresso pelo insípido ex-cônsul de Israel em Nova York Alon Pinkas, há por outro, analistas respeitados de centro esquerda como Dan Margalit, que disse que há momentos em que palavra é palavra e que os palestinos precisam aprender o que é isto.

E aí temos Jerusalem, especialmente Jerusalem do Leste aonde há um congelamento total, que vai muito além da moratória e que não está baixo qualquer consentimento de Netanyahu. É um congelamento de fato, muito mais preocupante pois Netanyahu sempre negou aplicar a moratória à este lado da cidade.

Será que ao final a oferta que Olmert havia feito é a que foi tomada como ponto de partida para estas negociações? Olmert havia oferecido dividir Jerusalém, dar entre 93.5 e 93.7% da Judéia e Samária e o resto em terra de Israel própria e mais um corredor para Gaza, além de aceitar uns 20 mil refugiados e concordar em abandonar o Muro das Lamentações e a esplanada do Templo para um chamado consórcio de sauditas, jordanianos, palestinos, israelenses e americanos, como se algum destes “consórcios” já funcionou alguma vez no passado. Vide o exército da ONU no sul do Líbano e o corredor Philadelphi que deveria ser monitorado pela União Européia para evitar o contrabando de armas para dentro de Gaza.

Apesar de Netanyahu não estar amarrado a qualquer concessão feita por Olmert, é histórico o fato de que toda abertura por Israel, mesmo que temporária, vira algo permanente e exigido pela comunidade internacional. Com todas estas concessões contra uma mera promessa de que os palestinos viverão em paz com Israel, não há como ter esperança. Olmert disse que não há escolha para Israel.

Mas digamos que Israel diga não. Que não irá dividir Jerusalém ou sair da Judéia e Samária. Será que os Estados Unidos irão abandonar seu único verdadeiro aliado na região como Olmert diz? Ou então mandar tropas para forçar mais de 200 mil israelenses de suas casas? Isto é absurdo.

Todos nós sabemos que assim que Israel entregar a Judéia e Samária, elas virarão mais um foco de hostilidades e terrorismo contra Israel. Sempre haverá outra desculpa como vimos com Gaza que ainda diz que está sob ocupação. Se no entanto Israel não sair, suas cidades pelo menos a curto e médio prazo estarão seguras até que a situação mude ou a liderança palestina mude.

Esta idéia que é melhor Israel se colocar hoje nesta situação vulnerável porque no futuro não terá escolha, é ridícula. Quem se entrega ao seu assassino hoje porque  acredita que ele entrará em sua casa amanhã de qualquer forma?

Eu rezo e espero que esta ânsia para fazer a paz a qualquer preço, não deixando de mover nenhuma pedra, não cegue os líderes de Israel e dos Estados Unidos. Pois é só olhar para o Muro das Lamentações e saber que há algumas pedras que simplesmente não podem ser movidas.

Saturday, September 25, 2010

As Negociações com os Palestinos - 19/9/2010

Mais uma vez o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas ameaçou se demitir do posto se desta vez as negociações diretas com Israel falharem. Mas ninguém está vendo nem a OLP nem a Fatah ocupados em procurarem um substituto.


Abbas fez esta declaração numa reunião recente do Comitê Central da Fatah. Outra vez. Nos últimos anos Abbas ameaçou dezenas de vezes de se demitir, cada vez por causa de outra coisa.

Agora, nesta “democracia” palestina, em vez de novas eleições, o que irá acontecer se Abbas sair de cena, é que o Conselho Central da Fatah irá se reunir e eleger um novo presidente que seja aceito também pela OLP. Como em outros países árabes, não há o cargo de vice-presidente para tomar o leme se houver a necessidade.

A Autoridade Palestina está infeliz com o plano de Washington de se concentrar nos encontros bilaterais entre Abbas e Netanyahu em vez das negociações serem conduzidas por delegações de negociadores dos dois lados. Isto colocará toda a responsabilidade pelo sucesso ou falha das negociações pessoalmente nos ombros de Abbas. Além disso, neste novo formato, as negociações são conduzidas com um americano presente. Muitos analistas têm dito que Abbas fala com o mediador americano e este com Netanyahu e que estas negociações não são tão “diretas” como gostariamos de acreditar.

A inflexibilidade que Abbas quer manter em tudo, inclusive na continuação do congelamento de construção judaica na Judéia e Samária, está em direta contradição com a própria essência da negociação que é o “toma lá, dá cá”. Nabil Sha’ath, membro da delegação palestina nestas “negociações de paz”, reiterou neste final de semana que Abbas e os palestinos não farão qualquer concessão a Israel, inclusive a de reconhecer Israel como um estado judeu. Ele continuou dizendo que a continuação do processo de paz irá depender das ações de Israel no chão, especialmente em relação à expansão dos assentamentos”.

Então, do lado dos palestinos estas negociações são efetivamente um complô para enfraquecer Israel porque se eles já construiram um muro de aço sobre suas demandas e não há o que negociar, e para concordarem em apenas sentar, Israel precisa fazer concessões que afetarão seu futuro e segurança, alguém tem que me explicar qual é o ponto de tudo isso.

Muitos me perguntam porque sou contra as negociações de paz. Afinal, Hillary Clinton e o próprio presidente de Israel, Shimon Perez, parecem estar seguros que não há futuro para o status quo. Hillary disse na semana passada que isto não quer dizer que a situação atual não possa durar mais uns 30 anos mas que ao final, ela é insustentável para Israel. Como se só Israel tivesse a perder com a falta de um acordo de paz.

Não sou contra negociações de paz. Muito pelo contrário. Sou contra estas negociações de paz, neste contexto e com estes atores. Não é lógico se negociar uma paz que envolva a entrega de terra, com bilhões de dólares em ajuda econômica prometida que possam ser usados em armas, e o fortalecimento de um inimigo que não está preparado psicologicamente para a paz.

Isto não é especulação. Já tentamos isto no passado. A guerra dos palestinos contra Israel foi o resultado direto dos acordos de Oslo. Estes acordos deram autonomia aos palestinos que foi usada por eles não para construirem um país mas para incitar os jovens, trazerem armas e explosivos e se organizarem para a guerra. Israel não aprendeu com Oslo e em 2005 entregou Gaza e não preciso lembrar aqui o resultado.

Todos os acordos entre Israel e a OLP foram predicados na entrega de terras por Israel contra promessas de moderação pelos palestinos. Israel cumpriu com seu lado mas a OLP, ao contrário, usou cada acordo para aumentar sua guerra política e terrorista contra Israel.

E para tentar resolver este problema criado pelas “iniciativas de paz”, o mundo decidiu que o remédio seriam mais concessões. Mas não há qualquer concessão mágica que resolva o problema.

Toda concessão por Israel, por mínima que seja, como o discriminatório congelamento temporário da construção por judeus na Judéia e Samária, é considerada permanente e o ponto de partida para mais concessões.

Muitos dizem que Israel tem a ganhar com estas negociações porque ao final Abbas não irá assinar qualquer acordo. E isto é provavelmente verdade. Com o Hamas controlando Gaza e grande maioria dos palestinos na Judéia e Samária simpatizantes do grupo terrorista, Abbas não vai arriscar sua vida assinando qualquer coisa com Israel.

Mas qualquer vantagem política mínima que Netanyahu pode pensar em conseguir, no final não irá compensar os danos que provavelmente estas negociações causarão. Primeiro, os apertos de mão e tapinhas nas costas de Abbas, só legitimam as exigências de um líder que não condena qualquer ataque terrorista que custam vidas de israelenses, não aceita um estado judeu no Oriente Médio, exige que milhões de palestinos sejam transferidos para Israel próprio e não aceita que Israel fique com terra suficiente para se defender de um ataque árabe ou palestino no futuro.

Segundo, como vimos com o congelamento “temporário”, qualquer concessão feita por Israel se torna uma exigência permanente. Além disso, dá ao Hamas a vantagem de recomeçar os ataques de Gaza com impunidade pois no interesse da “paz”, Israel não irá retaliar.

Terceiro, ao concordar em fazer tudo em sigilo, sem transparência nas negociações, Netanyahu pode estar fazendo concessões diametralmente opostas ao interesse de seu eleitorado. Hoje não há consenso em Israel sobre entregar qualquer parte da Judéia e Samária depois do que aconteceu em Gaza.

Mas Israel continua seguindo a filosofia dos conselheiros de Obama que vêm o público em geral como Homer Simpsons incapazes de tomar decisões sábias. Eles, os tecnocratas de Washington sabem tudo e os simplórios israelenses têm que viver com as consequências do que está sendo negociado hoje.

A conclusão é que único incentivo para Abbas continuar sentado à mesa de negociações é o de levar ao enfraquecimento de Israel para aumentar as chances de vitória dos árabes numa futura guerra.

Por isso não concordo com estas negociações. Depois de todas as concessões que os palestinos obtiverem de Netanyahu, o que irá ocorrer é que os palestinos dirão que Abbas não tinha autoridade para assinar o acordo porque já não era presidente da Autoridade Palestina desde o final de Janeiro de 2009. Eles não precisarão cumprir qualquer obrigação mas Israel, aos olhos do mundo, terá que cumprir as suas. Além disso, Abbas e a Fatah não têm jurisdição para decidir o que quer que seja em Gaza, governada pelo Hamas, que foi eleito de modo democrático. Mas acima de tudo, não há qualquer sinal que Abbas esteja preparando seu povo para aceitar uma paz com Israel, muito pelo contrário. A retórica anti-judaica e anti-Israel na mídia oficial palestina escalou substancialmente desde a retomada das negociações. Certamente Abbas não quer entrar para a história árabe como o que assinou um acordo com Israel abandonando a reividicação da palestina do Mediterrâneo ao Jordão.

Netanyahu precisa ter em mente que o que o fez aceitar o congelamento temporário das construções judaicas na Judeia e Samária há 10 meses atrás, talvez hoje não seja relevante. Obama havia acabado de assumir o poder e tinha muita força política mas hoje não é mais assim. Nesta semana saíram os índices de aprovação do presidente americano que nunca estiveram tão baixos. Ele irá perder a maioria no Congresso e no Senado americanos e muito de sua força política. Assim, não há nada para Israel ganhar hoje e muito a perder a aceitar as exigências de Obama.

Se como Hillary Clinton disse, esta situação pode continuar pelos próximos 30 anos, vamos esperar até termos um verdadeiro líder palestino que esteja preparado a correr o risco, que prepare seu povo para conviver em paz com seus vizinhos e que acima de tudo, tenha a legitimidade de representação de todos os palestinos. Afinal, se como dizem, planejar à longo prazo no Oriente Médio é um mês ou dois, 30 anos poderá ser cheios de surpresas.

O que é importante agora é ganhar tempo e Netanyahu precisa saber usá-lo e evitar levar Israel no caminho da fraqueza e derrota.

Monday, September 13, 2010

Resposta Desproporcional - 13/9/2010

Um dos fundadores de uma organização comandada pelo Imam Feisal Abdul Rauf (que quer construir a mega-mesquita de 100 milhões de dólares a alguns metros de onde estavam as torres do World Trade Center) disse que os ataques de 11 de setembro de 2001 foram um "inside job", trabalho interno e que os muçulmanos foram escolhidos como bodes expiatórios.

Faiz Khan - que pregou pelo menos duas vezes no prédio centro da controvérsia - foi sócio de Rauf durante anos na Sociedade Americana para o Avanço dos Muçulmanos que diz ser dedicada ao melhor entendimento do islamismo.

Khan também faz parte da diretoria dos "Muçulmanos pela Verdade do 11/9" e é fundador da Aliança Muçulmana-Judaica-Cristã pela Verdade do 11/9", conhecida como MUJCA. Só que no site da MUJCA, Khan escreveu que o "fato inescapável é que o 11/9 foi um trabalho interno pois uma coisa ele está certo: que as Torres e o WTC 7 não poderiam ter desmoronado sem um centro de demolição controlado por dentro". Ele ainda disse que "a explicação mais lógica para o 11/9 é que os sequestradores estavam trabalhando para as corporações americanas e que o tráfego de heroína cria 'bilhões de dólares' que são lavados pelo 'Citicorp e Procter & Gamble'". (???????)

Depois desta brilhante e esclarecedora explicação, realmente não há porque nos opormos à construção da mesquita a 200 metros do memorial para os mortos de 11/9 e aonde as familias poderão ver as fotos e tributos aos seus entes queridos ao som de Allah uakbar, nada menos do que cinco vezes ao dia. Quem pode dizer que isto não é apropriado?...

Além disso, temos que levar em conta a última declaração do Imam Rauf que disse ontem na ABC em entrevista com Christiane Amanpour que "mudar o local da mesquita incitaria extremistas islâmicos a atacarem os Estados Unidos". Para mim isto parece uma ameaça mas quando questionado, Rauf disse que "nunca ameaçaria violência porque ele é um homem da paz, dedicado à paz".

Então é assim: ou aceitamos uma mesquita no que 70% dos americanos acreditam ser local sagrado pois toda a área contém as cinzas de mais de duas mil pessoas que foram pulverizadas, ou então, teremos que nos segurar porque "extremistas islâmicos radicais irão atacar os Estados Unidos".

Mas quando é que foi exatamente que os "extremistas islâmicos radicais" pararam de tentar atacar os Estados Unidos?

Enquanto os líderes nos Estados Unidos pedem a todos para serem "tolerantes" e respeitarem a primeira emenda da Constituição Americana que garante a liberdade de religião quando se trata dos muçulmanos, eles não cansaram de condenar o pastor Terry Jones da Flórida, que ameaçou exercer seu direito de expressão (também garantido pela primeira emenda) e queimar livros do Korão neste 11/9. Depois de muita pressão, inclusive do presidente Obama, o pastor cancelou a queimação. Obama disse que tal queimação iria colocar as tropas americanas no Iraque e no Afganistão em risco.

Um minuto... Tropas americanas armadas até os dentes, lutando contra fanáticos islâmicos há 7 anos, e é só agora que elas estarão em perigo??? Será que eu perdi o anúncio que dizia "Aliste-se no exército e venha trabalhar no seu bronzeado à beira do Tigres e do Eufrates"? Que argumento é esse?

Esta desproporcionalidade foi muito bem capturada pelo cartunista Dials que publicou na quinta-feira passada o seguinte Cartoon



A parte de cima diz: "19 Muçulmanos Terroristas Matam 3000 Americanos". A resposta do muçulmano: "Você não pode julgar todos os muçulmanos pelas ações de uns poucos extremistas".
E embaixo: "1 Pastor Ameaça Queimar o Korão". A resposta: "Morte à America".

Falou tudo...

Sunday, September 12, 2010

11 de Setembro e o Credo de Israel - 12/9/2010

Sinos tocaram em toda a cidade de Nova York ontem, marcando o dia de luto para as quase 3 mil vítimas dos ataques de 11 de setembro. Além das comemorações solenes, a polícia também esteve ocupada em conter os protestos que por vezes se tornaram violentos, contra e a favor da construção da mesquita a alguns metros do local aonde uma vez estavam os prédios do World Trade Center.

Um minuto de silêncio foi pedido às 8:46 da manhã, a hora em que o primeiro avião bateu na Torre Norte do World Trade Center em 2001. E no por do sol holofotes gigantes acenderam em direção ao céu marcando o lugar das torres num tributo de luz às vítimas. Além dos 2,819 civis, 343 bombeiros, e 60 policiais morreram nas tentativas de resgate. Obama não veio à Nova York ontem, preferindo visitar o Pentágono e reiterar pela enésima vez que os Estados Unidos não estão em guerra contra o Islamismo. De acordo com o presidente, os ataques foram crimes perpetrados por um bando de homens que perverteram a religião.

E é por causa deste tipo de postura que todas as pesquisas estão prevendo um grande retorno dos republicanos no Congresso em novembro. Os americanos estão cansados de ouvir Obama minimizar a ideologia que acompanhou estes atos terroristas e pedir desculpas ao mundo pela grandeza da América.

Nesta última quarta-feira, um ótimo editorial da Caroline Glick capturou bem o que está acontecendo na América. Em 28 de agosto último, no 47º aniversário do discurso de Martin Luther King no Memorial de Lincoln em Washington, Glenn Beck, um radialista e personalidade da tv, algo controverso, reuniu dezenas de milhares de pessoas no mesmo local, num rally (comício monstro) que teve como tema a Restauração da Honra Americana. Não foi um evento político e o nome de Obama não foi mencionado nem uma vez. O público cantou músicas patrióticas, rezaram e honraram os heróis militares.

Glick no entanto disse que o comício não era para restaurar a Honra americana mas para restaurar algo bem maior: o credo americano.

Este credo professa que a América é um país excepcional, os americanos uma nação excepcional e portanto, como disse Abraham Lincoln, a melhor esperança da humanidade. A razão pela qual este comício de Glenn Beck atraiu tanta gente e foi tão importante na era de Obama é que pela primeira vez, o povo Americano sentiu a necessidade de reclamar para si o credo. Isto porque está claro que Obama o rejeita.

Obama não acredita que a America seja excepcional e está fazendo de tudo para tirar os Estados Unidos da liderança do mundo em favor de um transnacionalismo. Ele rotula seus adversários de primitivos e dogmáticos, ataca o Mercado livre e insiste em nacionalizar o sistema de saúde. Glenn Beck e seus seguidores se propuseram a reparar o dano causado por Obama.

O que as multitudes que participaram do comício entenderam é que a grandeza da América se funda neste credo e que se ele for abandonado, o país estará a caminho da ruína.

Lincoln também definiu os americanos como o “povo quase escolhido por Deus”. Ao falar isto, Lincoln uniu a história dos Estados Unidos à história dos judeus. O motivo para isto é que os judeus através de sua história, sempre tiveram seu credo, sua profissão de fé muito bem definido. É um credo baseado em 3 princípios e um objetivo. Os princípios são: a Lei de Israel, a Nação de Israel e a Terra de Israel. O objetivo é o de ser a luz para as nações, uma bênção para o mundo. Enquanto o credo americano foi criado há 350 anos, o do povo judeu o foi há 3.500 anos atrás.

A lei de Israel é a Torah, a Bíblia, o caminho para a santidade e justiça. Aqueles que seguem esta lei, contra todas as adversidades e tentações, formam uma nação distinta que serve de bênção e inspiração para o mundo. Mas foi somente vivendo na Terra de Israel que os judeus alcançaram um sucesso sem precedentes para um país de apenas 65 anos de existência, cercado por inimigos e adversidades.

Desde o começo do sionismo moderno, a maioria dos judeus e alguns cristãos viram o retorno dos filhos para a terra de Israel como o precursor da redenção do povo judeu e através dele, do mundo como um todo.

Economicamente, Israel hoje é uma potência. Tecnologicamente, Israel é uma super-potência. Foi em Israel que as fundações da idade digital foram postas, o microprocessador e os componentes principais do telefone celular inventados e aonde ocorrem diariamente descobertas em medicina, física, química, agricultura, etc.. O mundo como o conhecemos hoje, não existiria sem o papel pioneiro de Israel.

Também o judaísmo, como religião, prospera hoje em Israel como nunca, depois de 2 mil anos de diáspora. O povo judeu emergiu da beira da extinção, há 65 anos atrás para construir um estado em que o povo é mais versado em lei judaica que qualquer comunidade do passado.

Mas ao que parece, o extraordinário sucesso de Israel tem sido marcado por uma falha. Glick notou que desde a morte de Theordore Herzl em 1904, não houve um líder que verdadeiramente reconhecesse a importância do credo de Israel, tanto para o povo judeu como para o resto do mundo. E para que qualquer nação seja bem sucedida através dos tempos, seus líderes precisam afirmar seu credo com a confiança inabalável em seu destino. E não devem nunca dar a outra pessoa o direito de negar ao seu povo sua própria identidade.

Obama é claramente o primeiro presidente a rejeitar o credo americano. Mas Israel nunca teve um líder que tivesse a corajem de invocar o credo do Estado judeu de maneira clara e inabalável. Primeiros ministros de esquerda nunca o aceitaram e os de direita parecem não entender o que significa ter a confiança de enfrentar e publicamente afirmar uma identidade que o mundo não quer que você tenha.

Muitos historiadores dizem que a história do povo judeu é a história do antisemitismo. Ao negarem o credo de Israel, seus líderes têm na prática aceito esta definição. Mas ela é falsa. Através da história os antisemitas têm procurado negar aos judeus o direito de se definir de acordo com a lei da Torah, como uma Nação e hoje têm negado seu direito à Terra com falsas teorias de conspiração, avareza e acusações de expulsões e maus tratos de palestinos.

Há duas semanas atrás, o comissário da União Européia para assuntos comerciais Karel De Gucht se referiu ao “lobby judaico” influenciando as negociações em Washington e a dificuldade em ter uma conversa “racional” com um judeu sobre Israel pois “eles sempre acham que têm razão”. Ele não mereceu nem uma repreensão por esta declaração antisemita. Isto é só um exemplo. Hoje podemos ver o esforço sobrecomum do mundo para deslegitimizar o Estado de Israel.

Judeus sobreviveram repetidas tentativas de destruição não porque debateram os argumentos antisemitas do dia mas porque sempre se mantiveram fieis ao seu credo. Judeus do mundo guardaram a lei, se mantiveram como um povo e tres vezes por dia, de qualquer lugar aonde estivessem, rezaram para voltar para a terra de Israel, e cumprirem seu destino de serem a luz entre as nações.

Mas em Israel, em vez dos judeus afirmarem com orgulho esta natureza milagrosa, extraordinária e tenaz do povo, sua lei e sua terra, seus líderes tornaram o credo em pontos de negociação. E isto, e não outra coisa, poderá será o fim de Israel.

Hoje Netanyahu afirma que é possível alcançar a paz a curto prazo com os palestinos. A paz hoje é impossível, porque os árabes rejeitam os três componentes do credo de Israel: a nação judaica, a lei judaica e a Terra de Israel.

Ainda, ao exigir que árabes reconheçam Israel como um estado judaico, estão dando à eles o poder de dar ou negar aquilo que não é seu. Quem são os árabes para definirem Israel como estado judaico ou não?

Agora que acabamos de comemorar o ano novo judaico e a unidade nacional do povo de Israel, temos nós que exigir que seus líderes proclamem o credo de Israel: sua Torah, a Nação e a Terra, tanto internamente como para o mundo, de modo inequívoco.

Para que o povo judaico sobreviva na Terra de Israel, seus líderes precisam reconhecer que é seu dever sagrado e grande privilégio representar o excepcionalismo da nação de Israel para que ela finalmente cumpra seu destino de luz entre as nações para o benefício do mundo como um todo.

Saturday, September 11, 2010

Negociações Renovadas - 4/9/2010

Parece que os palestinos não param de repetir o ditado que eles não perdem uma oportunidade de perderem uma oportunidade e os israelenses não param de repetir o seu: continuam a não aprender com as lições tomadas vez após vez.


Após a fanfarra da mídia sobre o encontro na Casa Branca do Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu com o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas, jornalistas receberam a mensagem de que as negociações, para serem bem sucedidas, têm que acontecer em sigilo.

E isto é bem preocupante. A falta de transparência em negociações tão sensíveis, nunca trouxe bons resultados. Sempre pegaram os eleitores de surpresa e criaram mais insegurança, sobretudo para Israel. A preocupação desta vez é ainda maior por causa da promoção em massa feita pelos grupos de esquerda implorando para que desta vez acreditemos nas boas intenções dos palestinos.

Em Israel, pesquisas mostram que 2/3 dos israelenses não acreditam que Abbas esteja seriamente querendo paz. Só 23% disseram que acreditam nele e 17% disseram que não sabem. Ainda, 63% dos israelenses disseram que judeus devem voltar a construir na Judéia e Samária e somente 21% acham que o congelamento deve continuar se Obama exigir. Com estes resultados, será difícil para Netanyahu convencer o público a aceitar uma paz que exija concessões maciças de Israel. Por outro lado, mais de 50% dos israelenses acreditam que Netanyahu é sincero em sua busca de um acordo com os palestinos.

Estas negociações, no entanto, não ocorreram num vácuo. Elas foram precedidas por 2 ataques terroristas que deixaram 4 israelenses mortos, incluindo uma mulher grávida de 9 meses e 2 feridos. Um dia depois do ataque, antes do jantar na Casa Branca com Obama, Abbas, o presidente do Egito Hosny Mubarak e o rei da Jordania Abdallah, Netanyahu fez uma declaração chocante. Ele disse que tem defendido Israel toda a sua vida, mas que desta vez ele não veio para ganhar um debate. Ele disse que veio para forjar a paz. Que não veio para jogar o jogo da culpa aonde mesmo vencedores perdem, ele veio para alcançar a paz que trará benefícios a todos.

Será que Netanyahu acredita mesmo que tudo o que ele fez no passado é meramente argumentação? Que na hora do vamos ver, as considerações políticas sobrepujam o que ele realmente acredita? Que defender os direitos de Israel diminui as chances de paz e então aqueles que o fazem estão na verdade prejudicando a paz? Será que ele acredita que uma paz que coloque de lado estes direitos de Israel será viável?

Se ele realmente acreditar nisto então temos realmente que nos preocupar porque estaremos nos confrontando com um novo Ariel Sharon que deu uma volta de 180 graus em sua política depois de ser eleito com promessas totalmente opostas, literalmente enganando seus eleitores. E as notícias hoje de que Netanyahu teria concordado com todas as concessões oferecidas por Olmert e a falta de resposta aos ataques de terça e quarta-feiras são um sinal disto.

É claro que estes ataques estavam previstos. Isto sempre, sempre acontece antes de qualquer rodada de negociações mas Israel como sempre, só acorda e aumenta a segurança quando a tragédia já aconteceu. Mas como já era de se esperar também, Obama logo culpou os extremistas do Hamas que estariam tentando descarrilhar as negociações.

O único que rejeitou esta racionalização foi o próprio Hamas que disse que os ataques não tinham nada a ver com o encontro em Washington mas com oportunidades que se apresentaram. A verdade, no entanto, é que o Hamas está testando Israel. Isto porque ataques terroristas sempre aumentam dramaticamente quando há “negociações de paz”. Desde que os acordos de Oslo foram assinados em 1993, todos os primeiros ministros escolheram se abster e não retaliar até mesmo a verdadeiros massacres para não prejudicar as negociações. Em outras palavras, isto dá ao Hamas e aos seus comparsas carta branca para matar israelenses inocentes e assim, aumentar sua popularidade entre os palestinos.

O ataque ao casal de quarta-feira, foi um recado que o Hamas entendeu a mensagem, pois não houve qualquer retaliação ao ataque de terça. Hamas mais uma vez, agora, pode matar com impunidade e o grupo só tem a ganhar com isto. O Jerusalem Post de quarta-feira noticiou que assim que noticiaram o massacre dos dois casais e do bebê, palestinos em toda a Judeia e Samária de Mahmoud Abbas, saíram para as ruas para comemorar. Não estou falando de Gaza.

Assim, a realidade destas negociações é bem mais complexa. Num clima em que Israel é empurrado contra a parede para fazer mais e mais concessões, a Fatah também não quer parecer fraca diante de seu público e então, seu braço armado, as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa também têm que provar que não está abaixo de derramar sangue judeu. A competição agora recomeçará pela glória de quem conseguir infligir mais dor e perdas aos israelenses.

Em Washington, Abbas falou de seu desejo de prevenir mais derramamento de sangue mas digamos a verdade. Ele é o último a fazer o diz. Na semana retrasada Abbas mandou premiar a mãe de 4 terroristas, os irmãos Hamid que mataram dezenas de israelenses e estão cumprindo 18 sentenças de prisão perpétua. A mãe foi premiada pela coragem de ter educado os filhos na luta contra Israel.

E a coisa não pára por aí. A rua na qual está o palácio presidencial palestino foi renomeada Yihye Ayash, o terrorista apelidado de “engenheiro” que matou centenas de israelenses com suas bombas. Se Abbas estivesse mesmo sendo sincero, nem passaria pela sua cabeça comemorar um terrorista que rejeitava a própria noção de coexistência além de ser uma grave violação aos acordos de Oslo. A desligitimidade de Israel e a anti-glorificação do terrorismo são no mínimo um pré-requisito para a coexistência e a aceitação do outro.

Assim, a visão simplista de rotular Abbas e a Fatah de moderados que estão tentando acabar com o terrorismo é simplesmente errada, assim como a noção de que atos terroristas são perpetrados por uma minoria de fanáticos, longe do consenso palestino, o que não é verdade.

Mas grande parte da razão pela qual os palestinos adoram o terrorismo é porque eles nunca tiveram que pagar qualquer preço real por matar judeus. Ao contrário, eles acreditam, como foi no caso de Gaza, que foi o terrorismo e não negociações que convenceram Israel a sair da Faixa. Além disso, assim que os ataques aumentam, também aumenta a ajuda internacional em dinheiro e assistência assim como o apoio político aos palestinos.

A posição de Obama de prosseguir com as negociações depois do ataque de terça feira mostrou aos palestinos que os Estados Unidos estarã do seu lado, independentemente de seu comportamento.

Em seu discurso, Netanyahu também lembrou que Israel saiu do Líbano e ganhou terrorismo, saiu de Gaza e o mesmo aconteceu. Ele disse que quer assegurar que qualquer território que Israel irá conceder não se tornará num terceiro enclave pró-iraniano que poderá alvejar o coração de Israel. Por isso, as decisões sobre segurança devem ser tais a resistir ao teste do tempo e aos muitos desafios que irão confrontar Israel.

O problema com este discurso é que o passe livre dado ao Hamas pelos dois ataques desta semana, é de fato uma negação deste princípio. Se Netanyahu acredita que o único meio de avançar as negociações é de se abster em face do ataque em vez de retaliar, então ele já aceitou um terceiro enclave pró-iraniano que irá alvejar o coração de Israel.

Se o objetivo ostensivo de Abbas, Netanyahu e Obama é como Abbas disse em seu discurso, de “chegar à um compromisso no qual os dois povos possam viver como vizinhos e parceiros para sempre”, isto está em franca oposição, de modo irreconciliável com o modo pelo qual os palestinos são indoutrinados desde o berço, a venerar o extermínio de israelenses e judeus. Para uma verdadeira paz, isso precisa acabar. Mas não acabou.

Minha pergunta é: se agora Netanyahu está defendendo uma negociação com entrega de territórios àqueles que atacam Israel, quem sobrou para defender o Estado Judeu?