Saturday, September 11, 2010

Negociações Renovadas - 4/9/2010

Parece que os palestinos não param de repetir o ditado que eles não perdem uma oportunidade de perderem uma oportunidade e os israelenses não param de repetir o seu: continuam a não aprender com as lições tomadas vez após vez.


Após a fanfarra da mídia sobre o encontro na Casa Branca do Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu com o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas, jornalistas receberam a mensagem de que as negociações, para serem bem sucedidas, têm que acontecer em sigilo.

E isto é bem preocupante. A falta de transparência em negociações tão sensíveis, nunca trouxe bons resultados. Sempre pegaram os eleitores de surpresa e criaram mais insegurança, sobretudo para Israel. A preocupação desta vez é ainda maior por causa da promoção em massa feita pelos grupos de esquerda implorando para que desta vez acreditemos nas boas intenções dos palestinos.

Em Israel, pesquisas mostram que 2/3 dos israelenses não acreditam que Abbas esteja seriamente querendo paz. Só 23% disseram que acreditam nele e 17% disseram que não sabem. Ainda, 63% dos israelenses disseram que judeus devem voltar a construir na Judéia e Samária e somente 21% acham que o congelamento deve continuar se Obama exigir. Com estes resultados, será difícil para Netanyahu convencer o público a aceitar uma paz que exija concessões maciças de Israel. Por outro lado, mais de 50% dos israelenses acreditam que Netanyahu é sincero em sua busca de um acordo com os palestinos.

Estas negociações, no entanto, não ocorreram num vácuo. Elas foram precedidas por 2 ataques terroristas que deixaram 4 israelenses mortos, incluindo uma mulher grávida de 9 meses e 2 feridos. Um dia depois do ataque, antes do jantar na Casa Branca com Obama, Abbas, o presidente do Egito Hosny Mubarak e o rei da Jordania Abdallah, Netanyahu fez uma declaração chocante. Ele disse que tem defendido Israel toda a sua vida, mas que desta vez ele não veio para ganhar um debate. Ele disse que veio para forjar a paz. Que não veio para jogar o jogo da culpa aonde mesmo vencedores perdem, ele veio para alcançar a paz que trará benefícios a todos.

Será que Netanyahu acredita mesmo que tudo o que ele fez no passado é meramente argumentação? Que na hora do vamos ver, as considerações políticas sobrepujam o que ele realmente acredita? Que defender os direitos de Israel diminui as chances de paz e então aqueles que o fazem estão na verdade prejudicando a paz? Será que ele acredita que uma paz que coloque de lado estes direitos de Israel será viável?

Se ele realmente acreditar nisto então temos realmente que nos preocupar porque estaremos nos confrontando com um novo Ariel Sharon que deu uma volta de 180 graus em sua política depois de ser eleito com promessas totalmente opostas, literalmente enganando seus eleitores. E as notícias hoje de que Netanyahu teria concordado com todas as concessões oferecidas por Olmert e a falta de resposta aos ataques de terça e quarta-feiras são um sinal disto.

É claro que estes ataques estavam previstos. Isto sempre, sempre acontece antes de qualquer rodada de negociações mas Israel como sempre, só acorda e aumenta a segurança quando a tragédia já aconteceu. Mas como já era de se esperar também, Obama logo culpou os extremistas do Hamas que estariam tentando descarrilhar as negociações.

O único que rejeitou esta racionalização foi o próprio Hamas que disse que os ataques não tinham nada a ver com o encontro em Washington mas com oportunidades que se apresentaram. A verdade, no entanto, é que o Hamas está testando Israel. Isto porque ataques terroristas sempre aumentam dramaticamente quando há “negociações de paz”. Desde que os acordos de Oslo foram assinados em 1993, todos os primeiros ministros escolheram se abster e não retaliar até mesmo a verdadeiros massacres para não prejudicar as negociações. Em outras palavras, isto dá ao Hamas e aos seus comparsas carta branca para matar israelenses inocentes e assim, aumentar sua popularidade entre os palestinos.

O ataque ao casal de quarta-feira, foi um recado que o Hamas entendeu a mensagem, pois não houve qualquer retaliação ao ataque de terça. Hamas mais uma vez, agora, pode matar com impunidade e o grupo só tem a ganhar com isto. O Jerusalem Post de quarta-feira noticiou que assim que noticiaram o massacre dos dois casais e do bebê, palestinos em toda a Judeia e Samária de Mahmoud Abbas, saíram para as ruas para comemorar. Não estou falando de Gaza.

Assim, a realidade destas negociações é bem mais complexa. Num clima em que Israel é empurrado contra a parede para fazer mais e mais concessões, a Fatah também não quer parecer fraca diante de seu público e então, seu braço armado, as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa também têm que provar que não está abaixo de derramar sangue judeu. A competição agora recomeçará pela glória de quem conseguir infligir mais dor e perdas aos israelenses.

Em Washington, Abbas falou de seu desejo de prevenir mais derramamento de sangue mas digamos a verdade. Ele é o último a fazer o diz. Na semana retrasada Abbas mandou premiar a mãe de 4 terroristas, os irmãos Hamid que mataram dezenas de israelenses e estão cumprindo 18 sentenças de prisão perpétua. A mãe foi premiada pela coragem de ter educado os filhos na luta contra Israel.

E a coisa não pára por aí. A rua na qual está o palácio presidencial palestino foi renomeada Yihye Ayash, o terrorista apelidado de “engenheiro” que matou centenas de israelenses com suas bombas. Se Abbas estivesse mesmo sendo sincero, nem passaria pela sua cabeça comemorar um terrorista que rejeitava a própria noção de coexistência além de ser uma grave violação aos acordos de Oslo. A desligitimidade de Israel e a anti-glorificação do terrorismo são no mínimo um pré-requisito para a coexistência e a aceitação do outro.

Assim, a visão simplista de rotular Abbas e a Fatah de moderados que estão tentando acabar com o terrorismo é simplesmente errada, assim como a noção de que atos terroristas são perpetrados por uma minoria de fanáticos, longe do consenso palestino, o que não é verdade.

Mas grande parte da razão pela qual os palestinos adoram o terrorismo é porque eles nunca tiveram que pagar qualquer preço real por matar judeus. Ao contrário, eles acreditam, como foi no caso de Gaza, que foi o terrorismo e não negociações que convenceram Israel a sair da Faixa. Além disso, assim que os ataques aumentam, também aumenta a ajuda internacional em dinheiro e assistência assim como o apoio político aos palestinos.

A posição de Obama de prosseguir com as negociações depois do ataque de terça feira mostrou aos palestinos que os Estados Unidos estarã do seu lado, independentemente de seu comportamento.

Em seu discurso, Netanyahu também lembrou que Israel saiu do Líbano e ganhou terrorismo, saiu de Gaza e o mesmo aconteceu. Ele disse que quer assegurar que qualquer território que Israel irá conceder não se tornará num terceiro enclave pró-iraniano que poderá alvejar o coração de Israel. Por isso, as decisões sobre segurança devem ser tais a resistir ao teste do tempo e aos muitos desafios que irão confrontar Israel.

O problema com este discurso é que o passe livre dado ao Hamas pelos dois ataques desta semana, é de fato uma negação deste princípio. Se Netanyahu acredita que o único meio de avançar as negociações é de se abster em face do ataque em vez de retaliar, então ele já aceitou um terceiro enclave pró-iraniano que irá alvejar o coração de Israel.

Se o objetivo ostensivo de Abbas, Netanyahu e Obama é como Abbas disse em seu discurso, de “chegar à um compromisso no qual os dois povos possam viver como vizinhos e parceiros para sempre”, isto está em franca oposição, de modo irreconciliável com o modo pelo qual os palestinos são indoutrinados desde o berço, a venerar o extermínio de israelenses e judeus. Para uma verdadeira paz, isso precisa acabar. Mas não acabou.

Minha pergunta é: se agora Netanyahu está defendendo uma negociação com entrega de territórios àqueles que atacam Israel, quem sobrou para defender o Estado Judeu?

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