Monday, April 27, 2015

A Atração dos Jovens pelo Estado Islâmico - 26/04/2015

Ultimamente não há semana sem que jovens nascidos ou criados no Ocidente sejam presos tentando se juntar ao Estado Islâmico e outros tantos que conseguem fazê-lo. Na semana passada seis jovens americanos, do Estado de Minnesota foram presos a caminho da Turquia de onde atravessariam a fronteira com a Síria para se juntarem ao grupo. De acordo com o porta-voz do FBI, os seis estavam focados neste objetivo, não estavam confusos ou indevidamente influenciados. O mesmo fenômeno pode ser visto na Europa e o mais interessante é que moças jovens estão seguindo o mesmo caminho.

Em fevereiro deste ano, três alunas exemplares de 15 anos de Londres, conseguiram embarcar para a Turquia e de lá desapareceram. A viúva do terrorista do supermercado casher em Paris, Hayat Boumeddiene de 26 anos, foi aparentemente reconhecida numa foto segurando uma metralhadora ao lado de terroristas do Estado Islâmico.  Em janeiro, o governo da Austrália declarou que estava com um problema crescente de jovens australianos tentando se juntar ao grupo. E há dois anos, o canal France 24 fez uma reportagem alarmante sobre o recrutamento de jovens por radicais islâmicos nas favelas do Brasil.

O que está atraindo jovens de países do primeiro mundo, com todas as vantagens de boa educação, saúde e trabalho, alguns se convertendo para fazerem parte de um grupo sanguinário como o Estado Islâmico?  Qual é a atração para adolescentes de participarem de decapitações e para moças esclarecidas, se tornarem escravas sexuais? Como os bolchevistas, os nazistas e os fascistas antes deles, o que estes radicais islâmicos estão prometendo é uma nova era. Um ideal abstrato e idílico que trará uma estrutura com um lugar e papel definido para cada um e apagará tudo do seu caminho: leis, nações, costumes e tradições. Seu sucesso e confiança os levaram a dominar o norte do Iraque e metade da Síria em menos de dois anos. Para os jovens isto é prova que este ideal poderá ser alcançado e eles querem fazer parte dele.

Jovens de todas as culturas são atraídos pelo inatingível. Os hormônios e a vontade de provar algo para seus pais os levam a escolher a luta no lugar da prosperidade, o desafio no lugar do conforto.  A certeza apocalíptica do Estado Islâmico em vez da incerteza que caracteriza o ocidente.

Nas últimas décadas de sucessivos governos socialistas, as crianças têm crescido ao refrão da canção “Imagine” de John Lennon. Imaginem um mundo sem países, sem religião... O ideal é não termos uma cultura prevalente, o patriotismo é perigoso, as nações obsoletas, expressões de religiosidade são banidas, todo o resto é permitido exceto a discriminação.

Jovens que na adolescência estão à procura de uma estrutura e identidade, então encontram o Estado Islâmico! Assim explicado não é nenhum absurdo vermos milhares deles tentando entrar na Síria.

E é aí que o Presidente Obama e outros líderes do ocidente estão perdendo o barco. Enquanto eles enfatizam o fato de ataques serem raros e geralmente limitados, os líderes não estão vendo que o problema é a falta de valores, do orgulho de pertencer.

Na semana passada uma veterana da força aérea americana foi presa por tentar salvar a bandeira dos Estados Unidos de estudantes que a estavam pisoteando em uma universidade da Geórgia. Os policiais simplesmente disseram que aquilo era liberdade de expressão. Quando não há orgulho por sua nação e defesa dos seus valores há uma quebra no tecido do país e os inimigos sabem disto.

Vladimir Putin prometeu um cessar-fogo na Ucrânia. Enquanto os ucranianos estavam depondo suas armas, Putin avançava na cidade de Debaltseve. Um membro do parlamento europeu chegou a dizer que sonhava com a volta de Ronald Reagan. Para ele Reagan era louco, mas pelo menos os russos sabiam que ele era louco.

O que fazer então para reconquistar os corações destes jovens? A única coisa a ser feita é vencer o Estado Islâmico. Eles irão amar e seguir aquele que vencer.

Os jihadistas estão na ofensiva porque al-Bagdadi anunciou a volta do califado. O Islamismo como o Cristianismo e o Judaísmo fala do fim dos tempos. Mas sua tradição apocalíptica, diferente das outras religiões, prevê uma batalha entre as forças do bem e do mal, entre o mundo do Islão e o mundo que o Islão precisa dominar antes do Julgamento Final. Os jihadistas, é claro, definem o ocidente como o mal.

Interessante que há cem anos, na véspera da Grande Guerra, a Inglaterra se preocupou com o impacto sobre os súditos muçulmanos na India e no Egito. Afinal o Império Otomano era o inimigo e o Sultão, o califa, o líder de sua religião. O impacto foi que 400 mil muçulmanos se juntaram ao exército britânico e contra o Sultão e a Turquia, simplesmente porque a Inglaterra era a mais forte.

Eles seguiram os vencedores.

O Irã nesta semana continuou a mostrar seus músculos enviando navios de guerra para a costa do Yemen. Mas quando os Estados Unidos enviaram um porta-aviões para segui-los, os iranianos deram meia volta e voltaram para casa. Eles respeitam a força.

Quando estava no primário, lembro que todas as manhãs a primeira coisa que fazíamos era a fila para cantarmos o hino nacional e hastearmos a bandeira. Era uma honra ser escolhido para hastear a bandeira. Estudávamos o significado do verde amarelo, comemorávamos o dia de Tiradentes, do Descobrimento, da Independência, da Abolição dos Escravos e da República. Tínhamos orgulho da nossa história e do nosso país. 

Hoje, o que o povo no Oriente Médio vê quando olha para o Ocidente? Um grupo de nações corruptas, esclerosadas, apologéticas, amarradas pelo dogma do multiculturalismo. Uma civilização que tem como as maiores virtudes não a coragem, a integridade, a honestidade ou o patriotismo, mas apenas a determinação de evitar ofender alguma minoria. Nações com o melhor exército e armas do mundo sendo manobradas por uma gangue paramilitar de soviéticos saudosos e por tiranos islâmicos medievais.

É tão difícil ver porque jovens preferem o romântico grito de batalha e de vitória de Al-Bagdadi?

Nossos valores centrais são indiscutíveis: Liberdade de expressão, de associação, separação da igreja e estado, igualdade de todos os adultos perante a lei. São estes valores e liberdades que permitiram os sonhadores, os curiosos e os de grande imaginação a concretizarem seus sonhos e trazerem o grande desenvolvimento que o mundo viu no último século.

Precisamos defender estes direitos com unhas e dentes e também, com o uso de armas. Mas é também preciso uma reflexão e um reconhecimento que o multiculturalismo é uma doutrina falida. Precisamos retomar as aulas de civismo e demonstrar nosso orgulho como cidadãos, americanos, brasileiros, franceses, ingleses. Só assim preservaremos nosso modo de vida e exporemos a insanidade destes movimentos islâmicos radicais.


Sério. Os jovens retornarão a nós quando vencermos.


Monday, April 20, 2015

O Holocausto, o Irã e a Independência de Israel - 19/04/2015

Nesta última quarta-feira comemoramos o dia de Lembrança do Holocausto. Em seu discurso em Yad Vashem, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu notou a transformação radical do povo judeu nestes 70 anos desde a Segunda Guerra Mundial.

Ao falar da devastação do passado, Netanyahu não pode deixar de falar sobre os perigos de um acordo com o Irã e declarou que “mesmo se forçada a se defender sozinha, Israel não temerá. Israel preserva o direito de se defender”.

Três dias depois, o Irã mostrava seus novos mísseis e seu poder militar nas ruas de Teerã aos brados de Morte a Israel e Morte à América. Este desfile e brados em meio às negociações com os Estados Unidos, não impressionaram o presidente americano. Palavras só têm importância e consequências quando se trata de Netanyahu. A reação de Obama neste sábado foi dizer que há espaço para acomodar a exigência de suspensão imediata de todas as sanções contra o Irã (!!).

Não há tempo ou espaço suficientes para descrever tudo o que está de errado com estas negociações. Há duas semanas, Henry Kissinger e George Shultz publicaram um artigo no Wall Street Journal dizendo que a Casa Branca demonstrou uma total falta de compreensão das intenções do Irã. Esta falta de compreensão reduziu a capacidade de negociação dos Estados Unidos que estamos vendo hoje.

Obama quer estabilizar os países do Oriente Médio e espera que um acordo trará os mulás para o seio da comunidade internacional fazendo-os abandonar seu desejo de hegemonia. Mas o que o Irã quer é uma ordem revolucionária antiocidental, e não é por acaso que precisamente durante as negociações com Obama seus líderes resolveram redobrar seus esforços e mostrar seus músculos no Iraque, no Iêmen, na Síria e até na fronteira de Israel.  

O ex-embaixador de Israel nos Estados Unidos, Michael Oren disse para a revista Time que a América não têm a mínima ideia de como negociar no Oriente Médio. Nesta região de bazares, o comprador tem que estar pronto a abandonar o negócio se ele não for bom. Mas Obama mostrou que quer um acordo independente do conteúdo. Os iranianos então extorquiram concessões que a América há apenas alguns meses insistiu que não faria. Em 2012 Obama disse que o “acordo que aceitaremos será um em que o Irã encerre seu programa nuclear”.  Na época, Obama disse que os Estados Unidos iriam exigir que os iranianos cessassem todo o enriquecimento de urânio e desmantelasse suas usinas nucleares.  Pois é...

Para os judeus e israelenses, este acordo tem outra dimensão. É o fator emocional e o temor presente que vai além da casualidade de Obama ao afirmar que o Irã poderá ter uma bomba nuclear em 10 ou13 anos – menos tempo se o Irã trapacear - o que é muito provável. Mas é pior que isso. A incompetência de Obama ou sua malevolência – que não está fora de cogitação – está pondo em risco um dos maiores compromissos do movimento sionista: a promessa que judeus fizeram há décadas que eles nunca mais ficariam indefesos.

Os vários pogroms na Europa e no Oriente Médio no século XIX e XX, levaram os judeus a exigirem um estado e terminarem de uma vez por todas com as repetidas ondas de discriminação, tortura e expulsões que fizeram deles a vítima perfeita: um povo sem ter para onde ir e sem meios de se defender.

O movimento sionista como formulado por Theodore Herzl acreditava que a criação de um estado iria normalizar o relacionamento do povo judeu com o resto do mundo. Herzl não poderia estar mais errado. Enquanto seu movimento ganhava força, a Europa mais uma vez se transformava no palco do assassinato, desta vez sistemático e industrializado de judeus. Setenta anos mais tarde, Israel tomou o lugar do judeu de ontem, como pária do mundo.

Mesmo assim, a promessa do movimento sionista se manteve. Israel não pode impedir seus inimigos de matar judeus, mas pode garantir que eles não o façam impunemente. O que a criação de Israel ensinou para as gerações após a Segunda Guerra, é que só foi somente com o Estado que o judeu deixou de ser vulnerável. Finalmente, depois de dois mil anos, os judeus mostraram que também sabem lutar.

A Guerra da Independência foi uma guerra muito difícil. Um por cento dos judeus morreu. E isso logo depois do Holocausto. Mas conseguiram sair vitoriosos. A desastrosa Guerra de Yom Kippur começou mal. Mas o ataque surpresa no dia mais sagrado da religião judaica outra vez demonstrou que os judeus não mais se deixariam assassinar quietamente. Muitos morreram, mas os judeus acabaram derrotando os exércitos árabes. E esta derrota foi tão contundente que Anwar Sadat desistiu de destruir Israel e assinou um acordo de paz.

Mas nada disso tem relevância para o Irã. Nasser, Sadat, Assad e o rei Hussein eram líderes seculares levados a decisões pragmáticas. Os mulás que governam o Irã são radicais islâmicos convencidos que cabe a eles trazerem o fim dos tempos. De acordo com seu credo, o fim de Israel e do ocidente, e a imposição do islamismo xiita no mundo é um dever religioso. Se eles morrerem no processo, tanto melhor. Eles acolhem a morte e as 72 virgens no paraíso como prêmio. 

Estes mesmos líderes enviaram seus próprios filhos para limpar os campos minados na guerra contra o Iraque com chaves do paraíso penduradas no pescoço. Estes mesmos lideres escolheram empobrecer seu povo e usar os poucos recursos do país para aumentar o número de centrífugas de 100 para 20 mil. Imaginem o que nos espera quando bilhões de dólares começarem a jorrar em seus cofres. Não podemos nos dar o luxo de duvidarmos que o Irã irá usar a bomba contra Israel. Cortesia da administração Obama.
  
Uma vez que tiver a bomba, o Irã terá a capacidade de matar milhões de judeus de uma só vez, algo que o sionismo prometeu nunca mais aconteceria. Israel poderá responder, mas milhões já estarão mortos simplesmente porque lunáticos dementes decidiram que chegou a hora do julgamento final. Os mesmos lunáticos com quem Obama está negociando e para quem o presidente da Rússia, Vladimir Putin decidiu vender o sistema de mísseis S-300 praticamente tornando impossível qualquer ataque preventivo de Israel.

A memória do mundo é curta. Apenas 30 anos após a Segunda Guerra, a ONU que foi criada para impedir genocídios, já condenava os judeus por terem alcançado sua autodeterminação equiparando o sionismo ao racismo. Outros 40 anos e Obama, a Europa e o Irã conspiram para retornar o que sobrou dos judeus à condição de vítima perfeita do mundo.

O cenário que estamos vendo se formar é devastadoramente triste. Apesar de estarem morrendo em grandes números, ainda há sobreviventes do Holocausto em Jerusalém, Tel Aviv, Beer Sheva que vivenciaram o que ocorreu há 70 anos e estão vendo horrorizados a história se repetir. 

Ao assinar o acordo com o Irã em Junho, o mundo assegurará que os judeus não mais poderão se defender e manter sua promessa ao povo de Israel. A história os julgará como julgou os nazistas, os inquisidores, os cossacos e outros tantos que tentaram nos exterminar. Mas depois da tragédia, qualquer compensação é sempre muito pouca e tarde demais. Não estamos interessados nela. Se Israel tiver que agir, tem que faze-lo de modo rápido e contundente, mesmo se for duramente condenada. Estamos fartos de condolências. Esta deveria ser a mensagem de Israel para o mundo neste próximo Yom Hatzmaut.


Tuesday, April 14, 2015

Cuba, Irã e Obama - 12/04/2015

Neste último sábado durante a Cúpula das Américas, o presidente Americano Barack Obama e o ditador não eleito Raul Castro de Cuba, simbolicamente colocaram fim a mais de meio século de hostilidades entre os Estados Unidos e Cuba, num encontro rotulado de “histórico” pela grande mídia. De acordo com Obama, chegou a hora de virar a página e desenvolver um novo relacionamento entre os dois países. Isto significa na prática, a abertura de respectivas embaixadas nos dois países.

Mais uma vez, vemos a ideologia de Obama trabalhando. Depois do anúncio do esboço de acordo com o Irã, agora ele dá a mão a um dos piores ditadores de todos os tempos. Obama se mostra realmente à vontade na companhia de tiranos, sem lhes questionar o que seja. Este reatamento de relações com Cuba não vem com pré-requisitos como, por exemplo, uma melhora nos direitos humanos, permissão para propriedade privada, liberdade de imprensa e outras poucas coisas que nós no mundo livre vemos como direitos naturais.  Os irmãos Castro nacionalizaram toda propriedade privada, continuam a matar ou a prender quem quer que critique seu governo, dão proteção a criminosos estrangeiros, não permitem a imprensa livre e é claro, a pobreza é mal escondida dos visitantes a Havana.

Mas como em sua carta ao Supremo Líder do Irã, Obama não quer se ater a estes pequenos detalhes. Ele mais uma vez diz reconhecer “os negros capítulos da política americana” e quer “olhar para frente para ajudar o povo cubano a melhorar seu nível de vida”, tudo isso mantendo estes admirados crápulas no poder - los gran chefes de la revolución que ele tanto gostaria de fazer nos Estados Unidos.

Castro, por sua vez, disse que não culpava Obama pelo embargo dos Estados Unidos ao seu país, pois houve 10 presidentes antes dele. A cara-de-pau chega a ser chocante. Durante o termo de nada menos que 10 presidentes americanos, alguns de dobradinha como Obama, não houve uma só eleição ou uma só troca de governo em Cuba!

Obama ainda aproveitou e se encontrou com Nicolas Maduro da Venezuela, apesar da retórica antiamericana deste mini Chávez.

Ao mesmo tempo em que ele dá tapinhas nas costas de Raul Castro, se encontra com Maduro e manda cartinhas ao Supremo Líder do Irã, Obama esnoba os aliados tradicionais Americanos, sendo especialmente hostil a Israel e a Benjamin Netanyahu. Durante uma entrevista no Panamá, Obama reiterou seu desgosto com a oposição do primeiro-ministro de Israel a esse acordo com os mulás do Irã. No domingo, as manchetes diziam simplesmente que para Obama, Netanyahu não deu uma alternativa razoável para o impasse com o Irã.

Ou ele é surdo ou não quer ouvir. Se os Estados Unidos continuassem com as sanções, em mais alguns meses economia iraniana entraria em falência, e aí o Estados Unidos poderiam conseguir um acordo muito melhor. Mas não, Obama está correndo para salvar a economia do Irã e os mulás, que vendo seu desespero, resolveram impor suas condições. 

Obama ainda não compreendeu que no Oriente Médio só se respeita o vencedor. Você tem que vencer e submeter seu adversário para impor o seu tipo de paz. A região não está preparada para negociações e toda oferta de compromisso é vista como sinal de fraqueza. Somente com ditadores que suprimiram seus opositores, houve paz. Foi quando o Ocidente apoiou os movimentos democráticos na região que os países, um atrás do outro, entraram em colapso.

Quem acabou tomando o poder foram os radicais islâmicos que não tinham qualquer problema em participar de eleições enquanto se armavam - no caso de perderem. Para Obama que apoiou estes movimentos, Israel é o reflexo dos Estados Unidos, o opressor do terceiro mundo, que impede os palestinos de alcançarem seu estado. O fato da criação de uma Palestina ser um perigo para a segurança e sobrevivência de Israel, é o de menos. Hoje Obama consegue a ser mais rápido que a ONU a condenar Israel.

E esta condenação não tem nada a ver com as ações do Estado Judeu. Ela é uma consequência da ideologia de Obama, que desde que assumiu o governo americano procura duas coisas no Oriente Médio: realinhar a política americana com o Irã e se distanciar dos seus aliados tradicionais: os árabes sunitas e Israel.

Sobre o Irã, há seis anos que Obama está determinado a acomodar o envolvimento dos aiatolás com o terrorismo no mundo, a proliferação nuclear, a repressão dos direitos humanos e a expansão da influência shiita no Oriente Médio, África e além. Há duas semanas, o diretor nacional de inteligência James Clapper publicou uma avaliação de risco de terrorismo que surpreendentemente não incluiu qualquer menção sobre o Irã ou a Hezbollah. Para piorar, logo em seguida, a administração Obama acusou infundadamente Israel de espionar as negociações com o Irã para contar os detalhes aos membros do Congresso americano.

Mas ninguém da administração se ofereceu para comentar sobre a tomada do Iêmen pelos Houthis apoiados pelo Irã e a consequente ameaça ao fornecimento mundial de petróleo; ou os massacres de sunitas cometidos pelos shiitas no Iraque, comandados pela guarda revolucionaria iraniana.

Esta indulgência para com o Irã vem em contrapartida da hostilidade de Obama para com Israel. O presidente americano vazou informações secretas de Israel, efetivamente lhe impôs um embargo de armas e não renovou um acordo de 40 anos para fornecer combustível em situações de emergência. Ele ainda culpa Israel pela falta de paz com os palestinos, tolera a incitação de Abbas a ataques terroristas, e apoia indiretamente os boicotes econômicos da Europa, constantemente acusando Israel de desonestidade e más intenções. 

E aí temos a ONU. Desde que assumiu a presidência, Obama ameaça retirar o apoio americano a Israel. Até agora, sua administração vetou uma só resolução contra Israel no Conselho de Segurança em 2009 e convenceu os palestinos a não submeterem uma outra. Mas para fazê-lo, Obama extorquiu enormes concessões de Israel.

Netanyahu teve que anunciar seu apoio pela criação de um estado palestino; Obama forçou Israel a negociar as fronteiras com tal estado com base na indefensável linha de armistício de 1949, a congelar a construção de casas de judeus em Jerusalém, Judeia e Samaria, e a soltar milhares de terroristas das prisões.

Mas Obama não conseguiu fazer Netanyahu capitular em tudo. E especificamente sobre o Irã, o presidente americano não é páreo para a argumentação e apresentação retórica do primeiro ministro israelense. A carta publicada pelos 47 senadores americanos ao governo do Irã e a outra de 367 membros do Congresso a Obama enumerando as preocupações com este acordo é prova da persuasão de Netanyahu.

Restou para Obama acusar Netanyahu de destruir as chances de paz, de chama-lo de racista e intimidar membros do partido democrata a aceitar seu acordo com o Irã.  Obama anunciou depois das eleições, que iria rever a política americana para com Israel porque Netanyahu teve a temeridade de dizer durante sua campanha, que não estava vendo um acordo se concretizar com os palestinos durante seu governo. Obama aproveitou a deixa para anunciar o que queria deste o principio: abandonar Israel na ONU.

Com apenas 20 meses de presidência, Obama quer impor agora sua ideologia e visão do mundo terminando a aliança estratégica dos Estados Unidos com Israel em prol do que ele acredita ser uma aliança mais lucrativa com o Irã. Com esta realidade, Israel tem que minimizar o dano que Obama irá causar.

Primeiro, Israel deve manter contato estreito com os republicanos e democratas no Congresso que permanecerão no governo após a saída de Obama. Segundo, Israel tem que claramente se aliar com os países árabes sunitas à sua volta, principalmente a Arábia Saudita e países do Golfo Pérsico e colocar o Irã na defensiva.  Terceiro, Israel deve aproveitar o abandono do processo de paz por Obama com os palestinos e tentar identificar uma nova liderança para substituir Abbas e seus comparsas e com esta nova liderança chegar a uma nova formulação. A solução de dois estados para dois povos obviamente não funciona, apesar do que o que Obama e a Europa querem impor. Finalmente, Israel tem que consolidar sua presença em Jerusalém e na Judeia e Samaria para criar uma realidade no chão de fronteiras defensáveis.

Nunca antes Israel teve que enfrentar uma administração americana tão hostil. Até 2008 seria impensável ter um presidente americano que abrisse os braços para os aiatolás do Irã pavimentando seu caminho para a bomba atômica e que ao mesmo tempo destruísse as relações da América com os países árabes e Israel. Aonde chegamos?

No domingo Hillary Clinton anunciou sua candidatura à presidência dos Estados Unidos em meio a uma fanfarra da mídia que depois de um africano-americano, quer ver uma mulher na Casa Branca. Talvez seja hora de termos uma mulher. Mas não esta mulher. Hillary está cercada de escândalos e Israel foi um alvo constante de suas críticas quando secretária de estado. Hillary não teve qualquer vergonha em aceitar vários milhões de dólares em doações para sua fundação, de países com direitos humanos questionáveis, e enquanto no cargo. Será um Obama 2.0 em relações internacionais. Tudo o que o mundo não precisa.

Tuesday, April 7, 2015

O Começo do Fim - 5/4/2015

No dia em que assumiu a presidência, Obama declarou que estenderia a mão para os inimigos da América se estes abrissem o punho. Seis anos mais tarde, Obama cumpriu a promessa com o mais virulento dos adversários. Nesta última quinta-feira o presidente Obama anunciou que havia chegado num esboço de acordo com o Irã que terá que ser finalizado em menos de três meses.

Na sexta-feira, a manchete do jornal The New York Times afirmou que “o Irã Concorda com um Esboço Nuclear Detalhado”; o Washington Post disse que o “Irã concorda com Restrições Nucleares no Esboço de Acordo com Potencias Mundiais”.

A primeira coisa a saber sobre esta “conquista histórica” como Obama a chamou, é que não houve concordância em nenhum dos pontos fundamentais que levaram a comunidade internacional a agir contra as atividades nucleares secretas do Irã e passar seis resoluções mandatórias no Conselho de Segurança da ONU nestes últimos 13 anos.

Mas Obama está com pressa. As sanções estavam funcionando e foram elas que forçaram os mullahs para a mesa de negociações. No entanto a economia do Irã poderia ainda demorar meses para entrar em colapso e forçar os aiatolás a encerrarem seu programa nuclear. Meses que Obama não tem. De acordo com Cliff Kupchan, um especialista do Irã, este acordo era necessário para Obama, pois ele não deixa qualquer legado positivo em sua política exterior. Com somente derrotas nesta área, seja o conflito árabe-israelense, a abrupta retirada das tropas americanas e a consequente tomada do Iraque pelo Estado Islâmico, as esquecidas linhas vermelhas na Síria, o avanço de Putin na Ucrânia, ou a catastrófica política na Líbia que resultou na morte do embaixador e três outros americanos, 20 meses não são suficientes para ele deixar uma marca positiva no mundo.

Para Obama agora é tudo ou nada. Ele não tem outra coisa. Um acordo com o Irã, e a consequente transformação – diga-se para pior – do Oriente Médio, irá criar um dos legados mais importantes das recentes presidências americanas.  Quando ele chamou este esboço um entendimento histórico, Obama apresentou uma solução que, se transformada num tratado, de acordo com ele, fará o mundo mais seguro. O tipo de legado que qualquer presidente gostaria de deixar.

No entanto, quase imediatamente após o pronunciamento de Obama, Mohamed Javad Zarif, ministro do exterior do Irã, denunciou as declarações do presidente, dizendo que ele estaria induzindo o povo americano em erro. Zarif afirmou que o orgulhoso povo iraniano não teria feito qualquer concessão, mas o oposto era verdadeiro.

De fato, a declaração conjunta do Irã e da representante dos P5+1 tem 291 palavras. A declaração para imprensa do Irã em persa tem 512 palavras. Mas a declaração vinda de John Kerry tem 1.318 palavras e é denominada “Parâmetros para um Plano Compreensivo de Ação Conjunta”. O que resta, segundo Kerry, é a “implementação dos detalhes”! Claramente, a divergência nos textos não é só de tamanho mas nas narrativas que em alguns pontos são diametralmente opostas.

Por exemplo: A declaração Americana diz que o Irã não usará centrífugas avançadas, somente as antigas. O texto em persa, no entanto, insiste que “o trabalho das centrífugas avançadas continuará nos próximos 10 anos”. Em outro exemplo, o texto Americano diz que o Irã concordou em desmantelar o núcleo de água pesada da usina de plutônio em Arak e o texto iraniano diz o oposto. Não só a usina nuclear continuará a funcionar, mas será modernizada.

Nos últimos dias, os defensores de Obama e Kerry têm insistido que o projeto nuclear iraniano e sua indústria militar ficarão sob a tutela internacional nos próximos 10, 15 e até 25 anos. Mas nem o texto em persa, nem o em italiano ou em francês contêm estas datas. Os Estados Unidos falam de alívio das sanções. Zarif fala no fim delas.

Ao falar da Casa Branca na quinta-feira, Obama fez quatro afirmações chocantes:

Primeiro, que quando ele assumiu a presidência dos Estados Unidos, o Irã tinha “milhares de centrífugas” que agora seriam reduzidas para umas 6 mil. De fato, em 2008, o Irã tinha só 800 centrífugas. Foi durante o governo deste presidente e por causa de sua política de apaziguamento que o Irã se sentiu seguro para adquirir milhares de centrífugas e apressar seu programa nuclear.

A segunda afirmação é que graças a este esboço, “todos os caminhos do Irã para desenvolver um arsenal nuclear serão bloqueados”. Mas o próprio Obama reconheceu que mesmo que o acordo seja implementado e cumprido, o Irã poderá chegar à bomba em menos de 12 meses.

Terceiro, Obama disse que o mundo saberá imediatamente se o Irã violar o acordo. Isto é uma falácia. O Irã construiu e manteve a usina subterrânea em Fordow durante anos e só revelou sua existência quando agentes internacionais de inteligência a descobriram. Até hoje não sabemos a extensão do programa nuclear iraniano e quantas usinas existem. Locais definidos pelos iranianos como instalações militares como a usina de Parchin, por exemplo, de acordo com este esboço estarão fora das inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica. Além disso, o esboço não lida com o programa de mísseis balísticos do Irã e pesquisa em ogivas nucleares.

Mas a pior afirmação de Obama foi que a única alternativa para este péssimo acordo é a guerra.  Ele ignorou o fato que pressão diplomática, sanções robustas e esforço internacional para fazer o Irã cumprir com as resoluções da ONU também são uma alternativa. Em outras palavras, uma rendição prematura não é a única alternativa para a guerra.

Obama está brincando com situações que irão colocar em perigo não só o Oriente Médio mas irão ameaçar a segurança dos Estados Unidos e seus aliados. Obama quis apresentar este plano antes do dia 14 de abril para prevenir uma ação do Congresso, mas também para dar um tapa em Netanyahu, zerar o placar com os republicanos e agradar sua facção entre os democratas; em conclusão, Obama está tomando riscos com a segurança nacional e a paz mundial para um ganho pessoal.

Netanyahu tinha razão. Esta acordo é muito pior do que o imaginado. Isto ficou óbvio ao vermos os iranianos dançando nas ruas. Ninguém está dançando nos Estados Unidos, na Arábia Saudita e muito menos em Israel.

Na quarta-feira, um dia antes do anuncio do esboço, um general iraniano afirmou que a destruição de Israel não é negociável. Nesta sexta-feira, durante seu sermão, mais uma vez o Supremo Líder clamou pela morte da América. Obama está tentando fazer amizade com inimigos e alienando seus aliados. Isto porque ele acredita que a América é a causa dos males do mundo. Ele ingenuamente ou não, acha que se disser aos mullahs que a América não tem más intenções para com o Irã, o Supremo Líder resolverá eliminar seu programa nuclear. Se for isso, as ilusões de Obama chegam a ser doentias.

Vimos as piores técnicas de negociação em ação. O desespero para qualquer tipo de acordo ficou patente quando a América disse ao Irã: quer manter as centrífugas? Ok; quer continuar enriquecendo urânio? Ok; quer manter suas usinas? Ok!

O Irã fez concessões muito pequenas e imediatamente reversíveis. A infraestrutura de todas as usinas continua intacta. Obama disse que sem o acordo o tempo de breakout (quer dizer, o tempo necessário para construir uma bomba), seria de 2 a 3 meses. Foi a isso que chegamos? Quer dizer que em 10 anos eles poderão ameaçar o mundo inteiro em 2 meses? O que mais foi aceito pelos Estados Unidos que não foi publicado?

O Irã ameaçou que se as sanções não forem imediatamente terminadas, eles voltarão a enriquecer urânio. Mas segundo o acordo eles já têm o direito a isso. Estamos vendo a repetição do que ocorreu com a Coréia do Norte. Assim que o Irã estiver pronto, ele sairá do acordo unilateralmente ou culpará alguma violação pelo ocidente.

Todos os maiores aliados americanos denunciaram o acordo. Veremos uma corrida sem precedentes por armas nucleares no Oriente Médio. Nenhum país árabe ou Israel confia na palavra dos iranianos, especialmente quando seu próprio profeta recomenda mentir e enganar o inimigo para alcançar a vitória.

Os iranianos estão se gabando de ter vencido o ocidente. Eles são os maiores patrocinadores do terrorismo ao redor do mundo, desestabilizaram e hoje controlam pelo menos 4 países árabes, continuam a expandir seu programa nuclear, tudo isso com as sanções. Imaginem o que farão quando bilhões de dólares começarem a encher seus cofres. Alguém duvida que eles continuem com o terrorismo, com sua política de desestabilização, sua corrida para a bomba e levem à frente seu desejo de destruir Israel?

Em programas passados comparei Obama com Neville Chamberlain. Num recente artigo no Observer, os editores dizem que Obama não chega aos pés de Chamberlain. Isto porque o primeiro-ministro britânico negociou com Hitler em boa-fé, sabendo que a Inglaterra estava exausta após a Primeira Guerra Mundial, não tinha armas e seria muito perigoso para ela entrar numa outra guerra. Obama por sua vez negocia com o Irã em posição de força e faz a América se ajoelhar para levar à frente sua ideologia e fazer jus ao Premio Nobel que ele recebeu prematuramente. O Observer conclui que Chamberlain nunca teria feito um acordo com o Irã nestas condições porque era acima de tudo um patriota.

Estamos infelizmente assistindo o começo do fim da nossa civilização como a conhecemos. O radicalismo islâmico irá dominar o mundo e com armas nucleares irá destruir o planeta. Cabe a nós agora decidirmos o que responderemos aos nossos filhos e netos quando nos perguntarem por que não fizemos nada?


Thursday, April 2, 2015

O Caos do Oriente Médio - 29/03/2015

As últimas semanas foram cheias de acontecimentos que provaram de uma vez por todas a mal pensada, péssima enfim, desastrosa política externa de Obama. Isto se ele já teve alguma. Sua incompetência ficará nos anais da história como a causa do próximo conflito mundial. Seu legado será pior do que o de Neville Chamberlain, para sempre lembrado como o apaziguador-mor que levou Hitler a atacar o mundo.

Desde que Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos há seis anos atrás, a América não está melhor. Quem está melhor é Vladimir Putin e o Irã. Quem está melhor acima de todas as expectativas, são os extremistas islâmicos. O mundo ocidental, o mundo livre e democrático, este não está melhor.

A Ucrânia definitivamente não está melhor; a Síria, a Líbia, o Iraque, o Afeganistão e o Iêmen também não. A Austrália, a França e a Dinamarca não estão melhores; mas quem está pior de todos desde que Obama assumiu o poder, é o maior aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio, Israel.

Em 2009, quando Obama virou presidente, o Iraque havia sido pacificado, a Al-Qaeda tinha sido vencida e o futuro parecia brilhoso. O vice-presidente Biden em 2010 disse numa entrevista na CNN que ele estava muito otimista sobre o Iraque. Segundo ele, a economia do Iraque cresceria “mais rápido do que a da China e Índia”, pois a violência tinha supostamente diminuído.

O suposto “progresso” no Iraque estava acabado em 2014. O Estado Islâmico, chamado de time dos mirins por Obama já havia cruzado a fronteira da Síria, matando, escravizando, estuprando e torturando milhares de pessoas num vasto território.

O Iraque não foi um fracasso. Quem fracassou foi a América ao deixar o país ao Deus dará para cumprir uma promessa de campanha.

O Oriente-Médio está caminhando para o caos total e o resto do mundo já está sentindo os efeitos. Em fevereiro, os Estados Unidos foram obrigados a fechar e evacuar sua embaixada no Iêmen. Chegou ao fim a participação americana contra a Al-Qaeda da Península Árabe, instalada no país. Este é o ramo da Al-Qaeda especializado em atos terroristas no exterior. Lembro que os assassinos do Charlie Hebdo em Paris foram treinados e financiados por eles. 

Há duas semanas os Houthis, rebeldes xiitas patrocinados pelo Irã, tomaram a capital. Por sua posição estratégica na boca do Golfo de Aden, o Iêmen tem um papel crítico na estabilidade do Oriente Médio. Se o Irã consolidar seu domínio no país, controlará todas as rotas de escoamento de petróleo e poderá estrangular a Arábia Saudita e os outros países árabes sunitas, além do resto do mundo que depende deste petróleo. Isto sem dúvida foi uma ação premeditada que dará ao Irã o controle do petróleo do mundo e com o que ameaçar o ocidente se as sanções não forem levantadas ou se forem reimpostas. O presidente do Iêmen já fugiu para o Egito e o país está a beira de uma guerra civil.

O Irã apostou que como no Iraque contra o Estado Islâmico, os Estados Unidos não iriam se intrometer no Iêmen pois os Houthis xiitas também estão em guerra contra a Al-Qaeda sunita.

A Arábia Saudita e os outros países do Golfo estão vendo mais além do que o desenrolar desta insanidade americana e resolveram formar uma coalizão para libertar o Iêmen do Irã, que inclui os Emirados Árabes, Kuwait, Qatar, Bahrain, Jordânia, Egito e Sudão. No entanto esta coalizão ainda precisa do apoio logístico dos Estados Unidos que concordou em participar de longe.

O paradoxo da posição americana é trágico. De um lado os Estados Unidos estão sentados na Suíça tentando negociar um acordo com o Irã sobre seu programa nuclear e o fim das sanções e por outro estão dando suporte a um esforço para eliminar um braço armado do Irã. Isto mostra uma falta total de visão estratégica e confusão sobre os interesses americanos no Iêmen e no resto do Oriente Médio. Há apenas seis meses, Obama citou o Iêmen, como um de seus “sucessos”. Seu outro “sucesso”, a Somália, está desgovernada há décadas e exportando terrorismo para o resto da África.

Contrariamente ao que Obama prega, a consequência desta política fracassada será uma proliferação nuclear na região e ao final, um sucessor de Obama terá que agir mas desta vez contra um inimigo armado com uma bomba nuclear. Esta é uma realidade muito diferente da Guerra Fria pois os russos não são muçulmanos radicais que não se importam em morrer. Não há qualquer dúvida que eles usarão a bomba.

É visível que Obama agora não se importa de mais nada além do seu legado. Ele colocou na cabeça que quer ser lembrado como o presidente que aceitou o Irã como a potência do Oriente Médio literalmente jogando os países árabes sunitas, tradicionalmente aliados da América para baixo do ônibus. Seu único obstáculo é Bibi Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.

Nas últimas semanas comentei como Obama continua a agir como uma criança birrenta para com Israel. Tudo isso por causa da vitória de Bibi numa demonstração de força e claridade do povo israelense contra a política irracional de Obama. Além de dizer que irá “reavaliar” o relacionamento com Israel, Obama agora, abriu o jogo sobre sua ideologia para com o Estado judeu.

Há alguns dias, seu porta-voz, Dennis McDonough disse numa conferência do grupo de extrema esquerda J Street que uma ocupação de 50 anos precisa terminar. Existem dezenas de disputas de território ao redor do mundo. A China ocupa o Tibete a 66 anos. O norte de Chipre está ocupado pela Turquia desde 1974. A Crimeia, parte da Ucrânia, acabou de ser roubada e anexada pela Russia! Não há continente que não tenha sua lista de territórios ocupados incluindo 23 disputas entre países europeus.

Mas Obama prometeu em sua campanha, criar o Estado da Palestina e para isso, também Bibi é um obstáculo. E com ainda 20 meses de governo pela frente, as luvas foram retiradas e o antissemitismo veio à tona: para Obama, Israel é um ocupador estrangeiro injusto, um obstáculo para a paz e não merecedor do apoio automático dos Estados Unidos na ONU.

Obama não se incomoda com os brados do Supremo Líder do Irã de “morte à América” em meio às negociações, pois está ocupado em atacar os judeus e Israel. Tudo isso para cumprir outra promessa de campanha e ser lembrado como o presidente que criou a Palestina, da mesma forma que ele quis ser o presidente que restabeleceu as relações com Cuba, independente das abomináveis violações dos direitos humanos pelos irmãos Castro.  

Tudo o que uma pessoa normal pensaria, Obama e sua administração pensam o oposto. E no Oriente Médio a situação é muito pior, muito mais volátil e envolvendo armas nucleares.

No domingo passado o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu avisou que o acordo a ser assinado pelos Estados Unidos com o Irã, é muito pior do que o esperado. Com o Oriente Médio afundando num caos sem precedente por causa do Irã, esta não é a hora de retirar as sanções. É possível que o acordo não saia, não por causa dos Estados Unidos, mas surpreendentemente por causa da França que acha que os termos não são suficientes.

O estrago que Obama irá deixar é imenso. Esta administração precisa saber que eles podem querer deixar o Oriente Médio, mas o Oriente Médio não deixará os Estados Unidos. A opinião do Supremo Líder do Irã não mudou. A América ainda é o Grande Satã que precisa ser exterminado.