Thursday, April 2, 2015

O Caos do Oriente Médio - 29/03/2015

As últimas semanas foram cheias de acontecimentos que provaram de uma vez por todas a mal pensada, péssima enfim, desastrosa política externa de Obama. Isto se ele já teve alguma. Sua incompetência ficará nos anais da história como a causa do próximo conflito mundial. Seu legado será pior do que o de Neville Chamberlain, para sempre lembrado como o apaziguador-mor que levou Hitler a atacar o mundo.

Desde que Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos há seis anos atrás, a América não está melhor. Quem está melhor é Vladimir Putin e o Irã. Quem está melhor acima de todas as expectativas, são os extremistas islâmicos. O mundo ocidental, o mundo livre e democrático, este não está melhor.

A Ucrânia definitivamente não está melhor; a Síria, a Líbia, o Iraque, o Afeganistão e o Iêmen também não. A Austrália, a França e a Dinamarca não estão melhores; mas quem está pior de todos desde que Obama assumiu o poder, é o maior aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio, Israel.

Em 2009, quando Obama virou presidente, o Iraque havia sido pacificado, a Al-Qaeda tinha sido vencida e o futuro parecia brilhoso. O vice-presidente Biden em 2010 disse numa entrevista na CNN que ele estava muito otimista sobre o Iraque. Segundo ele, a economia do Iraque cresceria “mais rápido do que a da China e Índia”, pois a violência tinha supostamente diminuído.

O suposto “progresso” no Iraque estava acabado em 2014. O Estado Islâmico, chamado de time dos mirins por Obama já havia cruzado a fronteira da Síria, matando, escravizando, estuprando e torturando milhares de pessoas num vasto território.

O Iraque não foi um fracasso. Quem fracassou foi a América ao deixar o país ao Deus dará para cumprir uma promessa de campanha.

O Oriente-Médio está caminhando para o caos total e o resto do mundo já está sentindo os efeitos. Em fevereiro, os Estados Unidos foram obrigados a fechar e evacuar sua embaixada no Iêmen. Chegou ao fim a participação americana contra a Al-Qaeda da Península Árabe, instalada no país. Este é o ramo da Al-Qaeda especializado em atos terroristas no exterior. Lembro que os assassinos do Charlie Hebdo em Paris foram treinados e financiados por eles. 

Há duas semanas os Houthis, rebeldes xiitas patrocinados pelo Irã, tomaram a capital. Por sua posição estratégica na boca do Golfo de Aden, o Iêmen tem um papel crítico na estabilidade do Oriente Médio. Se o Irã consolidar seu domínio no país, controlará todas as rotas de escoamento de petróleo e poderá estrangular a Arábia Saudita e os outros países árabes sunitas, além do resto do mundo que depende deste petróleo. Isto sem dúvida foi uma ação premeditada que dará ao Irã o controle do petróleo do mundo e com o que ameaçar o ocidente se as sanções não forem levantadas ou se forem reimpostas. O presidente do Iêmen já fugiu para o Egito e o país está a beira de uma guerra civil.

O Irã apostou que como no Iraque contra o Estado Islâmico, os Estados Unidos não iriam se intrometer no Iêmen pois os Houthis xiitas também estão em guerra contra a Al-Qaeda sunita.

A Arábia Saudita e os outros países do Golfo estão vendo mais além do que o desenrolar desta insanidade americana e resolveram formar uma coalizão para libertar o Iêmen do Irã, que inclui os Emirados Árabes, Kuwait, Qatar, Bahrain, Jordânia, Egito e Sudão. No entanto esta coalizão ainda precisa do apoio logístico dos Estados Unidos que concordou em participar de longe.

O paradoxo da posição americana é trágico. De um lado os Estados Unidos estão sentados na Suíça tentando negociar um acordo com o Irã sobre seu programa nuclear e o fim das sanções e por outro estão dando suporte a um esforço para eliminar um braço armado do Irã. Isto mostra uma falta total de visão estratégica e confusão sobre os interesses americanos no Iêmen e no resto do Oriente Médio. Há apenas seis meses, Obama citou o Iêmen, como um de seus “sucessos”. Seu outro “sucesso”, a Somália, está desgovernada há décadas e exportando terrorismo para o resto da África.

Contrariamente ao que Obama prega, a consequência desta política fracassada será uma proliferação nuclear na região e ao final, um sucessor de Obama terá que agir mas desta vez contra um inimigo armado com uma bomba nuclear. Esta é uma realidade muito diferente da Guerra Fria pois os russos não são muçulmanos radicais que não se importam em morrer. Não há qualquer dúvida que eles usarão a bomba.

É visível que Obama agora não se importa de mais nada além do seu legado. Ele colocou na cabeça que quer ser lembrado como o presidente que aceitou o Irã como a potência do Oriente Médio literalmente jogando os países árabes sunitas, tradicionalmente aliados da América para baixo do ônibus. Seu único obstáculo é Bibi Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.

Nas últimas semanas comentei como Obama continua a agir como uma criança birrenta para com Israel. Tudo isso por causa da vitória de Bibi numa demonstração de força e claridade do povo israelense contra a política irracional de Obama. Além de dizer que irá “reavaliar” o relacionamento com Israel, Obama agora, abriu o jogo sobre sua ideologia para com o Estado judeu.

Há alguns dias, seu porta-voz, Dennis McDonough disse numa conferência do grupo de extrema esquerda J Street que uma ocupação de 50 anos precisa terminar. Existem dezenas de disputas de território ao redor do mundo. A China ocupa o Tibete a 66 anos. O norte de Chipre está ocupado pela Turquia desde 1974. A Crimeia, parte da Ucrânia, acabou de ser roubada e anexada pela Russia! Não há continente que não tenha sua lista de territórios ocupados incluindo 23 disputas entre países europeus.

Mas Obama prometeu em sua campanha, criar o Estado da Palestina e para isso, também Bibi é um obstáculo. E com ainda 20 meses de governo pela frente, as luvas foram retiradas e o antissemitismo veio à tona: para Obama, Israel é um ocupador estrangeiro injusto, um obstáculo para a paz e não merecedor do apoio automático dos Estados Unidos na ONU.

Obama não se incomoda com os brados do Supremo Líder do Irã de “morte à América” em meio às negociações, pois está ocupado em atacar os judeus e Israel. Tudo isso para cumprir outra promessa de campanha e ser lembrado como o presidente que criou a Palestina, da mesma forma que ele quis ser o presidente que restabeleceu as relações com Cuba, independente das abomináveis violações dos direitos humanos pelos irmãos Castro.  

Tudo o que uma pessoa normal pensaria, Obama e sua administração pensam o oposto. E no Oriente Médio a situação é muito pior, muito mais volátil e envolvendo armas nucleares.

No domingo passado o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu avisou que o acordo a ser assinado pelos Estados Unidos com o Irã, é muito pior do que o esperado. Com o Oriente Médio afundando num caos sem precedente por causa do Irã, esta não é a hora de retirar as sanções. É possível que o acordo não saia, não por causa dos Estados Unidos, mas surpreendentemente por causa da França que acha que os termos não são suficientes.

O estrago que Obama irá deixar é imenso. Esta administração precisa saber que eles podem querer deixar o Oriente Médio, mas o Oriente Médio não deixará os Estados Unidos. A opinião do Supremo Líder do Irã não mudou. A América ainda é o Grande Satã que precisa ser exterminado.



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