As últimas semanas foram um
tanto movimentadas para Israel e para os Estados Unidos. Há duas semanas, contra
todas as pesquisas de opinião, Benjamin Netanyahu alcançou uma vitória extraordinária,
abocanhando 25% da Knesset para seu partido Likud.
Visivelmente contrariado com
esta vitória, estava Obama. Há algumas semanas foi noticiado que o presidente
teria dado US$350 mil dólares do dinheiro dos contribuintes americanos para uma
ONG chamada One Voice que teria repassado o dinheiro para uma organização em
Israel chamada Vitória 2015 ou (V15) que tinha como único propósito tirar
Netanyahu do poder. Na sede do V15 em Tel-Aviv estava Jeremy Bird,
estrategista-mor da campanha de Obama. Se isto for verdade, esta tentativa de
intrusão em uma eleição estrangeira por um presidente americano é sem
precedentes e provavelmente ilegal.
A esquerda logo acusou
Netanyahu de conduzir uma campanha de medo e racista sem pensar que estavam
acusando seus eleitores destes males. E apesar do descontentamento dos jovens
com empregos e habitação, dos mais velhos procurando uma mudança de liderança,
e do mundo esperar um novo rumo para Israel, o governo de Benjamin Netanyahu
não terminou. De fato, ele será o
primeiro-ministro mais eleito e o que se manterá mais tempo no cargo da
história de Israel.
E com tanta oposição, porque
então Bibi foi reeleito?
Porque a maioria do país, os
que votaram no Likud e em outros partidos de centro-direita, concordam com sua
mensagem básica: Israel está numa região perigosa; o Irã é uma ameaça real; os
palestinos não estão interessados num acordo de paz e Israel precisa de um
líder forte que a defenda.
Mas mais do que qualquer
coisa, mais do que os preços das moradias ou o Irã, esta eleição foi um
referendo para Netanyahu. Não o homem, mas o que ele representa: alguém que não
tem medo de falar o que precisa ser dito a quem quer que seja, que defende seu
país com unhas e dentes, mesmo ao custo político pessoal e sofrendo criticas de
todos os lados.
E isso só é compreensível
quando olhamos para trás e vemos o que Israel passou desde que assinou os
famigerados Acordos de Oslo em 1993. Acordos que supostamente seriam o caminho
para uma paz duradoura com os palestinos e o resto de seus vizinhos. Desde
então, o que Israel viu foi terrorismo, mísseis e um sentimento genuíno de
insegurança. E com o avanço do Estado Islâmico e o Irã, esta insegurança supera
tudo, mesmo uma piora nas relações com os Estados Unidos.
Um oficial sênior da
administração israelense me disse uma vez que as relações entre Obama e
Netanyahu eram muito piores do que o reportado na mídia. Realmente Obama deve
se sentir muito pequeno frente à Bibi. Ou talvez sua arrogância não permita nem
a comparação.
Bibi foi reeleito 4 vezes. Ele
liderou o país através da pior crise econômica de todos os tempos, causada
pelos Estados Unidos, sem qualquer consequência para Israel. O Estado Judeu,
apesar de todos os desafios da região, continua a ser o país que mais cresce e avança
tecnologicamente. O único país do Oriente Médio aonde as minorias, árabes - muçulmanos
e cristãos - prosperam. A experiência de Obama é limitada a ter sido um
organizador comunitário e apenas 2 anos no senado americano.
Obama tem mais 21 meses como
presidente (sim, estamos contando os meses). Bibi certamente durará mais do que
isso. Só temos que rezar para Obama não deixar um estrago muito grande para seu
sucessor nas relações com o estado judeu.
Nas últimas eleições de
Israel, Obama levou sete dias para ligar para Bibi e congratula-lo pela
vitória. Ele levou algumas horas para felicitar Morsi, da Irmandade Muçulmana
quando este foi eleito no Egito. Levou um dia para ligar para Rouhani, do Irã.
Mas seu aliado e única democracia do Oriente Médio? Não, Israel não merece esta
deferência.
Até agora, os “sucessos” de
Obama foram falhas e derrotas espantosas. Em setembro do ano passado ele citou
a Somália e o Yemen como exemplos de sua política vitoriosa contra os
terroristas. A Somália está desgovernada e se tornou base do grupo Al-Shabaab subsidiário
da Al-Qaeda. Neste final de semana os Estados Unidos evacuaram os últimos
funcionários de sua embaixada no Yemen com a tomada do país pelos Houtis, apoiados
pelo Irã.
O mesmo Irã com o qual Obama
está desesperado para concluir um acordo. Um acordo péssimo não só para Israel
e o resto dos árabes da região, mas para os Estados Unidos.
O Congresso, recentemente
eleito, preocupado com o hábito de Obama de emitir “ordens executivas” quando quer
passar por cima do legislativo, publicou uma carta aberta ao Irã, avisando que
qualquer acordo aprovado sem o consentimento do Congresso não sobreviverá o fim
do termo do presidente. Obama, por sua vez, fez um vídeo ao povo iraniano
prometendo a suspensão das sanções, mais empregos e oportunidades (não para os
americanos) mas para o povo iraniano!!!!!
Logo depois, o Supremo Líder,
Ali Khamenei, denunciou o acordo como “fraudulento” e levou uma massa de
pessoas a gritar “morte à América”! Neste final de semana!!! Este é o país com
o qual Obama está tão apressado a assinar um acordo!
Em uma de suas entrevistas
antes das eleições, Bibi disse que não estava vendo um acordo que levasse à
criação de um estado palestino durante sua administração. Isto prontificou
Obama e seus representantes a fazerem declarações ameaçadoras, que os Estados
Unidos iriam “reavaliar” sua posição com relação a Israel.
Mesmo se fosse uma rejeição
total de Bibi à solução de dois estados, qualquer outro presidente americano
teria pausado e pedido um esclarecimento. E Bibi esclareceu sua posição. Em
entrevistas após a eleição ele disse que é muito difícil fazer paz enquanto o
governo palestino está unido ao Hamas que tem como objetivo primordial a
destruição de Israel. Ele disse que se a situação mudasse, ele retomaria as
negociações. Mas isso não foi o suficiente para Obama. Ele disse que palavras
são importantes.
Assim, morte à América,
deveria também ser importante, ou os mapas da palestina sem qualquer vestígio de
Israel, também deveriam ser importantes. Para Obama importante é o que o ajuda
a justificar sua política anti-Israel e porque não dizer, antissemita.
Nestes últimos dois anos de
governo, Obama quer deixar a marca de sua ideologia de esquerda, mostrando
realmente quem ele é: um seguidor do reverendo Wright que gritou “Deus
amaldiçoe a América”, amigo de Edward Said, que passava suas férias atirando
pedras em Israel da fronteira com o Líbano e intimo de Rashid Khalidi, o
arquiteto da identidade palestina.
Agora temos que nos preocupar
com este acordo com o Irã, mas mesmo se ele não se materializar, Israel terá
que lutar para sobreviver aos próximos 20 meses de Obama.
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