O grande evento da semana foi o
discurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Por dias, sua poderosa
mensagem foi dissecada pelos peritos, comentaristas e a mídia.
Apesar de o presidente Obama
ter dito que não assistiu o discurso, ele conseguiu falar sobre ele por 11
minutos. E suas palavras não foram nada
amáveis para com o primeiro ministro de Israel.
Netanyahu conseguiu não só
fazer uma contabilidade precisa dos fatos, inclusive de todas as instâncias em
que o regime iraniano ameaçou apagar Israel do mapa, mas ele também expôs o aiatolá Rouhani como um verdadeiro tirano e opressor, longe da imagem de moderado, tão
festejada pela mídia. Tudo o que o presidente não queria para convencer o
Congresso a aprovar seu acordo com o Irã.
Obama, repetindo as palavras
de Nancy Pelosi e outros democratas, disse que Netanyahu não havia apresentado
qualquer alternativa viável. Depois de ouvir isso, acredito que ele não tenha
assistido mesmo o discurso.
Na verdade, Netanyahu não
disse nada de muito novo. Mas ele estressou alguns pontos que precisavam ser
ditos por um líder com claridade moral. Primeiro, que não há nada mais perigoso
para o futuro da humanidade do que o casamento do islamismo radical com a bomba
atômica; segundo, que o regime iraniano chamado de Republica Islâmica não é
diferente do Estado Islâmico, tirando o fato que o primeiro é xiita e o segundo
sunita. Ambos querem a liderança do mundo islâmico e ambos querem aplicar a sua
versão literal do Alcorão. O regime iraniano enforca pessoas em praças
públicas, o Estado islâmico as degola. Mas Netanyahu foi ao Congresso por outra
razão: ele foi avisar que se os Estados Unidos entrarem num mau acordo, o
Estado judeu reserva o direito de se defender sozinho.
E é claro que Netanyahu
apontou para uma solução. A única solução e a que estava dando resultados: a
imposição de sanções econômicas ao Irã. Nas duas vezes que o povo iraniano saiu
às ruas para exigir reformas, primeiro na revolução de 1979 e depois em 2009, a
causa foi a economia e os mulás sabem disso. A única coisa que pode causar
sua queda é a pressão econômica.
Mas de repente, aí está Obama,
para lhes salvar a situação. O levantamento parcial das sanções já levou a
economia iraniana a uma recuperação robusta. Esta melhora encorajou os Aiatolás
a expandirem seus tentáculos. Para todos os efeitos, os iranianos hoje dominam quatro
capitais árabes: Damasco, Beirute, Sana’a e Bagdá. Desde o império persa, há
mais de 2.500 anos, que o Irã não tinha tanto impacto e influência no Oriente
Médio.
Além de arrastarem as
negociações para avançarem seu programa nuclear os iranianos estão também mostrando
seus músculos ao ocidente. Não só eles explodiram uma maquete em tamanho
natural do maior porta-aviões americano há duas semanas, enquanto seu ministro
do exterior se reunia com John Kerry, mas agora eles tomaram a liderança das
forças do Iraque na guerra contra o Estado Islâmico. Foi sob o comando da
guarda revolucionária iraniana que o exército iraquiano retomou a cidade de
Tikrit. Um verdadeiro tapa na cara das tropas americanas que deixaram bilhões de
dólares e incontáveis vidas no Iraque.
Hoje as tropas do Iraque estão
sendo treinadas, supervisionadas, armadas e comandadas pelo Irã. O Irã já
domina o Líbano através da Hezbollah, os Houthis tomaram o poder no Yemen e a
Síria continua a ser um satélite do Irã.
Com os inspetores, a situação não
é melhor. A Agência Internacional de Energia Atômica submeteu um questionário
de 12 questões ao Irã, que parcialmente respondeu a primeira pergunta e se
recusou a responder as outras. A Agência denunciou informações falsas que o Irã
lhe tinha fornecido sobre a capacidade das centrifugas e quanto urânio estava
sendo enriquecido.
Os mulás querem
ressuscitar o império persa, trazerem o seu messias, o Mahdi, e o final dos
tempos. E para alcançarem este objetivo eles precisam da bomba.
Não é preciso ser profeta para
ver o que está acontecendo. O Irã está literalmente repetindo a tática usada
pela Coreia do Norte. O acordo será assinado, o Irã esconderá e mentirá; centrífugas
subterrâneas continuarão a enriquecer urânio, inspetores serão enganados até a
hora de testar a primeira bomba. Aí os aiatolás denunciarão o acordo,
expulsarão os inspetores e anunciarão ao mundo que já é tarde demais.
E não há qualquer dúvida que eles
usarão a bomba.
O Irã ganhou e nós perdemos. O
que eles queriam era um alívio das sanções e tempo para prosseguirem com seu
programa nuclear. Este objetivo foi alcançado. Só por concordar em negociar, o
Irã recebeu carta branca para continuar a financiar o Hamas, a Hezbollah, o
governo de Bashar Assad na Síria, a colocar seus generais na fronteira com
Israel, a enviar “conselheiros” para a Venezuela e outros governos da América
do Sul, e a continuar a humilhar os Estados Unidos.
O triste é que estávamos quase
lá. Se tivéssemos mantido as sanções, e a economia do Irã em rédeas curtas, poderíamos
até sonhar com uma mudança de regime, talvez até alguma democratização. Poderíamos
ter exigido o desmantelamento das centrífugas e quem sabe, até uma melhora nos
direitos humanos.
Mas hoje não podemos mais ter
este tipo de esperança. Entregamos numa bandeja a única coisa que forçaria o
regime iraniano a capitular.
Depois do discurso de
Netanyahu, democratas o acusaram de seguir o roteiro de guerra de Dick Cheney
ou de fazer um teatro com um problema que não existe. Eles estão errados. O
terrorismo islâmico está se espalhando e os grupos estão se alinhando com o
Estado Islâmico ou com o Irã. Exatamente como ocorreu na guerra fria.
Hoje mesmo, o grupo Boko
Haram, que já matou mais de 17 mil pessoas na África, declarou se unir ao
Estado Islâmico.
Estamos aproximando o momento
de verdade. Um momento muito similar ao de Chamberlain e Hitler. O discurso de
Netanyahu foi um momento Churchill para trazer clareza e nos apontar o norte
neste descompasso histórico. Foi um diagnóstico da marcha desta ideologia
patológica para dominar o mundo.
Não podemos confiar nos
iranianos. As sanções precisam continuar até eles desmontarem suas centrífugas.
Ponto final. Não é quanto urânio o Irã
pode enriquecer. Ele não precisa enriquecer nenhum. O Irã é o país mais rico do globo em
petróleo e gás natural. Só existe uma razão para eles terem um programa nuclear.
E a nós cabe a obrigação de negarmos a eles a bomba.
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