Hoje o primeiro-ministro de Israel, aceitando um convite
do presidente do Congresso americano John Boener, irá discursar perante o povo
americano e explicar os perigos de um acordo com o Irã. Acordo este que está
sendo vigorosamente negociado pelo atual secretario de estado americano John
Kerry.
O convite e sua aceitação causaram um mal-estar profundo entre Israel e a administração americana. Susan Rice, a conselheira do Presidente Obama em segurança nacional chegou a
dizer que o discurso de Netanyahu perante o Congresso chega a “destruir o próprio tecido
da relação entre Israel e os Estados Unidos”.
John Kerry por seu lado, ao responder questionamentos do Congresso na semana passada, não mediu palavras para atacar Netanyahu. Primeiro ele disse que o primeiro
ministro de Israel não sabia o que estava falando, pois não estava envolvido
nas negociações. O senador Lindsey Graham então perguntou a Kerry se ele não
estava mantendo Israel informada do progresso das negociações. Balbuciando,
Kerry respondeu que sim, que Israel estava informada. Depois Kerry atacou o
julgamento do primeiro ministro dizendo que Bibi havia apoiado a invasão do
Iraque em 2003 e de acordo com ele “nós vimos no que isso deu”. Ora, Bibi não
era primeiro ministro em 2003 mas Kerry era senador
por Massachusetts e ele sim votou a favor da invasão do Iraque.
Deixando a hipocrisia de lado, se este acordo é tão fantástico, que irá atender
a todas as preocupações do Oriente Médio, não só de Israel mas da Arábia
Saudita e os países árabes hoje ameaçados pelo Irã, porque o segredo?
E ainda, por que atacar Netanyahu, o primeiro ministro do país mais
próximo e aliado dos Estados Unidos na região? Por que castigar um líder que
está vindo para Washington, a convite dos representantes do povo americano para
falar sobre os perigos que seu país está correndo com um mau acordo com o Irã?
Com qualquer outra administração, o simples faux-pas cometido por Boener
de não ter informado a Casa Branca sobre o convite, teria sido esquecido ou
varrido para baixo do tapete. Mas Obama fez e continua a fazer um caso federal
sobre a quebra de protocolo. Nem ele nem seu vice ou Kerry irão encontra-lo.
Vários congressistas democratas foram pressionados a boicotar seu discurso.
E por que? Pela simples razão que em sua cabeça, Obama já aceitou o Irã
como potencia nuclear. Ele disse que todos os países têm o direito de
adquirirem a tecnologia nuclear desde que para fins pacíficos. O problema está
em países como o Irã que não permite inspeções ou as limita a locais
especialmente mantidos para os inspetores.
Um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica emitido recentemente disse claramente que não há como assegurar que o Irã irá cumprir com restrições ao seu programa nuclear e se o Irã se tornar nuclear, países da região como a Arábia Saudita, Egito e outros correrão para adquirirem a bomba.
Para Israel e Netanyahu, o perigo é real e iminente. Entre outros, o acordo não lida
com a tecnologia de mísseis balísticos do Irã que está sendo desenvolvida para
levar uma ogiva nuclear. O acordo também prevê uma data limite de 10 anos
além da qual, o Irã poderá livremente enriquecer urânio.
Além de repetir constantemente que os dias de Israel estão contados e
que irá apagar Israel do mapa, o Irã também se vangloria de ser forte o
suficiente para engajar os Estados Unidos numa guerra. Nesta semana os
ayatolahs torpedearam e destruíram no estreito de Hormuz, uma réplica de
dimensões reais do USS Nimitz, um dos maiores porta-aviões do mundo. As
implicações são claras. Em meio a negociações o Irã está humilhando a América. O Almirante iraniano Ali Fadavi disse que o Irã tem minas oceânicas tão avançadas que nem os americanos podem imaginar”. O
porta-voz da marinha americana simplesmente declarou que “não estava preocupado
com estes exercícios”.
Que bom que ele não está preocupado. Gostaria de saber a opinião da Arábia
Saudita, Qatar, Kuwait, Emirados e Bahrain que estão do outro lado do Golfo Pérsico e
dependem da proteção americana.
O Irã continua a ser um dos fatores mais desestabilizadores
da região. Ele financia a Hezbollah, o Hamas, os shiitas no Iraque, os
Houthis que derrubaram o governo pró-ocidente do Yemen e as minorias shiitas em
todos os países árabes. Mas Obama pessoalmente parece estar confortável em negociar com
este governo. Muito mais do que com Israel.
Obama diz que não vai se encontrar com Netanyahu para não dar ao primeiro-ministro
uma vantagem há duas semanas antes das eleições em Israel. Ele disse que não
queria “interferir com a democracia israelense”. Ele realmente se acha grande
coisa. Com sua aprovação mais baixa do que qualquer presidente americano, especialmente em Israel, encontrar-se
com Obama não é nenhum ponto positivo para Bibi.
Mas Obama, que tanto prega a democracia, não tem qualquer problema em se
encontrar com ditadores ou líderes não eleitos. Depois de se curvar a ele, há
duas semanas, Obama foi para a Arábia Saudita para dar suas condolências
pessoais pela morte do rei Abdullah um dos piores autocratas islâmicos da nossa
geração. Centenas de pessoas foram decapitadas por ele por crimes como
feitiçaria e apostasia. Ele manteve quatro de suas filhas presas numa casa
dilapidada por mais de 13 anos porque a mãe delas fugiu para Londres.
Como Israel não pode contar com Obama e sua administração, Netanyahu não
tem outra alternativa a não ser falar diretamente ao povo americano que ainda é
pró-Israel em sua grande maioria. Este será o discurso de sua vida e pelo futuro de Israel. Não será uma tarefa fácil.
Agora para aqueles que sabem que nada é por acaso, gostaria de dividir
com os ouvintes algo que recebi nesta semana.
Era uma vez um rei que controlava o mundo inteiro na cidade de Shushan.
Este rei humilhava, ignorava ou talvez só odiava os judeus. Hoje temos um
Presidente em Washington, capital do país mais forte do mundo, que mostra
indiferença, ignora e humilha o Primeiro-ministro israelense ou talvez, quem
sabe, ele só odeia judeus.
Era uma vez um persa chamado Haman, que queria matar todos os judeus mas precisava da
autorização do rei para levar a cabo seus planos. Hoje, os persas querem matar
todos os judeus mas precisam negociar com o Presidente para levarem a cabo seus
planos.
O rei não se importava com o destino dos judeus, desde que pudesse
ganhar alguma coisa para si – dinheiro ou propriedades. O Presidente por seu
lado, não se importa com o que possa acontecer com os judeus ou Israel, desde
que possa ganhar algo para si – isto é, um acordo com o Irã para lutar contra o ISIS.
A rainha judia queria contar ao rei o que de fato estava acontecendo mas
ir de encontro ao rei era muito perigoso. O Primeiro-ministro de Israel quer
dizer ao Congresso e ao presidente o que de fato está ocorrendo mas aceitar o convite do
Congresso se tornou algo muito perigoso.
Houveram aqueles que achavam que a rainha não precisava falar ao rei.
Ela poderia irritá-lo ou levado a tomar ações piores contra os judeus. Há
muitos que acreditam que o primeiro-ministro não deva falar ao Congresso para
não irar o Presidente ou leva-lo a ações piores contra Israel.
A rainha pediu aos judeus para jejuarem e rezarem para ela ter sucesso
em sua tentativa. Eles fizeram isso e o rei aceitou seus apelos e o decreto
contra os judeus foi revogado.
Durante mais de 2000 anos o povo judeu lembrou esta data, jejuando no
dia 13 do mês hebraico de Adar, chamando este dia de Jejum de Esther. O
primeiro-ministro foi convidado a falar ao Congresso nesta terça-feira, que cai
no dia 12 de Adar. Mas como há 7 horas de diferença entre a América e Israel,
na hora que o primeiro-ministro estiver discursando, já será dia 13 de Adar em Jerusalem.
Coincidência? Acho que não.
Junto com a festa de Purim, este ano, vamos tentar jejuar e rezar pelo
sucesso do Primeiro-ministro e ter este terrível decreto de um Irã nuclear
revogado.
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