Sunday, January 23, 2022

Biden Não Tem Capacidade de Ser Presidente - 23/01/2022

 

Esta semana Joe Biden e seu partido democrata sofreram mais uma vergonhosa derrota no Congresso. E esta foi dupla. O partido tentou passar uma reforma que iria destruir o sistema eleitoral americano. O projeto de lei criaria um registro automático nacional de eleitores, permitiria que todos os votos fossem enviados pelo correio, e relaxaria a necessidade de identificação, supostamente para garantir o direito dos eleitores menos favorecidos como os afro-americanos e latinos. Além disso, os democratas queriam acabar com o filibuster que é uma prática ancorada na tradição do Congresso de permitir o debate ilimitado dos congressistas para cada projeto de lei.

A mentira, a hipocrisia, a traição é tanta do partido democrata que fica até difícil descrever. Sobre o filibuster, o próprio Joe Biden em 2005 defendeu apaixonadamente a prática quando os Republicanos tentaram limitá-lo para nomeações judiciais apenas. Na época Biden disso que isso era “um exemplo da arrogância do poder”, “uma tentativa de controlar o poder, eviscerando o Senado”. Agora, ele queria acabar com o filibuster para tudo.

Sobre a votação, está claro. Quanta fraude pode ocorrer quando votos são enviados pelo correio sem qualquer identificação? Imigrantes ilegais, votos duplos ou triplos seriam contados e a aposta dos democratas é que seriam a seu favor. Mas coitadas das minorias, que não sabem onde conseguir identificação, não é? Só que os estados democratas agora exigem que todos que queiram entrar em bares, restaurantes, ou outros locais públicos, mostrem seu cartão de vacinação junto com sua identificação. Para tomar uma cerveja ou comer um hamburger, você precisa mostrar identificação, mas para votar, a mesma exigência é racismo e discriminação. Até para entrar no Congresso ou qualquer repartição pública você precisa mostrar identificação com foto. Mas não para votar. Isto faz sentido aonde?

Outra derrota no começo do ano foi o mandato de vacinação que Biden queria impor ao setor privado através do qual, empregadores teriam que despedir empregados que não se vacinassem. Sem levar em conta pessoas que se tratam por outras doenças e não podem tomas a vacina, aqueles que já pegaram Covid, os que tem objeções religiosas, etc. Felizmente, o Supremo Tribunal americano decidiu que isto era inconstitucional. Mas empregados públicos, que trabalham para o governo, podem ser despedidos se não tomarem a vacina. Onde está o clamor da esquerda que nos últimos 43 anos tem vociferado “meu corpo minha decisão?” Quando se trata de aborto, tudo bem? Seu corpo, sua decisão, mas quando se trata de vacina, é “seu corpo, nossa decisão?”

Esta é a definição de estado totalitário. Não há outra. E ainda temos a situação na fronteira sul com o tráfico de drogas e de meninas, a logística dos portos, a criminalidade incontrolada nas maiores cidades e o Covid.

E se tudo isso estivesse ocorrendo, mas a economia estivesse uma maravilha, a mídia teria varrido tudo para baixo do tapete. Mas esta não é a situação. A inflação nunca esteve tão alta desde os anos 80. O preço da gasolina, prontificado pela política verde de Biden de acabar com a prospecção de petróleo e com as minas de carvão, subiu substancialmente em todo o país, encarecendo todos os produtos. E é isso que vai levar os democratas a perderem as próximas eleições do Congresso em novembro e é por isso que Biden queria mudar as regras das eleições agora, já ameaçando que se o resultado não for de seu gosto, será o resultado de fraude. A mesma fraude que ele negou ter havido quando ganhou de Trump.

E aí vamos para o que está acontecendo no mundo com Biden.

Depois dele ter dado o ok para Putin construir o segundo gasoduto entre a Rússia e a Alemanha depois de fechar a indústria de energia americana, e da vergonhosa, desastrosa saída do Afeganistão, onde milhares de americanos e residentes ficaram para trás, sofrendo todas as limitações e tortura social dos Talibãs, os ditadores do mundo, a Russia, a China e a Koreia do Norte estão botando as mangas de fora.

Putin tem o sonho de restaurar o domínio da falida União Soviética e está concentrando tropas no leste da Ucrânia. Em 2014, no governo Obama, ele invadiu e anexou a península da Crimeia e agora quer colocar em Kyiv um governo marionete que sirva aos seus interesses. Putin não quer mesmo que a Ucrânia se una à OTAN e não quer que se ocidentalize. Uma invasão está para acontecer a qualquer momento porque mesmo com as ameaças de sanções dos Estados Unidos, Putin sabe que hoje a América está fraca, sua moeda está fraca e sua influência está no esgoto.

A China, por seu lado, está ameaçando invadir Taiwan, a República Democrática da China, fazendo incursões quase que diárias sobre seu território e usando de retórica agressiva e ameaçadora sobre uma reunificação com a ilha que ela considera rebelde. Ninguém pode confiar na palavra da China e de seu ditador Xi Jin Pin. Suas promessas em relação a Hong Kong, sobre deixar a província ter uma independência executiva, legislativa e judiciária pelo menos até 2047, foram completamente quebradas.  Além disso, a China continua a perseguir a hegemonia do Mar do Sul da China construindo ilhas para expandir sua fronteira marítima ameaçando as Filipinas e Malásia.

A Coreia do Norte não ficou para trás também. No dia 10 de janeiro último, vôos da costa oeste americana, foram suspensos temporariamente por causa do lançamento de um míssil balístico pela Coreia do Norte no mar do leste. Os aeroportos afetados foram de San Diego, Ontario, Oakland e Portland.

O governo americano condenou o lançamento do míssil mas o governo da Coreia do Norte não só não negou mas se gabou do lançamento dizendo ter sido um míssil hipersônico com alcance de mais de mil quilômetros.

E porque tudo isso é importante?

Sabemos que a Coreia do Norte colabora com o Irã no programa de mísseis balísticos. Se até agora o Irã não pode enviar uma ogiva nuclear em seus mísseis é que ela não tem a capacidade nem os testes. Quem está fazendo isso para ela é a Coreia do Norte.

Além disso, a posição fraca de Biden está aproximando a China da Russia que estão cooperando em vários níveis incluindo em inteligência. O Irã é um grande cliente da Rússia e a China tem interesses nas minas de minérios e na indústria petrolífera do Irã. A China realmente não se importa com sanções americanas, tratando com o Irã diretamente com trocas de mercadorias por petróleo, escapando das sanções.

Isto está dando ao Irã muita segurança e é por isso que a oferta de retomada do acordo nuclear bateu numa parede. O Irã hoje não tem mais interesse em negociar. Ela quer sua bomba. E depois ameaçar o Ocidente se suas demandas não forem aceitas.

Vendo a virada radical, de 180 graus, da política americana, os Estados árabes no Golfo começaram a rever suas políticas. Vemos altos representantes dos governos dos Emirados Árabes e do Bahrain, além da Arabia Saudita, viajarem para Teerã para esquentar as relações com os aiatolás e apaziguá-los. O Irã por seu lado, atacou diretamente as usinas de petróleo da Arabia Saudita e no começo do ano usou suas milicias no Iêmen para atacar os Emirados Árabes. E isso veio com reivindicação e tudo.   

E isso nos leva a Israel. Quem achou que os Acordos de Abraão são inquebrantáveis estão muito enganados. Israel hoje, com este governo americano, está mais vulnerável do que nunca. O antagonismo de Biden para com Israel foi refletido nesta semana quando seu governo informou Israel, a Grécia e Chipre que não mais apoia o gasoduto EastMed que levaria gás natural de Israel para a Europa.

Enfim, a situação não só dos Estados Unidos, mas do mundo, ficou muito mais perigosa, mais instável economicamente, mais vulnerável a ditadores e tudo isso por causa de um governo americano irresponsavelmente inclinado para a esquerda, que vive na bolha de uma equidade utópica e que só levará a mais sofrimento e pobreza a todos. Estas poucas vitórias no Congresso não são suficientes. Biden não tem capacidade para ser o presidente dos Estados Unidos. O povo americano tem que acordar e rápido.

 

 

 

 

Sunday, January 16, 2022

Outro Ataque Antissemita nos EUA - 16/01/2022

 

Mais uma vez nos Estados Unidos, uma sinagoga é atacada. A sinagoga, que fica num subúrbio de uma cidade com muitos poucos judeus, Colleyville, no Texas, não é fácil de ser localizada. O evento levou 10 horas para ser resolvido e mais de 200 agentes e policiais trabalharam para salvar o rabino e outras 3 pessoas que foram tomadas como reféns. Ao final, todos foram soltos e o sequestrador morto. Durante todo o tempo, o noticiário discutiu qual seria o motivo do ataque.

As pessoas que assistiram a primeira hora do ataque - porque o serviço do Shabbat da sinagoga estava sendo transmitido ao vivo pelo Facebook e pelo Zoom - ouviram o sequestrador dizer que exigia a soltura de sua irmã no Islão, Aafiah Siddiqui. Aafia Saddiqui é uma terrorista que está cumprindo 86 anos de cadeia por ter tentado matar soldados americanos no Afeganistão.

Mas a história de Aafiah é mais complicada. Nascida no Paquistão, filha de um neurocirurgião, nos anos 90 ela veio para a América estudar. Ela entrou na prestigiosa MIT para estudar Biologia e depois obteve um doutorado pela Universidade Brandeis em neurociência e onde ensinou um curso de Laboratório de Biologia Geral. Portanto, não estamos falando de nenhuma ignorante ou ingênua radicalizada. Depois dos ataques de 11 de setembro ela voltou para o Paquistão e durante 5 anos ninguém soube dela. Só quando o terrorista Khalid Sheikh Mohammed foi preso, que ele revelou que ela era o correio entre células terroristas.

Ela acabou sendo presa no Afeganistão quando tentou matar soldados americanos e interrogadores. Ela foi trazida para Nova Iorque, julgada e condenada. Seu julgamento foi um circo. Ela foi retirada do recinto da corte várias vezes, exigiu que nenhum judeu fosse aceito como jurado e que cada jurado fizesse um teste de DNA para verificar se ele ou ela teria alguma origem sionista ou israelense. Depois de lida a sua sentença, ela levantou o dedo indicador no ar e disse “o veredito veio de Israel, não da América. É lá onde reina o ódio”.  

Foi assim que ela ganhou o título de Lady Al-Qaeda.

A pergunta é: se o objetivo era soltar Siddiqui, porque alvejar uma sinagoga com 4 pessoas dentro? Por que não um supermercado, uma repartição do governo, ou algum outro alvo mais sensível?

A resposta é: porque qualquer outro alvo levantaria imediatamente a simpatia dos americanos. Estes terroristas bancam no sentimento antissemita que impera. Claro que vimos as autoridades agirem rápida e profissionalmente, mas na cabeça destes ignorantes, alvejar judeus é algo que hoje está se tornando aceitável mesmo em círculos não islâmicos.

Já falei aqui há algumas semanas, que desde 1991, sem interrupção, as estatísticas postadas pelo FBI mostram que os judeus são o grupo mais alvejado por crimes de ódio contra uma religião nos Estados Unidos, com 59% dos ataques e cada ano aumenta. Nem mesmo em 2001 ou 2002, logo após dos ataques de 11 de setembro, esta estatística caiu.

O problema é que continuamos a perguntar, “porque a Al-Qaeda nos odeia”, e continuamos a esquecer o conceito do que é um “inimigo”. Esse problema foi discutido na obra brilhante de Lee Harris, “Civilização e Seus Inimigos”. Nela ele explica que as democracias liberais e economias de mercado, criam um certo tipo de sociedade, uma maneira específica de pensar, e um certo tipo de personalidade. No seu âmago está o ator racional, a pessoa que julga seus atos por suas consequências. Ela acredita que cada problema tem uma solução, que cada conflito tem uma resolução e se sentarmos e negociarmos, chegaremos a um equilíbrio bom para todos. Neste mundo, não há inimigos, somente conflitos de interesse.

Infelizmente este não é o mundo real.

No mundo real, nem todos são liberais, democratas ou com economias livres. Este mundo está cheio de inimigos. Aqueles que estão prontos a morrer para nos matar. E apesar de nos odiarem por alguma razão, esta é a razão deles, não nossa. É assim que Harris começa seu livro.

A verdade é que ao alvejar a sinagoga, o sequestrador não ficou muito longe da verdade. Logo as autoridades no local declararam que as demandas do sequestrador não estavam especificamente ligadas à comunidade judaica. Isto é, não foi bem um ataque antissemita. Mais uma vez a mídia e as autoridades fecharam um olho para os que atacam o povo judeu.

Embora houvesse inúmeras declarações condenando o ataque, não vimos qualquer autoridade ou veículo de mídia pedir um exame sobre o crescente antissemitismo nos Estados Unidos que levam invariavelmente a ataques a judeus e a locais judaicos.

O desejo de desconectar o ataque da sinagoga e vê-lo apenas como uma ação aleatória de um lobo solitário para soltar Siddiqui é um padrão que deve ser denunciado. Este foi o caso do ataque ao mercado Hypercacher em Paris em 2015. Na época, o então presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o ataque estava relacionado a "um bando de fanáticos violentos e cruéis que decapitam pessoas ou atiram aleatoriamente em um monte de gente em um delicatessen em Paris".

Não houve nada de aleatório nisso. É razoável pensar que em Paris, com seus milhares de supermercados e delicatessens, um criminoso atacou um supermercado kasher pertencente a um pequeno grupo minoritário por acaso?

Se olharmos com cuidado, sejam ataques inspirados pelo ISIS em Paris, ou grupos palestinos atacando locais judeus na década de 1980, ou assassinando Leon Klinghoffer a bordo do navio Achille Lauro em 1985, ou visando o Chabad na Índia, ou uma sinagoga no Texas, quase sempre há o mesmo padrão.

Os judeus são atacados como um alvo “normal” para todos os grupos que têm queixas, geralmente grupos inspirados pelo extremismo islâmico, e os relatos oficiais tendem a ver os ataques como aleatórios, e não crimes de ódio contra judeus. É mais conveniente dizer que os perpetradores escolheram aleatoriamente um alvo judaico do que ir a fundo e investigar como eles decidiram sobre estes alvos. Preferível é a narrativa do aleatório, do “louco” ou “demente”. Sim, já foi dito que o sequestrador pode ter problemas mentais.  E ao final invariavelmente ouvimos das autoridades que seus “pensamentos e orações” estão com as vítimas deste “ato de violência sem sentido”. Isso em vez de procurar entender por que matar judeus é uma parte positiva do “martírio”.

Ninguém quer olhar como os judeus são descritos pelo meio que cria estes terroristas, pelos grupos no Reino Unido que organizaram uma caravana de carros para pedir o estupro de mulheres judias em maio último durante a guerra entre Israel e o Hamas, ou pelos governos árabes e palestino, tirando dos judeus qualquer humanidade.

Há uma tendência clara. Grupos e indivíduos promovem visões antissemitas como parte de uma visão de mundo mais ampla. Você é antissemita e defensor da causa palestina. É antissemita e antiamericano. É antissemita e é contra o capitalismo.

No final, “os judeus” continuam a ser o bode expiatório natural e a vítima em cada um desses casos. Quando o Irã se zanga com as caricaturas ofensivas na Europa, ataca a memória da Shoah e dos judeus. Quando o Paquistão está com raiva, ele ataca os judeus. Quando a Al-Qaeda está com raiva, ela tem como alvo os judeus. Quando o ISIS está radicalizando as pessoas, ele encoraja ataques a alvos judeus. Quando países ou grupos querem insultar uns aos outros no Oriente Médio, eles comparam seus inimigos aos judeus. “Judeu” é uma palavra de escárnio, um insulto. Até em português, com o verbo “judiar” ou a palavra judiação.

A paz não é possível com alguém que está pronto a morrer para te matar. Os judeus por serem verdadeiramente uma minoria (são menos de 2% da população americana, menos de 0.19% no mundo e no Brasil menos da metade de 0.1%), além de carregarem todos os estereótipos, são vistos como fracos.  A nossa liberdade, a liberdade dos judeus, depende da habilidade de todos de confrontar esta gangue eterna de inimigos. 

As vezes não há alternativa a não ser lutar contra o mal e destruí-lo.

 

 

Sunday, January 9, 2022

A Impossivel Paz com o Hamas - 09/01/2022

 

Israel começou a primeira semana do ano com dois mísseis disparados contra o centro do país pelo Hamas. A desculpa do grupo terrorista? Foi um relâmpago que detonou os dispositivos e causou o lançamento dos mísseis.

Não é a primeira vez que o Hamas usa relâmpagos como causa para o lançamento de mísseis em direção a Israel.  Essa desculpa já foi usada e abusada o suficiente. Foi usada em novembro de 2020, outra vez para um míssil que atingiu uma casa na planície de Sharon, e feriu sete pessoas em março de 2019. Outra em outubro de 2018 que destruiu uma casa em Beersheba. E para outro que atingiu a costa.

No incidente do começou deste ano, dois mísseis foram disparados. Um atingiu o norte de Ashdod e outro a praia de Palmachim. Em resposta, a força aérea de Israel atingiu posições militares do Hamas.

O governo anterior de Netanyahu estava mais disposto a aceitar os “relâmpagos” porque não queria uma escalação militar. Hoje Israel tem assuntos mais urgentes para tratar como a nova onda Omicron do Covid, a ameaça de um Irã nuclear e a Hezbollah em sua fronteira norte. Mas o fato é que todos estes mísseis estavam armados e apontando para Israel. E esta última salva não é um bom presságio para Israel para 2022.

Desde que o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza em junho de 2007, ocorreram quatro escaladas militares significativas: Operação Chumbo Fundido (2008-09), Pilar de Defesa (2012), Borda Protetora (2014) e Guardiões das Muralhas (2021). A experiência nos mostra que outra rodada é apenas uma questão de tempo.

A reação automática dos chamados peritos no assunto é sugerir uma solução política. Como se Israel estivesse em disputa com a Dinamarca, ou algo assim. O Hamas é um grupo terrorista preso a uma ideologia islâmica radical que impede a paz com Israel. Sua constituição de 1988, nunca repudiada, nega especificamente qualquer acordo negociado enquanto proclama a meta de "erguer a bandeira de Alá sobre cada centímetro da Palestina".

Em 2006, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, ofereceu ao Hamas uma abertura para que a organização fosse reconhecida como um legítimo interlocutor político dos palestinos. Tudo o que precisavam fazer era rejeitar o terrorismo, reconhecer Israel e aceitar os acordos de paz previamente assinados. Dezesseis anos depois, o Hamas não está próximo de nenhum desses requisitos.

Em vez de ser visto como um parceiro nas negociações, o Hamas é designado como organização terrorista na Grã-Bretanha, Canadá, União Europeia, Japão e Estados Unidos, bem como, é claro, por Israel. Mais países, incluindo Austrália e Nova Zelândia, classificam a ala militar do Hamas como terrorista (embora todo o mundo concorde que esta distinção não existe na realidade.

A comunidade internacional, por seu lado, insiste que só a remoção de “assentamentos” da Judeia e Samaria e a retirada de Israel para as linhas de cessar-fogo de 1948, incluindo abandonando os locais mais sagrados de Jerusalém, poderá resultar numa paz genuína entre israelenses e palestinos. Mas Israel já colocou essas ideias em prática no plano de retirada de Ariel Sharon de 2005, e tivemos quatro grandes guerras com Gaza desde então, além das constantes barragens como as do começo do ano.

Os israelenses já pularam do barco chamado “paz a qualquer preço”. Pesquisa feita pelo Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS) logo após a Operação Guardião das Muralhas mostrou que somente 10% dos israelenses acham que Israel deveria se reconciliar com o governo do Hamas e negociar um cessar-fogo.

Em setembro passado, o ministro das Relações Exteriores Yair Lapid sugeriu testar uma política envolvendo incentivos econômicos e incursões militares, com o objetivo de "fazer com que os residentes de Gaza pressionem o Hamas porque eles entendem o que estão perdendo como resultado do terrorismo e entendem o quanto eles têm a ganhar se o terrorismo parar”.

As estatísticas oficiais palestinas mostram o PIB per capita de Gaza no terceiro trimestre de 2021 foi menos de um terço da Autoridade Palestina. Metade da força de trabalho de Gaza está desempregada, e os jovens são a maioria entre os desempregados.,

Os incentivos econômicos oferecidos por Israel incluíam a extensão da fronteira de pesca em Gaza e a emissão de mais autorizações de trabalho em Israel e permissão para cultivar terras na fronteira deixadas estéreis por razões de segurança. Além disso, o desenvolvimento de infraestrutura poderia gerar muitos empregos. Projetos discutidos incluem o estabelecimento de uma usina de energia, uma de dessalinização, a conexão de Gaza ao gás mediterrâneo e até a criação de um porto artificial em uma ilha offshore.

Todas essas ideias sem dúvida geram uma esperança comum de que, ao dar benefícios econômicos tangíveis para o povo de Gaza, seria possível fortalecer o incentivo para manter a paz. Mas estas não são as prioridades dos que promovem a ideologia do islamismo radical. E assim há vários obstáculos que devem ser transpostos.

Em primeiro lugar, não sabemos até que ponto o Hamas está disposto a priorizar o bem-estar dos habitantes de Gaza em vez de seu compromisso ideológico com a "resistência". A realidade mostra que o Hamas investiu milhões de dólares em ajuda internacional em seus projetos militares subterrâneos em um momento em que a população civil precisava desesperadamente de ajuda.

Em segundo lugar, mesmo que o Hamas concorde em manter a fronteira Israel-Gaza quieta, é improvável que se abstenha de encorajar e orquestrar atos de violência na Cisjordânia. Um “cessar-fogo” em que o Hamas continuasse com os ataques terroristas de Hebron, Jenin e Tulkarem seria inaceitável.

Terceiro, o passado nos ensina que o Hamas irá explorar qualquer cessar-fogo para fortalecer suas capacidades militares tanto quantitativa quanto qualitativamente. Daí o perigo de que a quietude de curto prazo seja comprada com uma ameaça mais mortífera a longo prazo.

Em quarto lugar, dois civis israelenses vivos e os corpos de dois soldados israelenses estão detidos como reféns em Gaza. Lapid afirmou que “trazer de volta nossos meninos deve fazer parte de qualquer plano”. Mas o Hamas nunca irá concordar com seu retorno que não envolva a libertação de prisioneiros de segurança palestinos. E uma troca desse tipo é sempre um exercício altamente complexo que não só dá ao Hamas uma vitória, mas promove outros sequestros e mais violência contra judeus.

Quinto, a única entidade que poderia agir como interlocutora entre Israel e o Hamas é a Autoridade Palestina. Mas ela está longe de permitir que o Hamas crie uma realidade melhor em Gaza. Mahmoud Abbas vê vantagens para si mesmo na continuação do caos em Gaza que não só reflete mal no Hamas mas enfraquece seus planos de tomar o poder da Autoridade Palestina na Cisjordânia.

Sexto, não podemos esquecer o Jihad Islâmico. O outro grupo terrorista da Faixa de Gaza que sempre busca superar o Hamas. Qualquer acordo, mesmo que tácito, com Israel, será denunciado pelo Jihad Islâmico como traição. Uma coisa é o Hamas se conter temporariamente; outra bem diferente é fazer um acordo.

Por causa desses e de outros desafios, e dos constantes lançamentos de mísseis em Israel, há um sentimento de inevitabilidade de uma guerra em Gaza.

Mais uma vez Israel está estendendo a mão. Mais uma vez está mostrando preocupação com a população civil de Gaza. E em última análise, na ausência de uma solução definitiva, se outro conflito estourar proximamente, Israel deveria pelo menos receber um grau de compreensão internacional maior do que recebeu na última guerra, por pelo menos, ter tentado melhorar a situação em Gaza. Ou será que isso é esperar demais?

Sunday, January 2, 2022

O Balanço do Antissemitismo de 2021 - 02/01/2022

 

No balanço de 2021 o mundo está no vermelho em relação ao anti-semitismo. E as explicações dadas pelos vários “sabidos” na matéria são várias: a pandemia, a guerra de Israel e o Hamas em maio, e a atividade contínua do movimento BDS, que promoveu implacavelmente sua falsa campanha que afirma que o Estado de Israel busca uma "política de apartheid" na Judéia e Samaria.

Sim, todos esses eventos serviram para criar ondas de ódio, e judeus em todo o mundo sofreram agressões verbais e físicas. Mas atribuir razões momentâneas para o mais antigo ódio do mundo, descaracteriza e desvia a atenção da verdadeira raiz do problema.

A Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia publicou um relatório em novembro afirmando que, assim como nos casos da peste na Idade Média, onde surgiram "teorias da conspiração culpando os judeus pela peste", o mesmo aconteceu com a eclosão da pandemia . Só que não estamos mais na Idade Média, ou estamos?

Em maio deste ano, houve um aumento sem precedentes de atos antissemitas nos Estados Unidos e em toda a Europa. Esta onda de anti-semitismo ganhou velocidade durante a Operação Guardião das Muralhas e o conflito com o Hamas. Em todo o mundo, de Nova York a Berlim, houve manifestações violentas contra judeus sob o pretexto de serem uma crítica a Israel. Isso semeou medo e terror entre as comunidades judaicas em muitas cidades, o mesmo medo e terror que sofreram na Idade Média.

Novas redes sociais como o TikTok, junto com o Facebook e Twitter, têm sido usadas para espalhar o ódio e o incitamento. E quando se trata de antissemitismo, estas plataformas são excepcionalmente lentas para retirarem estes conteúdos ofensivos. É incitamento ou liberdade de expressão? Pergunta que nunca é feita quando se trata de ofensas feitas a outras minorias. E como demonstrado pelo relatório da agência européia, existe uma relação direta entre o incitamento nas redes sociais e o número de ataques violentos contra judeus, sinagogas e centros judaicos em muitos países.

O FBI relatou que o anti-semitismo continua sendo o crime de ódio nº 1 nos Estados Unidos. Dados recentes mostram que judeus e instituições judaicas foram os alvos mais comuns contra os quais crimes de ódio foram cometidos e representam 58% dos incidentes de ódio religioso. No início deste ano, o anti-semitismo nos EUA aumentou 80% e no Reino Unido, o número de incidentes aumentou 570%.

E isso nos leva ao arcebispo de Canterbury, Justin Elby. Imediatamente antes do Natal, o Arcebispo publicou um artigo juntamente com o arcebispo anglicano em Jerusalém Hosam Naoum no jornal The Sunday Times alegando que os cristãos estavam sendo "sistematicamente" enxotados da Terra Santa.

No entanto, as estatísticas provam o contrário.

Apesar de alguns casos de vandalismo de igrejas terem ocorrido, a maioria deles grafiti pintados nas paredes externas, eles foram amplamente condenados pelo Estado e populações de Israel e os perpetradores investigados e processados.  O lugar mais seguro para os cristãos no Oriente Médio hoje é o Estado de Israel.

Então, de onde o arcebispo conseguiu essa desinformação?

No início deste mês, uma carta foi divulgada pelos patriarcas e chefes de igrejas de Jerusalém alegando, sem qualquer evidência, que Israel estaria discriminando injustamente contra cristãos com a imposição de restrições de entrada no país por causa do coronavírus. Eles também alegaram que há “incontáveis ​​incidentes de agressões físicas e verbais contra padres e outros clérigos, ataques a igrejas cristãs - com locais sagrados regularmente vandalizados e profanados ...” a fim de “expulsar os cristãos” de Jerusalém.

Mas além dos incidentes de vandalismo que ocorrem em todos os lugares, não há evidências de quaisquer ataques físicos, ou de que Israel ou judeus estariam expulsando os cristãos da Terra Santa. Mas há evidências do oposto.

O Escritório Central de Estatísticas de Israel relatou que a comunidade cristã em Israel cresceu 1,4% no último ano. Não apenas isso, mas a comunidade está prosperando e tendo sucesso, com os cristãos sendo um dos grupos mais educados de todo o país, e com as mulheres cristãs em particular tendo algumas das taxas mais altas de educação. Os cristãos israelenses também superam os judeus israelenses nos exames de matrícula para a universidade em 60% contra 51%.

O relatório da Central também afirmou que os cristãos têm as menores taxas de pobreza e desemprego do que qualquer grupo no Estado de Israel, incluindo judeus, e um total de 84% dos cristãos israelenses estão satisfeitos com suas vidas na Terra Santa. Embora Israel, sem dúvida, tenha deficiências, essas não são exatamente estatísticas que representam uma população sendo “expulsa” pelo governo.

Agora vejamos a situação da população cristã na Autoridade Palestina e em Gaza e veremos o quão errados os comentários do arcebispo realmente foram. Em Gaza, a milenar comunidade cristã passou dos milhares para um pouco menos de 1.000 sob o Hamas. E eles continuam a serem submetidos a assassinatos e ataques terroristas em suas casas e locais de culto por extremistas islâmicos.

Na Autoridade Palestina, os cristãos não se saíram muito melhor com a porcentagem de cristãos de Belém, no próprio local de nascimento de Jesus, caindo de 80% sob controle israelense para cerca de 12%. A Igreja da Natividade e outros locais cristãos estão nas mãos dos muçulmanos que explora a renda do turismo que nunca chega aos cristãos.

No Oriente Médio em geral, os cristãos passaram de 20% da população total para 5% e enfrentam ataques regulares e assédio de extremistas em todo o mundo árabe, em particular no Egito, na Síria e no Iraque.

Não há nada de errado em criticar os que perpetram atos de assédio a cristãos, e os líderes da igreja certamente têm o direito de condenar tais atos de ódio. Mas apresentar a questão sem contexto, como os líderes da Igreja israelense e o arcebispo de Canterbury fizeram, é simplesmente incitação ao antissemitismo. Ações como essa prestam um péssimo serviço não apenas aos cristãos israelenses, 84% dos quais estão "satisfeitos" com suas vidas em Israel, mas também aos cristãos do resto do Oriente Médio que realmente estão sendo expulsos de suas terras natais, como na Faixa de Gaza, Egito, Iraque, Síria e Cisjordânia.

O arcebispo de Canterbury tem a responsabilidade como um importante líder religioso de procurar a verdade. O que ele conseguiu foi só desviar a atenção da perseguição aos cristãos em todo o Oriente Médio para agradar os hipócritas e mentirosos. Hipócritas e mentirosos como a Assembleia Geral da ONU que recentemente adotou a “resolução de Jerusalém” negando os laços judaicos com o Monte do Templo, se referindo a ele somente pelo nome muçulmano “Haram al-Sharif”. A resolução de Jerusalém não apenas negou o uso do nome hebraico para o local mais sagrado do judaísmo, mas também repudiou todas as reivindicações de Israel sobre Jerusalém. Afirmou que “quaisquer ações tomadas por Israel, para impor suas leis, jurisdição e administração na Cidade Santa de Jerusalém são ilegais” e a proclamação de Jerusalém como capital de Israel é nula.

O ataque da ONU à Jerusalém judaica é simplesmente parte de sua estratégia anti-Israel mais ampla, que busca deslegitimar o único estado judeu do mundo. A posição da ONU não apenas é um tapa na cara dos 3.000 anos de história da cidade, mas contradiz abertamente sua própria posição sobre os direitos dos povos indígenas. Sim, porque a ONU se diz defensora dos direitos dos povos indígenas.

Os judeus claramente cumprem os critérios dos povos indígenas, de acordo com as próprias definições da ONU: autoidentificação; continuidade histórica; ligações fortes com territórios e recursos naturais circundantes; sistemas sociais, econômicos ou políticos distintos; língua, cultura e crenças distintas; e manutenção e reprodução de ambientes e sistemas ancestrais como comunidades distintas.

Ao negar usar os nomes judaicos - a ONU está contradizendo diretamente sua própria Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas de 2007 e negando os direitos indígenas dos judeus "relativos a suas terras, territórios e recursos”. Os judeus são inegavelmente o povo indígena de Israel e certamente de Jerusalém, uma afirmação apoiada por evidências históricas, arqueológicas e genéticas. Com suas declarações anti-históricas e injustas, a ONU está mostrando sua hipocrisia e inadequação como como um organismo de direitos humanos.

Mas isto também quer dizer outra coisa. Os judeus estão sendo perseguidos na diáspora e o aumento de ataques antissemitas prova que eles não são benvindos mesmo nos continentes mais desenvolvidos. E o mundo, representado pela ONU, quer retirar dos judeus sua única terra, seu único estado, preferindo os colonizadores muçulmanos. Isto é: o mundo ainda está na busca por uma solução final para o problema judaico.

E esta é a raiz do problema.