Sunday, December 12, 2010

O Distanciamento da America Latina - 12/12/2010

Israelenses e muitos de nós ficamos surpresos com o repentino reconhecimento pelo Brasil, Argentina e Uruguay do Estado Palestino com sua capital em cima da capital de Israel. A surpresa israelense aconteceu principalmente porque o anúncio foi feito apenas horas após o encontro entre Celso Amorim e o vice-primeiro ministro de Israel Silvan Shalom no qual os dois conversaram por mais de uma hora. Amorim não teve a decência de nem mesmo avisar Shalom que a carta de reconhecimento já havia sido enviada a Abbas.


Mas os israelenses estão desculpados por não esperarem esta. Os israelenses podem também ser desculpados se forem pegos de surpresa de novo, se o Paraguay, Chile, Peru, Equador e El Salvador seguirem o mesmo caminho. Isto porque a midia israelense simplesmente não acha interessante reportar sobre o que se passa na América Latina.

O mesmo aconteceu com a Turquia. Quando ocorreu o incidente da flotilha, os israelenses ficaram surpresos de como seu maior aliado no Oriente Médio e local preferido de férias, de repente havia se tornado aliado do Hamas. A mídia israelense, em sua ânsia de ver qualquer gesto estrangeiro como algo positivo, falhou em reconhecer a mudança gradual da Turquia em um estado islâmico supremacista. E o mesmo está acontecendo com a América Latina.

A verdade é que estamos todos ignorando três fatos que estão fazendo a América Latina abraçar a causa palestina contra Israel. Estes fatos são a ascenção de Hugo Chavez na Venezuela, a influência regional da aliança entre a Venezuela e Irã e a política do governo Americano atual em relação à America Latina e ao Oriente Médio.

Na última década Hugo Chavez herdou o manto de Fidel Castro como o líder revolucionário anti-americano da America Latina e usou a riqueza do petróleo venezuelano, dinheiro de drogas e outros meios ilícitos para trazer outros estados baixo sua asa e longe dos Estados Unidos. Hoje Chavez tem incontestável influência sobre Cuba, Nicarágua, Bolívia, Uruguay e Equador. Ele também influencia a política do Paraguay, Argentina, Peru e do Brasil. Democracias como a Colômbia e o Chile também estão tomando posições anti-americanas para não ficarem para trás.

A escolha do Irã por Chavez não foi por acaso. Desde 1980, o Irã tem usado a America Latina como uma base avançada de suas operações contra os Estados Unidos e o Ocidente. Não podemos esquecer os ataques terroristas contra alvos israelenses e judeus em Buenos Aires no anos 90. A Hizbullah e a Guarda Revolucionária montaram verdadeiras bases na tríplice fronteira e nenhum judeu pode andar em Foz do Iguaçu com uma kipá na cabeça com segurança.

A presença do Irã no nosso continente permitiu a Ahmadinejad aproveitar a consolidação de poder de Chavez. Desde 2005 ele visita regularmente a Venezuela e a Nicaragua e Chavez abriu muitas outras portas para os iranianos na América Latina.

Nas aparências, Chavez e Ahmadinejad não deveriam se dar. Um é marxista e o outro um messiânico jihadista. Mas os dois detestam os Estados Unidos e amam o poder. E isto sobrepõe qualquer discordância ideologica menor. Chavez mostrou como irá manter o poder: acabando com a oposição, controlando o judiciário e a mídia, fazendo emendas à Constituição e repetidamente roubando as eleições. E esta semana vimos como Ahmadinejad faz no Irã. O Wikileaks publicou uma mensagem da embaixada Americana no Turcomenistão de 15 de junho de 2009, três dias depois das eleições presidenciais no Irã dizendo que o candidato da oposição Moussavi havia conquistado 61% dos votos e Ahmadinejad havia sido o terceiro mais votado.

Na América Latina não há que se sentar no muro quando se trata de escolher entre o Irã e Israel. A Bolívia e a Venezuela cortaram relações diplomáticas com o Estado Judeu em Janeiro de 2009. O presidente da comunidade judaica da Bolivia Ricardo Udler disse que cada vez que um representante do governo iraniano chega na Bolivia, imediatamente são emitidos comunicados contra Israel. Udler também avisou que há informações de agências internacionais que mostram que a Bolivia e a Venezuela estão exportando uranio para o Irã. Mas há mais do que isto. Ao que parece a Venezuela e o Irã estão instalando mísseis balísticos de médio alcance na Venezuela capazes de atacar os Estados Unidos.

Não há qualquer dúvida de que a aliança entre a Venezuela e o Irã é uma força crescente na América Latina o que explica a repentina urgência em reconhecer a “Palestina”. Mas há ainda o fator Obama. Durante os anos de Bush, os Estados Unidos forjaram alianças muito fortes com a Colombia, o Chile e o Brasil. Mas Obama virou as costas a seus aliados e não esteve abaixo de se humiliar perante seus inimigos para agrada-los. Mas isto não deu em nada. Os que odeiam a America continuam a odia-la com ou sem Barack.

Assim, não é de se estranhar que a presidente Cristina Kirchner da Argentina e Lula no Brasil adotem a política de Chavez e do Irã. Eles estão simplesme respondendo aos sinais enviados pela Casa Branca.

Toda esta política americana de engajar e negociar com o Irã não irá impedir o avanço de seu programa nuclear e sua busca por armas nucleares. E da mesma forma que os árabes e os europeus, os latino-americanos sabem disto. Não há dúvida que Lula tinha certeza que o Irã irá adquirir armas nucleares quando assinou o acordo nuclear com Ahmadinejad e com a Turquia meses atrás. Do ponto de vista do Planalto, não há porque participar desta charada internacional e tentar impedir o Irã de se tornar uma potencia nuclear. É melhor estar do lado vitorioso já que Obama não se importa se o Irã conseguir o que quer.

E o mesmo vai para Israel. Os países da América Latina viram nestes últimos 2 anos uma mudança radical na posição americana que hoje força Israel a aceitar um estado palestino hostil e simplesmente entregar numa bandeija toda a terra conquistada em 1967 para gente como Abbas e Bashar Assad da Síria sem absolutamente nada em troca. Eles veem a América dizer que o reconhecimento do estado palestino é contraproducente mas não há uma recusa categórica de Obama que o reconhecimento não irá acontecer sem uma solução negociada.

A impressão que todos nós temos - que Obama está comprometido com a causa palestina - foi confirmada esta semana quando o acordo de Clinton e Netanyahu foi cancelado. O acordo, que supostamente iria trazer os palestinos de volta às mesas de negociação exigia que Israel congelasse as construções de judeus na Judéia, Samária e Jerusalém por 90 dias em troca de uma promessa que os Estados Unidos não pediriam outras moratórias, iriam apoiar Israel no Conselho de Segurança da ONU por 1 ano contra a declaração de um estado palestino sem um acordo de paz e vender para Israel 20 jatos F-35 no futuro.

Este acordo caiu por terra porque Obama se recusou a colocar estes itens por escrito. Obama não quis tomar qualquer posição para manter a aliança entre os Estados Unidos e Israel. Assim, Obama não quer se comprometer a não reconhecer ao final um estado palestino que estará de fato em guerra com Israel.

Esta política manda sinais para o Brasil, Argentina, Uruguay e outros países na América Latina. É melhor ir com Chavez e o Irã e virar as costas para Israel. Eles terão crédito por enfiarem o dedo no olho de Washington.

O Brasil em particular diz que este reconhecimento irá ajudar o processo de paz na região. Seria bom alguém perguntar ao Amorim como é que isto acontece na prática. No programa do dia 31 de outubro ultimo, eu falei sobre os perigos de um tal reconhecimento unilateral. Eu disse que qualquer declaração de um estado palestino fora do processo de negociação irá destruir os acordos de Oslo e a estrutura que estes acordos estabeleceram. Foi dentro desta estrutura que foi criada a Autoridade Palestina, seus líderes, instituições e jurisdição. Ainda, sendo uma ação para causar uma alteração no status do território, seria uma grave violação ao Artigo 31 do acordo intermediário entre Israel e palestinos, assinado em 1995. Isto daria também a Israel a base legal para anular os acordos de Oslo e abrir a porta para ações unilaterais de Israel em relação aos territórios.

Assim, exatamente, Sr. Amorim, como este reconhecimento irá ajudar o processo de paz?

Quando entendemos o que levou a América Latina a se tornar abertamente hostil a Israel compreendemos duas coisas: uma é que Israel não poderia ter evitado estes reconhecimentos e outra é que dada a trajetória atual da política americana, fica mais uma vez óbvio que Israel pode contar somente com ela própria para defender seus interesses e garantir sua sobrevivência contra o Irã e os palestinos.

Saturday, December 4, 2010

O Revisionismo Palestino - 5/12/2010

O recente relatório da Autoridade Palestina dizendo que o Muro das Lamentações não tem qualquer significado religioso ou histórico com o povo judeu é tristemente mais uma tentativa de revisionismo histórico e político. Em circumstâncias normais, poderiamos ignorar esta declaração como uma tentativa infantil de apagar a história e o nacionalismo de um outro povo. Infelizmente, como revelam as recentes ações da UNESCO sobre locais judaicos na Judéia e Samária, a narrativa rejeicionista dos palestinos está permeando a agenda internacional e é automaticamente apoiada pela maioria nos fóruns internacionais.


O recente “estudo” preparado por Al-Mutawakel Taha, um oficial sênior do Ministério da Informação da Autoridade Palestina, tentando refutar o direito dos judeus ao Muro das Lamentações é meramente o último, numa série de esforços que remontam a mais de 100 anos, para negar a ligação do povo judeu com sua terra ancestral.

No entanto, igual a todas as mentiras e distorções dos palestinos, esta também foi tirada do ar. O Ministério da Informação palestino diz em seu site na internet que “de acordo com a Enciclopédia Judaica, publicada em 1917, o Muro das Lamentações se tornou parte da tradição religiosa judaica em torno de 1520 CE, como resultado da imigração judaica da Espanha, depois da conquista otomana de 1517”.

Na era da internet, é muito fácil checar estas afirmações absurdas e expor a fraude ao que ela é. De fato, a referência na Enciclopédia Judaíca de 1917 fornece referências históricas ao Muro das Lamentações da antiguidade e certamente anterior a qualquer invasão árabe, conquista e ocupação do Oriente Médio.

A ação recente da UNESCO dizendo que o Túmulo de Raquel, perto de Belém é a mesquita Bilal ibn Rabah é um escândalo ainda maior. De modo bizarro, esta afirmação não só é um tapa na cara da tradição judaica, mas também de séculos de tradição muçulmana. Através da história, muçulmanos honraram o local como o Túmulo de Raquel e o visitavam regularmente para rezar.

De acordo com documentos otomanos que se encontram no Centro para Assuntos Públicos de Jerusalém, em 1830, os Turcos publicaram um firman (decreto real) que dava força legal para que o Túmulo de Raquel fosse reconhecido como um local sagrado dos judeus. O governador de Damasco enviou uma ordem escrita ao mufti de Jerusalem para implementar a ordem do sultão: “O túmulo de nossa estimada Raquel, mãe de nosso Senhor Joseph... eles [os judeus] têm o costume de visitar desde os tempos antigos; e ninguém tem a permissão de impedir ou opôr-se a eles de [fazerem] isto”.

Esta negação histórica tem ramificações políticas. Em 2000, as negociações entre o ex-primeiro ministro Ehud Barak e Yasser Arafat em Camp David, na presença do ex-presidente americano Bill Clinton, foram suspensas por causa deste revisionismo histórico. Depois de Barak ter feito uma oferta extra generosa sobre dividir a soberania do Monte do Templo, Arafat disse que não poderia conceder uma polegada de “território islâmico” porque o Templo judaico nunca havia existido. Esta negação do Templo, não havia sido somente uma distorção da história e tradição judaica mas também da cristã. Arafat estava atacando a crença de mais de um bilhão de cristãos no mundo.

E enquanto nos aproximamos do Natal, uma outra forma de revisionismo histórico está emergindo.

O mito de que Jesus foi um palestino é repetido para qualquer um que chega para fazer peregrinação em Belém ou outros locais cristãos sob autoridade palestina.

Mas, de novo, os fatos não batem. A província judaica da Judéia foi destruída pelo imperador romano Adriano em 135 C.E. quando os romanos debelaram a revolta judaica liderada por Bar Khochba. Para romper a ligação judaica com a Terra de Israel, o imperador romano mudou seu nome para Syria Palaestina, que eventualmente se tornou em inglês Palestina.

De acordo com historiadores cristãos, Jesus foi crucificado entre os anos 26 e 36, mais de 100 anos antes que o termo “Palestina” fosse inventado. O mundo então, não tinha uma só mesquita e o islamismo e a conquista árabe somente ocorreria seis séculos mais tarde.

É talvez compreensível que aqueles que chegaram na região mais tarde, sintam a necessidade de suplantar a história se apropriando e negando o que era dos habitantes prévios. Enquanto os palestinos afirmam ser os residentes originais da terra, a história e os fatos se colocam em seu caminho.

Enquanto a maioria do povo judaico teve que sofrer dois mil anos de exílio de sua terra, as pedras do Templo, os locais aonde foram enterrados os ancestrais, os banhos rituais, cisternas e sinagogas antigas ficaram. Os palestinos irão tentar destruir a memória histórica judaica tão certamente como destruiram seus locais santos e históricos como o túmulo de José em Nablus.

No entanto, 2 mil anos de ocupação estrangeira e tentativas de negação da história judaica não podem impeder o retorno do povo original para sua terra. Como resultado do rejeicionismo e negacionismo na sua mídia e sistema educacional, a Autoridade Palestina se tornou tão descarada que agora está vendendo as mentiras para o mundo. A comunidade internacional precisa rejeitar de forma categórica esta cruzada anti-judaica.

Pesquisas recentes entre palestinos mostraram que quase dois terços aceitariam uma solução de dois estados somente como um primeiro passo para eventualmente suplantar Israel e criar um único estado palestino. Isto uma vez mais mostra que o obstáculo real para a paz é a rejeição palestina de Israel e do direito de auto-determinação do povo judeu.

A Autoridade Palestina faz lavagem cerebral em seu povo para deslegitimizar Israel, falsificando a história judaica, cristã e muçulmana no processo. A comunidade internacional precisa focar neste ponto e completamente rejeitar e condenar a Autoridade Palestina por suas ações. Este rejeicionismo esteve sempre no coração de cada esforço de paz por mais de 70 anos. A ignorância e ódios palestinos, mais do que qualquer coisa, irão destinar a região a muitos mais anos de conflito.

A paz só pode chegar depois da aceitação do outro, não só o baixar das armas. Ela precisa ser confirmada pelo reconhecimento mútuo. O revisionismo palestino de hoje não só destorce a história e nega a ligação do povo judeu com seu lar ancestral; ele nega a possibilidade de uma solução pacífica ao conflito e um futuro melhor para os habitantes da região.

Sunday, November 28, 2010

O Enfraquecimento da América - 28/11/2010

Crises estão explodindo no mundo inteiro. E o líder do mundo livre só está tornando as coisas piores. Nesta semana, a Korea do Norte mostrou aos americanos milhares de novas centrífugas no seu reator nuclear de Yongbyon. Stephen Bosworth, o responsável de Obama pela Korea do Norte correu para dizer que esta revelação não constituía uma crise. Aí a Korea do Norte resolveu atacar a Korea do Sul para mostrar que sim, era uma crise.

Mas Obama continuou impassível. Sua única reação foi de agradecer o Secretário de Defesa da Korea do Sul, Kim Tae-young, por sua contenção e moderação. Na quinta-feira, Kim teve que resignar em desgraça por causa desta contenção e moderação.

Nos Estados Unidos falaram muito que não se pode deixar esta agressão passar sem uma resposta mas a verdade é que ela irá seguir sem ser punida porque a China apoia a Korea do Norte e seu programa nuclear. A China pode usar a Korea do Norte para intimidar qualquer rival na Asia sem assumir qualquer responsabilidade.

Em geral, a Korea do Norte faz algo horrendo a cada 2-3 anos, mas este este é o segundo ataque contra a Korea do Sul, neste ano, apesar do porta-aviões americano George Washington estar na região. Realmente Obama conseguiu acabar com qualquer respeito que os Estados Unidos tinham na região.

E aí temos o Irã. O fato de Pyongyang estar desenvolvendo armas com urânio enriquecido em passo dobrado, pode ser um sinal que eles também estão envolvidos no programa clandestino do Irã. Obviamente os koreanos do norte não se importam nem um pouco com sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU contra o Irã. E se isto for mesmo verdade, mostra como todas estas sanções e iniciativas diplomáticas são absolutamente idiotas e ineficazes para evitar que o Irã ou qualquer outro país do mundo tenha um arsenal nuclear.

Cada dia, com os regimes de Pyongyang e Teherã aumentando sua agressão, fica mais claro que a única saída é tirar estes regimes do poder. No caso do Irã, as chances são ainda maiores se lembrarmos os protestos que tomaram o país logo depois das eleições fraudulentas que reelegeram Ahmadinejad. Desde então, o governo baniu música ocidental, prendeu garotos com cabelo comprido e erradicou a história persa dos livros escolares. Qualquer coisa que possa ter ligação com algo não islâmico é visto como ameaça.

As implicações políticas são claras. O mundo precisa chegar a um consenso para destruir as instalações nucleares do Irã e ajudar o povo a se livrar deste regime opressivo. Mas a administração Obama não quer nem ouvir falar a respeito. Obama diz que se os Estados Unidos e outras nações do ocidente atacarem, o povo irá apoiar Ahmadinejad. Se for assim, então, os Estados Unidos devem continuar sua política de sanções que não funcionam para não chegarem a qualquer acordo com os mullahs.

É este tipo de lógica que mostra que hoje, os Estados Unidos não têm qualquer credibilidade com as ditaduras do mundo.

E aí temos o Líbano. Desde a visita de Ahmadinejad no mês passado, ficou claro que é o Irã quem manda no país através da Hizbullah. O grupo terrorista abertamente ameaçou tomar o país se não fosse exonerado do assassinato do ex-primeiro ministro Rafik Hariri em 2005. E ainda assim, a administração Obama ainda nega que o Irã controla o Líbano e quer aprovar 100 milhões de dólares em assistência militar para o exército libanês que sabemos é totalmente controlado pela Hizbullah.

E no meio disso, Obama ainda quer conseguir duas coisas: forçar Israel a se retirar para as indefensáveis linhas de armistício de 1949 e destruir o arsenal nuclear americano unilateralmente. Isto é, enquanto as forças do apocalipse e guerra aumentam suas ameaças e agressão, os objetivos centrais de Obama continuam sendo o enfraquecimento do único aliado americano no Oriente Médio e tornar os Estados Unidos impotentes para deter os párias que hoje correm para se armar nuclearmente.

É verdade que Bush e Clinton também não fizeram muito além de apaziguar a Korea do Norte, o Líbano e o Irã. Mas Obama é muito pior. O espaço de manobras de um president Americano é muito pequeno porque os burocratas acadêmicos do Departamento de Estado americano não são movidos pela realidade que só confirma sua incompetência. Outros presidentes conseguiram gerenciar este problema porque eles têm o uso do microfone e acesso à midia e também porque conseguiram nomear pessoas de sua confiança para cargos-chave nesta burocracia.

Mas desde que assumiu a presidência, Obama usou estes poderes exatamente para aumentar a influência destes burocratas. Ele usou o pódium através do mundo para condenar e pedir desculpas pela grandeza dos Estados Unidos. Ao faze-lo ele convenceu tanto seus aliados como seus inimigos, que ele não é um líder com credibilidade, que é possível atacar os Estados Unidos, seus aliados e seus interesses com impunidade.

A busca de Obama por um mundo livre de armas nucleares e sua agressividade em relação ao alegado arsenal nuclear israelense, sua decisão de reduzir dramaticamente o arsenal nuclear Americano e seu silêncio perante a recente agressão da Korea do Norte e do Irã, convenceram as nações do Golfo Persa, da America do Sul e do Pacífico, que eles agora precisam correr para obterem armas nucleares. Ao dizer que irá desarmar os Estados Unidos nuclearmente, Obama provocou a maior corrida armamentista nuclear da história da humanidade.

Além disso, os nomeados por Obama estão tentando implementar políticas ainda mais perigosas e radicais das dos burocratas em Washington. Não só estão enfraquecendo os Estados Unidos e seus aliados, mas estão desmoralizando aqueles que dedicaram suas vidas defendendo a America.

Quando há um republicano na Casa Branca, sua política exterior é regularmente criticada e limitada pela mídia liberal. Mas quando o presidente é um democrata radical, como Woodrow Wilson, por exemplo, o povo vota por um congresso republicano para impedir que políticas radicais sejam implementadas. Isto aconteceu mais uma vez nestas últimas eleições aqui nos Estados Unidos.

Dada as ameaças que as políticas radicais de Obama estão causando, só podemos esperar que os republicanos no Senado e na Câmara tomem uma postura firme para deter sua política. Se conseguirem, o povo americano e a comunidade internacional lhes deverá uma grande dívida de gratidão.

Sunday, November 21, 2010

Um Mau Negócio para Israel - 20/11/2010

O ex-presidente George Bush acabou de lançar seu livro de memórias aqui nos Estados Unidos. Nele, entre muitas coisas que marcaram sua presidência, ele descreve seu relacionamento com Ariel Sharon, especialmente o respeito, admiração e entendimento que havia entre eles.

Bush escreveu sobre sua primeira visita a Israel em 1998 e o tour de helicóptero com Sharon. Ele diz que o ex-primeiro ministro era uma figura imponente que servira em todas as guerras de Israel e que conhecia cada polegada daquela terra. Sem dúvida, os locais apontados por Sharon que haviam sido somente 9 milhas em largura devem ter impressionado o Texano com a vulnerabilidade de Israel numa vizinhança tão hostil.

Outro fato interessante do livro é que Bush diz que Sharon foi a pessoa para quem ele ligou para se aconselhar logo após os ataques de 11 de setembro. Ele queria a opinião de um líder que sabia o que era lutar contra o terrorismo.

E Bush era bem menos próximo de Sharon do que Clinton havia sido de Rabin. Quanta diferença no relacionamento vemos entre Israel e os Estados Unidos. Hoje, não sobrou muito destes relacionamentos como se vê na interação entre Obama e Netanyahu.

Mas muito mais preocupante é que os próprios valores que sempre foram a base deste relacionamento estão desmoronando. A posição viceral de Obama contra a presença de judeus em sua terra ancestral transformaram a parceria em uma relação de adversarios.

No passado, o envolvimento Americano no processo de paz com os palestinos era de boa vontade e conhecimento historico que ao final iria trazer os relutantes e violentos palestinos a um acordo que reduzisse suas exigências a algo que Israel pudesse aceitar.

Nas últimas décadas houveram desavenças entre os Estados Unidos e Israel. Mas em todos estes anos havia um reconhecimento que Israel foi ressuscitada em 1948 mediante consenso internacional e foi deixada sem fronteiras porque os árabes se recusaram a aceitar a criação de um estado palestino, preferindo ir à guerra para destruir o estado judeu. Israel, então, a única democracia da região, teve que ano após ano, lutar contra inimigos implacáveis que queriam sua destruição, contra incessantes ataques terroristas e repetidas tentativas de boicotes econômicos e sanções diplomáticas. Em 1948, Israel não tinha controle sobre o território que hoje é o centro da controvérsia. Ao contrário, este território é o mesmo do qual os árabes lançavam seus ataques contra o nascente estado judeu.

Outro princípio sabido pelos Estados Unidos é que nenhum governo israelense desapontou em sua vontade de fazer a paz ou se recusou a fazer concessões mesmo quando o lado palestino deixava muito a desejar em credibilidade e confiança.

Mas hoje, estes princípios parecem terem sido esquecidos. Negociar com os palestinos provou ser extraordinariamete frustrante nestas duas últimas décadas. E hoje, antes mesmo que Israel possa pensar em levar à frente estas negociações ela se vê num confronto com os Estados Unidos, em discussões tensas e sem fim.

Nesta última quinta-feira em Nova Iorque, Netanyahu e a secretária de Estado, Hilary Clinton sentaram por 7 horas em seguida. Isto teria sido bom se os palestinos, que sairam das negociações diretas 2 meses atrás da mesma forma que recusaram cada oferta séria de paz, tivessem estado presentes.

Os palestinos estão mais do que nunca seguros que podem seguir a caminho de um Estado independente sem precisarem comprometer nenhuma posição ou aceitar qualquer reconciliação com Israel. E isto é devido em grande parte à atitude desta administração americana.

A moratória que os Estados Unidos exigem, proibirá que qualquer judeu coloque um tijolo sequer em casas que estão construindo legalmente. Isto apesar dos Estados Unidos estarem patrocinando projetos de construção em massa para os palestinos, em total contravenção aos acordos de Oslo. Obama nem sequer tenta disfarçar esta total discriminação que ele como professor de direito constitucional e membro da raça negra, deveria ser o primeiro a rejeitar.

O objetivo declarado destes 90 dias é de trazer intensas negociações entre Israel e os palestinos. Mas Abbas repete em sua mídia oficial que não tem qualquer interesse em conversar e não aceitará qualquer paz oferecida por Israel.

Assim, a única conclusão a que podemos chegar é que Obama não está interessado ou preocupado com os palestinos aceitarem um acordo. O que ele quer é ver Israel abandonar mais terras.

E isto não é segredo. Clinton deixou claro que estas negociações são estritamente para decidir fronteiras, o que obrigará Israel com certeza a abrir mão de seu controle sobre a Judéia e Samária, que é a unica coisa que até agora impediu o Hamas de se apoderar da região.

Assim, mais uma vez, por causa de promessas americanas feitas à meia boca, Israel terá que sair de terras que são cruciais para sua sobrevivência e defesa e entregá-las para uma entidade que se recusa a reconhecer seu direito de existir, se recusa a desmantelar organizações terroristas, e não pára de ensinar o ódio às crianças que aspiram se tornar homens-bomba.

Obama se recusa até a garantir a união da capital de Israel. E Netanyahu, como líderes anteriores parece que também ficou cego com a proposta de passar para a história como um dos grandes fazedores da paz. Ele diz que Obama concordou em não mais renovar a moratória, diz que Obama prometeu mandar para Israel 20 F-35s se um acordo com os palestinos sair e finalmente disse que durante o próximo ano, os Estados Unidos não irão votar contra Israel no Conselho de Segurança da ONU.

Sobre a extensão da moratória por mais 90 dias só posso dizer que isto é comprar o mesmo cavalo morto duas vezes. Dizer que esta é a última vez que Obama irá pedir para Israel suspender construções na Judéia, Samária ou Jerusalém seria hilário se não fosse tão trágico. Agora, o negócio com os caças F-35, a estória é bem mais estranha. Israel precisa destes aviões para se defender contra inimigos como o Irã. Mas Obama diz que a entrega é contingente à Israel assinar um acordo com os palestinos. E isto nós sabemos aonde vai acabar.

Levando em conta que Obama está fazendo das tripas coração para que o Congresso aprove uma venda de 60 bilhões de dólares para a Arábia Saudita para que ela se defenda das ambições expansionistas do Irã, um país que apesar de todas as armas, não saberá se defender, mostra o verdadeiro desprezo de Obama para com Israel, o país mais corajoso, competente e aliado estratégico na região e mais do que a Arábia Saudita, um alvo do Irã real.

Em vez de armar Israel com tudo o que é necessário para ela se defender, Obama condiciona a ajuda à um acordo de paz com os palestinos que irá forçá-la a se retirar de fronteiras defensáveis e abandonar sua capital à inimigos jurados.

A promessa de apoio a Israel por um ano no Conselho de Segurança da ONU, algo que nunca foi objeto de negociação é um verdadeiro insulto. Mas isto quer dizer outra coisa. Isto quer realmente dizer que em um ano, Obama estará livre para pisar sobre o tradicional apoio dos Estados Unidos a Israel e condenar o estado judeu nos fóruns internacionais ao seu bel prazer.

Parece ainda, que os Estados Unidos teriam dado algumas garantias de segurança a Israel que reduziriam o risco de um Estado Palestino. Assim há um reconhecimento explícito pela administração americana que um estado palestino será por definição hostil a Israel. Como é que isto pode ser de interesse dos Estados Unidos?

Todas estas “ofertas” contra uma extensão de 90 dias de um congelamento anterior de 10 meses que não deu em absolutamente nada, como já sabíamos. Será que alguém acredita que 17 anos depois de Oslo e de duplicidade e mentiras dos palestinos, estes 90 dias irão fazer alguma diferença além de colocar Israel num canto ainda mais enfraquecida?

Num relacionamento saudável, os americanos não teriam exigido a suspensão de toda a construção de judeus como pré-condição para negociação e teriam reconhecido que Israel já evacuara Gaza e apresentara outras propostas para a criação de um estado palestino como enormes concessões para a paz.

A humiliação pública que os Estados Unidos submeteram Israel sobre as construções em Ramat Shlomo mostrou ao mundo árabe que o relacionamento entre os dois países não é tão inquebrável como se pensava.

Hoje, mais do que nunca, os palestinos estão imbuídos de ódio causado pela sua própria mídia oficial que repete que Israel nasceu em pecado, que seus soldados matam indiscriminadamente, e seus cidadãos roubam suas terras. Israel é mostrada como algo transiente e ilegítima, não importa em qual tamanho ou em quais fronteiras.

Num relacionamento sadio, os Estados Unidos se assegurariam de estar do mesmo lado de Israel, fazendo de tudo para não haver distrações do objetivo final que teria que ser a paz com os palestinos, o fim do programa nuclear do Irã e a mudança de seu regime. Mas aqui também as prioridades dos Estados Unidos parecem estar muito longe das de Israel. Netanyahu fez um acordo horrível com Hillary Clinton. Vamos esperar que o gabinete israelense tenha mais senso e não o aprove. Israel tem muito a oferecer ao mundo e seria de seu interesse de se aproximar de outros países como a China que hoje está em muito melhor situação diplomática para pressionar o Irã que os Estados Unidos. Isto talvez ensinasse a Obama que é muito mais fácil dizer “sim, nós podemos” do que faze-lo.

Sunday, November 14, 2010

A Culpa de Obama na Falha das Negociações de Paz

Imediatamente após uma nova disputa entre a administração americana e Israel sobre planos de construção em áreas judaicas de Jerusalem ter chegado à mídia, o “processo de paz” desceu a um nível além da tragédia para uma total falência.


Os três lados se comportam de modo previsível levando em conta suas posições ideológicas. Isto é de se esperar de Israel e dos palestinos que estão em conflito há tanto tempo, mas no caso dos Estados Unidos, a hostilidade de Obama para com Israel está sendo realmente contraproducente. Em vez de reduzir as tensões, a administração Obama as está exacerbando.

É verdade que os Estados Unidos sempre discordaram formalmente dos assentamentos na Judéia, Samária e Gaza, e houveram ocasiões em que esta discordância foi expressa contra judeus morarem na parte de Jerusalém capturada dos Jordanianos em 1967 e anexada por Israel. Aonde Obama difere de seus predecessores é que ele traz estes desacordos à publico tornando-os o centro das dicussões. Assim fazendo ele sistematicamente conseguiu destruir os próprios esforços que ele diz estar encorajando.

Quando Israel demoliu os assentamentos em Gaza e propôs uma série de acordos de paz que irão exigir o desmantelamento de outros assentamentos na Judéia e Samária, abandonando terras centrais da Terra de Israel Bíblica e evacuando milhares de seus cidadãos de suas casas, ela efetivamente mostrou sua predisposição a concessões violentamente divisivas. Tudo para um acordo.

Ao continuar a negociar com Israel durante os anos, mesmo com prédios sendo construidos, não só em Jerusalem mas na Judéia e Samária, dentro dos perímetros das comunidades já existentes, a liderança palestina essencialmente havia aceito a realidade de que certos blocos ficariam com Israel. Isto não era um problema porque estas construções não tomavam terras adicionais e criavam emprego para milhares de palestinos. Isto também deixava os líderes de Israel confortáveis com seu eleitorado e livres para negociarem um acordo que resolveria o status final do território em disputa.

Mas ao exigir repetidamente que Israel suspenda as construções em todos os locais tomados em 1967, incluindo em Jerusalem, o Presidente Obama e sua administração estraçalharam a estrutura de negociações existente.

Ramat Shlomo, o bairro que provocou a última altercação entre Netanyahu e Obama, se tornou ao longo dos anos a moradia de milhares de judeus . Este bairro não foi construido sobre qualquer vilarejo ou propriedade árabe. O bairro fica ao norte de Jerusalem e não ao leste e era aonde o exército jordaniano mantinha postos de observação. Igual aos bairros de Pisgat Ze’ev e Har Homa, Ramat Shlomo fica em uma area que Mahmoud Abbas ou qualquer outro líder palestino nunca poderia pensar que seria transferido para um estado palestino.

Mas mesmo os 10 meses de congelamento das construções não foram suficientes para esta administração porque Jerusalem não foi incluida. Apesar de ter sido Abbas quem se recusou a negociar por 9 meses e meio dos 10 meses – em parte por causa da reação americana ao projeto de construção em Ramat Shlomo – foi Netanyahu e não Abbas o pressionado a renovar a moratória quando expirasse. E apesar de na prática ter havido muito pouca construção na Judéia, Samária e Jerusalém do leste neste último ano, o mero anúncio que planos para construir em Har Homa e Pisgat Ze’ev haviam sido aprovados , provocaram indignação e expressões públicas de desaprovação do presidente americano e sua secretária de estado.

A ironia amarga está no fato de Obama continuar a acreditar que irá alcançar um acordo de paz ao continuar a pressionar Israel e a apaziguar os palestinos apesar de Abbas declarar repetidamente o oposto. O que aconteceu foi que Abbas foi pego pela armadilha de Obama que exigiu a completa cessação das construções no começo de 2009. Frente aos árabes ele não poderia sentar-se à mesa sem isto.

A verdade é que Abbas nunca insistiu em qualquer congelamento ou moratoria de construções judaicas como pré-condição para negociar com Olmert e esta nem mesmo foi uma pré-condição exigida por Arafat para negociar com Barak e com Rabin. O que Obama fez foi colocar Abbas no topo de uma árvore, sem escada para descer. E Obama ficou empurrando Abbas cada vez mais para o alto ao exigir a extensão da moratória na Assembléia Geral das Nações Unidas. E de novo esta semana quando disse que a aprovação de planos de construção em Jerusalem não ajudavam a situação.

Se Abbas estivesse genuinamente interessado em um acordo, ele não teria desperdiçado 9 meses da moratoria e teria dito a Obama que suas declarações estavam causando mais dano do que ajudando.

Netanyahu, tendo ordenado a moratoria baixo à uma tremenda pressão Americana hoje está menos inclinado a extende-la. E quando americanos dizem publicamente que uma extensão que não inclua Jerusalem não é o suficiente, não há clima para continuar estas negociações em boa-fé ou esperança na assinatura de qualquer acordo.

Hoje, muitos analistas começaram a dizer o que eu disse há meses atrás. Que o melhor hoje é Netanyahu fazer de tudo para ganhar tempo pois a era Obama parece estar com os dias contados. Esperar uma nova administração mais apta a negociar de maneira imparcial e que entenda as necessidades de segurança de Israel.

Quanto a Abbas, todas as idéias aparentemente aceitas por ele, como por exemplo, uma troca de terras para que Israel anexe as grandes comunidades de judeus na Judéia e Samária, hoje estão fora de questão.

Abbas sabe que Netanyahu, nas melhores condições, irá oferecer menos do que Olmert ofereceu, inclusive sobre a soberania de Israel sobre o Monte do Templo e do Muro das Lamentações. E assim, dos altos galhos aonde Obama o pôs, ele pode achar difícil resistir às demandas dos árabes de tentar declarar um estado palestino unilateralmente.

Eu já disse aqui que o unilateralismo não irá resolver qualquer coisa e poderá sim exacerbar o conflito entre árabes e israelenses. A administração Obama deixou perfeitamente claro que considera este passo não construtivo. Mas também não condenou a idéia de modo enfático. Obama agora tem que tentar consertar seu mal gerenciamento das negociações que por si só empurraram os palestinos nesta perigosa direção.

Assim, o que temos hoje é um primeiro ministro israelense que se for esperto, irá ganhar tempo até as próximas eleições para presidente nos Estados Unidos, em dois anos. E temos um presidente palestino que vê o unilateralismo como sua melhor opção. Estes são lados que em vez de acharem pontos em comum para um acordo num futuro próximo, estão se distanciando cada vez mais. E os Estados Unidos, que deveriam ser um intermediário honesto e ajudar a resolução deste conflito, hoje ironicamente, é a maior parte do seu problema. A posição ideológica de Obama, sua falta de experiência e conhecimento histórico da região levaram o processo de paz à muitos quilometros para trás. Ele mesmo deveria ter a ombridade de reconhece-lo e devolver o prêmio Nobel da paz que recebeu sem o merecer.

Sunday, November 7, 2010

Vitoria Republicana nos EUA e a UNESCO - 7/11/2010

A perda colossal do presidente Obama nas eleições desta semana não conseguiu provocar o resultado que muitos americanos queriam: ver alguma humildade no seu líder e reconhecer que o seu, não é o caminho que o povo americano quer seguir. Obama perdeu governadores em estados-chaves, perdeu a maioria na Câmara e manteve uma maioria de apenas 2 representantes no senado. 4 se contarmos com os 2 independentes.

As reformas radicais que Obama quis impor ao povo americano como da assistência médica, o aumento de impostos, as constantes distribuições de dinheiro para tirar grandes empresas do buraco e sua inabilidade de reduzir o desemprego, foram as maiores causas da desaprovação deste governo. Estas razões teriam sido suficientes mas a quantidade de candidatos da direita do partido republicano eleitos nesta eleição nos diz que o motivo maior para a derrota de Obama foi sua falta de respeito aos valores que os americanos têm como sagrados.

Entre eles a postura do presidente americano nas relações internacionais. Pesquisas de opinião nos últimos meses mostraram que 51% dos americanos estariam mais inclinados a votar em alguém pró-Israel contra apenas 25% que disseram que votariam em alguém que fosse contra o estado judeu. 52% disseram que sentiam que Obama era menos simpático a Israel que outros presidentes.

Obama e seu ex-chefe da Casa Civil Rahm Emanuel admitiram terem feito muitos erros em sua tentativa de conseguir um acordo de paz entre israelenses e palestinos. Aí então Obama decidiu estender a mão e recebeu Netanyahu na Casa Branca com a atenção devida a um chefe de estado. Mas isto durou pouco. Já no mês passado, Obama exigiu que Israel estendesse o congelamento das construções judaicas na Judéia e Samária em seu discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas tornando impossível aos palestinos exigirem qualquer coisa a menos. Isto teria exigido de Netanyahu trair a confiança do eleitorado que o elegeu.

Não fosse a pressão americana para a estensão da moratória na Judéia e Samária, as negociações com os palestinos teriam recomeçado há muito e não teriam sido suspensas por esta causa.

Em casa, Obama está, daqui para a frente, com as mãos amarradas mas ele pode tentar salvar sua presidência e talvez sua reeleição se deixar sua ideologia de lado e adotar medidas mais pragmáticas, especialmente no que se refere às negociações entre israelenses e palestinos.

É vital, por exemplo, que ele deixe claro que os Estados Unidos não irão apoiar a declaração unilateral de um estado que não aceita viver lado a lado com o estado de Israel ou abrir mão de absolutamente nada, inclusive do terrorismo para chegar a um acordo de paz que seja viável.

O ministro da defesa de Israel Ehud Barak disse numa entrevista recente que governos israelenses anteriores fizeram concessões quando tinham uma de 3 coisas: um parceiro árabe que confiavam, (como quando se retiraram da península do Sinai com Sadat) um mediador americano em que podiam acreditar, como Bill Clinton, ou quando havia um desejo da liderança israelense de abandonar território unilateralmente como quando Sharon evacuou Gaza. Hoje não há nenhuma destas três coisas.

Mas se Obama cumprir a promessa de não permitir que o Irã desenvolva a bomba atômica, ele poderá talvez garantir sua reeleição. Mas isto só pode ser alcançado se ele tiver a coragem de acompanhar as sanções internacionais em curso com uma ameaça militar crível. A única vez que os iranianos suspenderam seu programa nuclear foi quando os americanos invadiram o Iraque e o Irã se sentiu ameaçado.

O ex-chefe do estado maior de Israel, Moshe Ya’alon disse esta semana que Obama pode culpar Bush pelos problemas no Afganistão e Iraque mas se o Irã conseguir a bomba durante seu mandato, este será o fato que marcará sua presidência. Se Obama conseguir impedir a nuclearização do Irã, isto irá dramaticamente reduzir o poder dos extremistas, irá liberar os moderados e fortalecer substancialmente as esperanças de paz. Poderá no caminho, assegurar sua reeleição.

Mas como disse, isto só poderá acontecer se Obama deixar sua ideologia de lado, o que não parece ser o caso. Obama se elegeu numa onda mundial em que a esquerda festiva, os barbudos de chinelo, ativistas às vezes violentos, que hoje usam terno e carregam uma pastinha em baixo do braço, tomaram o poder.

Estes esquerdistas vêm qualquer país comprometido com a democracia e aliado com o ocidente como Israel, como o inimigo.

Mas esta onda não pegou só os Estados Unidos, Venezuela ou o Brasil. Ela vem rolando na Europa há tempos. Há um constante esforço de vários membros da comunidade européia para deslegitimizar Israel. Depois do comissário da União Européia para assuntos comerciais, Karel De Gucht acusar judeus de serem irracionais quando se trata de Israel, um novo ataque aos próprios valores judaicos foi feito esta semana pelos diretores de uma organização que deveria colocar a política absolutamente em último lugar.

A diretoria executiva da UNESCO, organização das Nações Unidas que tem como finalidade a expansão da educação e preservação de locais históricos, emitiu uma declaração que estaria melhor colocada nos anais da propaganda palestina anti-semita. Entre outras coisas, a UNESCO acusa Israel de excavar a Mesquita de Al-Aksa e impedir crianças árabes de irem para a escola. Há certas fábulas que esperamos encontrar na mídia em Ramallah e não em documentos oficiais de uma organização tão reverenciada como a UNESCO.

Mas talvez a pior de todas as resoluções incluidas nesta declaração teve a ver com dois dos locais mais sagrados para os judeus em Israel. Dando um tapa na cara da história e da lógica, a UNESCO declarou que os locais aonde estão enterrados nossos ancestrais, a Caverna dos Patriarcas em Hevron e o Túmulo de Raquel em Belém, são palestinos. É, vocês ouviram bem.

Assim, de acordo com a UNESCO, os túmulos dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, e das matriarcas Sarah, Rebecca, Leah e Raquel, não são locais judaicos mas palestinos. E estes luminários da história não param por aí.

De acordo com sua diretoria e diretora geral Irina Bokova, uma comunista e socialista Búlgara, eles irão lutar para que estes dois locais se tornem parte permanente dos territórios palestinos ocupados. Isto é tão ofensivo e insultante à crença judaica que não pode ser caracterizado como outra coisa a não ser anti-semitismo. Negar que seus próprios ancestrais façam parte do povo judeu é um ataque às próprias fundações do povo e a UNESCO deveria ser duramente condenada.

Além disso, os ilustres membros desta organização que deveria promover educação, mostraram uma ignorância histórica digna de analfabetos. Então vamos dar à eles uma pequena lição de história:

A Bíblia, no seu primeiro livro do Genesis, diz que Raquel morreu e foi enterrada no caminho de Efrata, que é Belém. E Jacó pôs um pilar em seu túmulo. Este pilar está lá até hoje. Há dois mil anos, quando o Talmud foi escrito, o túmulo de Raquel foi descrito no midrash Bereshit Rabba. Isto deveria ser suficiente para mostrar a conecção do povo judeu ao túmulo de Raquel séculos antes do advento do islamismo. Mas há outros.

No ano de 333 da nossa era, um cristão conhecido apenas como o peregrino de Bordeaux registrou sua visita ao túmulo de Raquel na estrada de Belém. Jerônimo, um santo da igreja, também menciona o túmulo em 386 assim como o bispo Eusébio, historiador do século IV. Absolutamente nenhuma fonte antiga chama este local de Mesquita de Bilal Ibn Rabah como os palestinos e agora a UNESCO querem chamá-lo.

Tomem, por exemplo, o Monge Epiphanius que escreveu em 692 que no sul da Cidade Santa, na beira da estrada está o túmulo de Raquel. Mesmo viajantes muçulmanos do século 12 usaram esta terminologia. Muhammad al-Idrise, o grande geógrafo e cartógrafo muçulmano escreveu: na estrada entre Belém e Jerusalém está o túmulo de Raquel, a mãe de José e Benjamim. Não é preciso dizer que nem ele, nem qualquer outra pessoa antes dele jamais descreveu o local como palestino ou como uma mesquita.

Além disso, o túmulo de Raquel foi dado exclusivamente aos judeus pelo Pachá de Jerusalém em 1615. Em 1841, Moses Montefiore o comprou das autoridades turcas. O túmulo de Raquel é um lugar conhecido de peregrinação de judeus e não representa absolutamente nada para outras religiões.

Mas em 2000, em meio à segunda intifada, os palestinos redescobriram a importância do túmulo de Raquel. De repente eles noticiaram que nunca havia havido um túmulo no local que na verdade era uma mesquita.

Quer sejamos contra ou a favor dos assentamentos judaicos na Judéia e Samaria, é inegável que a área referida como a Cisjordânia pela mídia internacional, inclui Hevron e Belém, que são os berços da história do povo judeu. Nenhum revisionismo histórico ou declarações da UNESCO poderão apagar este fato.

Há realmente muita cara de pau, nesta era pós-modernista de deconstrução e revisão. Valores religiosos e costumes sagradamente guardados por séculos são reduzidos à falsa conciência. Nações etnicamente únicas com orgulho de suas tradições se tornam comunidades imaginárias.

Assim, UNESCO, nossa mensagem para sua diretoria é a seguinte: Tire suas mãos de nossa mãe Raquel e de nossos pais, Abrãao, Isaac, Jacó, Sarah, Rebecca e Leah. Eles pertencem ao povo judeu, quer vocês gostem ou não.

Quem quiser deixar seu protesto, escreva para a UNESCO em Brasilia no email:
brasilia@unesco.org





Sunday, October 31, 2010

A Declaração Unilateral de Um Estado Palestino - 31/10/2010

Estamos vendo um processo bem curioso. Quando israelenses e palestinos declaram que querem levar à frente as negociações de paz, mas um deles coloca obstáculos reais, o que este lado está querendo na verdade é uma suspensão destas negociações. Os palestinos exigem a cessação de qualquer construção por prazo indeterminado na Judéia, Samária e Jerusalém.


Sem entrar no mérito ou justificação da questão, parece que estamos entrando mais uma vez no ciclo das técnicas palestinas que são constituidas por ameaças diárias dos negociadores.

Por um lado, o primeiro ministro Salam Fayyad ameaça declarar um estado unilateralmente ou na alternativa, declarar os acordos de Oslo nulos e “ir para Washington e forçar um reconhecimento do estado palestino nas fronteiras de 1967. Se isto não funcionar, ele quer ir para o Conselho de Segurança da ONU e pedir para Washington não vetar a proposta.

Se Washington vetar, então os palestinos irão levar seu caso para a Assembléia Geral das Nações Unidas. E esta não é a primeira vez nestas negociações que os palestinos ameaçaram usar esta “técnica de ameaças”. Mahmoud Abbas em Sharm El Sheikh e seu negociador chefe Saeb Erekar ameaçaram se retirar se Netanyahu não renovasse o congelamento das construções.

Agora, com as negociações praticamente suspensas antes mesmo de terem tido a chance de começar, estamos presenciando esta nova onda de ameaças dos palestinos de agirem independentemente através do apoio do Conselho de Segurança da ONU, dos americanos e dos europeus, evitando lidar com Israel e impondo um estado nas fronteiras de 1967.

Existem várias falhas tanto práticas como legais nestas ameaças. Qualquer declaração unilateral de um estado fora do processo de negociação irá destruir os acordos de Oslo e a estrutura que estes acordos estabeleceram. Foi dentro desta estrutura que foi criada a Autoridade Palestina, seus líderes, instituições e jurisdição. Ainda, sendo uma ação para causar uma alteração no status do território, seria uma grave violação ao Artigo 31 do acordo intermediário entre Israel e palestinos, assinado em 1995. Isto daria também a Israel a base legal para anular os acordos de Oslo e abrir a porta para ações unilaterais de Israel em relação aos territórios.

Apesar das tentativas dos palestinos de equipararem esta atitude com a atividade dos colonos na Judéia e Samária, este paralelo não pode ser feito pois as partes nunca concordaram, não em Oslo ou em qualquer acordo, com um congelamento dos assentamentos, e tal exigência nunca foi um impedimento para as negociações anteriores.

Além disso, as disposições legais entre indivíduos israelenses e a autoridade governamental israelense que administra estes territórios, desde os acordos de Oslo, não pode mudar o status quo da terra. Assim, qualquer expansão dos vilarejos israelenses dentro dos perímetros demarcados e existentes em 1993, não viola o Artigo 31 e não altera o status do território, que é objeto das negociações.

Devido ao fato dos Estados Unidos, a União Européia, o Egito, a Jordânia e outros terem assinado o Acordo Intermediário, eles não podem reconhecer tal declaração unilateral de um Estado Palestino for a do processo em curso e que seja contrário ao acordo que eles encorajaram, acompanharam e assinaram.

Declarar os Acordos de Oslo nulos, traria um vácuo legal e poderia resultar num caos considerável além de colocar em séria questão a credibilidade das atuais potências do mundo na resolução de qualquer conflito mundial. Toda a região irá sofrer uma imensa instabilidade e violência. Nenhuma das partes interessadas, e especialmente a Autoridade Palestina gostaria disto. Assim, há todo o interesse de se manter o status quo dos acordos de Oslo, mesmo com todos os seus defeitos.

Similarmente, o Conselho de Segurança da ONU poderá se ver perante um dilema genuíno se pedido para adotar uma resolução que declare o estado Palestino dentro das fronteiras de 1967.

A própria base de todos os tratados de paz e outros acordos entre o Egito, a Jordânia, os Palestinos e Israel são a Resolução 242 de 1967 e a Resolução 338 de 1973 que reafirmou a necessidade de negociar a Resolução 242 e alcançar a paz.

Estas resoluções não se referem a fronteiras de 1967. Isto porque estas fronteiras nunca existiram. O que havia eram somente linhas de armistício e linhas de cessar-fogo que nunca foram reconhecidos como fronteiras. É um fato que durante as fases anteriores de negociações, a noção do retorno de Israel às linhas de 1967 nunca foi um ponto de negociação. Houveram alusões à estas linhas apenas como ponto de referência para a determinação de fronteiras seguras e reconhecidas para Israel.

A determinação de fronteiras é um componente essencial em relações entre estados. Os princípios de coexistência pacífica e de boa vizinhança, seja de acordo com as Nações Unidas, ou de acordo com os tratados de paz entre o Egito e a Jordania com Israel determinam a necessidade de reconhecimento mútuo de uma fronteira comum.

A ameaça dos palestinos de organizar uma sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas para adotar uma tal resolução na eventualidade que o Conselho de Segurança não o faça, mostra ou sua ignorância ou desrespeito pelo sistema desta organização internacional. Qualquer resolução desta, que seria provavelmente patrocinada pelos paradigmas de virtude internacional como o Irã, Siria, Cuba, Africa do Sul, os estados muçulmanos e provavelmente também a Russia, seria sem dúvida adotada pela maioria automática, mas sendo só da Assembléia Geral, não teria qualquer significância legal. Ela só serviria para massagear o ego dos palestinos e acrescentar mais uma à lista de resoluções fúteis das Nações Unidas.

As negociações de agora deveriam estar sendo conduzidas com seriedade e não arrastadas neste “jogo de ameças” e obrigar a comunidade internacional a aguentar estas ações irresponsáveis que podem ter resultados imprevisíveis.

De qualquer ângulo que se possa ver, esta atitude dos palestinos não ajuda à causa da paz que eles dizem querem, nem aumenta a confiança e respeito em relação à eles. Como é que alguém espera Israel confiar na boa-fé dos palestinos quando vivem fazendo este tipo de ameaça? Os palestinos não podem esperar que a comunidade internacional dance de acordo com a música de sua escolha em total desrespeito à acordos internacionais, às normas e práticas aceitáveis de negociações em boa-fé.

Eles deveriam primeiro colocar sua casa em ordem, entender o que significa assinar acordos para depois sentar e negociar qualquer coisa. Sem isto, sua assinatura somente valerá o preço do papel em que ela for aposta.

Monday, October 25, 2010

Obama e o Processo de Paz - 24/10/2010

O processo Washington, como tem sido chamadas as negociações entre israelenses e palestinos aqui nos Estados Unidos, e que começaram no princípio do mês de setembro 2010, tinham que trazer uma solução negociada para todos os pontos não discutidos nos acordos anteriores. Isto tinha que ser alcançado por negociações contínuas, dentro de um prazo de 1 a 2 anos, com um involvimento americano intenso e supervisão direta do presidente Obama, da secretaria de estado Hillary Clinton e do senador George Mitchell.


Claramente esta fórmula e especialmente o cronograma foram estabelecidos para mostrar os sucessos políticos de Obama justo antes das próximas eleições para presidente em 2012.

Mas menos de um mês depois destas negociações terem começado e depois de 10 meses de moratória de construções de judeus, durante os quais os palestinos se recusaram a negociar diretamente, os palestinos ameaçam sair andando porque Israel não extendeu a moratória. É irrelevante que Netanyahu tenha aceito instituir esta moratória discriminatória com a condição de que ela seria de somente 10 meses sem extensões. Agora os palestinos acham que têm a desculpa perfeita frente à Casa Branca e o mundo para cancelar as negociações.

Construções de judeus na Judéia e Samária nunca foram razão para a paralização de negociações pelos palestinos. Isto porque há anos que Israel não autoriza construções fora dos perímetros das comunidades já existentes, e portanto, não há o risco que Israel estaria pegando mais terras de palestinos.

Os acordos de Oslo são bem claros que NENHUMA DAS PARTES poderá tomar qualquer medida que altere o status quo da região até que um acordo final seja assinado. Não vejo ninguém em nenhum lugar reclamar da extensa e intensa construção palestina na Judéia e Samária, deixando em sua maioria predios vazios, com o único objetivo de redirecionar fronteiras num acordo futuro.

Desta vez, no entanto, o assunto dos assentamentos foi tomado pelos palestinos como "a" oportunidade para evadir as negociações que eles sabem irão entrar em colapso sobre os pontos-chaves como Jerusalem e os refugiados. Eles preferem explorar a controvérsia dos assentamentos criada pelos países do ocidente, especialmente os Estados Unidos, em vez de serem os culpados por este eventual colapso.

É muita ingenuidade pensar que um conflito que tem durado mais de 60 anos pode ser resolvido em 2 anos de negociações, por mais diretas que elas sejam. Um fim real para o conflito não poderá ser alcançado por pelo menos uma geração e por todas as razões a ver com estes pontos-chaves levantados por Mahmoud Abbas.

Israel é visto por muitos Palestinos e pelos outros árabes como uma entidade ilegítima. Israel exige que seus vizinhos a reconheça como um estado judeu ou pelo menos um estado do povo judeu. Mas o islamismo acredita que o judaismo deixou de ser uma religião relevante desde o advento de Maomé. Judeus são meramente comunidades religiosas pertencentes etnicamente aos povos entre os quais eles vivem, enquanto a Terra de Israel, do rio Jordão ao Mediterrâneo é um Waqf islamico, uma doação santa. Assim, muçulmanos e árabes não podem reconhecer Israel como um estado legítimo – que é uma condição sine qua non para qualquer acordo de paz ser bem sucedido.

O Monte do Templo e a mesquita al-Aqsa é um dos pontos mais difíceis de resolver porque este é o local mais sagrado para os judeus e não há qualquer indicação de que os israelenses estaria prontos a relegar sua soberania sobre ele. A destruição de antiguidades pelo Waqf palestino em 1996 provou aos israelenses que os palestinos não têm qualquer respeito nem pela história nem pela cultura do povo judeu ou pela herança histórica da humanidade. O objetivo dos palestinos é o de impor sua capital em Jerusalem apesar da cidade nunca ter sido capital de qualquer entidade palestina – que nunca existiu – ou de qualquer califa islâmico, emir ou sultão.

Sobre o retorno de refugiados, um retorno em massa para Israel próprio de palestinos que sairam em 1948 é visto com pela sociedade israelense como uma fórmula para um suicidio nacional coletivo. Neste ponto, os israelenses estão todos unidos, tanto da esquerda como da direita e há também precedentes jurídicos no direito internacional apoiando a posição israelense. Em março ultimo, a Corte Europeia de Direitos Humanos decidiu que gregos que haviam fugido ou que haviam sido expulsos do norte da ilha de Chipre quando os turcos invadiram em 1974, não têm o “direito de retorno”. Mas entre os refugiados palestinos no Líbano, Síria, Jordânia e da Autoridade Palestina, a narrativa do direito de retorno não é só dominante mas iminente. Qualquer tentativa da liderança da OLP de comprometer esta posição, causará uma grande revolta entre os palestinos e também nos países árabes que os acolheram.

Existem também razões pela qual a liderança israelense não quer hoje um progresso significativo no status final das negociações. Uma é as fronteiras e os assentamentos. Os eventos que se seguiram a retirada unilateral de Gaza e a remoção de 26 comunidades e suas 8 mil familias, fizeram com que a grande maioria dos israelenses hoje não apoie tais medidas. Nenhum governo israelense hoje conseguirá convencer o parlamento a aprovar uma evacuação em massa de colonos das comunidades da Judéia e Samária.

Além disso, israelenses hoje temem que um estado palestino estabelecido em contiguidade territorial na Judéia e Samária caia nas mãos do Hamas – seja por eleições como aconteceu em Janeiro de 2006 ou por um golpe como em Junho de 2007. Nem a Casa Branca nem as Nações Unidas podem prometer a Israel que isto não acontecerá. Assim, Israel está realmente procedendo com cautela nestas negociações para o estabelecimento de tal estado palestino. Além disso, a falha da UNIFIL no sul do Líbano em prevenir o rearmamento da Hizbullah, fez com que os israelenses hoje também duvidem na efetividade de uma força internacional para separá-los dos palestinos.

E acima de tudo, os palestinos não estão sendo preparados por sua liderança a aceitarem o convívio pacífico com Israel e com judeus. A mídia oficial da Autoridade Palestina publica diariamente artigos antisemitas, virulentamente anti-Israel.

Em conclusão, o status final dos pontos-chaves são tão complexos que sua solução num futuro próximo simplesmente não é alcançável. Qualquer um, e neste caso estou falando de Obama e sua administração – que forçar os lados a negociarem soluções que englobem estes pontos de modo apressado, apenas como instrumento de campanha eleitoral, irá mais provavelmente gerar uma crise que não irá beneficiar ninguém.

Monday, October 18, 2010

Netanyahu ou Lieberman - 17/10/2010

Muito tem se falado dos desentendimentos entre Bibi Netanyahu e seu Ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman.

Se hoje Netanyahu quer transmitir para o mundo o seu otimismo e certeza de um acordo iminente com Mahmoud Abbas, Lieberman é mais conservador e acha que isto não acontecerá talvez por outras 2 ou 3 gerações. E foi isto o que ele disse em seu discurso nas Nações Unidas há 3 semanas atrás. Lieberman e seu partido, Israel Beitenu, têm visões diferentes sobre o que deve acontecer com o processo de paz e defende a transferência dos grandes enclaves palestinos que vivem em Israel para a Autoridade Palestina.

A esquerda israelense quer que Netanyahu dispense o partido de Lieberman da coalisão do seu governo e convide Kadima, de Tzipi Livni e Ehud Olmert, para substituí-lo desde que os dois possam participar das negociações com os palestinos. Na terça-feira passada, Olmert e Livni acusaram Netanyahu de destruir as relações de Israel com os Estados Unidos ao se recusar a extender o congelamento da construção na Judeia, Samária e Jerusalém por mais 2 meses. E por causa disto, Olmert acha que Obama teria todo o direito em retirar o apoio dos Estados Unidos a Israel.

Mas qual é a posição de Israel? A de Netanyahu ou a de Lieberman? Será que temos em Abbas um parceiro para a paz com o qual podemos forjar um acordo histórico como disse Bibi ou os pontos de divergência (Jerusalem, o reconhecimento de Israel como um estado judeu e a volta de milhões de refugiados palestinos para Israel próprio) tornam a noção de qualquer acordo iminente em uma idéia totalmente ridícula?

Se for como Bibi disse, porque então ele poria em risco esta oportunidade histórica – a chance de realizar o sonho de Israel de normalizar as relações com seus vizinhos – por causa de uma simples extensão de meros 2 meses da moratória? E ainda, como poderia Bibi permitir que seu Ministro das Relações Exteriores minasse a credibilidade de seu governo sem lhe fazer nem mesmo uma repreensão em público?

Mas se o governo de Israel no fundo acredita que Lieberman está certo, porque então o primeiro ministro estaria levando o povo e a comunidade internacional a crer que a paz é possível agora e levantar expectativas que na verdade não existem? E ainda, se a liderança palestina não mostrou estar pronta para a paz com um estado judeu ao seu lado, uma Palestina que não ameace a segurança de Israel militar ou demograficamente, porque então Netanyahu diz que Abbas é seu parceiro para paz?

Tantas questões e não parece haver uma resposta razoável. A verdade é que ninguém sabe nada das discussões com os palestinos e americanos. Nem mesmo os membros do gabinete interno do governo sabem o que está se passando. E esta falta de informação produz um sem fim de especulações e mais questões.

Uma é sobre os esforços que os americanos estariam fazendo para convencer Bibi a extender a moratoria por 2 meses. O Washington Institute disse que uma carta de Obama teria sido enviada a Netanyahu com uma série de promessas que vão desde apoiar Israel em alguns pontos-chaves nas negociações até a entrega de sistemas de defesa avançados no futuro. Ainda, a carta teria incluido a promessa do veto americano no Conselho de Segurança da ONU em qualquer iniciativa problemática para Israel, o apoio da presença de tropas israelenses no Vale do Jordão e maior assistência militar Americana.

É difícil entender como este pacote de ofertas seria atrativo para Israel. Os Estados Unidos tradicionalmente asseguram os vetos necessários nas Nações Unidas e vão continuar a fazê-lo em face da recusa do mundo árabe de cooperar com Obama e extender qualquer abertura a Israel. Na semana passada a Casa Branca negou ter enviado tal carta mas estas ofertas parecem ter sido mesmo feitas.

A única certeza que temos é que há muito mais acontecendo por trás dos bastidores que não sabemos.

O que mais os Estados Unidos poderiam estar oferecendo a Netanyahu? Algumas reportagens disseram que Bibi quer que Obama reitere o conteúdo da carta de Bush a Ariel Sharon apoiando a anexação dos grandes blocos de assentamento e se opor ao direito de retorno de milhões de palestinos para Israel próprio. Isso parece mais plausível. Talvez haja até algo sobre o Irã ou sobre Jonathan Pollard.

Mas sem querer ser cínica, porque Obama estaria oferecendo isto tudo para uma extensão da moratória de construção de judeus por apenas 2 meses? Será que estariamos a beira de um acordo? Será que as fronteiras com a Judéia e Samária estão prestes a serem demarcadas? Isto é esticar muito a imaginação.

Depois de anos de negociação, Israel e os palestinos – e lembrem bem que foram os palestinos que se recusaram a sentar na mesa de negociação por 9 meses e meio da moratória – magicamente se tornaram capazes de sobrepujar suas diferenças de décadas e resolverem seus problemas em 2 meses.

E se isso for verdade, porque é preciso convencer Netanyahu a extender a moratoria com tantas promessas?

E agora sendo cínica, estes dois meses a mais nos levaria para depois das eleições americanas em novembro e se Bibi e Abbas estiverem negociando, será um trunfo para Obama poupando-o de mais uma falha da sua administração, além da depressão da economia, desemprego a 10% e a oposição à sua política de saúde nos Estados Unidos.

Se quisermos ver porque Netanyahu concordou com uma moratória de 10 meses e não de um ano, ou seis meses, é porque Obama estava certo de poder fazer um anúncio de paz bombástico justo antes das eleições e capitalizar o sucesso. Mas aí Abbas veio e estragou o cronograma ao se recusar a sentar na mesa de negociação até ser tarde demais para haver qualquer progresso.

Por toda estupefação do público, a irritação da mídia e a frustração dos políticos, Netanyahu tem o direito de conduzir as negociações como ele bem entender, incluindo a escolha de seus ministros. Mas ele não pode manter o sigilo para sempre.

O Irã continua a manter a destruição de Israel como o primeiro item de sua agenda e a Hizbullah e o Hamas estão se rearmando a níveis nunca vistos.

Se, ao final, quando tivermos as respostas, Lieberman tiver razão, que nenhuma oferta viável para Israel será suficiente para os Palestinos e que Abbas não deixou apenas de responder positivamente às ofertas de Olmert mas que não tinha qualquer intenção em aceitá-las, ficaremos surpresos por todo este entusiasmo de Bibi. As negociações irão por água abaixo e a violência retornará. E o mundo irá tomar a recusa de Bibi em extender a moratória pelos 2 meses como razão pelo colapso do processo de paz, mais uma vez culpando Israel.

Mas será que Livni e Olmert estariam certos sobre o estado de relações de Israel com os Estados Unidos? Nesta última terça-feira perguntaram ao porta-voz do Departamento de Estado americano P.J. Crowley se a administração Obama reconhece Israel como um estado judeu e se tentaria convencer os palestinos a reconhece-la como tal. A pergunta teve que ser repetida 6 vezes antes dele responder afirmativamente mas de modo obtuso. Ele disse que do modo que Israel se vê a si mesma, sim, é um estado judeu. Sobre convencer os palestinos, ele não respondeu.

A recusa do Departamento de Estado em dar uma resposta direta e inequívoca mostra que Israel nunca teve uma administração americana tão hostil. Afinal, reconhecer Israel como um estado judeu significa reconhecer o povo judeu como uma nação e como nação, reconhecer seu direito à auto-determinação em sua terra ancestral. Assim, reconhecer Israel como um estado judeu é reconhecer o direito de Israel de existir.

Se os Estados Unidos não têm isto claro, como podem exigir o mesmo dos Palestinos? E se os palestinos vêem a posição americana como ambivalente neste ponto, não haverá qualquer medida de apaziguamento que trará Abbas a assinar um acordo de paz. E as relações com os Estados Unidos estarão comprometidas independente de qualquer ação de Netanyahu.

Assim, a posição da esquerda de Israel, mais uma vez, é incoerente. Por sorte há diferença entre como uma democracia funciona e como manda uma ditadura. As relações dos Estados Unidos dependerão sempre do povo americano e não de seus líderes. Uma pesquisa de opinião conduzida no começo deste mês pela McLaughlin and Associates mostrou resultados extraordinários: 77% dos americanos acreditam que os palestinos têm que reconhecer Israel como um estado judeu e 93.5% exigem que os Estados Unidos se preocupem com sua segurança.

Não só os americanos se preocupam com Israel, mas querem que seus líderes também se preocupem. 51% dos questionados disseram que estariam mais inclinados a votar em um candidato pró-Israel e 53% disseram que não votariam em alguém que fosse anti-Israel mesmo se gostassem de sua plataforma em outros pontos.

Assim, do ponto de vista de Netanyahu, para manter o apoio do povo americano, ele tem que se manter firme e não se entregar como a esquerda de Olmert e Livni exigem.

Com o início da contagem regressiva para as eleições nos Estados Unidos, está cada vez mais claro que é Obama quem pagará o preço por sua política hostil a Israel. A falta deste reconhecimento pela esquerda israelense não é de surpreender. Mas como o líder eleito de Israel, Netanyahu deve saber reconhecer a verdade. Se ele quer assegurar a aliança com os Estados Unidos, ele tem que fazer o que é melhor para Israel e não o que é melhor para a esquerda ou para Obama.

Sunday, October 10, 2010

Ahmadinejad no Líbano - 10/10/2010

Ahmadinejad está com viagem marcada para o Líbano nesta semana que entra. De acordo com suas declarações, ele quer ir para a fronteira com Israel e jogar pedras nos judeus. Para quem roubou a última eleição e matou centenas de Iranianos no processo, esta não é uma indignidade muito grande. Afinal de contas, isto tudo será contrabalançado pela fanfarra e recepção esplêndida que o governo libanês promete lhe fazer.


Mas qual é a mensagem que Ahmadinejad quer dar? Jogar algumas pedras não irá aumentar nossa convicção de que ele realmente odeia judeus e ou que queira destruir Israel. Ele já deixou isto bem claro.

A mensagem de Ahmadinejad é outra. Primeiro, Ahmadinejad está dizendo aos libaneses que quem manda no Líbano é ele. Segundo, ele quer mostrar que a influência dos Estados Unidos no país acabou, e que o primeiro ministro, Saad Hariri, precisa se curvar a esta nova realidade se quiser continuar no cargo. E terceiro, é uma mensagem ao povo iraniano e especialmente à oposição.

Desde a última guerra de Israel com o Líbano em 2006, a Hizbullah se fortaleceu substancialmente. E hoje, o grupo financiado pelo Irã tem todo interesse em aumentar as tensões no Oriente Médio, dando um golpe e tomando as rédeas do governo para cobrir ou desviar a atenção dos resultados da investigação do assassinato do primeiro ministro anterior Rafik Hariri.

O Tribunal Especial para o Líbano das Nações Unidas irá publicar os resultados nos próximos dias e ao que parece, jogar a culpa pelo assassinato diretamente na Hizbullah e na Síria. Mas a Hizbullah já está atacando o resultado. Nawaf al-Moussawi, um membro do parlamento líbanês avisou que qualquer libanês que aceitar as acusações do tribunal será morto como colaborador de Israel e dos Estados Unidos.

De acordo com jornais libaneses, milícias da Hizbullah já tomaram pontos estratégicos em todo o país sob o comando da guarda revolucionária Iraniana. A Hizbullah não reconhece a soberania do estado libanês, tem suas próprias forças de segurança, serviços de inteligência e sistemas de comunicação. A mensagem da Hizbullah é: se publicarem a verdade, tomamos o Líbano e vamos transformá-lo em outro Irã.

Ahmadinejad está procurando uma oportunidade para exportar sua revolução islâmica ao Líbano, criando instabilidade para desviar a atenção do seu programa nuclear e permitir que ele cumpra seu sonho de apagar Israel do mapa. E não podemos esquecer que uma vitória da Hizbullah em tomar o poder no Líbano, significará também uma vitória para o Hamas em Gaza, para a irmandade islâmica no Egito e para outros grupos terroristas islâmicos.

Hoje Ahmadinejad tem todo interesse de mostrar que o Líbano é colônia do Irã e até reinvindicar para si as reservas de gás encontradas por Israel em sua costa norte. Hoje ele não se importa em desfazer o mito de que a Hizbullah é simplesmente um partido político libanês e uma força militar como líderes na Europa costumam repetir.

E esta não é a primeira vez. Em Maio de 2008, depois da Hizbullah ameaçar tomar o poder no Líbano à força, conseguiu poder de veto absoluto em todas as decisões do governo. Então, quem é que governa lá de fato? O atual primeiro ministro, Saad Hariri, se viu na inconfortável posição de ter que se curvar para os Sírios e a Hizbullah, assassinos de seu pai.

Está claro que esta visita de Ahmadinejad foi marcada para neutralizar o impacto do resultado das investigações do Tribunal Especial das Nações Unidas. E para tanto, a Síria emitiu mandatos de prisão para 33 oficiais libaneses por terem “dado falso testemunho” aos investigadores e Nasrallah exigiu ontem à noite que Hariri e seus correligionários denunciem a validade do resultado.

Se Hariri se dobrar à esta exigência, irá destruir a única força política independente do Líbano. Mas seus esforços para conseguir apoio dos sauditas e egípcios para formar sua própria milícia junto com os cristãos contra a Hizbullah até agora não deram frutos. A falta de suporte dos árabes a Hariri é consequencia direta do efetivo abandono do primeiro ministro libanês pelos Estados Unidos.

Obama insiste em manter seu apoio ao exército libanês apesar de todas as evidências mostrarem que o exército está nas mãos da Hizbullah. Ainda, a obsessão de Obama com uma aproximação com a Síria para tentar mais este front de paz com Israel, fez com que qualquer ação contra Assad ficassem de lado. Em cima de tudo isto está o incompetente conselheiro para assuntos estratégicos de Obama, John Brennan que há alguns meses elogiou a Hizbullah e disse que era uma “organização muito interessante”.

A imbecilidade estratégica americana convenceu os líderes árabes que precisam ficar na moita e não se colocarem do lado errado com o Irã, especialmente com sua corrida para a bomba nuclear.

Finalmente, as visitas de Ahmadinejad ao sul do Líbano enviará uma mensagem muito clara ao povo iraniano. Um é para a oposição esquecer da idéia de tirá-lo do poder pois ele é a estrela da região. O outro é que se houver uma tomada de poder pela Hizbullah no Líbano, haverá certamente muito derramamento de sangue mostrando que este regime não hesitará a usar qualquer tipo de força para calar a oposição.

Com tudo isto, Israel deve estar sim preocupado com esta visita de Ahmadinejad ao Líbano porque ela aumenta as chances de uma nova guerra. Com seu total controle do sul do Líbano e mais de 40 mil mísseis, a Hizbullah pode começar uma outra guerra a qualquer minuto.

Esta semana foram liberados os arquivos das reuniões gabinete interno do governo de Israel acontecidas antes e durante a guerra de Yom Kippur em 1973. Na época, o Egito sabia que Israel tinha a vantagem estratégica mas os eventos antes da guerra, incluindo a aproximação de Sadat da União Soviética, convenceram a liderança de que o ataque lhes daria uma vitória política. E estavam certos. Um ano mais tarde, os Estados Unidos começaram a pressionar Israel a se retirar do Sinai.

O Chefe do Estado Maior hoje, Gaby Ashkenazi fez um comentário bem colocado sobre o conteúdo dos arquivos. Ele disse que a maior lição de 1973 é que “temos que estar com o dedo sempre no pulso e não descartar qualquer inimigo, sermos modestos em nossas avaliações, perguntar, levantar dúvidas e estarmos cientes que não podemos nos agarrar nos sucessos de ontem, porque eles não são válidos hoje”.

A insegurança dos estados árabes, a elevação do Irã no Líbano e em toda a região, o declínio da influência dos Estados Unidos no Oriente Médio como um todo, as vozes de simpatia para com a Hizbullah da administração Obama, tudo isto aumentará as chances de que o Irã dê a ordem de ataque.

Obviamente, Israel precisa se preparar para a guerra tanto no norte, como no sul como Hamas, outro filhote do Irã, e para o impacto político que ela poderá acarretar. Mas o que é importante aqui, é que pelo menos o exército de Israel parece ter aprendido com a história. Ashkenazi, como seu chefe supremo, declarou que a guerra de 73 e os dias que a antecederam, ensinaram-nos a questionar mesmo as coisas que sabiamos ser verdade, a contradizer axiomas e acima de tudo, a não nos apaixonarmos por nossas próprias idéias. E a não sermos cativos de um só conceito, não importa quão bem ele seja formulado”.

Agora são os políticos de Israel é que precisam ser convencidos...

Sunday, September 26, 2010

Nações Unidas, Ahmadinejad e O Fim da Moratória - 26/9/2010

O circo está novamente na cidade! Esta semana aqui em Nova Iorque tivemos a abertura anual da Assembléia Geral das Nações Unidas e junto com as ruas bloqueadas, trânsito caótico e protestos espalhados pela cidade, tivemos que engolir a presença de Ahmadinejad e seus intermináveis discursos.

Mas o pior é que o líder do Irã virou a vedete da mídia, conseguindo entrevistas com Christianne Amanpour na ABC, com Larry King na CNN e com a Fox News que será televisada hoje. Além disso, virou tradição ele oferecer um café da manhã para jornalistas dos maiores jornais americanos, como o New York Times, Washington Times e outros. E todos prontamente atenderam dando à ele uma plataforma para defender suas posições, em sua maioria, muito estranhas. Como disse um comentarista, o presidente do Uruguay não teria conseguido sequer chamar a atenção de qualquer destas emissoras.

Mas o que fez este ano a delegação dos Estados Unidos, de todos os 27 países da União Européia, da Austrália, Nova Zelandia, Canadá e da Costa Rica se levantarem e saírem da Assembléia Geral em protesto, foi a afirmação de Ahmadinejad de que o governo americano foi quem orquestrou os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York para reverter o declínio econômico da América e seus vassalos no Oriente Médio para salvar o regime Sionista (?????). Ele continuou dizendo que a “maioria do povo americano, assim como a maioria das nações e políticos no mundo concordam com este ponto de vista”.

E não parou por aí. Chamou Netanyahu de ditador (apesar dele ter sido democraticamente eleito pelos israelenses) e também de assassino de palestinos que deveria ser julgado num tribunal internacional.

Mais uma vez Ahmadinejad escolheu vomitar teorias vís e antisemitas que são tão esquizofrenicas e irracionais quanto previsíveis.

Obama, que já havia feito seu discurso respondeu numa entrevista que dizer que as próprias autoridades americanas foram responsáveis pelos ataques era odioso e ofensivo, especialmente pela declaração ter sido feita um pouco ao norte do local aonde ocorreram.

Ahmadinejad sem dúvida conseguiu o que queria. Suas várias oportunidades de fotos com dignatários do mundo inteiro e a adulação da mídia americana, sem dúvida, melhoraram sua imagem no Irã que já está sentindo os efeitos das sanções econômicas. Além disso, ao se lançar mais uma vez contra Israel, Ahmadinejad se manteve como o grande defensor da causa palestina acima de qualquer líder árabe. Fareed Zacharia da CNN perguntou se ele apoiaria um acordo que os palestinos decidissem assinar, e Ahmadinejad pareceu extremamente desconfortável com a pergunta. A resposta à questão é obviamente não, pois a continuação do conflito entre Israle e os palestinos muito o ajuda a alcançar suas ambições nucleares.

Mas foram as declarações de Obama sobre as negociações no Oriente Médio que causaram mais debate na mídia. Em uma das mais longas passagens de seu discurso, Obama descreveu a importância dos israelenses e palestinos chegarem à um acordo de paz, dentro dessas discussões diretas que ele ajudou a colocar em marcha.

No seu estilo tradicional de retórica, Obama disse que “desta vez precisamos pegar o que há de melhor dentro de nós” seja lá o que for que isto queira dizer. Se isto acontecer, de acordo com Obama “então voltaremos no ano que vem, teremos um acordo que levará à recepção de um novo membro das Nações Unidas – um estado da Palestina, independente e soberano, vivendo em paz com Israel”. É claro que isto lhe conferiu aplausos fervorosos.

Mas Obama também falou sobre a necessidade de Israel extender a moratória de construção dos judeus na Judéia e Samária pois ela fez diferença no chão e melhorou a atmosfera das discussões. Esta moratória expirou hoje à meia-noite mas os residentes da Judéia e Samária não estão vendo qualquer razão para celebração.

Isto foi uma manobra muito bem calculada por Abbas, apoiado por Obama que realmente acredita que nenhum judeu tem direito de construir em território pós-67. Durante os 10 meses negociados com Netanyahu, Abbas se recusou a sentar, esperando pelo último momento literalmente para dizer que se as construções resumirem ele abandonará as negociações. Isto é muita Chutzpah!
Durante estes 10 meses centenas de pessoas e companhias com contratos, com construções já autorizadas para começar ou em andamento, dando emprego a outras centenas de palestinos, tiveram que ser suspensas. Estas pessoas tiveram que alugar outra moradia, colocar seus filhos em outras escolas, pagar pelo material já comprado, e pagar advogados para receberem alguma forma de compensação pela decisão do governo de baixar a cabeça lamber as mãos de Obama. Mas esta situação não pode durar para sempre.

Além disso, o que pouca gente noticia é que há anos não há absolutamente nenhuma autorização para judeus construirem fora dos perímetros dos assentamentos já existentes e dentro destes perímetros só com ordem do ministro da defesa, o que, como devem imaginar, não é fácil conseguir. Portanto, não há problema de “tomada de terras adicionais” como reclamam os palestinos e há um consenso de que estes assentamentos ficarão em Israel. Tudo isto é pura desculpa para Abbas sair andando das negociações.

Apesar de Netanyahu ter dito que não irá extender a moratória, o noticiário está repleto de “soluções temporárias” oferecidas por Israel, como por exemplo, extender a moratória por só mais três meses, ou pelo menos não dar nenhuma autorização nova, deixando prosseguir as construções que já haviam obtido as permissões necessárias antes da moratória. Levando tudo isto em consideração, é como se a moratória continuasse de fato.

Se por um lado há a opinião de que uma declaração de Netanyahu terminando de vez a moratória seria um tapa na cara de Obama como expresso pelo insípido ex-cônsul de Israel em Nova York Alon Pinkas, há por outro, analistas respeitados de centro esquerda como Dan Margalit, que disse que há momentos em que palavra é palavra e que os palestinos precisam aprender o que é isto.

E aí temos Jerusalem, especialmente Jerusalem do Leste aonde há um congelamento total, que vai muito além da moratória e que não está baixo qualquer consentimento de Netanyahu. É um congelamento de fato, muito mais preocupante pois Netanyahu sempre negou aplicar a moratória à este lado da cidade.

Será que ao final a oferta que Olmert havia feito é a que foi tomada como ponto de partida para estas negociações? Olmert havia oferecido dividir Jerusalém, dar entre 93.5 e 93.7% da Judéia e Samária e o resto em terra de Israel própria e mais um corredor para Gaza, além de aceitar uns 20 mil refugiados e concordar em abandonar o Muro das Lamentações e a esplanada do Templo para um chamado consórcio de sauditas, jordanianos, palestinos, israelenses e americanos, como se algum destes “consórcios” já funcionou alguma vez no passado. Vide o exército da ONU no sul do Líbano e o corredor Philadelphi que deveria ser monitorado pela União Européia para evitar o contrabando de armas para dentro de Gaza.

Apesar de Netanyahu não estar amarrado a qualquer concessão feita por Olmert, é histórico o fato de que toda abertura por Israel, mesmo que temporária, vira algo permanente e exigido pela comunidade internacional. Com todas estas concessões contra uma mera promessa de que os palestinos viverão em paz com Israel, não há como ter esperança. Olmert disse que não há escolha para Israel.

Mas digamos que Israel diga não. Que não irá dividir Jerusalém ou sair da Judéia e Samária. Será que os Estados Unidos irão abandonar seu único verdadeiro aliado na região como Olmert diz? Ou então mandar tropas para forçar mais de 200 mil israelenses de suas casas? Isto é absurdo.

Todos nós sabemos que assim que Israel entregar a Judéia e Samária, elas virarão mais um foco de hostilidades e terrorismo contra Israel. Sempre haverá outra desculpa como vimos com Gaza que ainda diz que está sob ocupação. Se no entanto Israel não sair, suas cidades pelo menos a curto e médio prazo estarão seguras até que a situação mude ou a liderança palestina mude.

Esta idéia que é melhor Israel se colocar hoje nesta situação vulnerável porque no futuro não terá escolha, é ridícula. Quem se entrega ao seu assassino hoje porque  acredita que ele entrará em sua casa amanhã de qualquer forma?

Eu rezo e espero que esta ânsia para fazer a paz a qualquer preço, não deixando de mover nenhuma pedra, não cegue os líderes de Israel e dos Estados Unidos. Pois é só olhar para o Muro das Lamentações e saber que há algumas pedras que simplesmente não podem ser movidas.

Saturday, September 25, 2010

As Negociações com os Palestinos - 19/9/2010

Mais uma vez o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas ameaçou se demitir do posto se desta vez as negociações diretas com Israel falharem. Mas ninguém está vendo nem a OLP nem a Fatah ocupados em procurarem um substituto.


Abbas fez esta declaração numa reunião recente do Comitê Central da Fatah. Outra vez. Nos últimos anos Abbas ameaçou dezenas de vezes de se demitir, cada vez por causa de outra coisa.

Agora, nesta “democracia” palestina, em vez de novas eleições, o que irá acontecer se Abbas sair de cena, é que o Conselho Central da Fatah irá se reunir e eleger um novo presidente que seja aceito também pela OLP. Como em outros países árabes, não há o cargo de vice-presidente para tomar o leme se houver a necessidade.

A Autoridade Palestina está infeliz com o plano de Washington de se concentrar nos encontros bilaterais entre Abbas e Netanyahu em vez das negociações serem conduzidas por delegações de negociadores dos dois lados. Isto colocará toda a responsabilidade pelo sucesso ou falha das negociações pessoalmente nos ombros de Abbas. Além disso, neste novo formato, as negociações são conduzidas com um americano presente. Muitos analistas têm dito que Abbas fala com o mediador americano e este com Netanyahu e que estas negociações não são tão “diretas” como gostariamos de acreditar.

A inflexibilidade que Abbas quer manter em tudo, inclusive na continuação do congelamento de construção judaica na Judéia e Samária, está em direta contradição com a própria essência da negociação que é o “toma lá, dá cá”. Nabil Sha’ath, membro da delegação palestina nestas “negociações de paz”, reiterou neste final de semana que Abbas e os palestinos não farão qualquer concessão a Israel, inclusive a de reconhecer Israel como um estado judeu. Ele continuou dizendo que a continuação do processo de paz irá depender das ações de Israel no chão, especialmente em relação à expansão dos assentamentos”.

Então, do lado dos palestinos estas negociações são efetivamente um complô para enfraquecer Israel porque se eles já construiram um muro de aço sobre suas demandas e não há o que negociar, e para concordarem em apenas sentar, Israel precisa fazer concessões que afetarão seu futuro e segurança, alguém tem que me explicar qual é o ponto de tudo isso.

Muitos me perguntam porque sou contra as negociações de paz. Afinal, Hillary Clinton e o próprio presidente de Israel, Shimon Perez, parecem estar seguros que não há futuro para o status quo. Hillary disse na semana passada que isto não quer dizer que a situação atual não possa durar mais uns 30 anos mas que ao final, ela é insustentável para Israel. Como se só Israel tivesse a perder com a falta de um acordo de paz.

Não sou contra negociações de paz. Muito pelo contrário. Sou contra estas negociações de paz, neste contexto e com estes atores. Não é lógico se negociar uma paz que envolva a entrega de terra, com bilhões de dólares em ajuda econômica prometida que possam ser usados em armas, e o fortalecimento de um inimigo que não está preparado psicologicamente para a paz.

Isto não é especulação. Já tentamos isto no passado. A guerra dos palestinos contra Israel foi o resultado direto dos acordos de Oslo. Estes acordos deram autonomia aos palestinos que foi usada por eles não para construirem um país mas para incitar os jovens, trazerem armas e explosivos e se organizarem para a guerra. Israel não aprendeu com Oslo e em 2005 entregou Gaza e não preciso lembrar aqui o resultado.

Todos os acordos entre Israel e a OLP foram predicados na entrega de terras por Israel contra promessas de moderação pelos palestinos. Israel cumpriu com seu lado mas a OLP, ao contrário, usou cada acordo para aumentar sua guerra política e terrorista contra Israel.

E para tentar resolver este problema criado pelas “iniciativas de paz”, o mundo decidiu que o remédio seriam mais concessões. Mas não há qualquer concessão mágica que resolva o problema.

Toda concessão por Israel, por mínima que seja, como o discriminatório congelamento temporário da construção por judeus na Judéia e Samária, é considerada permanente e o ponto de partida para mais concessões.

Muitos dizem que Israel tem a ganhar com estas negociações porque ao final Abbas não irá assinar qualquer acordo. E isto é provavelmente verdade. Com o Hamas controlando Gaza e grande maioria dos palestinos na Judéia e Samária simpatizantes do grupo terrorista, Abbas não vai arriscar sua vida assinando qualquer coisa com Israel.

Mas qualquer vantagem política mínima que Netanyahu pode pensar em conseguir, no final não irá compensar os danos que provavelmente estas negociações causarão. Primeiro, os apertos de mão e tapinhas nas costas de Abbas, só legitimam as exigências de um líder que não condena qualquer ataque terrorista que custam vidas de israelenses, não aceita um estado judeu no Oriente Médio, exige que milhões de palestinos sejam transferidos para Israel próprio e não aceita que Israel fique com terra suficiente para se defender de um ataque árabe ou palestino no futuro.

Segundo, como vimos com o congelamento “temporário”, qualquer concessão feita por Israel se torna uma exigência permanente. Além disso, dá ao Hamas a vantagem de recomeçar os ataques de Gaza com impunidade pois no interesse da “paz”, Israel não irá retaliar.

Terceiro, ao concordar em fazer tudo em sigilo, sem transparência nas negociações, Netanyahu pode estar fazendo concessões diametralmente opostas ao interesse de seu eleitorado. Hoje não há consenso em Israel sobre entregar qualquer parte da Judéia e Samária depois do que aconteceu em Gaza.

Mas Israel continua seguindo a filosofia dos conselheiros de Obama que vêm o público em geral como Homer Simpsons incapazes de tomar decisões sábias. Eles, os tecnocratas de Washington sabem tudo e os simplórios israelenses têm que viver com as consequências do que está sendo negociado hoje.

A conclusão é que único incentivo para Abbas continuar sentado à mesa de negociações é o de levar ao enfraquecimento de Israel para aumentar as chances de vitória dos árabes numa futura guerra.

Por isso não concordo com estas negociações. Depois de todas as concessões que os palestinos obtiverem de Netanyahu, o que irá ocorrer é que os palestinos dirão que Abbas não tinha autoridade para assinar o acordo porque já não era presidente da Autoridade Palestina desde o final de Janeiro de 2009. Eles não precisarão cumprir qualquer obrigação mas Israel, aos olhos do mundo, terá que cumprir as suas. Além disso, Abbas e a Fatah não têm jurisdição para decidir o que quer que seja em Gaza, governada pelo Hamas, que foi eleito de modo democrático. Mas acima de tudo, não há qualquer sinal que Abbas esteja preparando seu povo para aceitar uma paz com Israel, muito pelo contrário. A retórica anti-judaica e anti-Israel na mídia oficial palestina escalou substancialmente desde a retomada das negociações. Certamente Abbas não quer entrar para a história árabe como o que assinou um acordo com Israel abandonando a reividicação da palestina do Mediterrâneo ao Jordão.

Netanyahu precisa ter em mente que o que o fez aceitar o congelamento temporário das construções judaicas na Judeia e Samária há 10 meses atrás, talvez hoje não seja relevante. Obama havia acabado de assumir o poder e tinha muita força política mas hoje não é mais assim. Nesta semana saíram os índices de aprovação do presidente americano que nunca estiveram tão baixos. Ele irá perder a maioria no Congresso e no Senado americanos e muito de sua força política. Assim, não há nada para Israel ganhar hoje e muito a perder a aceitar as exigências de Obama.

Se como Hillary Clinton disse, esta situação pode continuar pelos próximos 30 anos, vamos esperar até termos um verdadeiro líder palestino que esteja preparado a correr o risco, que prepare seu povo para conviver em paz com seus vizinhos e que acima de tudo, tenha a legitimidade de representação de todos os palestinos. Afinal, se como dizem, planejar à longo prazo no Oriente Médio é um mês ou dois, 30 anos poderá ser cheios de surpresas.

O que é importante agora é ganhar tempo e Netanyahu precisa saber usá-lo e evitar levar Israel no caminho da fraqueza e derrota.