O ex-presidente George Bush acabou de lançar seu livro de memórias aqui nos Estados Unidos. Nele, entre muitas coisas que marcaram sua presidência, ele descreve seu relacionamento com Ariel Sharon, especialmente o respeito, admiração e entendimento que havia entre eles.
Bush escreveu sobre sua primeira visita a Israel em 1998 e o tour de helicóptero com Sharon. Ele diz que o ex-primeiro ministro era uma figura imponente que servira em todas as guerras de Israel e que conhecia cada polegada daquela terra. Sem dúvida, os locais apontados por Sharon que haviam sido somente 9 milhas em largura devem ter impressionado o Texano com a vulnerabilidade de Israel numa vizinhança tão hostil.
Outro fato interessante do livro é que Bush diz que Sharon foi a pessoa para quem ele ligou para se aconselhar logo após os ataques de 11 de setembro. Ele queria a opinião de um líder que sabia o que era lutar contra o terrorismo.
E Bush era bem menos próximo de Sharon do que Clinton havia sido de Rabin. Quanta diferença no relacionamento vemos entre Israel e os Estados Unidos. Hoje, não sobrou muito destes relacionamentos como se vê na interação entre Obama e Netanyahu.
Mas muito mais preocupante é que os próprios valores que sempre foram a base deste relacionamento estão desmoronando. A posição viceral de Obama contra a presença de judeus em sua terra ancestral transformaram a parceria em uma relação de adversarios.
No passado, o envolvimento Americano no processo de paz com os palestinos era de boa vontade e conhecimento historico que ao final iria trazer os relutantes e violentos palestinos a um acordo que reduzisse suas exigências a algo que Israel pudesse aceitar.
Nas últimas décadas houveram desavenças entre os Estados Unidos e Israel. Mas em todos estes anos havia um reconhecimento que Israel foi ressuscitada em 1948 mediante consenso internacional e foi deixada sem fronteiras porque os árabes se recusaram a aceitar a criação de um estado palestino, preferindo ir à guerra para destruir o estado judeu. Israel, então, a única democracia da região, teve que ano após ano, lutar contra inimigos implacáveis que queriam sua destruição, contra incessantes ataques terroristas e repetidas tentativas de boicotes econômicos e sanções diplomáticas. Em 1948, Israel não tinha controle sobre o território que hoje é o centro da controvérsia. Ao contrário, este território é o mesmo do qual os árabes lançavam seus ataques contra o nascente estado judeu.
Outro princípio sabido pelos Estados Unidos é que nenhum governo israelense desapontou em sua vontade de fazer a paz ou se recusou a fazer concessões mesmo quando o lado palestino deixava muito a desejar em credibilidade e confiança.
Mas hoje, estes princípios parecem terem sido esquecidos. Negociar com os palestinos provou ser extraordinariamete frustrante nestas duas últimas décadas. E hoje, antes mesmo que Israel possa pensar em levar à frente estas negociações ela se vê num confronto com os Estados Unidos, em discussões tensas e sem fim.
Nesta última quinta-feira em Nova Iorque, Netanyahu e a secretária de Estado, Hilary Clinton sentaram por 7 horas em seguida. Isto teria sido bom se os palestinos, que sairam das negociações diretas 2 meses atrás da mesma forma que recusaram cada oferta séria de paz, tivessem estado presentes.
Os palestinos estão mais do que nunca seguros que podem seguir a caminho de um Estado independente sem precisarem comprometer nenhuma posição ou aceitar qualquer reconciliação com Israel. E isto é devido em grande parte à atitude desta administração americana.
A moratória que os Estados Unidos exigem, proibirá que qualquer judeu coloque um tijolo sequer em casas que estão construindo legalmente. Isto apesar dos Estados Unidos estarem patrocinando projetos de construção em massa para os palestinos, em total contravenção aos acordos de Oslo. Obama nem sequer tenta disfarçar esta total discriminação que ele como professor de direito constitucional e membro da raça negra, deveria ser o primeiro a rejeitar.
O objetivo declarado destes 90 dias é de trazer intensas negociações entre Israel e os palestinos. Mas Abbas repete em sua mídia oficial que não tem qualquer interesse em conversar e não aceitará qualquer paz oferecida por Israel.
Assim, a única conclusão a que podemos chegar é que Obama não está interessado ou preocupado com os palestinos aceitarem um acordo. O que ele quer é ver Israel abandonar mais terras.
E isto não é segredo. Clinton deixou claro que estas negociações são estritamente para decidir fronteiras, o que obrigará Israel com certeza a abrir mão de seu controle sobre a Judéia e Samária, que é a unica coisa que até agora impediu o Hamas de se apoderar da região.
Assim, mais uma vez, por causa de promessas americanas feitas à meia boca, Israel terá que sair de terras que são cruciais para sua sobrevivência e defesa e entregá-las para uma entidade que se recusa a reconhecer seu direito de existir, se recusa a desmantelar organizações terroristas, e não pára de ensinar o ódio às crianças que aspiram se tornar homens-bomba.
Obama se recusa até a garantir a união da capital de Israel. E Netanyahu, como líderes anteriores parece que também ficou cego com a proposta de passar para a história como um dos grandes fazedores da paz. Ele diz que Obama concordou em não mais renovar a moratória, diz que Obama prometeu mandar para Israel 20 F-35s se um acordo com os palestinos sair e finalmente disse que durante o próximo ano, os Estados Unidos não irão votar contra Israel no Conselho de Segurança da ONU.
Sobre a extensão da moratória por mais 90 dias só posso dizer que isto é comprar o mesmo cavalo morto duas vezes. Dizer que esta é a última vez que Obama irá pedir para Israel suspender construções na Judéia, Samária ou Jerusalém seria hilário se não fosse tão trágico. Agora, o negócio com os caças F-35, a estória é bem mais estranha. Israel precisa destes aviões para se defender contra inimigos como o Irã. Mas Obama diz que a entrega é contingente à Israel assinar um acordo com os palestinos. E isto nós sabemos aonde vai acabar.
Levando em conta que Obama está fazendo das tripas coração para que o Congresso aprove uma venda de 60 bilhões de dólares para a Arábia Saudita para que ela se defenda das ambições expansionistas do Irã, um país que apesar de todas as armas, não saberá se defender, mostra o verdadeiro desprezo de Obama para com Israel, o país mais corajoso, competente e aliado estratégico na região e mais do que a Arábia Saudita, um alvo do Irã real.
Em vez de armar Israel com tudo o que é necessário para ela se defender, Obama condiciona a ajuda à um acordo de paz com os palestinos que irá forçá-la a se retirar de fronteiras defensáveis e abandonar sua capital à inimigos jurados.
A promessa de apoio a Israel por um ano no Conselho de Segurança da ONU, algo que nunca foi objeto de negociação é um verdadeiro insulto. Mas isto quer dizer outra coisa. Isto quer realmente dizer que em um ano, Obama estará livre para pisar sobre o tradicional apoio dos Estados Unidos a Israel e condenar o estado judeu nos fóruns internacionais ao seu bel prazer.
Parece ainda, que os Estados Unidos teriam dado algumas garantias de segurança a Israel que reduziriam o risco de um Estado Palestino. Assim há um reconhecimento explícito pela administração americana que um estado palestino será por definição hostil a Israel. Como é que isto pode ser de interesse dos Estados Unidos?
Todas estas “ofertas” contra uma extensão de 90 dias de um congelamento anterior de 10 meses que não deu em absolutamente nada, como já sabíamos. Será que alguém acredita que 17 anos depois de Oslo e de duplicidade e mentiras dos palestinos, estes 90 dias irão fazer alguma diferença além de colocar Israel num canto ainda mais enfraquecida?
Num relacionamento saudável, os americanos não teriam exigido a suspensão de toda a construção de judeus como pré-condição para negociação e teriam reconhecido que Israel já evacuara Gaza e apresentara outras propostas para a criação de um estado palestino como enormes concessões para a paz.
A humiliação pública que os Estados Unidos submeteram Israel sobre as construções em Ramat Shlomo mostrou ao mundo árabe que o relacionamento entre os dois países não é tão inquebrável como se pensava.
Hoje, mais do que nunca, os palestinos estão imbuídos de ódio causado pela sua própria mídia oficial que repete que Israel nasceu em pecado, que seus soldados matam indiscriminadamente, e seus cidadãos roubam suas terras. Israel é mostrada como algo transiente e ilegítima, não importa em qual tamanho ou em quais fronteiras.
Num relacionamento sadio, os Estados Unidos se assegurariam de estar do mesmo lado de Israel, fazendo de tudo para não haver distrações do objetivo final que teria que ser a paz com os palestinos, o fim do programa nuclear do Irã e a mudança de seu regime. Mas aqui também as prioridades dos Estados Unidos parecem estar muito longe das de Israel. Netanyahu fez um acordo horrível com Hillary Clinton. Vamos esperar que o gabinete israelense tenha mais senso e não o aprove. Israel tem muito a oferecer ao mundo e seria de seu interesse de se aproximar de outros países como a China que hoje está em muito melhor situação diplomática para pressionar o Irã que os Estados Unidos. Isto talvez ensinasse a Obama que é muito mais fácil dizer “sim, nós podemos” do que faze-lo.
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