Sunday, November 14, 2010

A Culpa de Obama na Falha das Negociações de Paz

Imediatamente após uma nova disputa entre a administração americana e Israel sobre planos de construção em áreas judaicas de Jerusalem ter chegado à mídia, o “processo de paz” desceu a um nível além da tragédia para uma total falência.


Os três lados se comportam de modo previsível levando em conta suas posições ideológicas. Isto é de se esperar de Israel e dos palestinos que estão em conflito há tanto tempo, mas no caso dos Estados Unidos, a hostilidade de Obama para com Israel está sendo realmente contraproducente. Em vez de reduzir as tensões, a administração Obama as está exacerbando.

É verdade que os Estados Unidos sempre discordaram formalmente dos assentamentos na Judéia, Samária e Gaza, e houveram ocasiões em que esta discordância foi expressa contra judeus morarem na parte de Jerusalém capturada dos Jordanianos em 1967 e anexada por Israel. Aonde Obama difere de seus predecessores é que ele traz estes desacordos à publico tornando-os o centro das dicussões. Assim fazendo ele sistematicamente conseguiu destruir os próprios esforços que ele diz estar encorajando.

Quando Israel demoliu os assentamentos em Gaza e propôs uma série de acordos de paz que irão exigir o desmantelamento de outros assentamentos na Judéia e Samária, abandonando terras centrais da Terra de Israel Bíblica e evacuando milhares de seus cidadãos de suas casas, ela efetivamente mostrou sua predisposição a concessões violentamente divisivas. Tudo para um acordo.

Ao continuar a negociar com Israel durante os anos, mesmo com prédios sendo construidos, não só em Jerusalem mas na Judéia e Samária, dentro dos perímetros das comunidades já existentes, a liderança palestina essencialmente havia aceito a realidade de que certos blocos ficariam com Israel. Isto não era um problema porque estas construções não tomavam terras adicionais e criavam emprego para milhares de palestinos. Isto também deixava os líderes de Israel confortáveis com seu eleitorado e livres para negociarem um acordo que resolveria o status final do território em disputa.

Mas ao exigir repetidamente que Israel suspenda as construções em todos os locais tomados em 1967, incluindo em Jerusalem, o Presidente Obama e sua administração estraçalharam a estrutura de negociações existente.

Ramat Shlomo, o bairro que provocou a última altercação entre Netanyahu e Obama, se tornou ao longo dos anos a moradia de milhares de judeus . Este bairro não foi construido sobre qualquer vilarejo ou propriedade árabe. O bairro fica ao norte de Jerusalem e não ao leste e era aonde o exército jordaniano mantinha postos de observação. Igual aos bairros de Pisgat Ze’ev e Har Homa, Ramat Shlomo fica em uma area que Mahmoud Abbas ou qualquer outro líder palestino nunca poderia pensar que seria transferido para um estado palestino.

Mas mesmo os 10 meses de congelamento das construções não foram suficientes para esta administração porque Jerusalem não foi incluida. Apesar de ter sido Abbas quem se recusou a negociar por 9 meses e meio dos 10 meses – em parte por causa da reação americana ao projeto de construção em Ramat Shlomo – foi Netanyahu e não Abbas o pressionado a renovar a moratória quando expirasse. E apesar de na prática ter havido muito pouca construção na Judéia, Samária e Jerusalém do leste neste último ano, o mero anúncio que planos para construir em Har Homa e Pisgat Ze’ev haviam sido aprovados , provocaram indignação e expressões públicas de desaprovação do presidente americano e sua secretária de estado.

A ironia amarga está no fato de Obama continuar a acreditar que irá alcançar um acordo de paz ao continuar a pressionar Israel e a apaziguar os palestinos apesar de Abbas declarar repetidamente o oposto. O que aconteceu foi que Abbas foi pego pela armadilha de Obama que exigiu a completa cessação das construções no começo de 2009. Frente aos árabes ele não poderia sentar-se à mesa sem isto.

A verdade é que Abbas nunca insistiu em qualquer congelamento ou moratoria de construções judaicas como pré-condição para negociar com Olmert e esta nem mesmo foi uma pré-condição exigida por Arafat para negociar com Barak e com Rabin. O que Obama fez foi colocar Abbas no topo de uma árvore, sem escada para descer. E Obama ficou empurrando Abbas cada vez mais para o alto ao exigir a extensão da moratória na Assembléia Geral das Nações Unidas. E de novo esta semana quando disse que a aprovação de planos de construção em Jerusalem não ajudavam a situação.

Se Abbas estivesse genuinamente interessado em um acordo, ele não teria desperdiçado 9 meses da moratoria e teria dito a Obama que suas declarações estavam causando mais dano do que ajudando.

Netanyahu, tendo ordenado a moratoria baixo à uma tremenda pressão Americana hoje está menos inclinado a extende-la. E quando americanos dizem publicamente que uma extensão que não inclua Jerusalem não é o suficiente, não há clima para continuar estas negociações em boa-fé ou esperança na assinatura de qualquer acordo.

Hoje, muitos analistas começaram a dizer o que eu disse há meses atrás. Que o melhor hoje é Netanyahu fazer de tudo para ganhar tempo pois a era Obama parece estar com os dias contados. Esperar uma nova administração mais apta a negociar de maneira imparcial e que entenda as necessidades de segurança de Israel.

Quanto a Abbas, todas as idéias aparentemente aceitas por ele, como por exemplo, uma troca de terras para que Israel anexe as grandes comunidades de judeus na Judéia e Samária, hoje estão fora de questão.

Abbas sabe que Netanyahu, nas melhores condições, irá oferecer menos do que Olmert ofereceu, inclusive sobre a soberania de Israel sobre o Monte do Templo e do Muro das Lamentações. E assim, dos altos galhos aonde Obama o pôs, ele pode achar difícil resistir às demandas dos árabes de tentar declarar um estado palestino unilateralmente.

Eu já disse aqui que o unilateralismo não irá resolver qualquer coisa e poderá sim exacerbar o conflito entre árabes e israelenses. A administração Obama deixou perfeitamente claro que considera este passo não construtivo. Mas também não condenou a idéia de modo enfático. Obama agora tem que tentar consertar seu mal gerenciamento das negociações que por si só empurraram os palestinos nesta perigosa direção.

Assim, o que temos hoje é um primeiro ministro israelense que se for esperto, irá ganhar tempo até as próximas eleições para presidente nos Estados Unidos, em dois anos. E temos um presidente palestino que vê o unilateralismo como sua melhor opção. Estes são lados que em vez de acharem pontos em comum para um acordo num futuro próximo, estão se distanciando cada vez mais. E os Estados Unidos, que deveriam ser um intermediário honesto e ajudar a resolução deste conflito, hoje ironicamente, é a maior parte do seu problema. A posição ideológica de Obama, sua falta de experiência e conhecimento histórico da região levaram o processo de paz à muitos quilometros para trás. Ele mesmo deveria ter a ombridade de reconhece-lo e devolver o prêmio Nobel da paz que recebeu sem o merecer.

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