Monday, April 20, 2015

O Holocausto, o Irã e a Independência de Israel - 19/04/2015

Nesta última quarta-feira comemoramos o dia de Lembrança do Holocausto. Em seu discurso em Yad Vashem, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu notou a transformação radical do povo judeu nestes 70 anos desde a Segunda Guerra Mundial.

Ao falar da devastação do passado, Netanyahu não pode deixar de falar sobre os perigos de um acordo com o Irã e declarou que “mesmo se forçada a se defender sozinha, Israel não temerá. Israel preserva o direito de se defender”.

Três dias depois, o Irã mostrava seus novos mísseis e seu poder militar nas ruas de Teerã aos brados de Morte a Israel e Morte à América. Este desfile e brados em meio às negociações com os Estados Unidos, não impressionaram o presidente americano. Palavras só têm importância e consequências quando se trata de Netanyahu. A reação de Obama neste sábado foi dizer que há espaço para acomodar a exigência de suspensão imediata de todas as sanções contra o Irã (!!).

Não há tempo ou espaço suficientes para descrever tudo o que está de errado com estas negociações. Há duas semanas, Henry Kissinger e George Shultz publicaram um artigo no Wall Street Journal dizendo que a Casa Branca demonstrou uma total falta de compreensão das intenções do Irã. Esta falta de compreensão reduziu a capacidade de negociação dos Estados Unidos que estamos vendo hoje.

Obama quer estabilizar os países do Oriente Médio e espera que um acordo trará os mulás para o seio da comunidade internacional fazendo-os abandonar seu desejo de hegemonia. Mas o que o Irã quer é uma ordem revolucionária antiocidental, e não é por acaso que precisamente durante as negociações com Obama seus líderes resolveram redobrar seus esforços e mostrar seus músculos no Iraque, no Iêmen, na Síria e até na fronteira de Israel.  

O ex-embaixador de Israel nos Estados Unidos, Michael Oren disse para a revista Time que a América não têm a mínima ideia de como negociar no Oriente Médio. Nesta região de bazares, o comprador tem que estar pronto a abandonar o negócio se ele não for bom. Mas Obama mostrou que quer um acordo independente do conteúdo. Os iranianos então extorquiram concessões que a América há apenas alguns meses insistiu que não faria. Em 2012 Obama disse que o “acordo que aceitaremos será um em que o Irã encerre seu programa nuclear”.  Na época, Obama disse que os Estados Unidos iriam exigir que os iranianos cessassem todo o enriquecimento de urânio e desmantelasse suas usinas nucleares.  Pois é...

Para os judeus e israelenses, este acordo tem outra dimensão. É o fator emocional e o temor presente que vai além da casualidade de Obama ao afirmar que o Irã poderá ter uma bomba nuclear em 10 ou13 anos – menos tempo se o Irã trapacear - o que é muito provável. Mas é pior que isso. A incompetência de Obama ou sua malevolência – que não está fora de cogitação – está pondo em risco um dos maiores compromissos do movimento sionista: a promessa que judeus fizeram há décadas que eles nunca mais ficariam indefesos.

Os vários pogroms na Europa e no Oriente Médio no século XIX e XX, levaram os judeus a exigirem um estado e terminarem de uma vez por todas com as repetidas ondas de discriminação, tortura e expulsões que fizeram deles a vítima perfeita: um povo sem ter para onde ir e sem meios de se defender.

O movimento sionista como formulado por Theodore Herzl acreditava que a criação de um estado iria normalizar o relacionamento do povo judeu com o resto do mundo. Herzl não poderia estar mais errado. Enquanto seu movimento ganhava força, a Europa mais uma vez se transformava no palco do assassinato, desta vez sistemático e industrializado de judeus. Setenta anos mais tarde, Israel tomou o lugar do judeu de ontem, como pária do mundo.

Mesmo assim, a promessa do movimento sionista se manteve. Israel não pode impedir seus inimigos de matar judeus, mas pode garantir que eles não o façam impunemente. O que a criação de Israel ensinou para as gerações após a Segunda Guerra, é que só foi somente com o Estado que o judeu deixou de ser vulnerável. Finalmente, depois de dois mil anos, os judeus mostraram que também sabem lutar.

A Guerra da Independência foi uma guerra muito difícil. Um por cento dos judeus morreu. E isso logo depois do Holocausto. Mas conseguiram sair vitoriosos. A desastrosa Guerra de Yom Kippur começou mal. Mas o ataque surpresa no dia mais sagrado da religião judaica outra vez demonstrou que os judeus não mais se deixariam assassinar quietamente. Muitos morreram, mas os judeus acabaram derrotando os exércitos árabes. E esta derrota foi tão contundente que Anwar Sadat desistiu de destruir Israel e assinou um acordo de paz.

Mas nada disso tem relevância para o Irã. Nasser, Sadat, Assad e o rei Hussein eram líderes seculares levados a decisões pragmáticas. Os mulás que governam o Irã são radicais islâmicos convencidos que cabe a eles trazerem o fim dos tempos. De acordo com seu credo, o fim de Israel e do ocidente, e a imposição do islamismo xiita no mundo é um dever religioso. Se eles morrerem no processo, tanto melhor. Eles acolhem a morte e as 72 virgens no paraíso como prêmio. 

Estes mesmos líderes enviaram seus próprios filhos para limpar os campos minados na guerra contra o Iraque com chaves do paraíso penduradas no pescoço. Estes mesmos lideres escolheram empobrecer seu povo e usar os poucos recursos do país para aumentar o número de centrífugas de 100 para 20 mil. Imaginem o que nos espera quando bilhões de dólares começarem a jorrar em seus cofres. Não podemos nos dar o luxo de duvidarmos que o Irã irá usar a bomba contra Israel. Cortesia da administração Obama.
  
Uma vez que tiver a bomba, o Irã terá a capacidade de matar milhões de judeus de uma só vez, algo que o sionismo prometeu nunca mais aconteceria. Israel poderá responder, mas milhões já estarão mortos simplesmente porque lunáticos dementes decidiram que chegou a hora do julgamento final. Os mesmos lunáticos com quem Obama está negociando e para quem o presidente da Rússia, Vladimir Putin decidiu vender o sistema de mísseis S-300 praticamente tornando impossível qualquer ataque preventivo de Israel.

A memória do mundo é curta. Apenas 30 anos após a Segunda Guerra, a ONU que foi criada para impedir genocídios, já condenava os judeus por terem alcançado sua autodeterminação equiparando o sionismo ao racismo. Outros 40 anos e Obama, a Europa e o Irã conspiram para retornar o que sobrou dos judeus à condição de vítima perfeita do mundo.

O cenário que estamos vendo se formar é devastadoramente triste. Apesar de estarem morrendo em grandes números, ainda há sobreviventes do Holocausto em Jerusalém, Tel Aviv, Beer Sheva que vivenciaram o que ocorreu há 70 anos e estão vendo horrorizados a história se repetir. 

Ao assinar o acordo com o Irã em Junho, o mundo assegurará que os judeus não mais poderão se defender e manter sua promessa ao povo de Israel. A história os julgará como julgou os nazistas, os inquisidores, os cossacos e outros tantos que tentaram nos exterminar. Mas depois da tragédia, qualquer compensação é sempre muito pouca e tarde demais. Não estamos interessados nela. Se Israel tiver que agir, tem que faze-lo de modo rápido e contundente, mesmo se for duramente condenada. Estamos fartos de condolências. Esta deveria ser a mensagem de Israel para o mundo neste próximo Yom Hatzmaut.


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