Sunday, December 11, 2016

Trump e Uma Nova Estratégia Para o Oriente Médio - 11/12/2016

Os mulás no Irã não devem estar dormindo ultimamente. Justo quando seus planos estavam indo tão bem, tendo recebido bilhões de dólares de Obama, assinado um acordo que os permitiu manter seu programa nuclear e cristalizado sua influência no Afeganistão, Iraque, Síria e Líbano, Donald Trump é eleito. O problema não é Donald Trump em si como presidente, mas os membros do gabinete que ele escolheu para liderar o Pentágono, o Departamento de Segurança Interna e seu conselheiro sênior em segurança nacional.

O General John Kelly que será o próximo Secretário de Segurança Interna alertou para a infiltração de iranianos pela fronteira Mexicana e a crescente presença e influência do Irã na América do Sul. O próximo Secretário de Defesa, General James Mattis (que tem o apelido de Cachorro Louco) e o Brigadeiro General Michael Flynn que será seu conselheiro em segurança nacional, foram ambos demitidos por Obama por sua oposição ao acordo com o Irã. Obama simplesmente não permitiu qualquer voz dissonante sobre o acordo então eles foram devidamente “aposentados”.

Se Obama pudesse fazer o mesmo com líderes de outros países, eles também entrariam na fila dos desempregados. Os egípcios ficaram frustrados quando Obama exigiu a resignação de Mubarak, quando apoiou Morsi da Irmandade Muçulmana e depois quando levou semanas para reconhecer Al-Sissi o qual chamou de golpista. Os estados do Golfo árabe estão desapontados com Obama não só por causa do acordo nuclear com o Irã mas com a falta de qualquer ação contra o continuo apoio dos mulás a grupos terroristas e ao incitamento de suas minorias xiitas ameaçando os governos da Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrain e outros.

Todos conhecem a frustração de Israel para com Obama, não só pelo acordo nuclear com o Irã, mas por ter deixado um vácuo enorme na Síria que permitiu a Rússia assumir o controle. Israel teria mil vezes mais preferido uma ingerência americana a ter que lidar com a Rússia que tem laços econômicos estreitos com o Irã e hoje conta com várias bases militares na Síria.

Mas vejam como o mundo dá voltas. Foi noticiado há alguns meses, que um país do Golfo árabe recebeu inteligência sobre um navio cheio de armas que deveria sair do Irã para os rebeldes xiitas no Iêmen. Este país decidiu avisar os americanos. Os dias passaram e nada! Então, este país do Golfo resolveu quebrar o protocolo e passou a informação para o Mossad, o famoso serviço de inteligência de Israel. Israel levou a informação a serio e mandou um recado ao Irã que se o navio partisse, ele não chegaria ao seu destino. O navio nunca saiu do porto.

Se esta estória que está correndo Washington é verdadeira ou não, é irrelevante. O mundo sabe que o que Israel promete, ela faz. E esta também é a reputação do General James “Cachorro Louco” Mattis. Durante sua liderança do Comando Central, Mattis visitou Jerusalem varias vezes, tendo se encontrado com o então Chefe das Forças Armadas Gaby Ashkenazi. Numa destas conversas, Ashkenazi lhe perguntou quais eram os três maiores desafios que ele estava encontrando em seu comando. Sua resposta foi: Irã, Irã e o Irã. Isto mostra o quanto Obama enterrou sua cabeça na areia e que realmente, ser um organizador comunitário não é bagagem suficiente para ser presidente.

Apesar de nunca ter sido político, Donald Trump, como um homem de negócios, definiu bem a situação entre Israel e os palestinos: “é um acordo que não pode ser feito”. Wow! Isto já é um sopro de ar fresco que mostra que Trump não irá embarcar numa “missão impossível” levianamente. Ele sabe que para ter sucesso no que todos os presidentes anteriores falharam, ele terá que analisar muito bem o que não funcionou.

Primeiro, ao tentar resolver o conflito, presidentes anteriores esbarraram na intransigência palestina que não consegue aceitar a presença de um Estado Judeu na região. Aí só restava uma opção: pressionar a única parte vulnerável às ameaças americanas a fazer concessões: Israel. Trump já avisou que não acredita em tais pressões e que para um acordo dar certo, as partes devem negociar entre elas e não engolir algo imposto por outros.

Trump também definiu este conflito como a guerra que nunca acaba. Ele parece entender que o inimigo islâmico tem uma paciência infinita. A guerra entre xiitas e sunitas dura há 1.400 anos sem qualquer esperança de resolução num futuro próximo.  Tempo é o que eles acreditam ter de sobra e que arrastar as coisas só trabalha a seu favor.

Se Trump quiser molhar os pés neste conflito ele não pode seguir os passos daqueles que não compreenderam a mentalidade da região, que veem somente Israel como um elemento de instabilidade numa vizinhança aonde francamente estabilidade não é a palavra do dia. Ontem foi reportado que o exército sírio teria supostamente desintegrado e forças do Estado Islâmico teriam retomado Palmira. O mesmo parece ter ocorrido com o exército do Líbano. Fotografias recentes das forças da Hezbollah lutando em Mosul no Iraque mostraram tanques M1A1 Abrams e transportes blindados M-113 dados pelos Estados Unidos ao exército libanês! Como o grupo terrorista se apossou deles, ninguém sabe.

Trump tem que ver Israel como um aliado estratégico essencial dos interesses americanos e reexaminar esta formula falha de concessões territoriais. Ele tem que atacar a fonte real do problema: a inabilidade dos árabes de aceitarem um estado judeu no Oriente Médio em qualquer circunstância.

Realmente, com mais de 100 conflitos sangrentos ao redor do mundo, é difícil entender porque todos os recentes governos americanos veem este como o mais importante a resolver. Se Trump quer mesmo este desafio, ele terá que adotar uma estratégia completamente diferente.

Primeiro, chega de ver os palestinos como vítimas e a parte fraca nesta arena. Israel tem 8 milhões de pessoas cercada por centenas de milhões de árabes. Vamos começar a responsabilizar os palestinos por seus fracassos. Quatro vezes eles rejeitaram um estado para tentar obter mais e mais. Deixe bem claro que os Estados Unidos não irão recompensar os palestinos por promoverem uma cultura antissemita de ódio aos judeus e israelenses e não prepararem sua população para aceitar a paz. Chegou a hora também de parar de chamar as casas de judeus construídas além da linha de armistício de 1949 de ilegítimas.

E em troca de assegurar a defesa do mundo árabe sunita contra a hegemonia iraniana, Trump deve exigir que países como Arábia Saudita, Kuwait, Qatar, Bahrain, e outros reconheçam Israel. No recente Fórum Saban, John Kerry disse que não haverá um processo de paz separado entre Israel e os palestinos e o resto do mundo árabe. É este tipo de miopia que levou ao acordo com o Irã.  Chegou a hora de alguma criatividade. Em vez de continuar insistindo na falida “solução de dois estados”, vamos dar uma chance a outras soluções como, por exemplo, a criação de uma federação entre a Jordânia e as cidades árabes na Judeia e Samaria.


Mas acima de tudo, lembrar o conselho do ex-ministro da defesa de Israel Moshe Ya’alon: “Enquanto os palestinos educarem seus filhos a odiar os judeus, a matar os judeus e admirar os chamados “mártires” – o conflito nunca será resolvido”.

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