No dia 17 de março último, a
Força Aérea de Israel foi alvejada por mísseis vindos da Síria. O porta-voz do
exército esclareceu que os jatos estavam voltando de mais uma missão para
destruir um comboio de armas para a Hezbollah quando mísseis terra-ar russos
SAM-5 (Veja) foram lançados do território sírio. Os SAM-5 foram interceptados e
destruídos sobre o Vale do Jordão.
Nesta quinta-feira, a
Hezbollah fez um tour para jornalistas na fronteira com Israel, descrevendo os
postos do exército e dando a clara impressão de que o grupo e não o exército
libanês é quem está no comando das fronteiras do Líbano. O “guia” disse aos
jornalistas que a Hezbollah tinha desenvolvido táticas especiais para lidar com
as estruturas do exército israelense que – de acordo com ele – pela primeira
vez estaria na defensiva. Ao que parece, nem o guia, nem Nasrallah se
incomodaram que as declarações do grupo à imprensa estavam em flagrante violação
da Resolução 1701 da ONU e ridicularizaram a presença da UNIFIL na região.
Aí na sexta-feira, sirenes
tocaram no norte de Israel, e ao que parece dois mísseis perdidos atingiram uma
área aberta nos Altos do Golan. E hoje pela manhã, foi reportado que a força
aérea de Israel teria alvejado postos do exército sírios. A mídia libanesa
reportou que três pessoas morreram e duas ficaram feridas.
Apesar de a Síria estar em
guerra civil desde 2011, o sul do país está nas mãos do Irã, diretamente e
através da Hezbollah e ao que parece provocar Israel tornou-se parte de sua
estratégia.
Com isso, o comando do
exército israelense está pressionando o governo por uma mudança de postura em
caso de guerra. Uma mudança necessária para lidar com o dramático aumento do
arsenal da Hezbollah desde a última guerra do Líbano em 2006 tanto em
quantidade como em qualidade.
Em 2006, a Hezbollah tinha
aproximadamente 15 mil foguetes e lançaram contra Israel 4.300 durante os 34
dias da guerra, uma média de 130 por dia. Hoje a estimativa é que o grupo tenha
130 mil foguetes e mísseis e pode lançar até mil deles por dia. Os foguetes e
mísseis que a Hezbollah tem hoje têm um alcance maior, são mais precisos e
contêm maiores ogivas, podendo atingir quase qualquer lugar em Israel. Se
lembram, em 2006, a Hezbollah atingiu primariamente o norte do estado
judeu.
A Hezbollah também tem mísseis
que podem ser lançados de bases subterrâneas. Este é o caso do M-600 feito na
Síria, um clone do míssil iraniano Fateh-110. Ele tem um alcance de 300 km e
carrega uma ogiva de 500 kg além de um sistema de navegação sofisticado. Israel
também acredita que o grupo tenha mísseis Scud D com alcance de 700 km. Isto
coloca o reator de Dimona, a central elétrica de Ashquelon e toda a sede do
governo de Israel dentro do alcance da Hezbollah.
Além disso, a Hezbollah
melhorou sua capacidade no chão. Ela tem uns cinco mil guerrilheiros lutando na
Síria ganhando experiência real no campo de batalha o que a tornará uma
adversária mais difícil numa próxima guerra.
A estimativa é que a Hezbollah
tentará lançar seus mísseis de longo alcance no começo da guerra, infligindo
maior dano e devastação o mais rápido possível e impedir Israel de destruí-los
como aconteceu na primeira noite da Segunda Guerra do Líbano.
A devastação que a Hezbollah espera
causar terá o efeito psicológico de chocar a nação e impedir uma resposta pronta
e coordenada. Ainda, apesar de Israel ter feito muito progresso com o Domo de
Ferro e o Estilingue de Davi, será difícil para estes sistemas defender o país
de milhares de misseis por dia.
Isto quer dizer que se Israel quer
minimizar os ataques da Hezbollah, ela tem que ser muito mais agressiva do que
no passado. E isso deve incluir alvejar a infraestrutura do Líbano. Em 2006
esta possibilidade foi aventada, mas o governo de Israel, pressionado pelo
então presidente Bush, decidiu distinguir entre a Hezbollah, que na época era
uma organização pequena e atuante no sul do Líbano, e o povo libanês em geral.
Apesar de Israel ter
bombardeado o aeroporto internacional de Beirute e algumas estradas e pontes,
isto era para impedir que a Hezbollah tirasse os dois soldados israelenses
sequestrados do país e impedir transportes de armas do Irã.
Hoje Israel entende que a
Hezbollah, que é xiita, não é mais uma pequena organização com influência
limitada, mas a força dominante que hoje controla o Líbano. Nada acontece na
ex-Suiça do Oriente Médio sem a sua aprovação. E se este é o caso, não há
porque distinguir o Líbano da Hezbollah.
Mas a coisa é complicada. Ataques
contra a infraestrutura nacional do Líbano, podem levar os sunitas a
juntarem-se à Hezbollah e Israel precisará dos sunitas para reequilibrar o país.
Os em favor dos ataques argumentam que Israel tem que dissuadir a Hezbollah de
ataques futuros e motivar o resto dos libaneses a conter o grupo.
Hassan Nasrallah, o líder da
Hezbollah, lembra bem que a guerra de 2006 destruiu a indústria do turismo e
com ela, a economia do Líbano. Ele já sofre duras críticas no país por apoiar
Bashar Al-Assad e mandar libaneses lutar e morrer na Síria.
E é bem provável que a resposta
de Israel a um ataque da Hezbollah seja uma reação maciça pelo ar, mar, terra e
ciberneticamente, causando imediatamente mais danos do que causou no país em
2006. Se este for o caso, o povo libanês não irá perdoar a Hezbollah tão cedo, como
o fez há 11 anos.
Porque isto é importante?
Porque a Síria continua a se desintegrar e nada como uma guerra contra Israel
para unir facções inimigas e para o Irã e Bashar al-Assad retomarem o controle.
E estes pequenos incidentes e provocações estão acontecendo com mais frequência,
justo quando o clima está menos frio e chuvoso, permitindo o livre movimento de
guerrilheiros.
A situação pode infelizmente
deteriorar bem rápido e alguns no gabinete de Israel já estão falando de um
ataque preventivo para reduzir a capacidade da Hezbollah num conflito aberto.
É claro que independente da
capacidade da Hezbollah, Israel ainda é mais forte. O problema é o dano que ela
pode causar ao Estado judeu antes de mais uma derrota. E dado o que Assad tem
feito com seus próprios cidadãos e irmãos muçulmanos, não podemos nos ludibriar
sobre qualquer contenção quando se tratará de matar judeus. Um dia antes do Yom
Hashoah temos que ter isto fresco em mente e Israel tem que estar mais alerta
do que nunca. A terceira guerra do Líbano já está aparecendo no horizonte.
Muito obrigado Déborah por nós trazer a vista tantos detalhes que somente alguém que viva a situação, como você, poderia nos mostrar. Que o Criador continue abençoando a você, sua família e a amada nação de Israel. Esta é a minha oração! Maranata
ReplyDeleteMuito obrigado Déborah por nós trazer a vista tantos detalhes que somente alguém que viva a situação, como você, poderia nos mostrar. Que o Criador continue abençoando a você, sua família e a amada nação de Israel. Esta é a minha oração! Maranata
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