Três dias depois da operação americana que deu um golpe talvez fatal na Al-Qaeda, e em meio a comemorações que pareciam nunca terminar da vitória americana sobre o terrorismo com a eliminação de Bin Laden, o mundo mais uma vez mostrou que continua cego. O rei está morto, viva o rei. Ossama está morto, viva o Hamas. É sempre bom lembrar do relacionamento do Hamas com a Al-Qaeda e a condenação da operação americana que matou este super terrorista pela liderança do Hamas.
Na quarta-feira, em meio a grande fanfarra patrocinada pelo exército egípcio, foi assinado o acordo da Fatah com o Hamas no Cairo. Não só membros do Hamas da Síria estavam presentes, mas membros das Nações Unidas e até hipócritas membros árabes da Knesset israelense.
Este acordo que coloca a Fatah e o grupo que jurou destruir Israel e instituir um califato islâmico global na mesma cama, tem sido elogiado pela mídia afora.
Comentários abundaram dizendo que este pacto aumenta as chances de paz na região, inclusive do ex-presidente americano e intrometido-mor Jimmy Carter. Em um editorial no Washington Post ele disse que o acordo é um passo para a frente, não mencionando sequer uma vez, que o Hamas é um grupo terrorista ou os perigos de ter suas forças integradas dentro das forças de segurança da Autoridade Palestina.
Alguns como o New York Times chegaram a dizer que a chance do acordo sobreviver depois de setembro, com ou sem o estado palestino declarado nas Nações Unidas, é muito remota. Mas o ponto não é se o acordo sobrevive ou não, se a Fatah gosta ou deixa de gostar do Hamas e vice-versa. O ponto é que ele dá ao Hamas legitimidade e acesso a uma enorme quantidade de fundos enviados pela comunidade internacional sem que ele tenha que abdicar de qualquer de seus princípios em favor da coexistência e paz com Israel. Só esta semana a Europa enviou 85 milhões de Euros para os palestinos que facilmente podem ser usados para comprar armas.
E em Israel, a esquerda continua a absurdamente se esconder atrás de ilusões. Tzipi Livni disse que a culpa deste acordo era de Netanyahu que se recusou a congelar permanentemente as construções de judeus na Judéia e Samária. Mas o maior argumento usado, inclusive pela adminstração americana, é a distinção entre a OLP liderada por Mahmoud Abbas, a Fatah, também liderada por Mahmoud Abbas e finalmente a Autoridade Palestina que tem como presidente Mahmoud Abbas.
O Departamento de Estado americano disse esta semana que já que é a OLP quem assina acordos com Israel, o acordo da Fatah com o Hamas não impactará na ajuda à Autoridade Palestina que é quem paga as contas. O próprio Abbas tem feito de tudo para encorajar esta noção. Ele tem dito à mídia que não há razão para preocupação já que é a OLP que participa das negociações de paz com Israel.
A razão pela qual pessoas consideradas inteligentes se propõem a fazer declarações tão absurdas é porque no mínimo elas devem estar em pânico. Este acordo de união entre a Fatah e o Hamas completamente desacredita o modelo de “Terra pela Paz”. Se as pessoas reconhecerem a importância deste acordo assinado esta semana, não haverá outra coisa a fazer a não ser abandonar este modelo. Qualquer apoio de Israel ou dos Estados Unidos que possa inferir legitimidade e reconhecimento à esta união da Autoridade Palestina, OLP e Fatah com o Hamas terá que terminar.
Esta não é a primeira vez que nos defrontamos com um momento de verdade. A que diz que os palestinos nunca deram as costas ao terrorismo e que os compromissos assinados com Israel são apenas uma estratégia para destrui-la. A história se repete. Já vimos isto em 1990 e depois em 2000.
Em 1990, Yasser Arafat, líder da OLP recusou condenar o ataque da Frente Popular em Ashkelon e Tel Aviv. Como hoje, Arafat tentou dizer que a Frente era um grupo independente e negou seu envolvimento no crime. Na época, os Estados Unidos estavam dialogando com a OLP depois de seu professado reconhecimento de Israel. Perante à esta clara demonstração de má-fé, o Congresso Americano e o governo de Shamir exigiram que o primeiro presidente Bush cancelasse o reconhecimento da OLP e acabasse com o diálogo com o grupo. Bush não teve outra escolha a não ser concordar. Um ano depois, em 1991, Bush disse que Arafat havia perdido toda a credibilitade e não reintegraria o reconhecimento da OLP.
Em 2000, Arafat perdeu novamente a credibilidade ao recusar a oferta de paz de Ehud Barak, juntando forças com o Hamas para conduzir a segunda intifada. Ao voltar de Camp David Barak disse que havia tirado a máscara da paz do rosto terrorista de Arafat. Naquela ocasião a esquerda quis crucificar Barak, que, como agora, culpa Netanyahu.
A situação que temos hoje é mais parecida com a de 1990. Isto porque o Congresso Americano também apoia o fim do patrocínio americano à Autoridade Palestina/Fatah/OLP. Mesmo antes deste acordo com o Hamas ser anunciado, a presidente da Comissão das Relações Exteriores, Representante Ileana Ros-Lehtinen, pediu o fim do financiamento da Autoridade Palestina pelos Estados Unidos, por sua recusa em negociar com Israel.
Depois do anúncio, ela notou que o Hamas é uma organização terrorista ao qual o governo americano está legalmente impedido de prestar assistência ou reconhecimento. Outros membros do Congresso estão renovando seus esforços para suspender a ajuda americana. Se Netanyahu não se mantiver firme e mostrar que está pronto a negociar com Abbas, ele minará os esforços destes membros do Congresso. Mas este não parece ser o caso.
Netanyahu congelou a remessa de impostos para a Autoridade Palestina em resposta ao acordo mandando um claro sinal de que Abbas não é um parceiro crível. Este acordo irá também limitar a habilidade de Obama de pressionar Israel a fazer outras concessões.
Da perspectiva das relações entre Israel e os Estados Unidos, este acordo de união vem num momento crucial. Netanyahu irá discursar perante o Congresso Americano no próximo dia 24. Uma rara oportunidade para ele conseguir alterar o discurso desta administração americana sobre Israel e do modo de resolução do conflito.
Netanyahu precisa acima de tudo se manter na ofensiva. Ele sabe que o modelo “Terra por Paz” falhou. Falhou em Gaza e irá falhar na Judéia e Samária. E o Congresso irá recompensá-lo se ele falar a verdade. Ele tem que mostrar a verdadeira natureza da relação entre o Hamas e a OLP. Netanyahu pode desmascarar a falsa narrativa de paz dos palestinos e mostrar sua face de terrorismo e Guerra. Com um só discurso, Netanyahu pode fazer mais para fortalecer e proteger Israel do que ele fez em toda a sua carreira.
Relações internacionais raramente fornecem ocasiões de corrigir erros passados. Se Netanyahu fizer a coisa certa, ele será com certeza duramente atacado por aqueles que advogam concessões infinitas. Mas suas condenações serão abafadas pela vasta maioria do público em Israel e dos amigos do estado judeu no Congresso americano e no resto do mundo. Todos nós agradeceremos o primeiro ministro de liberar Israel do mito que a paz é possível com terroristas. Ao fazer este acordo Abbas mostrou que não está interessado na paz e que outra vez, os palestinos optaram pela guerra.
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