Donald Trump embarcou para sua
primeira viajem ao exterior como presidente dos Estados Unidos. Muitas primeiras
vezes são esperadas e já começaram a acontecer. Foi a primeira vez que um
presidente americano escolheu um país muçulmano como sua primeira parada, E ao
chegar à Arábia Saudita, o que foi muito comentado foi o fato de ser a primeira
vez que a primeira dama e a filha do presidente apertaram a mão do rei na
recepção e se sentaram junto com os homens na mesa de negociação e com o cabelo
descoberto.
Após serem obrigados a
participar da dança da guerra empunhando espada e tudo, Trump e seu secretário
de estado Rex Tillerson tocaram a agenda do dia e assinaram um dos maiores
acordos de venda de armas da história, se não o maior. São 350 bilhões de
dólares em 10 anos que irão gerar milhares de empregos para a América e
fortalecer o maior adversário do Irã na região.
A mídia saudita não poupou
elogios a Trump e declarou a era Obama “morta”. A efusiva recepção saudita parece
algo inédito para alguém que durante a campanha não parou de culpar o islamismo
radical pelo terrorismo mundial, incluindo aquele saído da Arábia Saudita. Estranho
não? Entre um presidente americano que se curva ao rei e fica no muro nas
disputas regionais e um que fala o que todos acham que não deve sobre o
islamismo e que não se curva a ninguém, os sauditas preferem o segundo. A
diferença está no fato que como Churchill, Trump sabe que no Oriente Médio
somente o cavalo mais forte é respeitado. Trump falou aberta e claramente aos lideres
muçulmanos que eles têm que expulsar a ideologia radical de seus países.
As próximas paradas são
Israel, aonde Trump será o primeiro presidente americano empossado a visitar o
Muro das Lamentações, o Vaticano, Bruxelas e a Sicília.
Esta viagem veio bem a calhar
dando umas férias ao presidente de tantos “escândalos” inventados pela mídia
que a cada espirro do presidente ela encontra uma razão para um impeachment.
Chegou a um ponto que o Vice
Advogado Geral da América Rod Rosenstein nesta semana decidiu nomear o
ex-diretor do FBI Robert Mueller para investigar se existiu “qualquer ligação
ou coordenação entre o governo russo e indivíduos associados com a campanha de
Trump”.
A gota d’agua foi sobre uma revelação de inteligência que Trump teria
feito ao ministro do exterior russo Sergei Lavrov sobre uma possível tentativa
do Estado Islâmico de explodir um avião civil usando um computador. A coisa é
tão bizarra e patética que chegou a ser definida por Putin como “esquizofrênica”.
E ele tem razão.
Primeiro, o presidente dos Estados Unidos tem toda a liberdade de
revelar segredos ao seu bel prazer. Segundo, a Rússia não está em guerra com os
Estados Unidos e apesar das relações estarem tensas desde as eleições, há um
interesse comum em derrotar o Estado Islâmico e a prevenir que outro avião com civis
inocentes seja explodido como ocorreu com o avião russo sobre a península do
Sinai.
Então quem são estes que fizeram de seu objetivo de vida derrubar Donald
Trump? Quem é culpado de supostamente colocar em perigo uma fonte da
inteligência americana? Trump que passou a informação numa reunião fechada e
confidencial, ou a pessoa que vazou o fato para a mídia?
Está claro que Trump está enfrentando os mesmos atores que por anos
tentam minar as ações de Israel. Durante toda a administração Obama,
funcionários seniores vazaram informações sobre as operações de Israel para a mídia.
Em 2010, uma fonte de defesa expôs o Stuxnet, um vírus de computador
desenvolvido por Israel e os Estados Unidos contra o reator nuclear iraniano em
Busheir que conseguiu sabotar uma grande quantidade de centrífugas. A revelação
terminou a operação. Obama apoiou o vazamento três dias antes de sair da Casa
Branca quando perdoou James Cartwright por ter participado na divulgação da
informação ao New York Times.
Outra vez em 2012, oficiais americanos divulgaram para a mídia que
Israel tinha atingido alvos na Síria o que tornou este tipo de operação mais
perigosa contra as forças iranianas e da Hezbollah. No mesmo ano, membros da
administração Obama informaram a jornalistas que Israel estaria treinando em
bases do Azerbaijão para possivelmente atacar o Irã. Abruptamente, Israel teve
que abandonar o Azerbaijão. O objetivo claro de todos estes vazamentos era de
prejudicar Israel. Nestes últimos meses o objetivo é de prejudicar Trump.
O incrível é que nos dois casos, os vazadores de informação são membros
da comunidade da inteligência americana com um nível de acesso extremamente
alto, e sem medo de estarem cometendo um crime ao revelar informação a repórteres.
O que aconteceu com a comunidade da inteligência americana? Como é que eles
chegaram à conclusão que é correto usar de seu cargo para obter informação para
objetivos partidários?
Estes são oficiais de carreira, extremamente engajados na agenda de
esquerda que subiram rapidamente após um êxodo de agentes provocado nas
organizações de inteligência, investigados supostamente por torturar
terroristas. A isso se seguiu uma limpeza nos manuais das organizações e também
dos departamentos de polícia retirando qualquer menção sobre islamismo,
terrorismo e radicalismo.
A campanha de Trump e sua eleição são vistos como uma afronta à este
grupo poderoso. Do mesmo modo que uma Israel forte, capaz de defender seus
interesses sem a ajuda ou permissão dos Estados Unidos chega a ser mais
perigoso do que um Irã armado da bomba nuclear.
E a cara de pau é tanta, que alguns membros deste clubinho chegaram a
dizer o que fizeram para a imprensa. É o caso de Evelyn Farkas que deixou o departamento
de defesa para trabalhar para a campanha de Hillary Clinton em 2015. Numa
entrevista para a MSNBC em março deste ano, ela admitiu orgulhosamente que a inteligência
americana estava espionando Trump e seus conselheiros e passando a informação
para políticos e jornalistas para prejudica-lo.
De acordo com ela, pelo menos
de outubro do ano passado e até a sua inauguração em janeiro, Trump e seus assessores
estavam sendo espionados apesar de nenhum deles ser suspeito de cometer
qualquer crime. Isto é uma clara violação das proteções constitucionais dos
cidadãos Americanos.
E a coisa não parou aí. Nas últimas duas semanas houveram vários
vazamentos sobre a visita de Trump a Israel para criar no mínimo um mal-estar e
controvérsia. A primeira dela surgiu quando um oficial americano coordenando a
visita declarou a seu contraparte israelense que o Muro das Lamentações “não
está em seu território” e que nenhum membro do governo de Israel poderia
acompanhar Trump em sua visita ao Kotel. Esta declaração foi surpreendente e
talvez para contrabalança-la, o novo embaixador americano David Friedman veio
direto do aeroporto para o Muro ao chegar a Israel.
Confundindo as coisas, a embaixadora Americana na ONU Nikki Haley disse à
televisão cristã que o “muro das Lamentações é parte de Israel e acho que essa
foi sempre nossa visão e é como devemos lidar com o fato”.
A batalha sobre o Muro das Lamentações reflete a disputa tradicional
entre o Departamento de Estado sempre antipático a Israel e outras agências do
governo Americano.
Após 50 anos de unificação da cidade Santa, quando se trata de ganhar
reconhecimento de seus direitos ao Muro das Lamentações pelos Estados Unidos e
a comunidade internacional como um todo, Israel enfrenta uma luta árdua. Desde
os anos 30, ativistas islâmicos tentam eliminar o direito dos judeus à área,
declarando o Monte do Templo um local puramente islâmico. As resoluções hostis
da Unesco são prova destas investidas.
O fato de Trump ter vindo nesta semana a Israel, precisamente durante as
comemorações dos 50 anos da liberação e unificação da cidade, pode ser apenas coincidência,
mas talvez ele quisesse mandar uma mensagem simbólica aos palestinos.
Uma mensagem de que se não houver um fim à incitação, ao pagamento de
terroristas e a uma vontade real de negociar a paz, a América não estará mais disposta
a patrocinar a Autoridade Palestina ou interceder em seu favor. Trump e Bibi já
mostraram que podem trabalhar juntos. E com tanto na balança, é preciso tentar.
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