Friday, May 26, 2017

Trump na Arabia e Israel - 21/05/2017

Donald Trump embarcou para sua primeira viajem ao exterior como presidente dos Estados Unidos. Muitas primeiras vezes são esperadas e já começaram a acontecer. Foi a primeira vez que um presidente americano escolheu um país muçulmano como sua primeira parada, E ao chegar à Arábia Saudita, o que foi muito comentado foi o fato de ser a primeira vez que a primeira dama e a filha do presidente apertaram a mão do rei na recepção e se sentaram junto com os homens na mesa de negociação e com o cabelo descoberto.

Após serem obrigados a participar da dança da guerra empunhando espada e tudo, Trump e seu secretário de estado Rex Tillerson tocaram a agenda do dia e assinaram um dos maiores acordos de venda de armas da história, se não o maior. São 350 bilhões de dólares em 10 anos que irão gerar milhares de empregos para a América e fortalecer o maior adversário do Irã na região.

A mídia saudita não poupou elogios a Trump e declarou a era Obama “morta”. A efusiva recepção saudita parece algo inédito para alguém que durante a campanha não parou de culpar o islamismo radical pelo terrorismo mundial, incluindo aquele saído da Arábia Saudita. Estranho não? Entre um presidente americano que se curva ao rei e fica no muro nas disputas regionais e um que fala o que todos acham que não deve sobre o islamismo e que não se curva a ninguém, os sauditas preferem o segundo. A diferença está no fato que como Churchill, Trump sabe que no Oriente Médio somente o cavalo mais forte é respeitado. Trump falou aberta e claramente aos lideres muçulmanos que eles têm que expulsar a ideologia radical de seus países.

As próximas paradas são Israel, aonde Trump será o primeiro presidente americano empossado a visitar o Muro das Lamentações, o Vaticano, Bruxelas e a Sicília.

Esta viagem veio bem a calhar dando umas férias ao presidente de tantos “escândalos” inventados pela mídia que a cada espirro do presidente ela encontra uma razão para um impeachment.

Chegou a um ponto que o Vice Advogado Geral da América Rod Rosenstein nesta semana decidiu nomear o ex-diretor do FBI Robert Mueller para investigar se existiu “qualquer ligação ou coordenação entre o governo russo e indivíduos associados com a campanha de Trump”.

A gota d’agua foi sobre uma revelação de inteligência que Trump teria feito ao ministro do exterior russo Sergei Lavrov sobre uma possível tentativa do Estado Islâmico de explodir um avião civil usando um computador. A coisa é tão bizarra e patética que chegou a ser definida por Putin como “esquizofrênica”. E ele tem razão.

Primeiro, o presidente dos Estados Unidos tem toda a liberdade de revelar segredos ao seu bel prazer. Segundo, a Rússia não está em guerra com os Estados Unidos e apesar das relações estarem tensas desde as eleições, há um interesse comum em derrotar o Estado Islâmico e a prevenir que outro avião com civis inocentes seja explodido como ocorreu com o avião russo sobre a península do Sinai.
Então quem são estes que fizeram de seu objetivo de vida derrubar Donald Trump? Quem é culpado de supostamente colocar em perigo uma fonte da inteligência americana? Trump que passou a informação numa reunião fechada e confidencial, ou a pessoa que vazou o fato para a mídia?

Está claro que Trump está enfrentando os mesmos atores que por anos tentam minar as ações de Israel. Durante toda a administração Obama, funcionários seniores vazaram informações sobre as operações de Israel para a mídia.

Em 2010, uma fonte de defesa expôs o Stuxnet, um vírus de computador desenvolvido por Israel e os Estados Unidos contra o reator nuclear iraniano em Busheir que conseguiu sabotar uma grande quantidade de centrífugas. A revelação terminou a operação. Obama apoiou o vazamento três dias antes de sair da Casa Branca quando perdoou James Cartwright por ter participado na divulgação da informação ao New York Times.

Outra vez em 2012, oficiais americanos divulgaram para a mídia que Israel tinha atingido alvos na Síria o que tornou este tipo de operação mais perigosa contra as forças iranianas e da Hezbollah. No mesmo ano, membros da administração Obama informaram a jornalistas que Israel estaria treinando em bases do Azerbaijão para possivelmente atacar o Irã. Abruptamente, Israel teve que abandonar o Azerbaijão. O objetivo claro de todos estes vazamentos era de prejudicar Israel. Nestes últimos meses o objetivo é de prejudicar Trump.

O incrível é que nos dois casos, os vazadores de informação são membros da comunidade da inteligência americana com um nível de acesso extremamente alto, e sem medo de estarem cometendo um crime ao revelar informação a repórteres. O que aconteceu com a comunidade da inteligência americana? Como é que eles chegaram à conclusão que é correto usar de seu cargo para obter informação para objetivos partidários?

Estes são oficiais de carreira, extremamente engajados na agenda de esquerda que subiram rapidamente após um êxodo de agentes provocado nas organizações de inteligência, investigados supostamente por torturar terroristas. A isso se seguiu uma limpeza nos manuais das organizações e também dos departamentos de polícia retirando qualquer menção sobre islamismo, terrorismo e radicalismo.

A campanha de Trump e sua eleição são vistos como uma afronta à este grupo poderoso. Do mesmo modo que uma Israel forte, capaz de defender seus interesses sem a ajuda ou permissão dos Estados Unidos chega a ser mais perigoso do que um Irã armado da bomba nuclear.

E a cara de pau é tanta, que alguns membros deste clubinho chegaram a dizer o que fizeram para a imprensa. É o caso de Evelyn Farkas que deixou o departamento de defesa para trabalhar para a campanha de Hillary Clinton em 2015. Numa entrevista para a MSNBC em março deste ano, ela admitiu orgulhosamente que a inteligência americana estava espionando Trump e seus conselheiros e passando a informação para políticos e jornalistas para prejudica-lo.

De acordo com ela, pelo menos de outubro do ano passado e até a sua inauguração em janeiro, Trump e seus assessores estavam sendo espionados apesar de nenhum deles ser suspeito de cometer qualquer crime. Isto é uma clara violação das proteções constitucionais dos cidadãos Americanos.

E a coisa não parou aí. Nas últimas duas semanas houveram vários vazamentos sobre a visita de Trump a Israel para criar no mínimo um mal-estar e controvérsia. A primeira dela surgiu quando um oficial americano coordenando a visita declarou a seu contraparte israelense que o Muro das Lamentações “não está em seu território” e que nenhum membro do governo de Israel poderia acompanhar Trump em sua visita ao Kotel. Esta declaração foi surpreendente e talvez para contrabalança-la, o novo embaixador americano David Friedman veio direto do aeroporto para o Muro ao chegar a Israel.

Confundindo as coisas, a embaixadora Americana na ONU Nikki Haley disse à televisão cristã que o “muro das Lamentações é parte de Israel e acho que essa foi sempre nossa visão e é como devemos lidar com o fato”.

A batalha sobre o Muro das Lamentações reflete a disputa tradicional entre o Departamento de Estado sempre antipático a Israel e outras agências do governo Americano.

Após 50 anos de unificação da cidade Santa, quando se trata de ganhar reconhecimento de seus direitos ao Muro das Lamentações pelos Estados Unidos e a comunidade internacional como um todo, Israel enfrenta uma luta árdua. Desde os anos 30, ativistas islâmicos tentam eliminar o direito dos judeus à área, declarando o Monte do Templo um local puramente islâmico. As resoluções hostis da Unesco são prova destas investidas.

O fato de Trump ter vindo nesta semana a Israel, precisamente durante as comemorações dos 50 anos da liberação e unificação da cidade, pode ser apenas coincidência, mas talvez ele quisesse mandar uma mensagem simbólica aos palestinos.

Uma mensagem de que se não houver um fim à incitação, ao pagamento de terroristas e a uma vontade real de negociar a paz, a América não estará mais disposta a patrocinar a Autoridade Palestina ou interceder em seu favor. Trump e Bibi já mostraram que podem trabalhar juntos. E com tanto na balança, é preciso tentar.

No comments:

Post a Comment