Sunday, May 28, 2017

Entre Manchester e Jerusalem - 28/05/17

Vamos começar com o balanço da semana: 51 mortos e mais de cem feridos. Primeiro, o ataque na Arena de Manchester, depois do show da cantora Ariana Grande. O alvo: meninas e adolescentes e mães que esperavam suas filhas saírem do estádio. E ao reclamarem a autoria do ataque, o Estado Islâmico decidiu atravessar uma linha que pode ser o alarme que o mundo precisava para erradicar estes energúmenos da face da terra: declarou que matar crianças infiéis é permitido, de acordo com sua interpretação do Al-Corão.

E mais: no começo da semana os ingleses achavam que havia três mil jihadistas no Reino Unido, quando a polícia anunciou que o número é na verdade 23 mil e não dava para seguir todos! Como se esta fosse uma desculpa boa para ignorar cinco avisos feitos por vizinhos deste terrorista.

Muito menos coberto foi o segundo ataque, a um ônibus que transportava cristãos coptas: 29 mortes, entre as quais 10 crianças, metralhados também pelo Estado Islâmico. Os cristãos do Oriente Médio continuam a ser massacrados e escorraçados e o mundo continua silente.

Não é de surpreender que Donald Trump tenha dito alto e claro aos líderes árabes, no domingo passado, que é preciso erradicar esta ideologia da face da terra. Vamos ver se eles ouviram.

Donald Trump completou com um estrondoso sucesso sua primeira viagem ao exterior mudando a realidade geopolítica onde ele passou. E a mídia de esquerda não se aguenta em sua miséria.  Procuraram de tudo para ataca-lo e quando não encontraram, inventaram. Disseram que sua esposa Melania tinha recusado segurar sua mão, que ele tinha empurrado o primeiro-ministro de Montenegro e finalmente que Trump era o culpado por um candidato ao Congresso americano ter atacado um jornalista. O candidato, do Estado de Montanha, acabou ganhando a eleição.

Em Israel, o que foi notável, não foi tanto o que Trump disse, mas o que ele deixou de dizer. Como todos os presidentes anteriores, ele começou elogiando o Estado e os judeus por sua perseverança, inovações tecnológicas e democracia. E após o açúcar, podíamos segurar a respiração porque aí vinha o vinagre.  Mas neste ponto, Trump agradeceu e terminou seu discurso. Desta vez não teve vinagre.

Trump fez sete discursos em Israel e nenhuma só vez mencionou os assentamentos. Ainda melhor, ele não fez qualquer ligação entre terrorismo e assentamentos como era tão comum com a administração anterior. Estávamos acostumados com Obama condenando o último ataque terrorista palestino e a próxima sentença dele culpava Israel pelos assentamentos.

Diferentemente, ao se encontrar com Abbas em Belém, Trump disse inequivocamente que a paz “nunca poderia criar uma raiz num ambiente aonde a violência é tolerada, paga ou premiada”.

Trump resolveu que atacar assentamentos implacavelmente, até a construção de algumas unidades dentro de Jerusalem, serve apenas como distração. Até mesmo porque os assentamentos nunca foram um empecilho até Obama torna-los um.

Mas muito mais significativo Trump também não falou uma só vez de um Estado Palestino, da solução de dois estados ou mesmo de autodeterminação palestina. Isto porque Trump quer que as partes na região cheguem a um consenso do que é o melhor para eles, e há outras soluções na mesa como uma federação com a Jordânia por exemplo.

A abordagem de Trump, em contraste com a de Obama, é limitada a exigir das partes seu comprometimento a tentarem chegar a um acordo. Ele não dá lições de moral, não tenta ensinar outros povos como governar, mas espera que todos se comportem responsavelmente. Ele também resolveu colocar as cortinas sobre a suposta “luz” que Obama disse ter sido necessária entre “amigos”, expondo a todos sua discordância e antipatia com Netanyahu.

Para mim a imagem mais marcante da visita de Trump foi sua visita ao Muro das Lamentações. Usando uma kipá negra e colocando sua mão nas pedras milenares, ele não estava só expressando sua prece que Deus lhe dê sabedoria para governar, como ele disse. Ele estava fazendo uma declaração sobre o elo dos judeus para com o Muro e com Jerusalem.

O Monte do Templo é um dos maiores exemplos do passado ilustre dos judeus. Ele nos leva de volta à um tempo quando éramos um povo com uma religião e uma língua comuns e povoávamos a terra de Israel e tínhamos Jerusalem como nossa capital.

O Talmud nos diz que dez medidas de beleza desceram ao mundo e que nove delas foram tomadas por Jerusalem. Uma só pelo resto do mundo.

E realmente. Jerusalem é linda, por dentro e por fora. Por fora é óbvio para todos verem: suas construções de pedra branca que a faz reluzir, seus jardins, o cheiro de alecrim no ar. Por dentro é aquela sensação que todos sentimos ao chegarmos à cidade: de estarmos conectados com nossa alma. E isto ouvi de um ateu!

Mas até a manhã do dia 6 de Sivan do ano 5727, metade da cidade santa, incluindo o Monte do Templo, estava fechada aos judeus. Durante os 19 anos de ocupação jordaniana, antigas sinagogas sofreram destruição sistemática, lugares arqueológicos nivelados, uma população árabe implantada aonde a comunidade judaica tinha vivido por milênios.

Mas naquela manhã de Shavuot de 1967, uma semana após a liberação da cidade por Israel, a cidade inteira foi aberta pela primeira vez. Dezenas de milhares de judeus vieram de todo o país e de fora para pisarem nas ruas e vielas sagradas e se uniram em prece no Muro das Lamentações.

Judeus religiosos e seculares, ashkenazim, sepharadim, homens, mulheres e crianças, mão em mão, comemoraram a antiga festa de Shavuot em sua nova/antiga/eterna capital, num momento de união que provavelmente só teve paralelo no Monte Sinai. Aqueles milhares de judeus, olhando para aquelas pedras antigas com um profundo senso de história e destino, souberam que finalmente tinham voltado para casa – depois de tantas perseguições, sangue, morte, lágrimas, tanto sofrimento em tantos anos de exílio.

As lágrimas derramadas naquele Shavuot foram lágrimas de alegria.

Todos nós queremos a paz. Tem aqueles que estão dispostos a não deixar nenhuma pedra intacta para alcançá-la. O mundo quer impor seus desígnios a Israel, rejeitando a anexação e unificação de Jerusalem. Exigindo a re-divisão da cidade.


Mas ao olharmos hoje para estas pedras que formam o Kotel, realizamos que há pedras que não podem ser mexidas para a paz. Elas são eternas e a volta dos judeus a elas cumpriram uma promessa que Deus fez. E esta promessa não pode ser desfeita por absolutamente ninguém.

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