Até esta semana, a maioria da opinião
mundial era que o Secretário de Estado americano John Kerry era um cara legal. Ingênuo,
mas legal. Seu otimismo contagioso nos deu a impressão, desde o começo do ano,
que um acordo de paz com os palestinos era iminente.
Mas nesta última terça-feira, para
horror dos israelenses, descobrimos um novo Kerry. Numa entrevista para as
televisões de Israel e palestinas, Kerry se mostrou antipático, ameaçador,
preconceituoso, abstraído à falta de confiança transmitida pelos líderes
palestinos e perigosamente cego à situação explosiva que ele mesmo está
criando.
Repetindo a linha palestina, Kerry não
mostrou qualquer apreciação pelas posições de Israel ou às suas preocupações,
além de uma vaga alusão à “segurança” do Estado Judeu.
Mas ele foi direto e específico sobre
Israel ficar isolado e sobre uma terceira intifada se Israel não permitir a
rápida criação de uma “Palestina inteira” e der fim à “ocupação” da Judeia,
Samaria e Jerusalém. Isto é o que chamamos de profecia auto-realizável.
É muito possível que os palestinos usem
o colapso das negociações como uma desculpa para mais violência. Mas a verdade
é que eles nem esperaram o colapso para voltarem a atacar israelenses como
vimos nas últimas semanas. E agora, eles têm o selo de aprovação do Secretário
de Estado americano.
Kerry finalmente colocou na mesa a visão
de Obama sobre Israel. Esta visão prega
que se o estado judeu não sucumbir à todas as exigências palestinas e
internacionais e se retirar completamente da Judeia, Samaria e Jerusalém, então
os Estados Unidos se unirão à campanha de deslegitimar e isolar Israel.
Na prática Kerry está dizendo aos
palestinos para se assegurarem que as negociações falhem e então Israel será
forçada a capitular em tudo. Agora os palestinos sabem exatamente o que fazer.
Eles nunca quiseram se limitar à um mini estado, como caracterizado pelos negociadores
palestinos Saeb Erekat e Ahmad Khalidi.
O que eles sempre quiseram foi a palestina do rio Jordão ao Mediterrâneo e a
ilegitimidade de Israel, juntamente com a campanha de afunda-la
demograficamente e oprimi-la diplomaticamente.
Estrategicamente não há qualquer boa
razão para os palestinos aceitarem qualquer acordo com Israel. Mahmoud Abbas
seria tolo se aceitasse limitar as ambições palestinas quando tudo está indo
tão bem para o seu lado. O boicote da União Européia, a clara mostra de
partidarismo da América, seu reconhecimento na ONU, enfim, estão conseguindo
levantar todo o mundo contra Israel. Se Abbas assinar um acordo de paz, estaria
conferindo a legitimidade que Kerry diz Israel está perdendo...
Assim os palestinos estão mantendo suas
exigência máximas para empurrar Israel para o canto da punição americana, para
o isolamento que tanto “preocupa” Kerry e ao final conseguir ainda mais
concessões.
A investida de Kerry na mídia irá
somente encorajar a intransigência palestina e tirar o processo de paz de
qualquer cenário realista.
Nos últimos 30 anos, os israelenses
mudaram suas visões sobre o conflito com os palestinos de modo radical. Foram
de negar a criação de um estado palestino, à reconhecer suas aspirações
nacionais. De insistir na soberania e controles exclusivos de Israel sobre a
Judeia, Samaria e Gaza a aceitar um estado palestino desmilitarizado nestas
áreas. Israel já evacuou Gaza, permitindo a ascensão de um governo palestino na
Faixa e lhes transmitiu o governo de mais de 95 porcento dos residentes da
Judeia e Samaria. Israel fez 3 ofertas concretas de criação de um estado
palestino à Autoridade Palestina.
A resposta palestina a tudo isso foi se
manter absolutamente irredutível em suas demandas por mais absurdas que sejam,
como inundar Israel própria com 5 milhões de palestinos refugiados e
continuamente ameaçar mais violência se tais exigências não forem aceitas.
Esta política de só colocar pressão em
Israel não funciona. Se funcionasse, já teríamos um acordo há muito tempo. Isto
porque Israel está lutando por sua sobrevivência e não pode comprometer sua
segurança para agradar uma comunidade internacional que de fato, gostaria de vê-la
destruída.
Se esta política não funciona, por que
não mudá-la??? Por que não passa pela cabeça dos líderes mundiais colocarem
pressão sobre os palestinos para variar? Por quê é tabu atacar suas exigências maximalistas?
Kerry deveria estar limitando as
expectativas palestinas para trazê-los à um compromisso. Deveria reconhecer
publicamente os laços históricos do povo judeu com a terra de Israel, incluindo
a Judeia, Samaria e especialmente Jerusalém e a legitimidade de sua presença no
Oriente Médio como um estado judeu.
Kerry deveria estar dando entrevistas à
imprensa exigindo que os palestinos renunciem ao direito ao retorno dos seus “refugiados”
para dentro de Israel própria e acabem de uma vez por todas com sua política de
glorificação de homens-bomba e de fabricantes de mísseis que têm como único
propósito matar civis israelenses. Kerry deveria sem dúvida condenar a
propaganda anti-semita e anti-Israel que permeia as ondas de rádio e televisão
palestinas.
E deveria deixar claro aos palestinos
que se eles não aceitarem um compromisso com Israel, o mundo ficará do lado do
estado judeus e não tolerará a violência que estão prometendo.
Em vez disso, Kerry escolheu lançar um
ataque frontal a Netanyahu e a todos os israelenses que de acordo com ele, “teimosamente
se sentem seguros e estão indo bem economicamente”, reavivando noções
anti-semitas que judeus só pensam em dinheiro.
Nesta situação perguntamos, o que pode
fazer Israel??
O ex-embaixador de Israel na ONU, Dore
Gold, publicou um artigo interessante esta semana dizendo que é preciso lembrar
ao mundo o que manda a resolução 242 da ONU. Esta é a famosa resolução aprovada
logo após a guerra dos 6 dias, que fala sobre a retirada de Israel de
territórios conquistados. A batalha sobre a linguagem desta resolução não foi
apenas um exercício de legalês mas algo necessário pois todo o mundo na época
concordava que a linha de Armistício de 1949 era inaceitável e deixaria Israel
para sempre vulnerável a ataques.
Assim a cláusula recomendou a retirada
de territórios levando em conta as necessidades de segurança das partes. Sem
entrar no mérito de Israel e judeus terem o direito histórico, legal e moral à
Judeia, Samaria e Jerusalém, Israel tem que cobrar do mundo o que ele próprio
decidiu há 46 anos atrás.
Enquanto o mundo e o Sr. Kerry estão livres para
expressarem sua opinião, se gostam ou não de Israel ou de judeus, não estão livres
para modificarem os fatos históricos. Estes são os fatos e ponto final.
Não seria uma estratégia definitiva mas
se Israel ficar firme em seus direitos e convicções, mandará uma poderosa
mensagem. E na situação em que estamos, isto seria pelo menos um bom começo.
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