Sunday, February 23, 2020

As Promessas Vazias de Benny Ganz - 23/2/2020


Na segunda-feira passada o candidato ao cargo de Primeiro Ministro de Israel, Benny Ganz falou com uma audiência em inglês sobre seus planos se ele conseguir formar uma coalisão e o próximo governo.

Entre outras utopias que todo candidato joga para ver se gruda com os eleitores, Ganz prometeu algo que não só não pode cumprir mas algo do qual ele não sabe nada a respeito.

Ganz abriu dizendo que Benjamin Netanyahu é o único responsável pela atual falta de apoio a Israel pelo partido democrata americano; que por causa de sua negligência, Bibi perdeu o apoio bipartidário que Israel tem gozado desde sua criação e que para seu partido Azul e Branco, não importa quem será o presidente americano porque se ele for bom para os Estados Unidos, será bom para Israel”.

Yair Lapid, que estava junto com Ganz na ocasião, adicionou que a reabilitação não será só com o partido democrata, mas com os judeus americanos.

Foi difícil ouvir tanta idiotice junta, de representantes de um partido que tem chances reais de formar o próximo governo de Israel.

Embora seja verdade que hoje o apoio a Israel é muito maior entre republicanos do que democratas, e que a grande maioria dos judeus seja democrata, Netanyahu não tem nada a ver com isso. Se Gantz e Lapid não sabem disso até agora, eles não merecem dirigir a política externa de Israel.

Eles também não parecem reconhecer que o partido Democrata, com o qual eles querem reabilitar as relações, tem passado por uma radicalização gradual. Foi o Partido Democrata que pressionou pelo acordo com o Irã; foram muitos de seus congressistas que votaram contra o fornecimento de US$ 38 bilhões em assistência de defesa a Israel; foram os candidatos à presidência dos EUA do Partido Democrata, que boicotaram à conferência da AIPAC para comparecer à do grupo pró-palestino JStreet; o Partido Democrata que se opôs a todos os movimentos pró-Israel do presidente Donald Trump; e sim, o Partido Democrata que vê Israel como um ocupante e agressor do mal.

Ganz nem se dá conta que por ter sido Chefe das Forças Armadas de Israel durante a guerra contra o Hamas em Gaza, ele próprio é considerado um criminoso de guerra pela esquerda americana. É só perguntar para a congressista americana-palestina democrata Rashida Tlaib e a Somali Ilhan Omar.

Ele responde o quê quando confrontado com suas próprias palavras quando se gabou antes das eleições do ano passado de ter enviado partes de Gaza de volta à Idade da Pedra? Ou quando assumiu o crédito pelo assassinato de muitos terroristas do Hamas incluindo o comandante da ala militar do Hamas Ahmed Jabari?

Além disso, o fato dele ter aceitado o convite de Trump para ir a Washington no mês passado e ter publicamente endossado seu plano de paz, não lhe trouxe mais amigos entre os mais esquerdistas de seu partido e a esquerda israelense. E se ele não consegue unir pessoas de seu próprio partido, como ele pretende fazer isto na América? Se D-us me livre ele se tornar primeiro ministro de Israel, ele irá tentar o que ele sabe falhou através dos anos: irá adotar políticas suicidas para Israel.

A verdade é que nenhum dos quatro líderes do partido Azul e Branco têm qualquer ideia do que seja ou como lidar com a geração milenar ou a geração Z que não viveram os ataques de 11 de setembro ou as Intifadas e que acham que ser judeu é ser ativista pela justiça social. Para estas gerações, que nasceram entre 1981 e 2012, e que foram ensinados por um sistema educacional de esquerda e extrema esquerda, Israel é um estado opressivo e não igualitário.

Isso se refletiu na eleição de Barack Obama. 78% dos judeus votaram nele. E mesmo que ele repetisse que seu objetivo era a segurança de Israel, ajudado por organizações ditas “judaicas pró-palestinas” como a JStreet, ele  criou um espaço enorme para o ativismo anti-Israel e antissionista. Assim, logo Obama exigiu o congelamento da construção em cidades e comunidades na Judeia, Samaria e Jerusalem do Leste, o que deu aos árabes a chance de recusar negociações.

Quando Obama não reagiu ao gaseamento de milhares de sírios apesar de sua “linha vermelha”, isto prejudicou a credibilidade americana na região. Seu acordo nuclear com o Irã foi não só uma ameaça para Israel mas dividiu os que eram pró-Israel. Em seu último mês como presidente, Obama tirou as luvas e pela primeira vez em 35 anos, o governo americano não vetou uma resolução da ONU condenando Israel.

Estas ações também minaram a credibilidade americana junto aos países árabes aterrorizados pela aproximação de Obama com o Irã. O que tivemos foi um presidente americano abrindo caminho para todos os ativistas antissemitas e anti-Israel que durante seu segundo mandato foram ao ataque nos campus universitários, nas escolas, na mídia e no Congresso. De repente, as ameaças do Irã de apagar Israel do mapa, da Hezbollah, do Hamas e do terrorismo palestino foram varridas para baixo do tapete. Os palestinos, rotulados de vitimas, foram isentos de toda responsabilidade não importa o que fizessem.

Netanyahu teve que ser um malabarista para não alienar a Casa Branca de Obama de um lado e manter Israel seguro e próspero de outro e ao mesmo tempo tentar forjar alianças com os vizinhos árabes. Não dá nem para imaginar Ganz fazendo isso. Ele ainda nem compreendeu que são os democratas junto com organizações como a JStreet e não Netanyahu que feriram sua relação com Israel.

A boa notícia é que do jeito que as coisas andam, e as recentes acusações sobre sua falida empresa de segurança cyber Quinta Dimensão que ganhou um contrato milionário com polícia de Israel sem licitação, Gantz não terá a oportunidade num futuro próximo, de pôr à prova sua boba promessa de campanha.

Não apenas seria fútil, mas também poderia abalar as relações com o atual governo de Washington, que – se os democratas nomearem algum dos palhaços que participaram do debate nesta semana - está aqui para ficar até 2024.


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