Na quarta-feira
da semana passada, ocorreu um evento infeliz e lamentável. A veterana
jornalista da Al-Jazeera, Shireen Abu Akle foi morta enquanto cobria uma
operação do exército de Israel em Jenin.
Eu não sei
quem matou Shireen Abu Akleh, mas sei quem executou o assassinato de Israel
após sua morte. É uma longa lista. O corpo da repórter de 51 anos não havia nem
esfriado antes que o mundo logo declarasse a culpa de Israel por seu
“assassinato”. Não fiquei chocada, ou mesmo surpresa, com a resposta
automática, ela é a norma.
Quando Abu
Akleh foi morta e outro jornalista árabe, Ali Samoodi foi ferido, os soldados de
Israel estavam conduzindo uma operação contra a onda de ataques terroristas que
tirou a vida de 19 pessoas em Israel desde março. Nunca é seguro para um jornalista
se colocar na linha de fogo. Mas o que se torna importante nestes eventos é descobrirmos
o que realmente aconteceu. A verdade.
Imediatamente
após a notícia da morte de Shireen Israel ofereceu fazer uma investigação
conjunta com a participação de peritos independentes americanos e europeus. Mas
a Autoridade Palestina se recusou a realizar a investigação conjunta porque
poderia descobrir que a bala fatal havia sido disparada por um m palestino que
estava tentando matar um israelense.
Como observou
o primeiro-ministro Naftali Bennett, “os palestinos em Jenin foram filmados até
mesmo se gabando: 'Acertamos um soldado; ele está deitado no chão.' No entanto,
nenhum soldado das forças de defesa de Israel havia sido ferido, o que levanta
a possibilidade de que foram os palestinos que atiraram na jornalista.”
Que alguns membros
da Knesset de Israel imediatamente vinculassem o incidente às suas batalhas
políticas, também era de se esperar, mas alguns se superaram. O chefe do Ra'am
(Lista Árabe Unida), Mansour Abbas, chamou Abu Akleh de “mártir”, enquanto
membros de seu partido político rival, a Lista Conjunta, condenaram
imediatamente “a execução” da jornalista pelas forças de “ocupação”.
O funcionário
da AP Hussein al-Sheikh chamou a morte dela de "assassinato". Uma
declaração do Hamas declarou ter sido “um assassinato premeditado” e a Al
Jazeera, com sede no Catar, disse que Abu Akleh foi morta a “sangue frio” em
“um assassinato flagrante, violando as leis e normas internacionais”.
Talvez a
resposta mais previsível, mas lamentável, tenha vindo da Federação
Internacional de Jornalistas. Num comunicado divulgado algumas horas após sua
morte a organização declarou que, “a repórter da Al Jazeera, Shireen Abu Akleh,
foi morta a tiros pelo exército israelense enquanto cobria uma incursão na
cidade ocupada de Jenin, na Cisjordânia, no início de 11 de maio”. Seu secretário-geral
declarou que “mais uma vez, jornalistas, vestindo coletes de imprensa,
claramente identificados, foram alvos de franco-atiradores israelenses”. Quer
dizer, sem uma autopsia, sem qualquer prova, ou análise forense, a Federação Internacional
de Jornalistas já decidiu quem fora o culpado e prometeu adicionar este evento
ao caso apresentado no Tribunal Penal Internacional sobre o ataque sistemático
a jornalistas palestinos.
Então vamos ver,
vamos comprovar, como Israel leva a frente estes ataques sistemáticos à
jornalistas palestinos. De 1992 a 2022, isto é, 30 anos, 21 jornalistas foram mortos
em Israel e nos Territórios Palestinos Ocupados, de acordo com o Comitê de
Proteção a Jornalistas. Destes 21, 5 morreram em Gaza durante guerras entre
Israel e o Hamas. Os jornalistas não foram alvejados propositalmente. Oito foram
mortos em fogo cruzado entre o exército e terroristas em Nablus, Ramallah e
Jenin durante a segunda intifada, de 2000 a 2003.
Outros dois
foram mortos em Gaza enquanto cobriam protestos. Um foi morto pela polícia
palestina e outro morreu numa explosão dentro de um posto de polícia palestina
sem envolvimento de Israel. Outros dois morreram em Gaza, um devido a
estilhaços resultantes de um míssil de Israel e outro depois de apontar o que
parecia ser uma arma para um tanque israelense. Finalmente, dois foram mortos por um ataque de
míssil de Israel em 2012 durante a operação Pillar de Defesa.
Em
comparação, no Brasil, no mesmo período, 59 jornalistas foram mortos, muitos
depois de publicarem artigos contra corrupção, o tráfego de drogas e outros
motivos. Eles foram pessoalmente alvos de assassinos e a grande maioria dos
casos ainda não foi solucionada ou alguém levado à justiça. Nos Estados Unidos,
14 jornalistas foram mortos e na Rússia, 82. Cabe lembrar que nem o Brasil, nem
os Estados Unidos ou a Rússia, até o começo deste ano, estava em guerra. E
mesmo assim, jornalistas foram muito mais visados nestes países que em Israel.
Posso dizer
quem está a ser sistematicamente visado. Não são jornalistas, palestinos ou
não. São israelenses. Ou melhor, digo, todo o Estado de Israel.
A Associação
de Jornalistas de Jerusalém pediu à FIJ que detivesse seu fogo. Depois de
expressar profunda tristeza pela morte de Abu Akleh e o ferimento de seu
colega, a Associação de Jornalistas de Jerusalém exigiu uma investigação
completa e pediu à Autoridade Palestina que aceitasse o pedido de Israel para uma
investigação conjunta e chegar à verdade sobre este incidente específico e
evitar futuros casos em que jornalistas possam ser feridos enquanto fazem seu
trabalho.
Esta onda de
terror que assola Israel não está acontecendo no vácuo. O líder do Hamas, Yahya
Sinwar, pediu aos palestinos que usem “talhos, machados e facas” para atacar
israelenses apenas alguns dias antes de terroristas palestinos, vejam só,
fazerem exatamente isso no Dia da Independência. Também houve vários ataques de
facadas e tentativas de ataques.
Em Elad, três
homens foram mortos a machadadas por dois terroristas palestinos deixando 16 crianças
órfãs. Eles entraram em outra lista. Uma que ninguém quer entrar: das vítimas
do terror. Antes mesmo de seus nomes serem publicados, o grupo de extrema
esquerda “If Not Now”, com sede aqui nos EUA, pensou que aquele seria o momento
perfeito para culpar as vítimas, pelo menos por procuração. Depois de dizer que
“sofriam com a perda de vidas”, eles continuaram dizendo que lamentavam “o desequilíbrio
de poder que alimenta essa violência – o sistema de apartheid de Israel, onde
muros e armas criam um pesadelo diário para todos os palestinos. Onde o governo
israelense tem armas nucleares e apoio internacional, enquanto os palestinos
não têm direitos de autodefesa e autodeterminação. Esse status quo não mantém
ninguém seguro.”
Eu lhes digo
o que não mantém ninguém seguro – mentiras, difamação e distorção
deliberadamente destinadas a alimentar o incitamento contra Israel.
A declaração seguiu
todo o script difamatório. Ela repetiu a mentira do apartheid – embora,
incidentalmente, em 9 de maio último, o juiz Khaled Kabub tenha se tornado o
primeiro muçulmano nomeado para a Suprema Corte de Israel. E mencionou muros e
armas – presumivelmente referindo-se à cerca de segurança destinada a impedir
que terroristas entrem em Israel para realizar ataques assassinos e os soldados
que a patrulham.
Quanto às
“armas nucleares” e “apoio internacional” – não tenho certeza qual alegação é a
mais ridícula. O exército de Israel não está atacando palestinos, muito menos
com armas nucleares – embora o Irã, que é o patrono de grupos terroristas, e
que elogiou o ataque em Elad, esteja buscando apoio internacional para seus
objetivos nucleares. E isso, apesar de declarar abertamente seu desejo de
varrer “a entidade sionista” do mapa. E se a FIJ é uma expressão de “apoio
internacional”, então realmente enterramos os fatos junto com as vítimas do
terror.
Os dois
terroristas que realizaram o massacre de Elad – As’sad al-Rifai, 19, e Emad
Subhi Abu Shqeir, 20, ambos de uma vila perto de Jenin – foram capturados após
uma intensa caçada de 60 horas. Então vimos os rostos do mal. Os rostos
daqueles que mataram o judeu que lhes deu uma carona e outros dois com machadadas,
sem piedade. Um destes “pobres palestinos” estava usando aparelho para
endireitar os dentes. Em outra imagem, particularmente chocante, mostrou o
outro terrorista sentado em uma pedra fumando um cigarro fornecido pelo Shin
Bet enquanto esperava ser preso.
Tenho certeza
de que nenhum soldado de Israel acordou na última quarta-feira com a ideia de
atirar deliberadamente em uma repórter fazendo seu trabalho. Também sei com
certeza que em cada um dos recentes ataques terroristas, foram os terroristas
que partiram com intenção assassina, não suas vítimas e não os membros das
forças de segurança e outros indivíduos corajosos que interromperam os ataques.
Os detalhes completos da morte de Abu Akleh ainda não foram publicados, mas a narrativa em torno da morte da jornalista já está sendo construída. Quaisquer que sejam os resultados da investigação, a Federação Internacional de Jornalistas está claramente determinada a que Israel não receba uma cobertura justa. E ninguém está a salvo de terroristas alimentados pelo apoio de certas mídias e ONGs estrangeiras, a cultura do martírio e a política de pagamento para matar da Autoridade Palestina.
Não importa o que aconteça, Israel será sempre culpada até provar que é
inocente. E neste caso, as provas estão com o outro lado. E isso é parte do problema.
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