Há duas semanas, o Secretário de Estado Antony Blinken anunciou que a administração Biden irá pedir ao Congresso 75 milhões de dólares em ajuda aos palestinos além de reabrir o Consulado americano em Jerusalém – que no passado servia como uma embaixada de fato, para as relações entre os Estados Unidos e os Palestinos. Ambas as decisões mandam uma péssima mensagem.
Em primeiro lugar, esse tipo de oferta
mostra não só para os palestinos, mas para qualquer líder que abusa seu próprio
povo e seus vizinhos, que os Estados Unidos estão prontos a fechar os olhos para
este tipo de conduta. E isso inclui Vladimir Putin da Rússia com a Criméia, Xi
Jinping da China com o Tibet e o "Guia Supremo" Ali Khamenei do Irã,
com o qual Biden está louco para reatar o acordo nuclear. Nenhuma oferta
americana similar foi feita para Israel, que gastou dezenas de milhões de
dólares para proteger seus civis ou para sua reconstrução que inclui casas destruídas
e milhares de quilómetros de agricultura queimados.
Uma das razões dadas pelo Hamas para
começar a última guerra com Israel, foi o cancelamento das eleições palestinas
por Abbas que deveriam ter ocorrido em maio e julho. Não vamos esquecer que
Abbas foi eleito em 2005 para 4 anos e já está no cargo há 16. Aparentemente
ele comunga com a filosofia do presidente da Turkia, Recip Erdogan, que declarou
que a democracia é como um trem. Você pula dele quando chega ao destino.
Mas o verdadeiro motivo do cancelamento
das eleições palestinas foi que todas as pesquisas apontavam para outra vitória
do Hamas. O Hamas venceu a última eleição parlamentar em 2006 devido à
frustração dos palestinos com a desenfreada corrupção política, administrativa
e econômica na Fatah, a facção dominante da AP de Abbas.
O que o governo Biden está fazendo com os
milhões de dólares e a reabertura do consulado americano– é vergonhosamente
recompensar Abbas por sua política inflexível com relação à Israel, sua insistência
em gastar a ajuda estrangeira com salários nababescos aos terroristas, por
prender jornalistas, críticos dele na mídia social e opositores políticos. Enfim,
por agir como um ditadorzinho miserável que ele é. Ao enviar o ministro das
relações exteriores americano, o mais alto diplomata em qualquer governo, para
se encontrar com Abbas em Ramallah, o governo Biden está dando legitimidade a um
líder que governa mal seu próprio povo, que o incita à violência e que não tem
a menor intenção de preparar seus cidadãos para a paz; que não se preocupa nem
com os direitos humanos nem com governar responsavelmente.
O absurdo foi que na véspera da visita de
Blinken a Ramallah, as forças de segurança de Abbas prenderam vários ativistas
políticos palestinos sob a alegação deles terem "insultado" altos
funcionários palestinos em várias plataformas de mídia social ou durante
comícios na Judeia e Samaria. O proverbial “desacato à otoridade”. Lá também
tem estas coisas.
Abbas culpou Israel pelo adiamento das
eleições dizendo que ela estaria “dificultando a votação” ao fazer, imaginem
só, "ataques" contra a mesquita de al-Aqsa em Jerusalém. Só um
palestino mesmo para relacionar uma coisa com a outra.
Na verdade, foi o veneno derramado por
Abbas contra Israel, para alcançar seus próprios fins políticos, que acabou provocando
a violência dos palestinos contra judeus em Jerusalém. E continuando o circo do
absurdo, Abbas ameaçou processar Israel por “crimes de guerra” por ela ter respondido
aos mais de 4.300 mísseis do Hamas, Jihad Islâmico e do Irã, lançados contra
sua população civil. Este é o mesmo Abbas que diz para Blinken que está
comprometido com o processo de paz com Israel e que quer processar o estado
judeu por se defender dos milhares de mísseis que ele não se atreveu condenar.
O Hamas lançou sua recente guerra contra
Israel, como parte de sua campanha para "libertar Jerusalém e a Mesquita
de al-Aqsa do inimigo sionista". O Hamas até chamou sua guerra de
"Espada de Jerusalém". Mas a
verdadeira razão da guerra, foi para o Hamas alcançar o poder que esperava através
das eleições, antes delas serem canceladas. O Hamas quis mostrar que ele é o
grupo forte e que Abbas só fica no poder porque Israel o protege.
Ao atacar Israel e Jerusalém no primeiro dia, o Hamas declarou que os
judeus não têm direito sobre
Jerusalém; que é uma cidade exclusivamente árabe e muçulmana, e que apenas o
Hamas pode libertá-la. O
Hamas também possivelmente queria mostrar ao mundo que, ao contrário do que
afirma Israel, Jerusalém não é uma cidade unida onde árabes e judeus vivem
juntos.
A
realidade, gostemos ou não,
é que o Hamas conseguiu um
pouco dos dois. A ilusão da união que existia entre árabes e judeus trabalhando
juntos, morando lado a lado, se desfez quando arruaceiros árabes saíram para
linchar judeus e judeus retaliaram.
E apesar de Jerusalém continuar sob a soberania de Israel, com a mudança
do governo e a partida de Netanyahu nesta quarta-feira, e em face da ameaça do líder
do Hamas, Yahya Sinwar, o novo governo de esquerda, está ponderando se autoriza
ou não a tradicional parada das bandeiras na quinta-feira quando milhares de
jovens israelenses andam na cidade velha com bandeiras de Israel. O
cancelamento da parada seria um verdadeiro desastre: uma capitulação de Israel
ao Hamas.
O que a esquerda americana ainda se recusa a entender e a retornar os
Estados Unidos para a formula ineficaz e perdedora de Obama, é que o
Hamas e a AP querem o mesmo resultado: a destruição de Israel e sua
substituição por um estado islâmico. Eles apenas divergem sobre como chegar lá.
Abbas preferiria que grupos internacionais declarassem um Estado da Palestina,
que poderia então, se necessário, ser usado como plataforma de lançamento para
conquistar o resto do território; O Hamas, de acordo com seu estatuto, prefere tomar o território pela força, por meio do jihad. Nem um nem outro têm o menor interesse em qualquer tipo de paz com
Israel.
Agora
vem Blinken e anuncia a reabertura do consulado em Jerusalém. Porque não em Ramallah??? Por que assim Biden está dizendo
aos palestinos que os Estados Unidos não reconhecem Jerusalém como a capital
unida e indivisa de Israel.
Aqui
está como os palestinos entendem estes gestos:
Se você dispara mais de 4.000 mísseis
contra Israel, você obtém um consulado americano em Jerusalém e milhões de dólares dos
contribuintes americanos. É fantástico! A opção não pode ser outra
além de continuar a fazer isso!
Hoje Abbas e o Hamas estão esfregando as mãos porque, para eles, o
governo Biden acaba de atingir seu objetivo de destruir o plano de paz de
Trump, "Paz para a prosperidade" que foi apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Arábia
Saudita, Egito e Marrocos, além da Sérvia e Kosovo.
A visita
de Blinken, mesmo com a melhor das intenções, foi uma grande vitória para o
Irã, Hamas, Hezbollah e todos aqueles árabes e muçulmanos que se opõem
ferozmente ao direito de Israel de existir e rejeitam totalmente a paz.
A
decisão do governo Biden de retomar a ajuda financeira incondicional à
Autoridade Palestina - e ao Irã - significa o fortalecimento das ditaduras e da
corrupção para os que vivem no Oriente Médio. Abbas pode agora continuar
com seu governo autocrático e medidas opressivas, incluindo privar seu povo de eleições,
liberdade de expressão e justiça. As decisões da América irão encorajar o Hamas
e o Jihad
Islâmico provando a eles
que a violência recente valeu a
pena no final.
Ao recompensar
Abbas, Hamas e o campo anti-normalização no mundo árabe, o governo Biden matou seu
objetivo declarado de reviver o
processo de paz. Demonstrou de forma decisiva que a corrupção e a ditadura
compensam. Ele mostrou que o terrorismo rende - na ordem de milhões de dólares.
E infelizmente, neste
contexto, podemos apostar que a incitação e a violência contra Israel e israelenses irá somente
piorar com um resultado tão encorajador para os palestinos.
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