Sunday, July 23, 2023

Tisha'a Be Av e os Protestos em Israel - 23/7/2023


O Departamento de Estado dos EUA em sua ignorância suprema, continua a achar que generosos gestos diplomáticos e financeiros podem induzir o Oriente Médio violento e volátil a abandonar as ideologias fanáticas antiocidentais e adotar valores ocidentais, como coexistência pacífica, negociação de boa fé, democracia e direitos humanos. Mas até agora, a política do Departamento de Estado (bem intencionada ou não) só conseguiu alimentar a violência, a criação de grupos terroristas e uma instabilidade imprevisível na região.

Por exemplo: O Departamento de Estado acolheu as manifestações no mundo árabe que eclodiram em 2010 e ainda se espalha do Golfo Pérsico ao noroeste da África – a chamada "Primavera Árabe", ou "a Revolução da Juventude Facebook". Uma "marcha pela paz e pela democracia". No entanto, como evidenciado pela realidade este foi outro terremoto, não uma Primavera Árabe.

Sobre o Irã, antes da revolução, o Departamento de Estado abraçou o fanático aiatolá Khomeini, antiamericano, sugerindo que ele era anticomunista, cercado de conselheiros moderados, preocupado em trazer liberdade ao Irã - um Gandhi iraniano. Isso jogando seu aliado, o Xá do Irã embaixo do ônibus. Depois da revolução de 1979, o Departamento de Estado estendeu a mão para os aiatolás numa bonança financeira e diplomática, erroneamente achando que podiam transformar estes lunáticos messiânicos, em negociadores de boa-fé, passíveis de coexistência pacífica com seus vizinhos sunitas. Que os revolucionários desistiriam da proliferação regional e global do terrorismo e tráfico de drogas, e abandonariam sua ideologia repressiva, fanática e megalomaníaca de 1.400 anos. O que aconteceu? O Irã só reforçou sua colaboração com regimes anti-americanos, organizações terroristas e traficantes de drogas na América Latina, representando uma ameaça letal para todos os regimes árabes pró-EUA deixando na chuva a maioria dos iranianos, que aspiram por uma mudança de regime em Teerã.

O Departamento de Estado estava por trás da ofensiva militar da OTAN que derrubou Gaddafi da Líbia em 2011, apesar de todas as suas medidas de desmantelamento da infraestrutura nuclear e química da Líbia e de suas ações contra o terrorismo islâmico. A derrubada de Kadafi transformou a Líbia numa terra de ninguém, um centro incontrolável de terrorismo islâmico anti-EUA.

Até a eclosão da guerra civil na Síria, o Departamento de Estado considerava o implacável antiamericano Bashar Assad um reformador moderno devido à sua formação universitária em Londres. Mas até agora, o “reformador” já causou mais de meio milhão de vítimas, 7 milhões de refugiados e um número semelhante de deslocados internos.

E chegamos a Israel. Apesar dos Estados Unidos terem sido o primeiro país a reconhecer Israel em 1948 (meros 11 minutos depois do anúncio), o Departamento de Estado era completamente oposto ao estabelecimento do Estado judeu, argumentando que seria pró-soviético, seria invadido e destruído pela coalisão árabe, sua criação desestabilizaria o Oriente Médio e ameaçaria o fornecimento de petróleo árabe. Errado novamente.

Todas as propostas de paz árabe-israelenses do Departamento de Estado foram centradas nos palestinos e, portanto, foram frustradas pela realidade do Oriente Médio. De 1993 a 2000, o Departamento de Estado estendeu o tapete vermelho a Arafat como um mensageiro da paz, digno do Prêmio Nobel da Paz e da ajuda externa dos EUA, ignorando seu histórico terrorista e traiçoeiro, sua visão aniquilacionista, e apesar dele ter mandado matar o embaixador americano no Sudão, Cleo Noel e seu vice Curtis Moore em 1973. Enquanto isso, todos os regimes árabes pró-EUA que conheciam este canalha, estenderam a Arafat o tratamento miserável de capacho.

Por que isso tudo é importante? Porque quem está comandando a política externa americana hoje não é o presidente senil Joe Biden. É o Departamento de Estado. E Israel está passando por um momento muito complicado. A esquerda, como sempre, está organizada com um propósito muito claro: derrubar o governo de Bibi Netanyahu e para isso, todos os meios justificam o fim.

Semana após semana milhares de israelenses saem às ruas sem saber por que, repetindo como papagaios “democratia”, num movimento que é qualquer coisa menos democrático. Seus líderes simplesmente não suportam a ideia de um governo de direita, ainda mais um que ganhou esmagadoramente e tem toda a legitimidade para promover as reformas prometidas.

Isso lembra o que líderes do partido trabalhista perdedor disseram da vitória de Begin em 1977: que era preciso trocar o povo. É esta esquerda que é antidemocrática. É ela quem rejeita o resultado das eleições livres e democráticas e tenta impedir que o novo governo cumpra a prometida reforma judiciária.

Infelizmente, isso também nos faz voltar a uma história mais antiga.

Como hoje, há mais de dois mil anos, houve gritos numa guerra entre dois inimigos brutais. Gritos de soldados e de feridos dos dois lados. Gritos na mesma língua, pertencentes à mesma nação. Judeus lutando contra judeus.

No ano de 66 antes da era cristã, dois irmãos, filhos da rainha Shlomzion, Aristobulus e Hyrcanos brigaram pelo trono com tanto ódio, que um deles pediu à Roma para ajudá-lo contra seu irmão. Sem medir as consequências deste pedido, Aristobulus estava pronto a tudo para vencer seu inimigo. Os romanos, que não precisavam de um segundo convite, entraram em Israel, e ironicamente, prenderam Aristobulus e colocaram seu irmão, que achavam ser mais fraco, no trono.  Assim começou a história da destruição do Segundo Templo. Ao final, por causa do ódio gratuito entre irmãos, o povo judeu perdeu tudo, o Templo, seus tesouros, a terra, a liberdade e foram exilados por dois mil anos.

Desde o episódio dos espiões na Bíblia, passando pela guerra entre a tribo de Efraim e os Gileaditas, o massacre da tribo de Benjamin pelas outras tribos de Israel, a guerra entre o reino de Israel com a ajuda do rei da Síria, contra o reino de Judá, até nossos dias, todas as guerras entre judeus ocorreram nesta época de Tish’a Be Av. Até a retirada de Gaza de 2005 caiu neste dia e foi só depois de Ariel Sharon se dar conta que ele mudou a data da expulsão dos 8 mil judeus de suas casas, para o dia seguinte. O nono dia do mês de Av, que será em 4 dias, é um dia de jejum, para lembrarmos de todos estes eventos, dos quais já deveríamos ter aprendido a lição.

Hoje, por causa de uma reforma do judiciário, que realmente não afeta o cidadão regular de Israel, a esquerda está disposta a provocar esta guerra civil. Ehud Barak, o ex-primeiro-ministro declara que o chamarão para liderar o país quando o rio Yarkon estiver cheio de sangue. Outro, Ehud Olmert, clama pela recusa dos soldados ao serviço militar. O presidente do maior sindicato, a Histadrut, declara que amanhã haverá greve. A esquerda organizada está provocando dias de interrupção, o fechamento do comércio e outras medidas que irão causar bilhões de shekels em prejuízo ao país. Isso tudo bem. O que não está bem para ela é o governo alocar alguns milhões de shekels para dar aos religiosos. E os inimigos de Israel estão sentados assistindo a tudo isso comendo pipoca. Esperando Israel se acabar por si própria.

E hoje também, como há dois mil anos, há pessoas como Ehud Olmert, que estão pedindo para os Estados Unidos intervirem. Não é por nada que os maiores cartazes dos protestos estão em inglês. Biden é o campeão em intervir nos assuntos internos de Israel e ele também não vai precisar de um segundo convite. Só que, como disse, a bola estará nas mãos do Departamento de Estado americano que não acertou uma em política externa, mas é fielmente hostil a Israel. Tal interferência ira exigir mais “concessões” de Israel aos palestinos e daí por diante.

Sim, há milhares que estão protestando. Mas todos eles não são uma gota frente aos milhões que votaram por este governo e esta reforma. Se a esquerda ama mesmo Israel e quer um país democrático (não digo nem judeu), ela precisa crescer e aceitar os desígnios da democracia, como o resultado de uma eleição baseado nos planos propostos.

Qualquer coisa fora disto deixa claro que o que está ditando este movimento é nada mais do que a procura do poder em detrimento da vontade do povo.

 

No comments:

Post a Comment