Sunday, August 18, 2024

Um Dilema Agonizante Para Israel - 18/08/2024

 

O último round das negociações por um cessar-fogo entre Israel e o Hamas acontecerá no Cairo, nesta semana. Os jornais americanos já noticiaram que “progresso” teria sido alcançado em Qatar e que a finalização está próxima para o retorno de alguns reféns em troca de uma retirada israelense da Faixa de Gaza e a libertação de milhares de terroristas palestinos.

Estaríamos falando de 500 a 1000 terroristas, 100 dentre eles considerados “pesados”, isto é, chacinadores sanguinários, soltos em troca de 22 a 35 reféns israelenses vivos, a maioria mulheres e outros civis, junto com os corpos de uma dúzia de reféns mortos. Notem que temos hoje 115 reféns ainda em Gaza.

O plano também prevê outras duas fases de trocas, mas há tantas condições que ninguém está confiante que elas poderão acontecer, como por exemplo, a supervisão internacional da fronteira de Gaza, à qual o Hamas se opõe, e a retirada militar completa de Israel da Faixa, à qual Israel se opõe. De fato, nem esta primeira fase parece possível, especialmente com o Hamas já tendo declarado que este acordo é uma “ilusão”.

Muitos aqui em Israel concordam que esta discussão é triste, mas necessária: que é a obrigação moral do governo libertar o máximo de reféns possível, o mais rápido possível, apesar do preço enorme. Que o sofrimento dos nossos reféns e suas famílias é intolerável também a nível nacional. Que receber os reféns de volta seria a maior vitória de todas.

Muitos israelenses sentem isso e querem um acordo de qualquer jeito, mesmo que isso implique a retirada completa de Israel de Gaza. Em outras palavras, mesmo que o Hamas retenha o poder e essencialmente declare a vitória.

Nos debates que assistimos, sempre há alguém que declara que o exército poderá entrar novamente em Gaza depois da soltura dos reféns, embora isso seja praticamente impossível, logisticamente falando, e exigiria o sacrifício de outras centenas dos nossos soldados. Outros dizem que novos ataques poderão ser evitados por tecnologias de fronteira mais avançadas, mais sentinelas e outras ideias mirabolantes. Outros ainda, defendem o acordo para derrubar o governo atual (o que, na visão deles, é mais importante do que a libertação de reféns).

Mas há alguns, inclusive pais de reféns, que defendem a estratégia do governo atual e de fato, acham que a melhor maneira de conseguir libertar os reféns é continuar a guerra e realmente eliminar o Hamas.

É uma situação horrível! Como o coração pode não se partir?

Hoje aqui falo na condição privilegiada de não ter nenhum ente querido meu no cárcere do Hamas. Mas o que parece estar ausente nos debates, é o cálculo do preço de libertar tantos terroristas palestinos.

Não é que eles foram “reformados” nas prisões israelenses. Eles não têm uma formação acadêmica ou outro “emprego”. Eles foram pagos pela Autoridade Palestina com salários nababescos durante todo o seu tempo no cárcere. E foram pagos por seus atos de terrorismo e por isso voltarão ao terrorismo. Sua libertação incentivará futuros sequestros, outros ataques terroristas como os que já estão acontecendo na Judeia e Samaria diariamente, e também levará o Hamas a tomar o controle da Judeia e Samaria.

Eu sei que isso é fato - porque esse tem sido o caso com cada libertação de terroristas do passado. Senão vejamos: No acordo Jibril de 1985, Israel soltou 1.150 terroristas em troca de 3 soldados de Israel. Entre eles, mais de 100 voltaram imediatamente à ativa terrorista.

Com os Acordos de Oslo, Entre 1993 e 1999, Israel não só libertou terroristas palestinos como "gestos" para a OLP, mas permitiu que pelo menos 60.000 (!) palestinos do "estrangeiro" entrassem nos territórios, incluindo 7.000 terroristas com carteirinha da OLP. Foi essa injeção de “tropas” que alimentou a Segunda Intifada.

Em 2004, Israel libertou mais de 400 terroristas palestinos e cerca de 30 prisioneiros libaneses, incluindo líderes da Hezbollah, por um prisioneiro civil, Elhanan Tannenbaum, e os corpos de três soldados israelenses. A Segunda Guerra do Líbano contra o Hezbollah ocorreu pouco depois.

Mas entre todos, o acordo de 2011 para libertar Gilad Schalit foi o pior. Entre os mais de 1.000 prisioneiros de segurança palestinos libertados em troca de um único soldado estavam Yahya Sinwar, e outros sete líderes que hoje constituem a cúpula do Hamas. De fato, quase todo o comando do Hamas que planejou o ataque de 7 de outubro, que matou mais de 1.200 pessoas, em um dia, foi composta por terroristas libertados no acordo Schalit. Mas não só isso.

Outros terroristas libertados nesse acordo foram responsáveis pelos piores ataques dos últimos 13 anos que custaram as vidas de Baruch Mizrachi, Dr. David Applebaum e sua filha Navah (na véspera de seu casamento), Malachi Rosenfeld, e o Rabino Miki Mark (pai de dez filhos). Outro terrorista, também libertado no acordo Schalit, comandou de Gaza os assassinatos de Yosef Cohen e Yuval Mor-Yosef e um bebê, Amiad Israel. Foi um outro terrorista libertado no acordo Schalit que levou à cabo o sequestro e assassinato dos três adolescentes Naftali Fraenkel, Eyal Yifrach e Gilad Shaer em Gush Etzion em 2014.

Em outras palavras, cada vez que Israel libertou terroristas, eles repetidamente assassinaram mais israelenses.

Após o sequestro e assassinato dos três meninos, Israel decidiu prender novamente muitos dos terroristas libertados no acordo Schalit. No entanto, Israel só conseguiu prender novamente uns 130 terroristas "pesados" libertados na Judeia e Samaria.

E há também o debate se é melhor soltar os terroristas para as suas casas, como quer o Hamas ou para algum país no exterior. Pelo que estamos vendo dos ataques diários vindos de Jenin, de Tulkarem, e dos outros vilarejos árabes na Judeia e Samaria, o melhor é soltá-los o mais longe possível. Caso contrário, eles reforçarão a estrutura terrorista que construíram nessas áreas com o apoio do Irã e as expandirão.

De qualquer forma, o perigo de libertar terroristas palestinos em massa é claro. Um acordo que liberta assassinos cruéis de judeus e israelenses (incluindo os assassinos e estupradores da Nukhba de 7 de outubro) em troca do sofrimento de reféns inocentes de Israel coloca em risco ainda mais vidas israelenses no futuro — e essa consequência não demora a chegar.

Por isso temos que ter cuidado e estar cientes do que estamos fazendo. Negociar pelos reféns mantidos em Gaza agora, pode ser a coisa mais humanitária e moralmente necessária do mundo a fazer, mas também pode ser a coisa mais perigosa e potencialmente desastrosa que Israel possa fazer. Um custo altíssimo em todos os sentidos, a ser pago durante anos.

Um dilema verdadeiramente agonizante para Israel.

Sunday, August 11, 2024

A Perigosa Teia de Aranha do Irã - 11/08/2024

 

Esta ingrata guerra que Israel está travando em Gaza, infelizmente nunca trará o reconhecimento internacional pelas medidas sem precedentes tomadas pelo Estado judeu para proteger os civis.

E infelizmente, para nós cada perda civil é uma tragédia, mas para o Hamas é só estratégia. O defunto Ismail Hanyeh não poderia ter deixado mais claro quando ele disse que “precisava do sangue das mulheres, das crianças e dos idosos para acordar o espírito revolucionário”. Só para deixar claro, era o sangue das mulheres, crianças e idosos dos outros palestinos, não dele ou de sua família, sentados no conforto dos hotéis de luxo do Qatar.

Pela lei internacional, se um edifício qualquer, e pode ser um hospital, uma escola, um posto de saúde, uma casa é tomada pelo inimigo como base de operações, este edifício ou construção perde toda imunidade, e se torna um alvo militar legítimo. E é se escondendo em edifícios deste tipo que o Hamas pretende proteger seus terroristas, usando civis como escudo humano.

Isto posto, ontem, Sábado, pela manhã, Israel alvejou um centro de comando e controle estabelecido dentro do complexo escolar Al-Taabin. De acordo com a inteligência de Israel, pelo menos 19 terroristas do Hamas e do Jihad Islâmico foram mortos, incluindo possivelmente, o comandante da Brigada Central do grupo terrorista Jihad Islâmico, Ashraf Juda.

De acordo com o exército israelense, o ataque foi executado usando três armas pequenas e precisas e nenhum dano severo foi causado ao edifício.

Não importa a informação fornecida por Israel, imediatamente choveram condenações do mundo inteiro que novamente, aceitou as declarações do Hamas como verdadeiras. Al Jazeera noticiou a morte de mais de 100 civis, a Reuters de quase 100. A CNN dá o número de 90. O inglês The Guardian, 80, a BBC 70, a ABC fala de muitos mortos. Mas todos citam o Hamas como fonte de sua informação.

Desta vez Israel foi à frente e mostrou que a escola estava dividida em 3 seções. Uma de mulheres, uma de crianças e a terceira de homens. Israel atacou apenas os quartos do comando onde se encontravam os terroristas, na seção dos homens.  E fotos de satélite e vídeos de antes e depois do ataque comprovam que o complexo está intacto, e não há crateras ou danos ao prédio principal.

Na mídia social, os árabes não tiveram qualquer pudor em publicar fotos dos mortos, todos homens, com títulos: “mais de 100 pessoas mortas em sua maioria mulheres e crianças”. Não importa que a foto conte outra estória. É exatamente isso que o mundo procura para culpar Israel.

 

E isso nos leva à posição americana nesta guerra. A candidata democrata Kamala Harris já deixou claro que ela quer um cessar fogo a qualquer preço. Ela não se importa que em pouco tempo o Hamas poderá reparar sua infraestrutura e planejar outro 7 de outubro. O que lhe importa agora é ganhar o voto dos árabes nos Estados de Michigan e Minnesota.

E isso é muito preocupante.

A abordagem de Harris à diplomacia internacional tem sido muito inconsistente e contraproducente. Durante uma visita à George Mason University em 2021, um estudante acusou Israel de conduzir um "genocídio étnico na Palestina". Em vez de refutar essas alegações infundadas, Harris concordou em ouvir a perspectiva do estudante. Na Conferência de Segurança de Munique em fevereiro de 2023, Harris defendeu o estabelecimento de um estado palestino sem mesmo mencionar a ameaça contínua de terrorismo de grupos como o Hamas.

Os comentários públicos de Harris às vezes parecem minar a posição de negociação de Israel. Em março deste ano, ela pediu "um cessar-fogo imediato" em Gaza, o que teria sido efetivamente a salvação do Hamas.

A candidatura de Harris reflete uma mudança mais ampla e preocupante dentro do Partido Democrata. A ala progressista do partido, incluindo figuras como Bernie Sanders e membros do "Squad", tem abraçado cada vez mais a retórica anti-Israel. Sanders comparou o primeiro-ministro israelense Netanyahu aos líderes do Hamas, chamando Netanyahu de "criminoso de guerra" e questionando o apoio americano a Israel. Essa mudança não é apenas retórica. Ela exige por exemplo, o fim da ajuda militar dos EUA a Israel e a adoção de políticas hostis aos interesses israelenses. O alinhamento de Harris com essas figuras levanta sérias preocupações sobre a direção da política externa dos EUA sob sua liderança.

Ela mesma, não tem qualquer experiência em política externa, e nem seu vice Tim Walz, um progressista diplomado, que tornou seu estado de Minnesota num oásis para a mutilação de crianças em cirurgias de trocas de sexo, do aborto até o nono mês, carteiras de motoristas para imigrantes ilegais e outras pérolas.

O problema é que sem uma política externa firme, os EUA estão perdendo apoio internacional, principalmente no Oriente Médio.

Os sentimentos de traição e decepção com a América, começaram com a retirada precipitada do Afeganistão em 2021 que ainda está fresca na memória de alguns que, já começaram a estender um ramo de oliveira para os inimigos dos Estados Unidos, buscando apoio econômico e de segurança.

Este é o caso do Egito, surpreendentemente. Em julho do ano passado, o Egito recebeu uma visita de alto nível do Irã. Na sequência, o regime de Al Sissi, teria dado “luz verde” à existência de dezenas de túneis terroristas que vão do Egito para Gaza, permitindo o contrabando de armas e equipamentos iranianos para o Hamas, em preparação para o ataque de 7 de outubro.

Além disso, a declaração recente do presidente do Egito de que ele não cooperará com uma coalizão liderada pelos EUA contra o Irã, reforça a suposição de que algum tipo de acordo pode ter sido forjado entre Cairo e Teerã, dada a precária situação econômica do Egito.

Embora o Egito seja recipiente do segundo maior pacote de ajuda estrangeira dos Estados Unidos, ele parece não mais confiar na força de seu benfeitor e agora está aberto a escolher o outro lado. Essa transição deve ser um grande motivo de preocupação do Ocidente.

Enquanto Israel espera por uma resposta iraniana ao assassinato de Ismail Hanyeh em Teerã, a maneira pela qual os Estados Unidos demonstrarão sua força em relação aos aiatolás, aos Houthis no Iêmen, às milícias xiitas no Iraque, ao Hamas em Gaza e ao Hezbollah no Líbano será decisiva para seu status na ordem mundial. E, claro, também em relação à Rússia e à China que estão ativamente manobrando nos bastidores.

Pode parecer dramático, mas após 7 de outubro, a represa do radicalismo foi arrebentada. 45 anos atrás, assim que o regime islâmico depôs o Xá, o Irã começou a implementar sua campanha de relações públicas que estamos testemunhando hoje ao redor do mundo – uma campanha que não é somente contra o Estado de Israel e os judeus, mas contra o Ocidente e seus valores e a favor do estabelecimento de um califado islâmico mundial xiita extremo.

Esta campanha compreende passos pequenos, lentos e sistemáticos, na forma de infiltração de todos os sistemas no Ocidente, incluindo sindicatos profissionais, corpos estudantis, universidades, e muito mais.

Uma vez que o Irã consiga estabelecer seu califado islâmico radical em larga escala, isso enfraquecerá os EUA, e eliminará a influência de potências regionais, como Arábia Saudita, Israel, Índia e outras.

O Irã está fazendo tudo isso enquanto coopera temporariamente com qualquer parceiro potencial que sirva a seu objetivo e lhe deixe fincar um pé estratégico incluindo a Rússia, a China, a Coreia do Norte, bem como grandes partes do Iraque, Síria, Líbano, Iêmen e ainda a Venezuela, a Tríplice Fronteira do Brasil e outros países. É imperativo que abramos os olhos, se quisermos manter nossas liberdades democráticas e não sermos pegos na perigosa teia de aranha do Irã.

Sunday, August 4, 2024

O Assassinato de Ismail Hanyieh - 04/08/2024

 

O assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã na última 4ª feira provocou uma onda de condenação internacional, com vários líderes e organizações mundiais condenando o ato como uma escalada perigosa.

A Turquia, que faz parte da OTAN e queria fazer parte da União Européia, mandou hastear suas bandeiras a meio mastro até mesmo em sua embaixada em Tel Aviv em sinal de luto. De luto por um terrorista.

Mas o melhor foi o Irã, o centro do islamismo xiita, que apesar de estar louco da vida com o assassinato de Hanyeh não só em sua capital Teerã, mas no complexo da sua Guarda Revolucionária, não quis enterrar o mártir que é Sunita, em seu país, e despachou seu corpo junto com o de seu guarda-costas para o Catar, para ser enterrado lá. Isso mostra o quanto as duas seitas se odeiam, e o limite de sua solidariedade.

Apesar de Israel não ter reivindicado o ataque que matou Hanyieh, o Irã e seus capangas na região, incluindo o Hamas, prometeram vingança contra o Estado Judeu.

E estranho que até agora os iranianos não tenham chegado a uma conclusão de como Hanyieh foi morto. De acordo com uma investigação feita pelo jornal The New York Times, uma bomba teria sido colocada no quarto de Hanyeh meses atrás.

A própria Guarda Revolucionária Iraniana declarou que ele foi morto por um projétil de curto alcance que levava uns 7kg de explosivos, que fora lançado de fora do complexo.

O jornal inglês The Telegraph, especulou que o Mossad de Israel teria engajado agentes de dentro da Guarda Revolucionária Iraniana para plantar o explosivo no quarto aonde Hanyieh estaria hospedado.

Qualquer que fora o método usado, no entanto, Hanyieh finalmente se juntou no inferno aos outros assassinos que comemoraram o massacre de 7 de outubro.  

A onda de condenação do mundo, no entanto, não conseguiu reconhecer a importância desse ato no contexto mais amplo da segurança global e da guerra contra o terrorismo que travamos desde o 11 de setembro de 2001. Uma guerra que Israel trava desde sua criação. Em vez de críticas, o mundo deveria elogiar quem quer que tenha tido a coragem de levar à cabo este ataque.

Por mais de sete anos, Ismail Hanyieh, como líder em Gaza do Hamas, uma organização terrorista reconhecida, orquestrou violência e terror contra civis. Sob sua liderança, o Hamas assassinou milhares de pessoas inocentes.

Seu regime em Gaza foi marcado pela militarização agressiva, o lançamento de mísseis contra Israel e a repressão brutal de adversários políticos, tendo assassinado milhares de membros da Fatah e da Autoridade Palestina em Gaza. E nesta posição, Hanyieh criou muito mais inimigos que amigos. Apesar das expressões de luto, ninguém em Ramallah está chorando por ele.

A aliança de Haniyeh com o Irã piorou ainda mais as tensões na região, porque o Irã forneceu a ele os recursos necessários para a construção de túneis, para a produção de mísseis especificamente para alvejar a população civil de Israel e outras atividades terroristas.

Designado como terrorista por vários países — incluindo EUA, Israel, Canadá e União Europeia — Hanyeh tem um currículo que fala por si. Seu envolvimento inclui o planejamento de vários ataques terroristas, o uso de homens-bomba, a produção e ataques com mísseis e a orquestração de revoltas violentas, que deixaram um rastro de destruição e tristeza, não só para Israel, mas também para os árabes de Gaza. O Departamento de Estado americano observou especificamente seu papel na desestabilização da região e na contribuição para um clima de medo e violência.

Em março de 2004, Hanyieh orquestrou um duplo ataque de homens-bomba no porto de Ashdod que matou 10 israelenses e feriu dezenas. Durante a Operação Margem Protetora em 2014, sob o comando de Hanyeh, mais de 4.500 mísseis foram disparados de Gaza contra Israel.

Haniyeh desempenhou um papel critico no planejamento e implementação da Grande Marcha do Retorno em 2018, que envolveu dezenas de milhares de moradores de Gaza tentando romper a fronteira com Israel. Embora enquadrados como protestos pacíficos, muitos desses eventos se tornaram violentos, com participantes armados atacando soldados e civis israelenses.

Esta campanha resultou em inúmeras mortes e ferimentos. Além disso, o Hamas, sob a liderança de Haniyeh, foi responsável pelo sequestro de soldados israelenses. O caso mais notável foi o sequestro de Gilad Shalit em 2006, que foi mantido em cativeiro por mais de cinco anos antes de ser libertado em um acordo de troca de prisioneiros. Um acordo que libertou entre outros sanguinários, Yahya Sinwar, hoje comandante militar do Hamas em Gaza.

E Hanyeh também patrocinou a chacina de 7 de outubro. Em seu pronunciamento sobre o massacre ele declarou exultante: “Devemos nos agarrar à vitória que ocorreu em 7 de outubro e aproveitá-la”. “Há um jihad de palavras, mas chegou a hora do Jihad da espada”. “O povo palestino deve se unir, na Jordânia, na Síria e no Líbano e precisa intensificar o confronto contra Israel” e para não deixar a parte religiosa para trás, ele conclamou seus seguidores em Gaza dizendo, Khaybar, Khaybar, ó judeus! O exército de Maomé voltará. A Palestina é do rio ao mar e nunca, nunca reconheceremos Israel!

Vários países incluindo os EUA, Egito e Catar – expressaram a preocupação de que o assassinato de Haniyeh prejudicaria as negociações de paz em andamento e aumentaria as tensões regionais. O Ministério das Relações Exteriores do Egito, que mantém uma fronteira fechada com Gaza, rotulou o assassinato como uma "escalada perigosa". Aliás hoje pela manhã, o exército de Israel anunciou a descoberta de dúzias de túneis na fronteira de Gaza com o Egito inclusive um com 3 metros de pé direito. Enquanto isso o Catar condenou o assassinato como um "crime hediondo" e uma "violação flagrante do direito internacional e humanitário". Nenhum deles, no entanto, reconheceu as implicações de permitir que um líder terrorista opere com impunidade e de seu território.

É essencial reconhecer que se foi realmente Israel quem eliminou Hanyeh, sua ação não foi um ato de agressão, mas de autodefesa. Eliminar Haniyeh envia uma mensagem sólida para organizações terroristas em todo o mundo: seus líderes não estão fora de alcance. Nem mesmo em Teerã. Este ato demonstra as capacidades avançadas de inteligência de Israel e seu compromisso inabalável em neutralizar ameaças à sua segurança nacional e à segurança de seus cidadãos.

Por outro lado, a comunidade internacional deve considerar quem se alinha com indivíduos como Haniyeh. Aqueles que o veem como um amigo ou aliado são, na verdade, parceiros do terrorismo e de terroristas. O mesmo vai para aqueles que se alinham, e se sentam na mesa com seu patrocinador, o Irã, e seus procuradores os Houtis, o Jihad Islâmico, e a Hezbollah.

O fato de que o assassinato de Haniyeh pode atrapalhar as negociações de paz e provocar mais violência, é possível a curto prazo. Mas precisamos olhar os benefícios de remover uma figura tão importante a longo prazo. A morte de Haniyeh abala a estrutura de liderança do Hamas e diminui suas capacidades operacionais, enfraquecendo assim sua capacidade de realizar ataques futuros.

Além disso, esse assassinato se alinha com o esforço global mais amplo para combater o terrorismo. O Ocidente, particularmente nações como os EUA, que foram vítimas e continuam a serem alvo do terrorismo, devem entender a necessidade de tais ações. A luta contra o terror requer uma frente unida e uma disposição para tomar medidas decisivas contra aqueles que perpetuam a violência e o caos.