Hoje a polícia de Madrid,
posicionada perto de Barcelona, caiu sobre a população da Catalunha não para
protegê-los de alguma ameaça, mas impedi-los de simplesmente votar. As imagens
que vimos pela manhã foram verdadeiramente vergonhosas. A polícia quebrando
portas de escolas e ginásios, confiscando urnas e material eleitoral, fazendo cordões
de força impedindo as pessoas de votar.
Até o século 12 a Catalunha era
uma região separada, com uma população distinta, e uma língua muito diferente
do espanhol e de fato, mais próxima do francês. No século 12 o Conde de
Barcelona se casou com a filha do rei de Aragão e formaram uma confederação que
atravessava os Pireneus e chegava até Marselha na França. No século 15 os reis
católicos Ferdinando e Isabella uniram à força todas as regiões da Espanha, mas
no século 19 a Catalunha foi anexada ao Império francês por Napoleão. Em 1932 os
catalães finalmente conseguiram sua autonomia política somente para perdê-la sete
anos mais tarde com a ocupação do ditador Francisco Franco.
A Catalunha não está só. Desde
o século 19 praticamente todas as regiões da Espanha têm buscado alguma forma
de independência. Hoje há movimentos nacionalistas nas regiões de Castela, Aragão,
Murcia, Astúrias, Andaluzia, Galícia, Leão, Valencia e é claro, o país Basco
que atormentou Madrid por décadas com o grupo terrorista ETA.
Madrid diz que não tem outra
escolha a não ser confiscar as urnas já que este referendo de independência é,
de acordo com o governo central, inconstitucional. Mas as imagens feias da
violência policial reflete a quebra na fibra social espanhola e escancara o
total fracasso dos políticos. Num dia de expressão democrática, numa região que
tem seu presidente, seu parlamento e instituições democráticas, não cabe a qualquer
outro governo interferir. Desde quando no primeiro mundo quando o povo quer
votar se usa a força? Viva a democradura espanhola e europeia!
Nesta semana vimos outro
referendo. O dos curdos no norte do Iraque que votaram por criar seu estado
independente. E não há povo no mundo que mereça um país hoje mais que os
curdos. São mais de 20 milhões numa só região que foi injustamente dividida
entre o Iraque, o Irã, a Síria e a Turquia pelas forças coloniais. A reação a
este referendo foi visceral. Erdogan, o presidente turco, prometeu retaliar
contra os curdos do Iraque porque morre de medo que seus curdos, que reclamam
sua independência há décadas, se fortaleçam com esta vitória. Os curdos no Irã
já mostram sinais similares.
Parece que o mundo está numa
onda de revolta contra a ideologia de esquerda, multiculturalista e de globalização
que só trouxe insegurança, violência e pobreza por onde passou. Hoje há literalmente
milhares de movimentos de independência e partidos nacionalistas reagindo à falta
de fronteiras, de identidade nacional e de imigração descontrolada. E a reação
dos poderes atuais tem sido nada menos que histérica e repressora. Somente na Europa, de direita na França,
Holanda, Bélgica e choque! Depois de 70 anos, também na Alemanha! Nos Estados
Unidos, Donald Trump ganhou a presidência prometendo colocar os interesses da América
primeiro.
A ideologia que até hoje permeou
a América do Norte e Europa, prega que todas as pessoas são iguais, que todas
querem a mesma coisa e que todo o mundo tem os mesmos valores. A ilusão humanística
que todo o mundo é como eu. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi um
reflexo desta ideologia criada como reação à supremacia racial nazista. Mas a Arábia
Saudita, por exemplo, se absteve de ratificar a Declaração dizendo que a
liberdade de religião era contra o islamismo, e que direitos humanos garantidos
pela lei islâmica eram superiores aos descritos na Declaração Universal de
Direitos Humanos.
Em 1984, o Irã declarou que a
Declaração Universal conflitava com a Shaaria e em 2000 a Organização da
Conferência Islâmica apoiou uma Declaração alternativa que garantia a dignidade
de vida de acordo com a Shaaria. Só que esta declaração excluiu, por exemplo, as
liberdades de expressão, de religião, de casamento e outras.
O Ocidente, no entanto,
continuou a avançar o multiculturalismo dizendo que todos os modos de vida são
igualmente válidos e assim permitiu a criação de cortes islâmicas paralelas,
sistemas educacionais paralelos dificultando enormemente a integração dos imigrantes.
O Ocidente partiu para celebrar
a diversidade negando as diferenças que chegam a ser muito profundas. Se
terroristas atacam em nome do jihad logo ouvimos que não tiveram oportunidades
de sucesso, ou se ele for imigrante, deve ter sofrido islamofobia. Assim, de
acordo com a ilusão humanista, terroristas violentos são desesperados porque
não obtiveram as “coisas” que nós temos.
Mas pessoas de outras culturas
nos dizem repetidamente que elas veem o mundo de modo distinto do Ocidente.
Hamas repete a cada oportunidade que eles amam a morte enquanto os judeus amam
a vida. Os Jihadistas amam a morte porque acreditam que ao morrer terão 72 virgens
no céu e gloria na terra.
Cansamos de ouvir que os
palestinos e israelenses tem que fazer a paz. Mas é isto mesmo que os
palestinos querem? Os palestinos já recusaram oito ofertas de um estado.
Em 1937, a Comissão Peel
propôs a partilha rejeitada pelos árabes e levou ao massacre de judeus em
Tiberias. Em 1947, a ONU votou a partilha, rejeitada por todos os árabes. Entre
1948 e 1967 a Judeia, Samaria e Gaza estavam nas mãos da Jordânia e Egito, mas
em vez de pedir independência, Arafat explicitamente excluiu estas áreas das
reivindicações palestinas. Em 1979, nas negociações de paz entre Israel e Egito,
foi oferecida a autonomia aos palestinos para evolver em independência, também rejeitada.
Em 1993 os acordos de Oslo estabeleceram o caminho para a independência
palestina, descarrilhada pelas ondas de terrorismo.
Em 2000 Ehud Barak ofereceu
retirar Israel de 100% de Gaza e 97% da Judeia e Samaria para a criação da
Palestina, outra vez rejeitada por Arafat que deslanchou a segunda intifada com
mais de mil israelenses mortos. Em 2005, Israel retirou os judeus de Gaza para
dar a oportunidade para os palestinos criarem um estado. Em vez disso o Hamas
tomou o poder na Faixa e até hoje aterroriza Israel com tuneis e misseis.
Em 2008 Ehud Olmert ofereceu aos palestinos 98% da Judeia e Samaria e 2%
de território Israelense. Ofereceu dividir Jerusalem entregando todos os
lugares sagrados, incluindo o Muro das Lamentações aos palestinos. Oferta
também rejeitada. E por quê?
Porque os palestinos acreditam
que a “injustiça” que eles sofreram só poderá ser corrigida com a destruição de
Israel e sua substituição por um estado muçulmano palestino. Isto está
declarado na Constituição da OLP, do Hamas e em todos os mapas oficiais da
Autoridade Palestina. E apesar do mundo acreditar que cada país deve respeitar
o outro, isto não deteve a Rússia de invadir a Ucrânia, da China de se apossar
do Mar do Sul da China, do Irã de se estabelecer no Iraque, no Iêmen e na Síria,
e de continuar a ameaçar os Estados Unidos e Israel.
Assim, parece que a paz e
estabilidade, respeito ao outro como igual não é o que os outros procuram. Se
alguém pensar realmente que todos são iguais chegou a hora de repensar esta
premissa. Não o fazer será perpetuar e exacerbar as diferenças que só geram
desconfiança e violência. Exatamente o que o mundo está vivendo agora.
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