Sunday, October 15, 2017

Trump, a Unesco e o Irã - 15/10/2017

Ventos novos continuam soprando no mundo, impulsionados por Donald Trump. Nesta semana, sua bombástica decisão de retirar os Estados Unidos da UNESCO, catapultou a candidatura da ex-ministra da Cultura da França, Audrey Azoulay para a direção da organização. Nos últimos anos a Unesco - braço da ONU responsável pela Educação, Cultura e Ciência - se tornou em um antro dominado por países antissemitas, que pouco têm em cultura, ciência ou educação. Sua agenda se foca quase exclusivamente em condenar Israel e em implementar uma revisão histórica que nega o elo entre os judeus e cristãos com a cidade de Jerusalem e a Terra de Israel como um todo.

A nova diretora-geral da UNESCO venceu a eleição contra o representante de não outro que Qatar. O candidato, Hamad Bin Abdulaziz al-Kawari é um reconhecido antissemita que consistentemente promove esforços contra Israel inclusive questionando princípios fundamentais da fé Judaica. De acordo com a Conferencia de Presidentes das Organizações Judaicas da América, al-Kawari tem um histórico de endossar, encorajar, patrocinar e apoiar Projetos e programas com conteúdo flagrantemente antissemita.  

O interessante nesta votação é que Kawari estava em primeiro lugar, mas no segundo round da votação, que foi secreto, alguns países árabes mudaram seu voto. A especulação é que os Emirados Árabes, o Egito e a Arábia Saudita tenham votado em Azoulay. Interessante também o fato de Audrey Azoulay ser judia.

Audrey declarou que sua primeira ação será propor reformas para devolver os princípios e objetivos originais da organização para a qual ela foi criada e no processo convencer os Estados Unidos e Israel a ficarem na Unesco. E isso parece ser algo muito bom. Vamos ver se ela consegue triunfar sobre os burocratas antissemitas de carreira que trabalham lá. Quem sabe teremos uma guinada de 180 graus na agenda da organização?

Nesta semana Trump também decidiu retirar a certificação do acordo nuclear com o Irã. Isto não quer dizer que os Estados Unidos estão se retirando do acordo. É um procedimento interno pelo qual o Congresso agora tem 60 dias para apreciar se é do interesse nacional da América continuar no acordo ou reimpor sanções contra o Irã.

A resposta dos aiatolás foi histérica. Apesar de já terem recebido bilhões de dólares em cash que Obama enviou num avião especial para Teherã e terem firmado acordos econômicos com vários países europeus, os iranianos sabem ser muito difícil conduzir transações internacionais em moedas que não sejam o dólar americano. E qualquer sanção irá obrigatoriamente afetar este meio. Mas realisticamente, as sanções não terão o mesmo efeito que tiveram no passado, quando a Europa e a Ásia estavam no mesmo barco. 

Trump não quer simplesmente punir o Irã pela falta de democracia, por impor castigos islamicos bárbaros ao seu povo e tentar expandir sua zona de influência na região. Trump quer evitar que um regime destes adquira a bomba nuclear e a capacidade de entrega por meio de mísseis balísticos intercontinentais com os quais poderá ameaçar não só Israel, mas a Europa e os Estados Unidos.

Hoje temos um Oriente Médio totalmente diferente de há 10 anos. Com o exército sírio severamente incapacitado e a paz com o Egito e Jordânia ainda de pé, Israel não tem uma ameaça convencional contra sua segurança. Hoje, felizmente, o perigo de uma invasão de território ficou bem reduzida para Israel.

Mas isto não quer dizer que está tudo esteja bem. Longe disso. A Hezbollah tem 130 mil foguetes e mísseis com um poder de devastação sem precedentes e capazes de atingir qualquer lugar em Israel. O Hamas, no sul, tem 30 mil mísseis e alguém na Faixa de Gaza passa seus dias a planejar mega ataques contra Israel. Mas até agora não dá para imaginar a Hezbollah ou o Hamas invadindo e conquistando Israel.

Hoje o problema é o Irã. O acordo nuclear foi um péssimo passo tomado por Barack Obama, pois isenta as instalações militares de inspeções e em oito anos, o Irã estará liberado para adquirir uma bomba nuclear. Neste meio tempo, o regime e a Guarda Revolucionária junto com a Coreia do Norte, continuam livres para aperfeiçoar os misseis balísticos intercontinentais porque simplesmente o acordo não os menciona.

E é por isso que o exército de Israel apoia colocar mais pressão no Irã.

Alguns dizem que o presidente Trump está simplesmente tentando cumprir uma promessa de campanha, de anular o que ele chama do “pior acordo jamais assinado”, uma verdadeira “vergonha”. Sua decisão esta semana prova a seus eleitores que ele quer cumprir suas promessas e só não o faz quando o Congresso não deixa.

Para Israel, no entanto, isto é muito importante. Com a presença iraniana cada vez maior na Síria e o fornecimento constante de mísseis avançados para a Hezbollah, Israel quer ver mais ações do mundo para amarrar a capacidade armamentista e logística do Irã. Isto pode ser através de sanções econômicas, mas também designar a Guarda Revolucionária como uma organização terrorista. 

Nesta altura, e tendo em vista que outros países não seguirão os Estados Unidos com relação ao acordo, Israel deve procurar pressionar estes países para revisarem o acordo e remover as cláusulas de terminação em 2025, permitir inspeções em todos os locais, proibir o desenvolvimento e testes de misseis balísticos intercontinentais e cessar por completo o patrocínio a grupos terroristas ao redor do mundo.

Este acordo foi realmente péssimo e uma vergonha para os Estados Unidos e para os outros países que o assinaram. Mas agora Israel tem que trabalhar para torna-lo melhor. Se as condições forem racionais, não há porque não convencer a França, a Inglaterra, a Alemanha, a Rússia, e a China que o acordo precisa ser revisto.

Mas em paralelo, Israel precisa tomar todas as precauções para se preparar para um confronto com o Irã. Um confronto que certamente não será nada como os anteriores.


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