Sunday, May 6, 2018

A Humilhação do Irã e a Estratégia de Bibi - 06/05/2018

Nesta semana tivemos um milagre. Pela primeira vez – creio - na história, a ONU, a União Europeia, os Estados Unidos, a Alemanha, a Suécia, John Kerry e até o movimento esquerdista Paz Agora se uniram para censurar – vejam – não Israel, mas Mahmud Abbas!

Os amigos mais chegados do líder palestino finalmente reconheceram a verdade em público: que Abbas é um antissemita e negador do Holocausto. Na ultima segunda feira, Abbas declarou na reunião de cúpula da OLP que os nazistas mataram os judeus não por causa de sua religião, mas por que eram agiotas.

O coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov disse que “o Holocausto foi o resultado de milhares de anos de perseguição e por isso qualquer tentativa de reescrever, minimizar ou negá-lo são perigosos”.

Até o jornal The New York Times, porta voz dos palestinos nos Estados Unidos, na quarta-feira publicou seu editorial intitulado: “Que Essas Palavras vis de Abbas sejam suas últimas como Líder Palestino”. O artigo ataca as falhas de Abbas em representar os palestinos e leva-los a um acordo de paz com Israel. Seu governo, infestado por corrupção e mal gerenciado perdeu o apoio do povo. Abbas enfraqueceu as instituições governamentais essenciais para um estado, inclusive ao ficar no governo anos além do termo para o qual foi eleito, impedindo lideres mais jovens de contribuírem para o desenvolvimento de um estado palestino.

Enfim, será que finalmente o NY Times viu a luz? Nem tanto. Nesta mesma semana o jornal publicou um artigo parabenizando Karl Marx por seu aniversário de 200 anos dizendo que ele “Estava Certo”! Como tem gente que diz besteira..

Agora para o evento da semana que foi a controversa apresentação de Bibi ao mundo da meia tonelada de documentos secretos do programa nuclear do Irã, que o Mossad conseguiu tirar de debaixo dos narizes coletivos dos aiatolás.

Imediatamente após a apresentação, os representantes da União Europeia, França e outros países europeus, e até a oposição de Israel criticaram Bibi dizendo que não houve qualquer novidade na revelação e fora até contra produtiva porque não mostrou que o Irã estaria violando o acordo nuclear.

Mas esta é uma visão obtusa e errônea do propósito da apresentação. Primeiramente, qualquer pesquisa no Google irá gerar dezenas de vídeos em que o ministro das relações exteriores do Irã, Javad Zarif, jura de pé juntos que seu país nunca buscou armas nucleares ou teve qualquer programa nuclear militar. Os documentos provam que isto é uma mentira.

Ainda, o simples fato do Irã ter guardado estes documentos já foi uma violação substancial do acordo que reza que “o Irã não poderá conduzir atividades que possam contribuir para projetar e desenvolver um dispositivo nuclear explosivo” (clausula T.82 do acordo). Já que o único proposito deste arquivo é o de possibilitar ao Irã recomeçar seu programa nuclear de onde ele foi suspenso e estes arquivos mostram planilhas e esboços de uma bomba nuclear, o Irã está em violação do acordo.

Mas a pergunta é porque os agentes do Mossad simplesmente não copiaram os arquivos em pen-drives em vez de retirar meia tonelada de papel e disquetes do país numa operação perigosíssima? Primeiro porque o Irã poderia alegar que os documentos haviam sido fabricados por Israel e segundo, há o que chamamos de guerra psicológica.

Os aiatolás realmente acreditam nas lendas antissemitas que tem assolado o mundo por Milenia. Tudo o que acontece contra eles ou seu governo e até catástrofes naturais tem o dedo do judeu por trás. Se o Irã queria intimidar Israel aproximando-se de suas fronteiras, Israel acabou de mostrar que está até dentro de Teherã e tem acesso a toda a informação, por mais secreta que ela seja. O efeito não teria sido diferente se um agente do Mossad tivesse escrito na porta do quarto do Supremo Líder Ali Khamenai, “Israel esteve aqui”.

A estratégia do Irã ao assinar o acordo era clara: eles já tinham o conhecimento necessário para produzir a bomba. Era só ter suficiente urânio enriquecido. O que o Irã não tinha era tecnologia para enviar a bomba, ou a capacidade de produzir mísseis balísticos intercontinentais que poderiam levar ogivas nucleares.

Ora, o acordo especificamente omite a pesquisa, produção e teste destes tipos de mísseis. E para alcançar esta tecnologia, o Irã precisava de tempo e dinheiro. O acordo nuclear lhes deu os dois e ainda mais.

Os bilhões de dólares enviados por Obama não só financiaram o programa de mísseis balísticos do Irã, mas foram usados para financiar grupos terroristas e rebeldes em vários países estabelecendo a influencia do Irã no Iraque, na Síria, Líbano e Iêmen. O Irã também fomentou revoltas em Bahrain e na Arábia Saudita. O Marrocos esta semana cortou relações com o Irã acusando-o de patrocinar rebeldes berberes para desestabilizar o governo marroquino. Esta consolidação, combinada com armas nucleares, levariam o Irã a um poder e hegemonia regionais sem precedentes.

Em sete anos o acordo expira e até lá o Irã teria alcançado a hegemonia, teria a tecnologia balística necessária para enviar uma bomba atômica e em alguns meses poderia produzi-las.

O Irã sempre acusou Israel de usar ataques cibernéticos porque não tinha coragem de enfrentar suas tropas no campo de batalha. Agora com seus agentes livremente agindo em Teherã, Israel mostrou que não tem medo de um encontro físico.

Sem dúvida, quando Netanyahu baixou as cortinas, ele expôs toda a mentira do regime iraniano, mas também infligiu a ele uma tremenda humilhação. Mas a estratégia de Bibi não era só de convencer o ocidente a denunciar o acordo e cancela-lo. Ele sabe que a única forma de eliminar o perigo de um Irã nuclear é uma mudança de regime. A imprensa não tem noticiado, mas o povo iraniano continua a protestar em todo o país, especialmente sobre a situação econômica. As mulheres iranianas estão cheias da polícia da modéstia que as patrulha e as surra se não estiverem bem cobertas ou se usarem maquiagem. A cidade de Esfahan está sem água porque não há investimento do governo em infraestrutura. As minorias curdas, árabes se sentem oprimidas.

Um dia antes da conferência de Bibi, Israel destruiu bases iranianas em Hama e Alepo na Síria que continham forças e armamentos iranianos. Uma base tinha um centro de recrutamento e treinamento de milícias xiitas e a outra tinha 200 mísseis de precisão iranianos. O Irã apenas negou que iranianos tivessem morrido no ataque. Esta foi uma tentativa desesperada de gerenciar o dano, especialmente internamente. O povo vê seu governo dar mais atenção e investir fora do Irã do que em programas para a sua própria população.


Isto, junto com a revelação dos documentos no dia seguinte, Bibi espera que esta humilhação do governo do Irã incentive os protestos e o povo iraniano acabará derrubando os aiatolás. Se virmos a apresentação de Bibi deste prisma, só podemos concluir que ele avançou esta meta de maneira mais que profunda. 

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