Em setembro
de 2006, na cidade de Dresden, a Alemanha
ordenou rabinos pela primeira vez desde 1942,. Na época, o evento foi celebrado até pela mídia americana com
artigos no Washington Post e no The New York Times que disse que a Alemanha “havia
tomado um longo passo para sair das sombras da história”. A Chanceler Angela
Merkel na ocasião escreveu uma carta em honra do evento dizendo que o Geiger Institute
para o treinamento de rabinos era um “símbolo de uma comunidade Judaica vibrante
no país”. O recém-ordenado rabino Daniel Alter declarou que as relações
judaico-alemãs iriam só melhorar daí por diante se não fosse permitido às
forças negras da direita reaparecerem na Alemanha.”
Tanto otimismo
e sentimento de volta à normalidade não haviam sido vistos na Alemanha desde a
década de 20.
Entre o
Movimento Reformista, o Conservativo e o Chabad, houve um grande impulso para
restaurar a presença judaica no meio de uma nação que se dedicou à erradicação
dos judeus, dos seus centros de culto e de sua fé. Hoje a comunidade judaica
alemã conta com 100 mil imigrantes da ex-União Soviética, outros 25 mil que
viviam no país antes de 1990 e alguns milhares de israelenses que se mudaram
para lá nas últimas décadas. A única comunidade da diáspora de crescimento continuo.
Mas apenas doze anos
depois as forças negras voltaram. O presidente do Conselho Central
dos Judeus da Alemanha, Dr. Joseph Schuster, acabou de recomendar aos judeus de
“não se mostrarem abertamente judeus, e de não usarem a kipá nos grandes
centros urbanos da Alemanha”.
O que está em
jogo agora não é a restauração da comunidade Judaica na Alemanha com dignidade, mas com segurança. Não seu relacionamento com o que ocorreu no passado, mas
como ela vê o seu futuro. Pelas declarações da Chanceler e de outros políticos todos
estão do lado dos judeus. A resposta de Merkel ao ataque brutal de um árabe israelense que estava usando a kipá por um
imigrante sírio pareceu
sincero e a foto do Ministro do Exterior Heiko Mass usando uma kipá pareceu
genuína. E sim, os protestos em múltiplas cidades aonde os judeus e não judeus
se reuniram usando kipot foi reconfortante. Mas não se enganem... e aí me
desculpem mas vem o balde de água fria...
Mesmo o maior
protesto, na cidade de Berlim, atraiu apenas 2 mil pessoas! Numa metrópole de
mais de 6 milhões isto não chega a ser considerado nem uma aglomeração! Só para
efeito de comparação, neste final de semana 30 mil pessoas saíram para protestar
o veredito vergonhoso de uma gangue que estuprou uma moça de 18 anos , na
cidade de Pamplona, na Espanha. Pamplona tem apenas 220 mil habitantes. O que
isto nos diz sobre os alemães?
O que está
absolutamente claro é que a Alemanha sofreu uma transformação do dia para a
noite com a chegada de quase um milhão de imigrantes árabes extremamente
antissemitas e anti-Israel e sem medo de proclamar estes sentimentos. Dá até
para pensar que, impossibilitados de expressar seu antissemitismo, os alemães
decidiram “importar” uma população que o faz por eles.
Fora das
agressões físicas que acontecem de tempos em tempos, os judeus alemães devem
pensar no impacto político dessa imigração nos próximos anos. No desafio direto que esta população fará à comunidade judaica no futuro.
O primeiro
impacto já está aqui, com o surgimento do partido “Alternativa para a Alemanha”.
Este partido, estabelecido em 2013 numa plataforma
anti-estrangeiros, se cresceu rapidamente e já é o terceiro maior partido
do país. Ele causou uma séria paralisia política no ano passado, ao desviar os
votos dos democratas-cristãos, ganhando 94 assentos no Bundestag. Judeus
alemães que estão prestando atenção a estes acontecimentos já soaram o alarme para um caos político maior e mais feio.
O segundo
efeito, é que os eleitores árabes irão eventualmente impactar as posições dos
principais políticos, como tem acontecido em outros lugares da Europa,
principalmente no Partido Trabalhista britânico. As repetidas gafes e
provocações anti-semitas do líder trabalhista Jeremy Corbin revelam um cálculo claro e racional: coletar votos
muçulmanos.
Nesta semana,
líderes da comunidade judaica da Inglaterra criticaram Jeremy Corbyn depois de
uma reunião que tiveram com ele para exatamente discutir o anti-semitismo no Partido Trabalhista. A
carta que emitiram depois do encontro o descreveu como "decepcionante e
uma oportunidade perdida".
O Conselho de
Liderança Judaica e o Conselho de Representantes dos Judeus Britânicos disseram
que Corbyn "não concordou com nenhuma das propostas para ações
concretas" que eles apresentaram. Dirigindo-se
aos repórteres depois da reunião, Jonathan Goldstein do Conselho de Liderança
Judaica disse: “Estamos extremamente desapontados que, um mês após termos
publicado uma série de propostas muito sensatas e bem pensadas, nenhuma delas -
nenhuma só delas - foi aceita por Corbyn."
Ele
acrescentou: “Todas as desculpas dadas pelo Sr. Corbyn e sua equipe foram cercadas
por processo. Aqui temos um líder do Partido Trabalhista que tem o controle do
executivo nacional e que tem indubitável força e controle sobre seu partido. O
pretexto do processo é apenas mais uma desculpa para a inatividade.
Essa
tendência política já está em jogo em países como a Bélgica e a Suécia, e no
devido tempo também atingirá o centro político alemão. Enquanto isso pode levar
alguns anos, a tensão entre alemães cristãos e sírios
muçulmanos, iraquianos e afegãos já está fervendo em toda a Alemanha, pois os milhões
de refugiados sentem que estão sendo obrigados a engolir uma cultura e
ideologias que eles não podem digerir.
Ainda é cedo
para dizermos se uma catástrofe é iminente. Ainda não estamos em 1938. Mas uma
Alemanha que passa por um sério confronto étnico combinado com um partido
popular crescente que prega o ódio ao estrangeiro não pode oferecer nada de bom
para um judeu. Já vimos este filme antes.
A pergunta
que o judeu na Alemanha - encurralado entre o alemão xenófobo e o muçulmano
antissemita, deverá em breve fazer aos seus vizinhos é de que lado do barbarismo
você está?
Para mim, um país aonde um judeu precisa esconder a sua fé não é um
país aonde um judeu deva viver.
Querida Deborah, sei que vc sabe, mas segue:
ReplyDeleteIsaías 49:22 “Assim diz o Senhor DEUS: Eis que levantarei a minha mão para os gentios, e ante os povos arvorarei a minha bandeira; então trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros”.
O que impressiona é a maneira como Ele faz! :)
Com certeza! Muito bem lembrado!
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