A cada dia
que passa o mundo desce um pouco mais fundo na lama do antissemitismo, radicalismo
e violência.
Na Síria os
inspetores da ONU foram impedidos de entrar em Duma para colherem amostras dando
aos russos tempo para limpar o local de resíduos dos gases clorina e sarin que
mataram mais de 60 civis, incluindo 20 crianças e bebês há algumas semanas. A
Venezuela está em caos e seis pessoas morreram na Nicarágua em protestos contra
o governo.
No chamado
primeiro mundo, 300 celebridades francesas assinaram um manifesto denunciando o “novo antissemitismo”
marcado pela “radicalização islâmica” depois de uma cadeia de assassinatos de
judeus no país. Como se o antissemitismo pudesse ser rotulado como novo, velho,
moderno, arcaico...
O último,
muito pouco divulgado, aconteceu no mês passado quando uma judia, de 85 anos
foi esfaqueada 11 vezes e depois teve seu corpo queimado. Sua morte brutal
levou 30 mil pessoas às ruas de Paris numa marcha em sua memória. Ela foi a 11ª
vítima na França, depois da médica de 65 anos que foi jogada do terraço de seu
apartamento aos gritos de Alahu Akbar enquanto a polícia decidia se entrava ou
não no imóvel enquanto era torturada.
A França tem a
maior comunidade judaica da Europa, em torno de meio milhão. Mas é a comunidade
que mais tem se mudado para Israel nos últimos anos porque não mais se sente
segura e porque seus filhos não mais podem frequentar as escolas do governo sem
sofrerem bulying, discriminação ou ataques físicos.
O parlamento
da Islândia, (conhecem este país?) tem uma expressiva comunidade judaica de 35
pessoas, mas se ocupou nos últimos meses em aprovar uma lei proibindo a
circuncisão. É não ter o que fazer!
E aí temos a
Alemanha! Cinco dias atrás um árabe israelense de nome Adam Armoush, de 21 anos
que está vivendo em Berlim, questionou seu amigo israelense judeu do porque ele
não usava sua kipá fora de Israel. O amigo disse que era perigoso. Adam não
acreditou. Pegou a kipá do amigo e saiu andando pela Lychener Strasse no bairro
gentrificado e chique de Prenzlauer Berg para provar que o amigo judeu estava
paranoico. Não deu cinco minutos e os dois foram atacados por três homens. O
principal atacante, um refugiado vindo da Síria, surrou Armoush com seu cinto
gritando “yahudi”, a palavra “judeu” em árabe. O amigo judeu saiu correndo
atrás dos atacantes gritando que iria chamar a polícia. O árabe israelense que
filmou seu próprio ataque postou o vídeo no Facebook causando um mal-estar nas
autoridades que negam haver antissemitismo na Alemanha. Em 2017, somente na
cidade de Berlim foram registrados 947 ataques antissemitas, sendo que a
própria polícia reconhece que a maioria dos incidentes não é reportada.
Isto sem
falar que no país da compaixão de Angela Merkel, anteontem, 750 pessoas se
reuniram num concerto de Rock para comemorar o aniversário de Adolf Hitler!
Com tudo isto
acontecendo, o que mobilizou a União Europeia e a ONU ontem, no meio de um
sábado, foi a morte de um palestino de 15 anos de Gaza, perto da cerca de separação.
Ele estava entre os participantes do que os palestinos chamam “A Grande Marcha
de Retorno” pela qual os residentes de Gaza pretendem derrubar a cerca e
invadir Israel. Na última quinta-feira o Hamas recusou o pedido do Egito de
parar com estas manifestações das sextas-feiras dizendo que não tinha controle
sobre algo “espontâneo”. É, nós conhecemos a “espontaneidade” do Hamas.
Desde o
começo desta onda, Israel avisou que não tolerará qualquer tentativa de
derrubar a cerca e tem usado atiradores para impedir que isso aconteça. A
hipocrisia aqui é do Hamas que leva crianças e adolescentes para fazer o
trabalho dos marmanjos, esperando que eles sejam mortos para mobilizar a União
Europeia e a ONU, tirando sua causa do gelo, da Sibéria midiática, para a frente
das manchetes. E eles conseguem.
E conseguem por
quê? Porque na verdade, os europeus e o resto do mundo não perdem uma
oportunidade para expressar seu antissemitismo. O mesmo de lá atrás, não um
novo, ou revisado, mas o mesmo que fez todos se calarem enquanto Hitler
esquentava os fornos crematórios.
Até mesmo aqui
em NY, a cidade com a maior comunidade judaica do mundo, está passando por uma
onda vergonhosa. Nesta semana 51 grupos da Universidade de Nova Iorque
publicaram uma declaração comprometendo-se a adotar o boicote, desinvestimento e
sanções contra Israel e vejam só: também contra grupos pró-Israel da
universidade e dos Estados Unidos. Entre eles, a Liga Anti-Difamação, o AIPAC,
e até o Taglit.
É
surpreendente que tantos grupos, inclusive o dos afro-americanos, o grupo
mexicano, o grupo dos estudantes asiáticos e outros 48 não tenham questionado
um documento tão antissemita. Não acharam nada de anormal boicotar as duas
organizações judaicas do campus da universidade e seis organizações judaicas
nacionais. Notem, organizações
judaicas americanas e não israelenses.
Mas o pior não é isso. Esta
iniciativa teve a cobertura de uma outra organização que se diz judaica,
chamada "Voz Judaica Pela Paz". Esta organização minúscula serve de fachada para
seu parceiro “Estudantes pela Justiça na Palestina” ou EJP. A EJP está por trás
de cada iniciativa de boicotar Israel e judeus nos Estados Unidos. Eles
conseguiram até que a Voz Judaica para a Paz publicasse uma nova Hagadah de
Pessach que inclui uma azeitona no prato do Seder, para os judeus lembrarem do
mal que fizeram aos palestinos ao comemorarem sua libertação da escravidão no
Egito!
A Voz Judaica
para a Paz tem o papel de legitimar e normalizar a retorica anti-judaica e a discriminação
e o ódio antissemita nos campus universitários da América. Lembrem que há
apenas um ano, o grupo convidou a terrorista palestina Rasmea Odeh para falar
em seu encontro anual dizendo-se honrados com sua presença. Rasmea Odeh foi membro
da Frente Popular para a Libertação da Palestina, condenada por Israel à prisão
perpétua por sua participação em dois ataques a bomba em Jerusalem em 1969.
Estes ataques custaram as vidas de Leon Kanner e Eddie Joffe e feriram outros
nove. Ela foi libertada em 1980 numa troca de prisioneiros e se mudou para a Jordânia.
De lá imigrou para os Estados Unidos. Em
2017 ela perdeu a cidadania americana por ter mentido em seu requerimento e foi
deportada de volta para a Jordânia.
A resposta
dos grupos judaicos a esta absurda resolução assinada por tantos grupos foi no
máximo tépida e terá um efeito corrosivo na capacidade dos judeus se defenderem
contra uma discriminação que hoje é completamente aberta.
O Rabino
Yehuda Sarna do Centro Bronfman pela Vida Judaica da NYU disse apenas que a resolução
era uma “fonte de tristeza e desapontamento” e que “a universidade deve ser
sobre a união de pessoas, não sobre pessoas que se recusam a falar com outras
com visões diferentes”. Sério???? É só isso?
A presidente
do "Realize Israel", Adela Cojab, um dos dois grupos judaicos da NYU boicotados, descreveu
o clima do campus sobre Israel como "de animosidade" dizendo que "não
esperava que tantas pessoas e tantos grupos se voltassem contra os alunos judeus
do jeito que eles o fizeram", disse ela.
A presidente
do outro grupo, "TorchPAC", Rebecca Stern, disse que seu grupo quer abrir um
diálogo com os grupos que acabaram de oficialmente condenar seu grupo ao
ostracismo. Ela disse que “está trabalhando para tentar conversar com as
pessoas e ver o que especificamente as atraiu nesta resolução para adotá-la.
Nós realmente queremos nos estabelecer como uma comunidade tolerante e baseada
em discussões”.
Estas declarações
passivas a um ataque claramente intolerante contra a pessoa dos judeus e contra
as instituições que representam a esmagadora maioria da comunidade judaica
americana é indignante e absurda.
As
organizações judaicas têm que impedir que ativistas e simpatizantes destes
grupos antissemitas e racistas ganhem posições de poder e influência sobre suas
instituições locais. Elas têm que denunciar, acionar legalmente e responder a estes
ataques através de todos os meios disponíveis.
A única razão
do sucesso destes grupos é devida (infelizmente novamente) à passividade dos
judeus em responderem às agressões, discriminação e mentiras espalhadas na
mídia. Desde a Segunda Guerra falamos “basta!”, e “nunca mais”. Não é com
respostas tímidas, quase inaudíveis, que conseguiremos isso. Temos que bater de
frente! Chegou a hora de cumprirmos concretamente o que prometemos.
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