Sunday, April 22, 2018

A Hora De Batermos de Frente - 22/04/2018

A cada dia que passa o mundo desce um pouco mais fundo na lama do antissemitismo, radicalismo e violência.

Na Síria os inspetores da ONU foram impedidos de entrar em Duma para colherem amostras dando aos russos tempo para limpar o local de resíduos dos gases clorina e sarin que mataram mais de 60 civis, incluindo 20 crianças e bebês há algumas semanas. A Venezuela está em caos e seis pessoas morreram na Nicarágua em protestos contra o governo.

No chamado primeiro mundo, 300 celebridades francesas assinaram um  manifesto denunciando o “novo antissemitismo” marcado pela “radicalização islâmica” depois de uma cadeia de assassinatos de judeus no país. Como se o antissemitismo pudesse ser rotulado como novo, velho, moderno, arcaico...

O último, muito pouco divulgado, aconteceu no mês passado quando uma judia, de 85 anos foi esfaqueada 11 vezes e depois teve seu corpo queimado. Sua morte brutal levou 30 mil pessoas às ruas de Paris numa marcha em sua memória. Ela foi a 11ª vítima na França, depois da médica de 65 anos que foi jogada do terraço de seu apartamento aos gritos de Alahu Akbar enquanto a polícia decidia se entrava ou não no imóvel enquanto era torturada.

A França tem a maior comunidade judaica da Europa, em torno de meio milhão. Mas é a comunidade que mais tem se mudado para Israel nos últimos anos porque não mais se sente segura e porque seus filhos não mais podem frequentar as escolas do governo sem sofrerem bulying, discriminação ou ataques físicos.

O parlamento da Islândia, (conhecem este país?) tem uma expressiva comunidade judaica de 35 pessoas, mas se ocupou nos últimos meses em aprovar uma lei proibindo a circuncisão. É não ter o que fazer!

E aí temos a Alemanha! Cinco dias atrás um árabe israelense de nome Adam Armoush, de 21 anos que está vivendo em Berlim, questionou seu amigo israelense judeu do porque ele não usava sua kipá fora de Israel. O amigo disse que era perigoso. Adam não acreditou. Pegou a kipá do amigo e saiu andando pela Lychener Strasse no bairro gentrificado e chique de Prenzlauer Berg para provar que o amigo judeu estava paranoico. Não deu cinco minutos e os dois foram atacados por três homens. O principal atacante, um refugiado vindo da Síria, surrou Armoush com seu cinto gritando “yahudi”, a palavra “judeu” em árabe. O amigo judeu saiu correndo atrás dos atacantes gritando que iria chamar a polícia. O árabe israelense que filmou seu próprio ataque postou o vídeo no Facebook causando um mal-estar nas autoridades que negam haver antissemitismo na Alemanha. Em 2017, somente na cidade de Berlim foram registrados 947 ataques antissemitas, sendo que a própria polícia reconhece que a maioria dos incidentes não é reportada.

Isto sem falar que no país da compaixão de Angela Merkel, anteontem, 750 pessoas se reuniram num concerto de Rock para comemorar o aniversário de Adolf Hitler!

Com tudo isto acontecendo, o que mobilizou a União Europeia e a ONU ontem, no meio de um sábado, foi a morte de um palestino de 15 anos de Gaza, perto da cerca de separação. Ele estava entre os participantes do que os palestinos chamam “A Grande Marcha de Retorno” pela qual os residentes de Gaza pretendem derrubar a cerca e invadir Israel. Na última quinta-feira o Hamas recusou o pedido do Egito de parar com estas manifestações das sextas-feiras dizendo que não tinha controle sobre algo “espontâneo”. É, nós conhecemos a “espontaneidade” do Hamas.

Desde o começo desta onda, Israel avisou que não tolerará qualquer tentativa de derrubar a cerca e tem usado atiradores para impedir que isso aconteça. A hipocrisia aqui é do Hamas que leva crianças e adolescentes para fazer o trabalho dos marmanjos, esperando que eles sejam mortos para mobilizar a União Europeia e a ONU, tirando sua causa do gelo, da Sibéria midiática, para a frente das manchetes. E eles conseguem.
E conseguem por quê? Porque na verdade, os europeus e o resto do mundo não perdem uma oportunidade para expressar seu antissemitismo. O mesmo de lá atrás, não um novo, ou revisado, mas o mesmo que fez todos se calarem enquanto Hitler esquentava os fornos crematórios.

Até mesmo aqui em NY, a cidade com a maior comunidade judaica do mundo, está passando por uma onda vergonhosa. Nesta semana 51 grupos da Universidade de Nova Iorque publicaram uma declaração comprometendo-se a adotar o boicote, desinvestimento e sanções contra Israel e vejam só: também contra grupos pró-Israel da universidade e dos Estados Unidos. Entre eles, a Liga Anti-Difamação, o AIPAC, e até o Taglit.

É surpreendente que tantos grupos, inclusive o dos afro-americanos, o grupo mexicano, o grupo dos estudantes asiáticos e outros 48 não tenham questionado um documento tão antissemita. Não acharam nada de anormal boicotar as duas organizações judaicas do campus da universidade e seis organizações judaicas nacionais. Notem, organizações judaicas americanas e não israelenses.

Mas o pior não é isso. Esta iniciativa teve a cobertura de uma outra organização que se diz judaica, chamada "Voz Judaica Pela Paz". Esta organização minúscula serve de fachada para seu parceiro “Estudantes pela Justiça na Palestina” ou EJP. A EJP está por trás de cada iniciativa de boicotar Israel e judeus nos Estados Unidos. Eles conseguiram até que a Voz Judaica para a Paz publicasse uma nova Hagadah de Pessach que inclui uma azeitona no prato do Seder, para os judeus lembrarem do mal que fizeram aos palestinos ao comemorarem sua libertação da escravidão no Egito!

A Voz Judaica para a Paz tem o papel de legitimar e normalizar a retorica anti-judaica e a discriminação e o ódio antissemita nos campus universitários da América. Lembrem que há apenas um ano, o grupo convidou a terrorista palestina Rasmea Odeh para falar em seu encontro anual dizendo-se honrados com sua presença. Rasmea Odeh foi membro da Frente Popular para a Libertação da Palestina, condenada por Israel à prisão perpétua por sua participação em dois ataques a bomba em Jerusalem em 1969. Estes ataques custaram as vidas de Leon Kanner e Eddie Joffe e feriram outros nove. Ela foi libertada em 1980 numa troca de prisioneiros e se mudou para a Jordânia. De lá imigrou para os Estados Unidos.  Em 2017 ela perdeu a cidadania americana por ter mentido em seu requerimento e foi deportada de volta para a Jordânia.

A resposta dos grupos judaicos a esta absurda resolução assinada por tantos grupos foi no máximo tépida e terá um efeito corrosivo na capacidade dos judeus se defenderem contra uma discriminação que hoje é completamente aberta.

O Rabino Yehuda Sarna do Centro Bronfman pela Vida Judaica da NYU disse apenas que a resolução era uma “fonte de tristeza e desapontamento” e que “a universidade deve ser sobre a união de pessoas, não sobre pessoas que se recusam a falar com outras com visões diferentes”. Sério???? É só isso?

A presidente do "Realize Israel", Adela Cojab, um dos dois grupos judaicos da NYU boicotados, descreveu o clima do campus sobre Israel como "de animosidade" dizendo que "não esperava que tantas pessoas e tantos grupos se voltassem contra os alunos judeus do jeito que eles o fizeram", disse ela.

A presidente do outro grupo, "TorchPAC", Rebecca Stern, disse que seu grupo quer abrir um diálogo com os grupos que acabaram de oficialmente condenar seu grupo ao ostracismo. Ela disse que “está trabalhando para tentar conversar com as pessoas e ver o que especificamente as atraiu nesta resolução para adotá-la. Nós realmente queremos nos estabelecer como uma comunidade tolerante e baseada em discussões”.

Estas declarações passivas a um ataque claramente intolerante contra a pessoa dos judeus e contra as instituições que representam a esmagadora maioria da comunidade judaica americana é indignante e absurda.

As organizações judaicas têm que impedir que ativistas e simpatizantes destes grupos antissemitas e racistas ganhem posições de poder e influência sobre suas instituições locais. Elas têm que denunciar, acionar legalmente e responder a estes ataques através de todos os meios disponíveis.


A única razão do sucesso destes grupos é devida (infelizmente novamente) à passividade dos judeus em responderem às agressões, discriminação e mentiras espalhadas na mídia. Desde a Segunda Guerra falamos “basta!”, e “nunca mais”. Não é com respostas tímidas, quase inaudíveis, que conseguiremos isso. Temos que bater de frente! Chegou a hora de cumprirmos concretamente o que prometemos. 

No comments:

Post a Comment