É profundamente
triste quando líderes do judaísmo americano, do alto de sua prepotência, se acham
no direito de criticar Israel publicamente. Não que Israel seja perfeita e não
possa ser criticada. Mas para alguém de fora se manifestar de modo tão
virulento sobre leis internas de Israel, é inaceitável.
Ainda mais quando ele
está errado.
Ronald Lauder, herdeiro do império cosmético Estée Lauder e presidente do Congresso Judaico Mundial, publicou no dia 13 ultimo no The New York Times um artigo dizendo que o “Estado
de Israel distorce os valores judaicos e prejudica a democracia e igualdade”. E
que “isso causará mais judeus a se distanciarem de Israel”. Que “o Ocidente é
indiferente e até mesmo hostil a Israel” e ele completa dizendo que “o
comportamento do Estado de Israel é uma grande ameaça para o futuro do povo
judeu”. Isto vindo de um líder dos Estados Unidos, aonde a assimilação chegou a
80% entre não-ortodoxos.
Tudo isso por
quê? Porque, segundo ele, a Knesset aprovou uma lei que nega direitos iguais a
casais homossexuais e por causa da Lei Básica do Estado-Nação que declarou Israel um
estado judeu.
Cerca de 20
mil manifestantes saíram em protesto em Tel Aviv contra a Lei do Estado-Nação. Nada
comparável com a ínfima manifestação em suporte às comunidades do sul duramente
atingidas por mísseis e pipas e balões em fogo.
A
manifestação no centro de Tel Aviv, promovida por árabes israelenses e pela esquerda saiu pela culatra. Os organizadores, o Comitê Superior de
Monitoramento Árabe, havia supostamente pedido aos participantes para não
agitarem bandeiras palestinas, mas o pedido foi ignorado. Da mesma forma, os
cânticos “Com sangue e espírito, libertaremos a Palestina” ecoaram mais alto do
que os pedidos por igualdade. Netanyahu twitou corretamente que: "Não há
maior prova da necessidade desta lei do que esta infeliz manifestação".
Este não foi
um protesto para emendar ou cancelar a Lei do Estado-nação e transformar a
Declaração de Independência em lei. Esses manifestantes no centro de Tel Aviv
estavam visivelmente e vocalmente negando a própria existência de Israel como estado
judeu.
A diferença
entre esta a manifestação do sábado anterior, organizada pela comunidade drusa,
não podia ser mais diferente. Em 4 de agosto, as bandeiras israelenses voaram
orgulhosamente ao lado das cores drusas e o evento terminou com o hino nacional
"Hatikvah".
Enquanto os
manifestantes drusos claramente se identificaram como cidadãos leais do Estado
de Israel (e a maioria dos drusos israelenses serve no exército), os
manifestantes árabes exigiram um Estado palestino ou para que Israel se
tornasse um estado binacional palestino-judeu.
O clamor para
transformar Israel em um "estado para todos os seus cidadãos" soa
inocente e politicamente correto, mas o que está por trás é o fim do único
estado judeu do mundo. Os árabes representam apenas cerca de 20% da população de
Israel e, gozam de plenos direitos de cidadania que não mudaram com esta lei. A
demonstração em si e a presença de Membros da Knesset árabes são prova de que
Israel é uma democracia e não um apartheid como eles gostam de regurgitar.
É moda
retratar Israel em termos apocalípticos. A maioria dos críticos claramente nem
se deram ao trabalho de ler a nova legislação. A reclamação não é sobre o que
foi incluído nas leis, mas o que foi deixado de fora. No caso da Lei do Estado-Nação,
é a falta da palavra “igual”. Mas direitos individuais iguais já estão assegurados
pela Lei Básica.
A emenda à
Lei da Barriga de Aluguel também levou milhares de pessoas a protestarem em Tel
Aviv no mês passado, que junto com Ron Lauder, acusaram Israel de ter uma
política discriminatória por não incluir casais do mesmo sexo. Mas como a
ignorância impera, ninguém se deu conta que a lei foi emendada para que, em vez
de aplicar-se apenas a casais heterossexuais casados que precisavam de uma
substituta por causa de um problema com o útero da esposa, agora a lei se
aplica também a mulheres solteiras com problemas uterinos. Apesar das
esperanças dos casais homossexuais, a lei não foi estendida aos homens sejam
eles heterossexuais, gays, transexuais pois, naturalmente, não têm útero. A lei
não tirou direitos. Ela os estendeu.
Os árabes israelenses
têm todos os direitos (incluindo os mesmos tratamentos gratuitos de
fertilidade) que os judeus israelenses desfrutam. As escolas drusas são
consistentemente classificadas entre as melhores do país. Apesar do que se
alega, depois da lei Estado-nação ter sido aprovada, não se tornou ilegal brandir
a bandeira palestina em Israel. Queria ver o que aconteceria se alguém tentasse
marchar no centro de Ramallah carregando a bandeira de Israel ou a bandeira do
arco-íris LGBTQ.
A verdade é
que não importa o que Israel faça, há sempre a habitual condenação, críticas e
ataques. Como disse, Israel não é perfeita, mas não é tampouco podre. E temos
que voltar a este ritual doloroso de justificar cada ação, cada passo que ela
dá para sobreviver.
Ao colocar em
sua constituição que Israel é a pátria exclusiva do povo judeu, Israel mudou fundamentalmente
os termos de engajamento no campo de batalha contra seus inimigos. E ao
faze-lo, talvez até sem querer, Israel mudou o futuro da civilização ocidental
para melhor.
Explico.
Enquanto Israel
se defendia da aniquilação em 1967, um grupo de acadêmicos franceses de
esquerda, criou o pós-modernismo. Uma ideia que tomou o mundo acadêmico, os meios
de comunicação e a política ocidental.
Os horríveis
acontecimentos do século XX foram interpretados pelos pós-modernistas como o
resultado do fracasso da modernidade. A razão humana havia substituído a fé,
mas depois de Auschwitz, do Gulag e dos campos de morte de Mao, a razão por si
só não era a resposta.
Assim,
enquanto que para muitos a solução estava em devolver alguma fé na equação
moral, a resposta dos pós-modernistas foi de também remover a razão. Sem a fé ou
razão tudo foi desconstruído. A realidade se tornou subjetiva, palavras ficaram
sem sentido, fatos e ficção se misturaram, o direito se tornou uma abstração, a
história uma curiosidade, o eu foi descentralizado, a família tradicional
desmantelada e as sociedades fundidas num pote multicultural.
Para o
pós-modernista, o grafiteiro Zezão e Leonardo da Vinci são ambos artistas, a
Tiazinha e Amadeus Mozart são ambos músicos, Mahmoud Abbas e Benjamin Netanyahu
são ambos líderes nacionais, e as organizações terroristas palestinas e as
Forças de Defesa de Israel ambas carregam armas.
Mas esse foi
apenas o primeiro estágio. Na fase seguinte, o pós-modernismo elevou os
sanitários acima da Mona Lisa, Abbas acima de Netanyahu e o terrorismo
palestino acima do exército de Israel. E foi nesta fase, que se tornou normal rotular
Israel de estado racista e apartheid ad nauseam. Justo Israel! Aonde um juiz
árabe sentado na Suprema Corte pode mandar um presidente judeu para a cadeia
por sete anos por abuso sexual, e membros árabes da Knesset podem liderar uma
manifestação em Tel Aviv cantando “Com sangue e fogo iremos resgatar a Palestina”!
Mesmo assim, a mídia descarada continua a regurgitar o racismo.
Para o
pós-modernista, nada é pior e nada deve ser rejeitado com mais força do que as
grandes narrativas históricas. E existe maior narrativa histórica do que
Israel? A volta de uma nação dos quatro cantos do mundo depois de nada menos que dois mil anos, a restauração da língua,
suas vitórias em todos os campos? O que a nova Lei Básica do Estado-nação faz é forçar
um ponto de referência objetivo. Declara que há de fato uma identidade nacional
que importa, que as palavras importam, que a história é importante, que a
cultura é importante, que a fé e a razão importam.
A lei dá nova
vida à defesa de Israel porque define as linhas do debate, burladas pelo fake politicamente
correto.
E é por isso
que o melhor vídeo que assisti esta semana foi o de milhares de pessoas
reunidas no Kotel nas primeiras horas da manhã cantando as orações tradicionais
de penitência (as selichot) antes do Ano Novo Judaico. Estas orações ressoaram alto
e forte, sem remorso, sem pedir desculpas, vindas de uma nação que está em casa, entre as pedras antigas de Jerusalém.
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