Sunday, September 2, 2018

Israel e o Fim do Pós Modernismo - 2/9/2018

É profundamente triste quando líderes do judaísmo americano, do alto de sua prepotência, se acham no direito de criticar Israel publicamente. Não que Israel seja perfeita e não possa ser criticada. Mas para alguém de fora se manifestar de modo tão virulento sobre leis internas de Israel, é inaceitável. 

Ainda mais quando ele está errado.

Ronald Lauder, herdeiro do império cosmético Estée Lauder e presidente do Congresso Judaico Mundial, publicou no dia 13 ultimo no The New York Times um artigo dizendo que o “Estado de Israel distorce os valores judaicos e prejudica a democracia e igualdade”. E que “isso causará mais judeus a se distanciarem de Israel”. Que “o Ocidente é indiferente e até mesmo hostil a Israel” e ele completa dizendo que “o comportamento do Estado de Israel é uma grande ameaça para o futuro do povo judeu”. Isto vindo de um líder dos Estados Unidos, aonde a assimilação chegou a 80% entre não-ortodoxos.

Tudo isso por quê? Porque, segundo ele, a Knesset aprovou uma lei que nega direitos iguais a casais homossexuais e por causa da Lei Básica do Estado-Nação que declarou Israel um estado judeu.

Cerca de 20 mil manifestantes saíram em protesto em Tel Aviv contra a Lei do Estado-Nação. Nada comparável com a ínfima manifestação em suporte às comunidades do sul duramente atingidas por mísseis e pipas e balões em fogo.

A manifestação no centro de Tel Aviv, promovida por árabes israelenses e pela esquerda saiu pela culatra. Os organizadores, o Comitê Superior de Monitoramento Árabe, havia supostamente pedido aos participantes para não agitarem bandeiras palestinas, mas o pedido foi ignorado. Da mesma forma, os cânticos “Com sangue e espírito, libertaremos a Palestina” ecoaram mais alto do que os pedidos por igualdade. Netanyahu twitou corretamente que: "Não há maior prova da necessidade desta lei do que esta infeliz manifestação".

Este não foi um protesto para emendar ou cancelar a Lei do Estado-nação e transformar a Declaração de Independência em lei. Esses manifestantes no centro de Tel Aviv estavam visivelmente e vocalmente negando a própria existência de Israel como estado judeu.

A diferença entre esta a manifestação do sábado anterior, organizada pela comunidade drusa, não podia ser mais diferente. Em 4 de agosto, as bandeiras israelenses voaram orgulhosamente ao lado das cores drusas e o evento terminou com o hino nacional "Hatikvah".

Enquanto os manifestantes drusos claramente se identificaram como cidadãos leais do Estado de Israel (e a maioria dos drusos israelenses serve no exército), os manifestantes árabes exigiram um Estado palestino ou para que Israel se tornasse um estado binacional palestino-judeu.

O clamor para transformar Israel em um "estado para todos os seus cidadãos" soa inocente e politicamente correto, mas o que está por trás é o fim do único estado judeu do mundo. Os árabes representam apenas cerca de 20% da população de Israel e, gozam de plenos direitos de cidadania que não mudaram com esta lei. A demonstração em si e a presença de Membros da Knesset árabes são prova de que Israel é uma democracia e não um apartheid como eles gostam de regurgitar.

É moda retratar Israel em termos apocalípticos. A maioria dos críticos claramente nem se deram ao trabalho de ler a nova legislação. A reclamação não é sobre o que foi incluído nas leis, mas o que foi deixado de fora. No caso da Lei do Estado-Nação, é a falta da palavra “igual”. Mas direitos individuais iguais já estão assegurados pela Lei Básica.

A emenda à Lei da Barriga de Aluguel também levou milhares de pessoas a protestarem em Tel Aviv no mês passado, que junto com Ron Lauder, acusaram Israel de ter uma política discriminatória por não incluir casais do mesmo sexo. Mas como a ignorância impera, ninguém se deu conta que a lei foi emendada para que, em vez de aplicar-se apenas a casais heterossexuais casados que precisavam de uma substituta por causa de um problema com o útero da esposa, agora a lei se aplica também a mulheres solteiras com problemas uterinos. Apesar das esperanças dos casais homossexuais, a lei não foi estendida aos homens sejam eles heterossexuais, gays, transexuais pois, naturalmente, não têm útero. A lei não tirou direitos. Ela os estendeu.

Os árabes israelenses têm todos os direitos (incluindo os mesmos tratamentos gratuitos de fertilidade) que os judeus israelenses desfrutam. As escolas drusas são consistentemente classificadas entre as melhores do país. Apesar do que se alega, depois da lei Estado-nação ter sido aprovada, não se tornou ilegal brandir a bandeira palestina em Israel. Queria ver o que aconteceria se alguém tentasse marchar no centro de Ramallah carregando a bandeira de Israel ou a bandeira do arco-íris LGBTQ.

A verdade é que não importa o que Israel faça, há sempre a habitual condenação, críticas e ataques. Como disse, Israel não é perfeita, mas não é tampouco podre. E temos que voltar a este ritual doloroso de justificar cada ação, cada passo que ela dá para sobreviver.

Ao colocar em sua constituição que Israel é a pátria exclusiva do povo judeu, Israel mudou fundamentalmente os termos de engajamento no campo de batalha contra seus inimigos. E ao faze-lo, talvez até sem querer, Israel mudou o futuro da civilização ocidental para melhor.

Explico.

Enquanto Israel se defendia da aniquilação em 1967, um grupo de acadêmicos franceses de esquerda, criou o pós-modernismo. Uma ideia que tomou o mundo acadêmico, os meios de comunicação e a política ocidental.

Os horríveis acontecimentos do século XX foram interpretados pelos pós-modernistas como o resultado do fracasso da modernidade. A razão humana havia substituído a fé, mas depois de Auschwitz, do Gulag e dos campos de morte de Mao, a razão por si só não era a resposta.

Assim, enquanto que para muitos a solução estava em devolver alguma fé na equação moral, a resposta dos pós-modernistas foi de também remover a razão. Sem a fé ou razão tudo foi desconstruído. A realidade se tornou subjetiva, palavras ficaram sem sentido, fatos e ficção se misturaram, o direito se tornou uma abstração, a história uma curiosidade, o eu foi descentralizado, a família tradicional desmantelada e as sociedades fundidas num pote multicultural.

Para o pós-modernista, o grafiteiro Zezão e Leonardo da Vinci são ambos artistas, a Tiazinha e Amadeus Mozart são ambos músicos, Mahmoud Abbas e Benjamin Netanyahu são ambos líderes nacionais, e as organizações terroristas palestinas e as Forças de Defesa de Israel ambas carregam armas.

Mas esse foi apenas o primeiro estágio. Na fase seguinte, o pós-modernismo elevou os sanitários acima da Mona Lisa, Abbas acima de Netanyahu e o terrorismo palestino acima do exército de Israel. E foi nesta fase, que se tornou normal rotular Israel de estado racista e apartheid ad nauseam. Justo Israel! Aonde um juiz árabe sentado na Suprema Corte pode mandar um presidente judeu para a cadeia por sete anos por abuso sexual, e membros árabes da Knesset podem liderar uma manifestação em Tel Aviv cantando “Com sangue e fogo iremos resgatar a Palestina”! Mesmo assim, a mídia descarada continua a regurgitar o racismo.

Para o pós-modernista, nada é pior e nada deve ser rejeitado com mais força do que as grandes narrativas históricas. E existe maior narrativa histórica do que Israel? A volta de uma nação dos quatro cantos do mundo depois de nada menos que dois mil anos, a restauração da língua, suas vitórias em todos os campos? O que a nova Lei Básica do Estado-nação faz é forçar um ponto de referência objetivo. Declara que há de fato uma identidade nacional que importa, que as palavras importam, que a história é importante, que a cultura é importante, que a fé e a razão importam.

A lei dá nova vida à defesa de Israel porque define as linhas do debate, burladas pelo fake politicamente correto.


E é por isso que o melhor vídeo que assisti esta semana foi o de milhares de pessoas reunidas no Kotel nas primeiras horas da manhã cantando as orações tradicionais de penitência (as selichot) antes do Ano Novo Judaico. Estas orações ressoaram alto e forte, sem remorso, sem pedir desculpas, vindas de uma nação que está em casa, entre as pedras antigas de Jerusalém.


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