Em 2004, um
cano de esgoto explodiu no meio do bairro de Siluan, no sudeste de Jerusalém. A
prefeitura enviou uma equipe para consertar o vazamento, e como é sempre o caso
em bairros adjacentes à Cidade Velha, eles foram acompanhados por uma equipe de
arqueólogos.
Ao abrirem o local
para chegarem ao cano estourado, eles tropeçaram em alguns degraus largos a uma
dezena de metros de uma antiga piscina na qual os peregrinos judeus se
purificavam antes de ascenderem ao Templo, até sua destruição no ano 70 EC. Os
degraus tinham exatamente o mesmo formato da escadaria do lado sul do Templo,
hoje bloqueadas pelo Waqf muçulmano.
A descoberta
da piscina de Shiloah ou Siloé levou a outra descoberta monumental - o canal
central de drenagem de água que servira à antiga Jerusalém. Este canal é o
túnel que os visitantes da Cidade de David - conhecido como Ir David - percorrem
hoje, começando no Shiloah e emergindo próximo ao Muro das Lamentações.
Esta antiga
escadaria escavada sob o bairro de Siluan e acima do canal de água é o lugar
onde os rebeldes judeus fizeram sua resistência final contra os invasores
romanos. Esta escadaria foi chamada de “Estrada da Peregrinação”, pois os
arqueólogos estão convencidos de que esta foi a via que milhões de judeus tomaram
três vezes por ano para subir até o Templo para trazer sacrifícios a Deus
durante os três feriados principais do Judaísmo: Pessach, Shavuot e Sucot. Páscoa,
Pentecostes e Tabernáculos.
Flávius Josefus,
o historiador do primeiro século, escreveu que 2,7 milhões de pessoas
costumavam visitar Jerusalém durante os vários feriados judaicos, trazendo
consigo cerca de 256.000 sacrifícios. E quase todos eles teriam entrado na
cidade por este caminho. É sobre esta estrada que Hillel e Shammai, duas
figuras proeminentes da Mishna, discutiram e provavelmente usaram. De acordo
com o apóstolo João, Jesus teria curado o cego na piscina de Siloé. E esta
estrada é a que Jesus quase certamente tomou para subir ao Templo, ao lado de
muitos dos estudiosos famosos e líderes judeus daquele período.
Subindo por
esta estrada, dá para imaginar a multidão de pessoas desfilando por ela há
2.000 anos. Jovens garotos caminhando ao lado de suas mães. Meninas nos ombros
de seus pais. Até agora, resquícios de algumas das lojas foram descobertos, mas
com imaginação você pode ouvir pessoas trocando couro por pele, sementes por mel,
dinheiro por vinho. Milhares de moedas gravadas com as palavras "Sião
Livre" foram encontradas no local.
E este foi o
grito de guerra na luta contra os romanos. Os judeus fizeram moedas e não
pontas de flecha, porque sabiam que não poderiam derrotar Roma, mas cunharam as
moedas como uma mensagem para seus descendentes, que eles sabiam um dia
voltariam. O povo foi exilado no ano 70, mas seu último suspiro ficou lá,
naqueles degraus, e pode ser ouvido ainda hoje naquela escadaria.
Considerando
as resoluções anti-Israel provenientes de organizações das Nações Unidas, como
a UNESCO, que negam a conexão judaica com Jerusalém, a Estrada da Peregrinação
tem muito mais importância para Israel do que a mera abertura de um novo local
turístico na Cidade Santa. E os árabes sabem disso.
No domingo
passado finalmente a estrada foi inaugurada e passa a ser um local de visita
mandatório para judeus e cristãos do mundo inteiro. O enviado especial de
Donald Trump, Jason Greenblatt e o embaixador dos EUA, David Friedman, participaram
da cerimônia, e isso prontificou uma verborreia histérica e venenosa da
Autoridade Palestina e seus representantes.
O Ministério
das Relações Exteriores da Autoridade Palestina emitiu um comunicado dizendo:
“Esta é uma nova imagem da agressão americana. A presença dos Estados Unidos na
celebração das atividades de judaização na Jerusalém Oriental ocupada são um
ato de hostilidade contra os palestinos”.
O negociador
palestino Saeb Erekat, disse que a presença da América na inauguração promovia
os interesses “coloniais racistas” e acusou o embaixador americano de ser um “colono
israelense extremista”. Erekat ainda disse que o túnel era um projeto falso e
nada tinha a ver com o judaísmo.
O Hamas é
claro, condenou a administração americana por sua “política de agressão” contra
o povo palestino. Abu Rudeineh, porta-voz de Abbas disse que os Estados Unidos
estavam ajudando Israel a abrir túneis baseados em “mitos”.
Greenblatt
respondeu no Twitter, chamando as alegações de “ridículas” e dizendo: “Não
podemos 'judaizar' o que a história e a arqueologia provam. A paz só pode ser
construída sobre a verdade.
Friedman por
seu lado disse que “a cidade de David traz a verdade e a ciência para um debate
que tem sido marcado por muitos mitos e enganos. Suas descobertas, na maioria
dos casos por arqueólogos seculares, põem fim aos esforços infundados para negar
o fato histórico da antiga conexão de Jerusalém com o povo judeu”. “A Estrada
da Peregrinação é uma evidência impressionante e tangível da presença judaica em
Jerusalem durante a época do Segundo Templo.
Tentar apagar
as histórias da Bíblia e os milhares de anos da história judaica, em torno de
Jerusalém, o alvo das orações e anseios dos judeus, nada faz para acrescentar
credibilidade à causa palestina. Assim como o judaísmo (e o cristianismo)
precederam o nascimento do islamismo, também as ligações judaicas a Jerusalém.
Não adianta
os árabes empurrarem a narrativa palestina para apagar evidências de laços
judeus (ou cristãos) com Jerusalém, referindo-se, por exemplo, ao Monte do
Templo exclusivamente em termos árabes / muçulmanos como “Mesquita Al-Aqsa /
Al-Haram Al-Sharif." A cada centímetro escavado encontra-se escritos
hebraicos. O mesmo hebraico que qualquer criança de 6 anos em Israel consegue
ler. E não há semana que provas da veracidade da Bíblia judaica não são
encontradas especialmente ao redor do Templo.
O que dói aos
palestinos não é a presença de oficiais americanos na inauguração de um sítio
arqueológico. Eles pouco se importam com a arqueologia. Tanto que em 2000 não
tiveram qualquer problema em destruir toneladas de ruinas do Templo para
ampliar uma mesquita nos Estábulos de Salomão e jogar o entulho no Vale do
Kidron prontificando um dos maiores resgates arqueológicos da história que
continua até hoje. O que dói neles é a verdade vir a tona e ser testemunhada
por centenas de árabes que trabalham nestas escavações.
Eles culpam
Israel pela judaização de Jerusalem, enquanto tentam encobrir a arabização da
cidade que ocorreu nos 19 anos de ocupação jordaniana de 1948 a 1967. Desde o
final do século XIX até 1948 Jerusalem tinha uma maioria judaica esmagadora.
Todo o leste de Jerusalem, fora da cidade velha eram bairros judaicos. O próprio
Siluan, onde se encontra a Estrada da Peregrinação, era um terreno vazio com
algumas dezenas de casas pertencentes à comunidade judaica iemenita. Estes
iemenitas foram evacuados com a ofensiva jordaniana, mas suas casas, muitas com
as mezuzot intactas, ainda estão de pé, tomadas por muçulmanos que se
instalaram no bairro, instigados pela Jordânia.
Quem é o
colono então? Quem tentou e continua tentando arabizar uma cidade inteira que
remonta sua história há mais de 5 mil anos, quando nem foram árabes que
colonizaram a região, mas os turcos muçulmanos durante 432 anos até a Independência
de Israel?
A presença de
Friedman e Greenblatt na cerimônia foi significativa pela mensagem que
transmitiu. Que os Estados Unidos reconhecem a verdade histórica. Quando
perguntado sobre a possibilidade de Israel ter que desistir de Ir David ou Siluan
em um futuro acordo de paz, Friedman disse que “a Cidade de David é um
componente essencial da herança nacional do Estado de Israel. Seria semelhante
a América devolver para a França a Estátua da Liberdade”.
Uma visita a
Ir David é algo inesquecível. Uma coisa é ler a Bíblia e imaginar os lugares.
Outra é colocar os pés naquelas pedras milenares e reconhecer os locais das
narrativas com seus próprios olhos e senti-las com seu próprio coração.
Arafat tentou
dizer, nas falhas negociações de Camp David, que nunca havia havido um Templo
em Jerusalém e que o glorioso Muro das Lamentações tinha sido uma criação
muçulmana. Arafat já se foi há muito tempo, mas seu fantasma, Mahmoud Abbas
continua a repetir suas mentiras, que o Holocausto não existiu e que não há
ligações históricas entre os judeus e Jerusalem. A verdade é que há só duas razões para os palestinos não terem seu estado até hoje: Arafat e Abbas. O resto é
só postulação.
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