Hoje vou
falar sobre dois assuntos que podem parecer distintos, mas são dois lados da
mesma moeda. E é a indiferença do mundo dito “civilizado” para o que é justo,
decente e moral.
No dia de Yom
Kippur, na semana passada, um alemão, pesadamente armado, tentou invadir uma
sinagoga na cidade de Halle na Alemanha para cometer um massacre. Ele não
conseguiu entrar e então decidiu matar dois estranhos na rua. Este energumeno não tem 15 ou 16 anos, mas
28. E ele é o produto da sociedade alemã de hoje.
E o que é
esta sociedade? É uma liderada por Angela Merkel, a “mãe” dos milhões de refugiados/imigrantes
muçulmanos. A que nunca foi mãe de verdade e portanto não dá a mínima para o
futuro de seu país. O que importa, seguindo a cartilha da esquerda, não é o que
é certo e justo para seus cidadãos, mas o que “parece” politicamente correto
para o mundo globalizado.
Talvez para
não irritar os antissemitas, Merkel não saiu para condenar o ataque. Mandou seu
porta-voz Stephan Balliet que declarou “devemos nos opor a qualquer forma de
antissemitismo”. Realmente inovador. Como disse o coronel Richard Kemp: “como
sempre, Merkel tem somente palavras, quando ações são necessárias”.
Toda a vez
que dá entrevistas, Merkel faz repete o nauseante comentário sobre a necessidade
de seu país de proteger instituições judaicas. Ela disse à CNN em maio que infelizmente
a Alemanha “sempre teve um certo número de antissemitas”, e que ainda “não há
uma única sinagoga, uma só creche ou escola para crianças judias que não sejam
guardadas por policiais alemães. ” Quando perguntada, Merkel se recusou a dizer
o que significa "certo número de antissemitas".
Mas um estudo
do Bundestag de 2017 mostrou que 40% da população alemã mantém uma visão antissemita
moderna, ou seja, uma intensa aversão ao Estado judeu. Este alto nível de
sentimento antissemita se traduz na indiferença para atos violentos contra
judeus.
O problema é
que Merkel não está preocupada em erradicar o antissemitismo violento. Ela fica
na defensiva e na retórica. Dois outros exemplos de violência antissemita na
última semana na Alemanha mostram o perigo que judeus e israelenses correm no
país.
Um sírio
tentou entrar no centro comunitário e na sinagoga judaica de Berlim, no
distrito de Mitte, armado com uma faca, gritando "Allahu akhbar" e
"F *** Israel". O sírio foi preso, mas com medo de ofender os
imigrantes, as autoridades imediatamente o libertaram. Isto levou a publicação Bild
a criticar o prefeito de Berlim, Michael Müller, por sua incrível incompetência
no combate ao crescente antissemitismo na capital alemã.
No sul da
Baviera, um árabe jogou uma pedra na cabeça de uma israelense depois de ouvi-la
falando em hebraico. A mulher sofreu um ferimento e o suspeito fugiu.
E aí temos a decisão
do governo alemão de ignorar a discriminação da Kuwait Airways em não aceitar passageiros
que tenham passaporte israelense, mesmo em rotas que não incluam países árabes.
E sua recusa a banir a organização
terrorista antissemita Hezbollah que opera abertamente na Alemanha, com mais de
mil membros espalhando seu veneno antissemita. E ainda, quando o governo Merkel se recusou a banir
a organização terrorista Frente Popular para a Libertação da Palestina ou classificar
o comandante da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, general Hossein Salami,
como antissemita depois que ele prometeu "varrer Israel do mapa".
Merkel insiste em designar a declaração de Salami como mera "retórica
anti-Israel".
As
declarações de Merkel de apoio aos judeus, à Israel ficam de um lado da cerca,
enquanto suas miseráveis ações ficam do outro.
Hoje, 74 anos
depois da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha é novamente um país terrivelmente
inseguro para judeus e a insegurança só vai piorar pelo fracasso de Merkel em combater
o antissemitismo com ações em vez de só com palavras.
E aí temos os
curdos. É muito importante falarmos sobre a triste história deste povo. São mais
de 40 milhões, concentrados em uma única região, sua região ancestral, que os
burocratas ingleses e franceses depois de Primeira Guerra, dividiram entre quatro
países que eles criaram traçando linhas no mapa, desconsiderando quem morava
lá. Eles são um povo, com uma língua
distinta, uma cultura distinta que imaginem, a Turquia baniu de 1983 a 1991, na
tentativa fútil de faze-los esquecer sua história e erradicar sua vontade de
independência. Diferentemente de todos os países árabes da região, que nunca
tiveram história por serem tribos nômades, o povo curdo está mencionado já nos
tabletes sumérios de cinco mil anos atrás.
Mas política
é suja e não tem D-us. Os curdos reivindicaram um estado e um lhes foi
concedido no tratado de Sèvres, uma das tentativas de dividir a carcaça do
Império Otomano. Mas os ingleses e franceses não cumpriram a palavra. No
tratado final de Sykes-Picot, da mesma forma que mentiram sobre o que fazer com
a Palestina, os ingleses e franceses dividiram os curdos entre o Irã, a
Turquia, a Síria e o Iraque. Eles são a maior minoria do mundo sem um
estado.
Mas são um
povo orgulhoso e batalhador. Os peshmergas ficaram famosos lutando ao lado dos
Estados Unidos contra o Estado Islâmico, especialmente as mulheres curdas. E
eles se identificam muito com Israel, olhando o pequeno estado cercado por inimigos
como eles, que contra todas as probabilidades se mantém livre, democrático e
independente.
O que a
Turquia está fazendo é mais um massacre contra os curdos, um de muitos perpetrados
desde 1930, ou no mínimo cometendo o crime de troca de população. Com a
desculpa de erradicar grupos terroristas curdos do outro lado da fronteira,
Erdogan invadiu a Síria para tomar 32 km do território sírio e formar uma zona
tampão supostamente para proteger a Turquia. Isto é uma imbecilidade. O que
Erdogan vai fazer é expulsar os curdos dos vilarejos locais – e já mais de 200
mil fugiram – e lá colocar os refugiados sírios que foram para a Turquia
fugindo da guerra civil. Só que estes sírios não são curdos, não são daquela
região. Cortando a continuidade de território curdo Erdogan quer isolar os
curdos da Turquia e lhes negar qualquer refúgio do outro lado da fronteira
estando livre para massacra-los.
A lei
internacional proíbe um estado de expulsar uma população e substituí-la por
outra, mas alguém ouviu alguma condenação da Europa? Aqueles que adoram dar
lições de moral a Israel? Do alto de sua arrogância a Europa continua calada com
medo de Erdogan cumprir a ameaça de enviar os milhões de refugiados sírios em sua
direção.
O que
espantou foi a inexplicável e repentina decisão de Donald Trump de retirar as
tropas americanas e abandonar seus aliados curdos à sua própria sorte. Sua
explicação de que estava cansado de assinar cartas de condolências para famílias
de soldados mortos não justifica a retirada de apenas 50 soldados americanos
com tal fanfarra.
Desde o
envolvimento dos Estados Unidos, somente quatro soldados americanos morreram na
Síria. Mas mesmo assim, na hora da verdade, na hora do teste, nem mesmo os
Estados Unidos conseguiram defender a bandeira da justiça, moralidade e
humanidade que tanto empunham. Trump não viu qualquer problema em sacrificar
milhares de curdos aliados. Mas foi problema para ele retaliar contra o Irã depois
do abate do drone porque uns 150 iranianos poderiam morrer.
É uma hipocrisia,
uma verdadeira vergonha. Israel também se identifica com os curdos e ofereceu
ajuda humanitária. Vamos torcer para que debaixo dos panos, atrás das cortinas,
Israel consiga fazer mais por eles.
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