Sunday, October 4, 2020

Trump Com Covid: O Que o Irã Irá Fazer? - 4/10/2020

 Na semana que passou tivemos o primeiro debate entre o presidente Trump e o ex-vice presidente Biden. Um espetáculo que deixou muito a desejar. A esquerda caiu em cima de Trump, dizendo que ele foi mal educado em interromper as não-respostas de Biden. Mas foi Biden quem quebrou o protocolo insultando o presidente. Ele foi de dizer para ele calar a boca, a chama-lo de “palhaço”. Uma verdadeira vergonha.

Os programas políticos e econômicos ficaram atrás dos ataques pessoais e ao final, não pudemos ouvir absolutamente nada sobre as propostas para levar o país à frente pós-pandemia. Uma mostra clara e triste do declínio da América. Uma América que nos últimos 20 anos, foi remodelada à imagem da mídia de esquerda que trabalhou incansavelmente para destruir os valores morais através da televisão e do rádio. Hoje palavrões, xingamentos, nudez, sexo explícito, tudo é válido, engraçado e aceitável, desde que saia da boca da esquerda que quer destruir o país.

E aí, na sexta-feira, quando achávamos que estávamos no fundo do poço da civilidade, Trump e sua esposa testaram positivos para o Covid. As reações então conseguiram abaixar o nível ainda mais: comediantes, jornalistas, acadêmicos correram para o Twitter para desejar a morte de Trump, declarar que D-us existe e tinha mandado o castigo ou simplesmente mostrar o dedo. Para eles Blacks Lives Matter mas não a vida do presidente ou o respeito pelo cargo.

Interessante foi ver a imprensa iraniana noticiou o contagio de Trump nas manchetes. A liderança iraniana, no entanto, não emitiu qualquer declaração a respeito. A pergunta é: o que o regime está pensando? Será que vão aproveitar e atacar as forças americanas em algum lugar?

Antes já da noticia sobre o estado de saúde de Trump, milícias iranianas atacaram com mísseis de 122mm o aeroporto do Kurdistão aonde estão estacionadas as tropas americanas no Iraque. Isto fora dos ataques de guerrilha diários contra posições americanas ou de seus aliados. Além disso o Irã continua a atacar a Arábia Saudita a partir do Iêmen e ameaçar Israel do Líbano e de Gaza.

Também ameaça os países do Golfo Árabe. Na semana passada um grupo de terroristas, membros da Guarda Revolucionaria iraniana foram apreendidos antes de conseguirem cometer um ataque no Bahrein e outro na Arábia Saudita. O Irã também está tentando convencer o Qatar a patrocinar os rebeldes Houthis que destruíram o Iêmen.

Será que o Irã pensa que o poder de dissuasão dos EUA possa ter diminuído devido à doença de Trump? ou devido às eleições dos EUA?

O Irã está sob sanções econômicas cada vez mais estritas desde que, em 2018, Trump denunciou o Acordo Nuclear assinado por Obama. As tensões entre o Irã e os EUA aumentaram em maio de 2019, quando a Casa Branca alertou sobre possíveis ataques iranianos. Os ataques ocorreram contra petroleiros no Golfo de Omã e drones e mísseis na Arábia Saudita. As tensões aumentaram quando o Irã derrubou um drone americano e novamente quando grupos pró-iranianos no Iraque dispararam mísseis contra forças americanas e ataques misteriosos ocorreram nos armazéns de munição das facções apoiadas pelo Irã no Iraque.

O Irã então ordenou aos Houthi alvejarem o campo de gás Shaybah e usou 25 drones e mísseis de cruzeiro contra a refinaria de Abqaiq na Arábia Saudita. Enquanto isso, Israel foi para a ofensiva para impedir a instalação do Irã na Síria bombardeando milhares de alvos iranianos e comboios de armas para a Hezbollah no Líbano.

Quando os Estados Unidos interceptaram várias embarcações do Irã com armas destinadas aos Houthis, os iranianos mandaram suas milícias no Iraque aumentar os ataques com mísseis. Em dezembro, um empreiteiro americano foi morto e os aliados do Irã invadiram a embaixada americana no Iraque. Aí os Estados Unidos responderam matando o comandante da Guarda Revolucionária, o legendário terrorista Qasem Soleimani. Seguiram-se dúzias de ataques dos dois lados mas os Estados Unidos conseguiram consolidar suas bases e reduzir o numero de soldados no Iraque.

É onde estamos agora. Um embargo de armas ao Irã está expirando neste mês. As tentativas da America de reaplicar as sanções da ONU falharam. O Irã está tentando fortalecer suas relações com países como a Venezuela (que também está sob sanções dos EUA), Líbano, Síria e também a Rússia, China e Turquia. No Líbano, Israel publicou recentemente um vídeo mostrando supostas fábricas de mísseis. Em seu discurso na ONU, Bibi chegou a mostrar fotos de depósitos de armas da Hezbollah ao lado do Aeroporto de Beirute. A Hezbollah negou a existência dos armazéns.

Do seu lado, Trump conseguiu algo inédito: trazer as lideranças libanesa e israelense para a mesa de negociações sobre a demarcação de fronteiras marítimas. É um começo. E algo que ninguém conseguiu em mais de 30 anos.

Se por um lado o Irã não para de tentar provocar Israel, por outro não parece querer testar Jerusalém. É por isso que Teerã prefere atacar a Arábia Saudita porque acha que Riad não vai responder diretamente.

O Irã sabe que Trump quer cumprir sua promessa de campanha e acabar com as guerras sem fim, tirando as tropas americanas do Iraque e do Afeganistão. Mas também sabe que ele responderá duramente se soldados americanos forem mortos. É por isso que o Irã quer criar uma situação estável o suficiente para os EUA deixarem o Iraque, mas ainda assim, uma situação aonde chovem mísseis, mas sem vítimas. O Irã também quer que os EUA saiam do Afeganistão. Mas para isso tem quer esperar o fim do embargo de armas. Enquanto isso o Irã avança em seu objetivo de estabelecer uma nova ordem mundial com a Rússia, China e Turquia como parceiros e aliados.

Só depois, o Irã se voltará para seu projeto maior: o de desestabilizar o Golfo. O Irã sabe que o Líbano está falido e em crise, por isso não pode pedir à Hezbollah, que está com sua credibilidade bastante abalada no país, que faça muita coisa no momento. Mas pode enviar mais armas para a Síria, para continuar a ameaçar Israel. Como uma gigantesca sucuri, o Irã está consumindo a Síria aos poucos.

A sucuri pode se mover rapidamente se sentir fraqueza num oponente, como Trump, mas sabe que precisa de bastante tempo para digerir lentamente sua presa. Vamos ver se o Irã irá agir com cautela antes de testar um governo americano que pode parecer estar momentaneamente sem líder. O Irã sabe que o membro mais forte do governo Trump é Mike Pompeo, que não é nem um pouco fã dos aiatolás. Apesar da idade, da pandemia e de todo o resto, Trump continua alerta e trabalhando 20 horas por dia. Será melhor para o Irã se a sucuri não testar o vespeiro.


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