Sunday, September 4, 2022

A Cara de Pau de Mahmoud Abbas - 4/9/2022

 

Na última quarta-feira, o primeiro-ministro palestino Mohammad Shtayyeh exigiu que o governo americano não bloqueasse a candidatura palestina para sua associação à ONU, como Estado. Os Estados Unidos já indicaram que não têm qualquer intenção em reconhecer o Estado da Palestina que de fato não tem fronteiras reconhecidas, tem dois governos, o de Ramallah e o de Gaza e continua a ser dependente da ajuda estrangeira para seu funcionamento, em especial e ironicamente de Israel.

Esta é mais uma tentativa do presidente Mahmoud Abbas de tentar melhorar sua imagem junto aos árabes já que sua aprovação está no tanque. O líder de 87 anos que está no cargo há 17, de um mandato de 4 anos, mais uma vez irá usar o pódio da ONU para culpar Israel por sua má gestão, violência e corrupção.

Ele é a própria definição do cara de pau que conhecemos. Aquele que mata o pai e a mãe para ir no baile dos órfãos.

A questão é que o Conselho de Segurança e os outros organismos da ONU parecem não se cansar de castigar Israel em suas discussões mensais obrigatórias sobre os palestinos aos quais foi concedido o status de “refugiado perpétuo”. Poderíamos pensar, na situação do mundo hoje, que haveria outros refugiados necessitados de atenção, como por exemplo, ucranianos, após a invasão da Rússia, afegãos, após a tomada pelo Talibã e o conflito na Etiópia  – mas não, a posição dos palestinos não pode ser tocada e muito menos resolvida  dentro da ONU.

Somente os palestinos têm uma organização dedicada às suas necessidades, a UNRWA com um orçamento de 1.6 bilhões de dólares para 5.6 milhões de refugiados registrados, incluindo netos e bisnetos que nasceram na Europa e Estados Unidos. Todas as outras pessoas, deslocadas, refugiados, oprimidos, perseguidos – onde quer que estejam espalhadas pelo mundo – são tratadas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que tem um orçamento de 8 bilhões para lidar com quase 90 milhões de pessoas.

Na quinta-feira passada, o Conselho de Segurança da ONU de 15 membros ouviu falar de uma ameaça “existencial”. Essa palavra, traz à mente assuntos de extrema gravidade – como os planos do Irã para obter capacidade nuclear enquanto ainda apoia o terrorismo e desenvolve mísseis guiados para ameaçar o mundo ocidental. Mas o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, usou esta frase para descrever a queda no financiamento da sua organização.

Lazzarini disse que a agência, não recebeu todos os fundos prometidos e culpou as “campanhas coordenadas para deslegitimar a UNRWA”. Ora, a UNRWA faz um bom trabalho para se deslegitimar sozinha.

Os números são conhecidos, mas vale a pena repetir. A UNRWA foi fundada em 1949 como uma solução temporária para "refugiados palestinos”. Na época, aproximadamente 700 mil árabes estavam sob os auspícios da UNRWA, muitos deles com nacionalidades estabelecidas como jordanianos, egípcios, sauditas, mas que se encontravam no território que se tornou Israel em algum momento entre 1946 e 1948. Graças à política de permitir que eles passem seu status de refugiado para seus descendentes, seus números aumentaram para milhões nas últimas sete décadas.

Esse crescimento exponencial é uma das razões pelas quais é difícil atrair a simpatia e financiamento que obteve no passado. Ninguém vê uma luz no final do túnel. Outra é a falta de transparência. Ninguém sabe para onde está indo o dinheiro. Os livros escolares das escolas da UNRWA mostram seu apoio a uma cultura que promove o terrorismo e o martírio. E depois há aqueles casos em que foram encontrados túneis e armazéns de armas embaixo de escolas e postos de saúde da UNRWA em Gaza, que a ONU condenou, mas não conseguiu impedir.

Assim, no mesmo dia em que o chefe da UNRWA estava alegando pobreza em relação aos refugiados, o embaixador palestino na ONU, Riad Mansour, diz estar otimista sobre a adesão plena da AP à organização. Em outras palavras, Abbas quer um Estado sem negociar qualquer acordo com Israel sobre fronteiras, segurança, água, esgoto, eletricidade, espaço aéreo e outras questões críticas. É o mesmo Abbas que no mês passado acusou Israel em solo alemão, de cometer “50 holocaustos” em vez de se desculpar pelo massacre olímpico de Munique quando ele estava no comando das finanças do Setembro Negro.

Aqui reside o absurdo da situação palestina: de acordo com a ONU eles seriam refugiados mesmo que vivessem em seu próprio estado plenamente reconhecido. Que hipocrisia! E isso não dá à Abbas nenhuma motivação para voltar à mesa de negociações de boa-fé para resolver as questões que podem permitir que Israel e os palestinos vivam lado a lado. Pelo contrário.

Agora também é óbvio para todos que Israel está aqui para ficar, com ênfase no aqui – em sua antiga pátria. Tendo recusado várias rodadas de negociações e processos de paz – que geralmente terminam com ondas de terrorismo a AP não pode ser recompensada com um reconhecimento na ONU. Não vamos esquecer que os mapas da “Palestina” incluem todo o Israel, “do rio ao mar”.

Ao mesmo tempo, o plano de longo prazo dos palestinos é continuar sua dependência da ONU e de mendicância para manter seu status de refugiados. Não é tanto um paradoxo quanto uma paródia. É muita cara de pau.

No comments:

Post a Comment