Sunday, September 24, 2023

Todos os Olhos na Arabia Saudita - 24/09/2023

 

A alegria durou pouco. A grande notícia da semana foi a aproximação de Israel e da Arabia Saudita, tudo indicando que um acordo entre os dois países estava na iminência de ser anunciado.

Primeiro, o príncipe saudita Mohamed Bin Salman, em uma entrevista para a Fox News disse que de fato seu país e Israel estão muito próximos a um acordo. Depois foi o discurso de Bibi Netanyahu, o mais positivo dos últimos anos, falando do sucesso dos Acordos de Abraão e da abertura de uma linha de comércio da Índia, através dos Emirados Árabes, Arabia Saudita, Jordânia e Israel para o Mar Mediterrâneo e a Europa. Uma linha que tem o potencial de trazer muita prosperidade para todos os envolvidos e toda a região.

Bibi ainda lamentou o fato de os palestinos não terem se juntado aos Acordos de Abraão, perdendo mais uma oportunidade;

Mas aí veio o discurso do representante saudita na ONU, pedindo a criação de um estado palestino com sua capital em Jerusalem.  E isso está muito longe do que este governo de Israel está pronto a conceder. E especialmente no curto prazo que daria ao Congresso Americano aprovar tal acordo antes das próximas eleições presidenciais.

E aí tivemos o discurso do Açougueiro de Teerã que hoje tem o trabalho de reprimir sua população como presidente do Irã.

Ebrahim Raisi tomou o pódio com o al-Corão nas mãos para dar uma lição de moral ao Ocidente, falando o tempo todo em justiça. Uma justiça negada a milhares que populam as prisões iranianas. No meio de seu discurso, Gilad Erdan, o embaixador israelense, entrou no plenário com uma foto de Mahsa Amini, a garota morta exatamente há um ano, por não ter usado o hijab de maneira correta. Fora da ONU centenas de iranianos protestavam contra a presença deste genocida e o microfone que foi dado a ele. E esta foi a ironia. Os seguranças da ONU detiveram Gilad Erdan, colocaram barreiras para os manifestantes, tudo para dar ao assassino a honraria de se dirigir aos líderes do mundo.

Raissi, o maior patrocinador do terrorismo internacional, também falou sobre a luta do Irã contra o terrorismo e como seu país têm sofrido com ele culpando Israel entre outros e pedindo o fim do Estado judeu. Incrível.

Do que ele não falou: Da troca de reféns americanos por prisioneiros iranianos (3 dos quais não quiseram voltar ao Irã). Nenhuma palavra boa aos Estados Unidos que liberaram nesta semana 6 bilhões de dólares como resgate para o Irã soltar os 5 reféns americanos. O Irã retribuiu o apaziguamento dos EUA, redobrando a sua agressão. Raisi não agradeceu a América por sua generosidade e boa fé. Ele renovou o compromisso do regime de assassinar autoridades americanas, incluindo o ex-secretário de Estado Mike Pompeo, pelo seu papel no assassinato em 2020 do chefe terrorista Qassem Soleimani. Que tempos estamos vivendo!

E claro, nada sobre seu programa nuclear ou sobre o fato que o Irã expulsara na semana passada todos os representantes da Agência Internacional de Energia Atômica porque coletaram provas cabais que o Irã está enriquecendo urânio além do permitido. E isso imediatamente forçaria o retorno das sanções o que a administração Biden não quer. Parece esquizofrênico, não?

A política Obama-Biden visa permitir que o Irã se torne um Estado com capacidade nuclear – e mais além. A ideia, tal como explicado por Barack Obama e seus principais assessores, é que o Irã estava agindo como um Estado pária por causa do alegado arsenal nuclear de Israel. A chave para estabilizar o Oriente Médio, então, na cabeça destes energúmenos, seria realinhar os EUA longe de Israel e dos seus tradicionais aliados árabes sunitas e em direção ao Irã.

Ao dar o poder ao Irã, sobretudo através do apaziguamento nuclear, isso criaria um milagroso equilíbrio com Israel. Da mesma forma que o equilíbrio entre os EUA e a União Soviética durante a Guerra Fria evitou uma guerra nuclear.

Os esforços dos israelenses e de outros opositores à visão de Obama para explicar o absurdo da comparação foram completamente ignorados. Obama e os seus conselheiros se recusam a reconhecer que o Irã não é uma potência do status quo. É um regime revolucionário que se considera a ponta de lança e o líder de um império supremacista e apocalíptico islâmico xiita, construído pelo terrorismo, pela radicalização e pela guerra. Como resultado, o modelo de dissuasão nuclear de destruição mutuamente assegurada que existiu entre os EUA e a URSS não pode ser aplicado no caso do Irã.

Hoje, os mesmos argumentos são válidos. Mas, tal como Obama e os seus assessores, Joe Biden e a sua equipe de ex-alunos de Obama estão fixos em promover essa visão e com energia redobrada. E os resultados têm sido desastrosos. O Irã está à beira de um arsenal nuclear. A sua decisão no fim de semana passado de expulsar os inspetores nucleares internacionais sinaliza um perigo imediato. O seu regime por procuração da Hezbollah no Líbano, tal como os representantes do terrorismo palestino patrocinados pelo Irã, estão aumentando suas ameaças e agressões contra Israel, o que sinaliza a aproximação de uma grande guerra. E talvez, infelizmente para Israel, de uma guerra em vários fronts.

Mesmo assim, a administração Biden insiste que a sua diplomacia nuclear está orientada para a estabilidade regional e a não proliferação nuclear.

O príncipe saudita não precisou de um longo discurso para explicar por que a política do governo americano não funciona. Ele fez isso em uma frase. Bret Baier da Fox News lhe perguntou como a Arábia Saudita responderia a um Irã com uma arma nuclear. Ele respondeu simplesmente: “Se eles conseguirem [uma arma nuclear], teremos de ter a nossa, por razões de segurança, para equilibrar o poder no Oriente Médio”.

Mohamed Bin Salman não está sozinho. Se o Irã obtiver uma arma nuclear, o Oriente Médio ficará totalmente nuclearizado. Regime após regime irá correr para adquirir seu arsenal nucleares para se proteger contra outros regimes que já as possuem.

Ao afirmar sem rodeios o óbvio, o príncipe saudita mostrou que a política atual da administração Biden para com o Irã irá conduzir o Oriente Médio para uma corrida nuclear. Agora que a verdade foi revelada, Biden e os seus conselheiros têm uma escolha. Podem permanecer no rumo atual e serem responsabilizados por suas ações, ou podem inverter o rumo e adotar uma estratégia que impedirá o Irã de se tornar um Estado nuclear e manter o Oriente Médio livre de armas nucleares, pró-americano e estável.

Durante a sua reunião com Biden na quarta-feira, Bibi apresentou a estratégia para bloquear o caminho do Irã para um arsenal nuclear. Netanyahu disse que uma estratégia vencedora tem três componentes: “Uma ameaça militar credível, sanções paralisantes e apoio aos corajosos homens e mulheres do Irã que desprezam esse regime e que são os verdadeiros parceiros para um futuro melhor”.

Durante a guerra de Israel em 2014 contra o estado terrorista do Hamas em Gaza, Obama tentou forçar Netanyahu a sucumbir às exigências de cessar-fogo do Hamas. Ele foi apanhado de surpresa quando a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Egito se posicionaram ao lado de Israel rejeitando as exigências do Hamas.

Esta última quarta-feira ficará marcada como o dia em que a parceria Mohamed Bin Salman-Netanyahu ficou visível. Pela primeira vez o discurso de um líder de Israel foi transmitido ao vivo na televisão saudita. E talvez a posição tomada pelo embaixador saudita na ONU foi um lapso. Mas com Netanyahu ao lado de Biden em Nova Iorque e MBS na televisão americana, o povo americano ficou ciente do que pode acontecer se os EUA permanecerem ao lado dos seus aliados e o que acontecerá se a América continuar ao lado do Irã.

Gostaria de desejar a todos um bom jejum. Que este Yom Kippur seja um dia de reflexão profunda. Que ele traga muitas bênçãos, saúde e paz e que todos nós sejamos inscritos no Livro da Vida. Gmar Chatimah Tovah!

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