Sunday, January 21, 2024

Os "mui amigos" de Israel - 21/01/2924

 

Quem não conhece a expressão “mui amigo”? De acordo com o site Recanto das Letras, o “mui amigo” é aquele contrário a tudo o que você pensa, acredita e espera de um amigo de verdade. É aquele que sempre arruma uma desculpa quando você precisa dele, e quando aparece, ele vem junto com um problema para você resolver.

Pois é. Foram estas palavras que me vieram à mente esta semana ao ouvir o Secretário de Estado americano Anthony Blinken. Eu não sei em que planeta ele e todo o partido democrata americano, incluindo Joe Biden vivem. Mas não é neste aqui.

No planeta deles, todas as pessoas são razoáveis, têm os mesmos valores morais e têm os mesmos objetivos para suas comunidades, como saúde, educação, trabalho e segurança. No nosso, sabemos que isso não é verdade.

Blinken disse aos líderes israelenses na terça-feira que a Arábia Saudita quer normalizar as relações com Israel após o fim da guerra em Gaza, mas nenhum acordo será assinado se o governo israelense não se comprometer com o princípio de uma solução de dois Estados. E ainda, que nem ela, Arabia Saudita, nem nenhum outro país árabe, se envolverá na reconstrução de Gaza se não houver garantia que Israel não irá destrui-la novamente.  

O absurdo desta posição é que ela se baseia numa premissa falsa. Israel não ataca ou entra em Gaza para destruir sem motivo. Israel destrói as bases terroristas, destrói estações de lançamentos de mísseis e depósitos de mísseis e armas. Além disso, já tentamos a solução de dois estados que provou ser um completo fracasso. Israel não só saiu de Gaza em 2005, mas entregou áreas inteiras na Judeia e Samaria para a administração da Autoridade Palestina. O presidente Abbas, alegadamente eleito democraticamente, está no décimo nono ano de um mandato de 4, mas além de botar a mão no dinheiro da ajuda internacional, ele não fez absolutamente nada para levar à frente a construção de um Estado para os palestinos. Ao contrário, ele promove a cultura de ódio, ensinada desde o jardim de infância contra os judeus, promove a cultura do martírio, mas não dos filhos dos líderes da Fatah, é claro, e paga centenas de milhões de dólares mensalmente em salários para terroristas e suas famílias, inclusive, vejam bem, inclusive os terroristas de Gaza que perpetraram os crimes de 7 de outubro.

Em Gaza, a situação é ainda pior. Com a saída de todos os judeus e as medidas de boa vontade implementadas por Israel para permitir a entrada de trabalhadores de Gaza em Israel, a transferência de impostos trabalhistas para a Faixa e outras medidas assistenciais, o Hamas ganhou as eleições locais em 2007 e partiu para firmar seu poder. Além dos túneis e mansões para seus líderes, o Hamas usou todo o dinheiro de doações para pagar seus capangas e construir sua máquina de guerra.

E acham que algo mudou desde 7 de outubro? Não. Khaled alMashaal, o líder do Hamas que mora num hotel de luxo no Qatar deixou isso bem claro neste final de semana quando declarou numa entrevista à tv árabe, que o Hamas estava pronto para perpetrar outro e outro e outro ataque contra Israel, não só de Gaza, mas também da Judeia e Samaria.

É neste cenário que agora a administração americana quer que Israel, depois de sacrificar centenas de seus filhos entregue Gaza de bandeja para aqueles que odeiam Israel, odeiam os judeus e estão preparados a qualquer momento para perpetrar novamente o massacre de 7 de outubro.

“Se Israel quiser que os seus vizinhos árabes tomem as decisões difíceis necessárias para ajudar a garantir a sua segurança duradoura, os próprios líderes israelenses terão de tomar decisões difíceis”, disse Blinken aos jornalistas após o seu encontro com Netanyahu. Pergunto: Quando é que os vizinhos árabes tomaram qualquer decisão para garantir a segurança duradoura ou temporária de Israel…? Ou Blinken está bêbado ou louco.

É claro que a posição saudita trouxe uma alegria imensa à administração Biden que está aproveitando a situação em Israel para empurrar a solução de dois estados goela abaixo dos israelenses. A administração americana está desesperada para que Netanyahu aceite, para trazer pelo menos um acordo de paz histórico para Biden usar nas próximas eleições de novembro para se reeleger como presidente. E se Netanyahu não aceitar, ficará sozinho para reconstruir e cuidar de Gaza depois da guerra.

O que está sendo perdido aqui é que esta guerra está sendo completamente gerenciada pelo Irã e tanto os Estados Unidos como a Arabia Saudita, estão caindo no jogo destes mulás.

Antes da guerra, a Arabia Saudita estava prestes a assinar um acordo que revolucionaria a economia mundial. Isso porque junto com Israel, a Arabia Saudita iria construir um oleoduto que traria o petróleo do reino direto para o Mar Mediterrâneo e de lá para a Europa. Isto deixaria o Irã sem poder já que os tanqueiros não mais seriam necessários no golfo pérsico e deixaria a Rússia sem seu poder de barganha em suspender o fornecimento para a Europa. Agora entendemos o porquê desta guerra.  

Mas este impulso renovado da Casa Branca não irá funcionar. Israel aprendeu uma lição duríssima em 7 de outubro e o país está de acordo nacional que Israel terá que controlar a segurança de todo o território à oeste do rio Jordão. Assim, Biden pode continuar a ameaçar Israel, mas agora isso não vai funcionar. Mui amigo.

Por outro lado, o secretário geral da ONU, o português Antonio Guterrez se encontrou em Davos com mulheres sobreviventes do 7 de outubro. Garotas que foram sequestradas e depois soltas e que contaram para ele em primeira mão o que passaram nas mãos do Hamas.

Surpreendentemente, e já preparado para o encontro, Guterrez tirou uma corrente com a medalha dos sequestrados, mostrando uma meia empatia e dizendo que países estavam trabalhando para soltar os reféns. Mas logo em seguida, Guterrez não teve qualquer problema em condenar Israel por supostamente se “recusar” em criar o estado palestino. É esse é outro “mui amigo”.

Nos Estados Unidos, estudantes da Universidade de Harvard entraram com uma ação judicial contra funcionários da universidade na quarta-feira, alegando que não conseguiram proteger os estudantes judeus do assédio antissemita “severo e generalizado” desencadeado pela guerra Israel-Hamas.

Numa queixa civil federal de 79 páginas, seis estudantes de Direito e licenciados em Harvard que são membros do Students Against Antisemitism dizem que a universidade “se tornou um bastião de ódio e assédio antijudaicos desenfreados”.

O processo diz que os protestos pró-palestinos no campus estão repletos de intolerância “vil” contra os judeus e Israel.

“Multidões de estudantes e professores pró-Hamas marcharam às centenas pelo campus de Harvard, gritando slogans antissemitas vis e pedindo a morte de judeus e de Israel”, dizia o processo. “Essas multidões ocuparam edifícios, salas de aula, bibliotecas, salas de estudantes, praças e salas de estudo, muitas vezes durante dias ou semanas seguidas, promovendo a violência contra os judeus e assediando-os e agredindo-os no campus.”

Em resposta, para mostrar serviço, o presidente interino de Harvard, Alan Garber, anunciou na sexta-feira a criação da Força-Tarefa Presidencial de Combate ao Antissemitismo liderada por Derek Penslar, professor de história judaica.

Olhem só. Em Agosto, antes da eclosão da guerra Israel-Hamas, Penslar assinou uma carta aberta juntamente com quase 2.900 outros signatários chamando Israel de “regime de apartheid” em relação aos palestinos.

“Nós, acadêmicos, clérigos e outras figuras públicas de Israel/Palestina e do exterior, chamamos a atenção para a ligação direta entre o recente ataque de Israel ao poder judiciário e a ocupação ilegal de milhões de palestinos nos Territórios Palestinos Ocupados”, dizia a carta de agosto.

Desde então, esta carta foi substituída por duas novas petições, nenhuma das quais Penslar assinou. A última petição, publicada em Dezembro, apela ao Presidente Joe Biden para que ajude a negociar um cessar-fogo imediato entre Israel e o Hamas, facilite uma segunda troca de prisioneiros e reféns e forneça ajuda humanitária adicional a Gaza no meio do conflito no Oriente Médio.

Pois é. Harvard nomeou um antissemita para estudar como o antissemitismo se espalhou pela universidade. Este é outro “mui amigo”.

 

 

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