Sunday, January 7, 2024

A Rejeição Palestina à Solução de Dois Estados - 7/1/2024

 

Hoje, em todo o mundo, é o dia 7 de janeiro. Mas em Israel temos um novo calendário e hoje é o 93º dia da chacina e do sequestro de centenas de reféns. Esta semana também lembramos Kfir Bibas, o bebê que foi levado com sua mãe Shiri e seu irmão Ariel naquele fatídico sábado que deveria comemorar seu primeiro aniversário.

Nesta semana também começamos a ler nas sinagogas o segundo livro da Torah, o Exodus. A libertação e saída dos judeus da escravidão do Egito e sua jornada no deserto, até a entrada na Terra Prometida com Josué.

E apesar de todos os milagres que os israelitas testemunharam com as 10 pragas, a abertura do mar vermelho, eles não cessaram de reclamar, da comida, da água, e finalmente com o relato dos espiões que disseram que seria impossível vencer os canaanitas da terra de Israel. Aí D-us disse que aquela geração não entraria na terra mas ficariam 40 anos no deserto. Muitos interpretaram este decreto como uma punição. Mas não foi. Ele foi apenas uma consequência inevitável da natureza humana.

O Rabino Jonathan Sacks, em seu comentário, descreveu muito bem a situação. Na opinião dele, “É necessário mais do que alguns dias ou semanas para transformar uma população de escravos numa nação capaz de lidar com as responsabilidades da liberdade. No caso dos israelitas, foi necessário uma geração nascida em liberdade, endurecida pela experiência do deserto, livre de hábitos de servidão. A liberdade leva tempo e não existem atalhos. Muitas vezes leva muito tempo.

Essa dimensão de tempo é fundamental para a visão judaica da política e do progresso humano. É por isso que, na Torá, Moisés diz repetidamente aos adultos para educarem os seus filhos, para lhes contarem a história do passado, para “lembrarem”. É por isso que a própria aliança se estende ao longo do tempo – transmitida de uma geração para a seguinte. Não há, no Judaísmo, nenhuma transformação repentina da condição humana”.

Essa foi a lição dos espiões. Os israelitas simplesmente tiveram que encarar o fato de que eles ainda viviam com a mentalidade de escravos e somente seus filhos, nascidos livres, poderiam alcançar aquilo para o qual eles próprios não estavam preparados.

Infelizmente, as democracias do mundo não entendem isso. Que para trazer a liberdade e a democracia, as pessoas precisam estar prontas para recebe-las. Os Estados Unidos travaram uma guerra de 20 anos no Iraque e no Afeganistão, para trazer a eles liberdade e democracia. Ao final, a poderosa América teve que sair aos tropeços e hoje os Talibãs estão de volta e o Afeganistão voltou ao século VII e o Iraque virou vassalo dos aiatolás do Irã.

Trazer liberdade e democracia não é o trabalho de guerras. A única coisa que pode trazê-las é educação, a reconstrução da sociedade com base nestes valores e a lenta aceitação das responsabilidades que acompanham estes valores. Infelizmente isso pode levar gerações.

E por que estou falando isso? Porque em vez de se concentrar em ganhar a guerra contra o Hamas, Israel está tendo que lidar com a pressão americana e de outros aliados do Ocidente, para Israel concordar com o que acontecerá no dia seguinte após a guerra. Anthony Blinken, o secretário de estado americano já declarou que o que Biden quer ver é a implantação da solução de dois estados, com a união da Judeia e Samária e Gaza, baixo ao governo da Autoridade Palestina.  

Tendo em conta todas as iniciativas de paz propostas para acabar com o “conflito” entre Israel e os palestinos ao longo dos últimos 83 anos, somos obrigados a finalmente reconhecer a realidade de que os palestinos não querem estabelecer o seu próprio Estado, porque rejeitaram todas as ofertas que Israel fez. Eles querem tudo ou nada e sem dúvida, não querem fazer a paz com judeus.

​É só ver o que aconteceu com o desengajamento. Em agosto de 2005, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, evacuou todas as comunidades judaicas da Faixa de Gaza. Mais de 8 mil israelenses perderam suas casas, trabalhos, plantações para ver se a solução de dois estados era possível. Imediatamente após a saída dos judeus, os palestinos votaram no Hamas e transformaram a Faixa de Gaza no maior reduto terrorista do mundo.  Morreu assim o derradeiro ramo de oliveira para a paz com os palestinos. Mas não só com eles.

Israel está de fato lutando em mais de uma frente. Além de Gaza, Israel sofre ataques diários do sul do Líbano, da Síria, da Judeia e Samaria, do Iraque e até do Iémen, tudo orquestrado pelo Irã. E é por isso que Israel precisa obter uma vitória decisiva, um resultado claro em Gaza.

Esta não é uma guerra que Israel escolheu. No dia 6 de outubro havia um cessar-fogo com o Hamas. Esta guerra foi imposta a Israel e na esteira de um verdadeiro massacre. Todos os dias são lidos os nomes dos jovens que morreram na luta em Gaza e no Norte. Já passamos dos 100 soldados mortos e este é um preço muito alto que um país tão pequeno como Israel tem que pagar.

E a comunidade internacional quer que nossos soldados morram para entregar tudo numa bandeja de prata para o senhor Mahmoud Abbas, que financiava as ações do terrorista Yasser Arafat, que hoje paga terroristas e suas famílias salários nababescos para matarem judeus israelenses, que ainda preside a Organização para Libertação da Palestina, que incita o terrorismo e fala do Hamas como uma entidade legítima? Quem essa comunidade internacional pensa estar enganando? Acabamos com o Hamas para ficarmos com a Fatah que é a mesma coisa com outro nome?

E é por essa razão, que Israel no final dos combates, deve ser vitoriosa e ter o completo controle da Faixa. Só assim, Israel com a ajuda do resto da comunidade internacional poderá tentar reverter os efeitos da lavagem cerebral, do ódio, da educação de morte, do radicalismo islâmico, impostos na população da Faixa há mais de 20 anos. Precisa nascer uma nova geração livre de tudo isso para haver qualquer chance de paz. Forçar Israel a parar o combate antes disso, vai garantir a sobrevivência do Hamas e veremos o mesmo acontecer daqui a 20 anos.

Somente esta vitória completa conseguirá devolver o poder de dissuasão de Israel, enviando uma mensagem potente para todos os agentes do Irã e para os próprios aiatolás. E isso é de interesse não só de Israel mas dos Estados Unidos e também da Europa. Assim, é importante Israel convencer os Estados Unidos que ao derrotar o Hamas será preciso criar uma nova realidade em Gaza para não permitir que os terroristas levantem novamente a cabeça.

E é por isso também que a fraca e extremamente corrupta Autoridade Palestina não é adequada para assumir a responsabilidade por Gaza no pós-guerra.

É hora de Israel, dos Estados Unidos, enfim, de todo o mundo pararem imediatamente de perseguir essa fantasia de uma solução de dois Estados. Foi este esforço, de obrigar Israel a aguentar o lançamento de milhares de mísseis no seu território por décadas, de não escalar o conflito, para tentar chegar na solução de dois Estados que tivemos o dia mais sangrento da história de Israel.

Até que a mentalidade mude, até que o sonho de apagar Israel do mapa morra e o sonho de uma vida melhor, uma vida construtiva e não a busca pela morte governe, nenhuma solução será possível. Não foi possível com os judeus que saíram do Egito, com os afegãos baixo ao Talibãs e não será com essa geração de palestinos da Faixa de Gaza.

Mas talvez seja possível com seus filhos que ainda estão para nascer.

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