Dois assuntos estiveram nas manchetes de Israel nesta semana da Páscoa. Uma foi uma postagem do filho de Benjamin Netanyahu, Yair, insultando o presidente da França, e a outra, o vazamento das intenções de ataque de Israel às usinas nucleares do Irã e o veto americano.
O presidente
francês Emmanuel Macron disse de forma muito sucinta que Israel "tem o
direito de se defender, mas dentro das proporções" (sejam lá quais forem
as proporções da cabeça dele). Ele também reafirmou a necessidade de fortalecer
a Autoridade Palestina, reconstruir Gaza e caminhar em direção à criação de um
Estado palestino, ao mesmo tempo em que advogava pela retirada militar
israelense da Síria, Líbano e Gaza. Só não pediu para visitar a Alice no país
das maravilhas.
A reação do
filho do primeiro-ministro de Israel foi rápida. Ele mandou o presidente
francês se danar (para usar uma palavra mais educada) e depois lembrou da
hipocrisia francesa, que se recusa a dar independência à suas colônias na África,
na Polinésia e até no Mediterrâneo, para a Ilha da Córsega.
Yair criou um
incidente diplomático, mas ele tem razão.
O fato de
Macron e a esquerda política no Ocidente não terem aprendido nada com os
ataques a Israel de 7 de outubro de 2023 (e o apoio de Mahmoud Abbas a eles) é
decepcionante, mas não é nenhuma surpresa.
O que é mais
desanimador é que eles nem mesmo aprenderam com as lições do apaziguamento de
Hitler antes da segunda guerra mundial. Para Macron e outros lacaios ocidentais
o mais importante hoje é prevenir uma terceira guerra a qualquer preço. Especialmente
se este preço incluir sacrificar Israel. Então, o Estado judeu não pode ser tão
poderoso e controlador, tão "provocador". As mãos de Israel precisam
ser amarradas.
Para isso,
Macron e seus puxa-sacos querem deslegitimar a doutrina de defesa de Israel de
reduzir preventivamente a capacidade de ataque dos inimigos. Isso inclui
operações contra o Hamas em Gaza, a Hezbollah no Líbano, as milicias xiitas no
Iraque, na Síria, contra células terroristas na Judeia e Samaria, e é claro, o
Irã.
Esta
doutrina, é o que em Israel chamamos de Doutrina Begin. Em 1981, o primeiro-ministro
de Israel, Menahem Begin ordenou a destruição da usina nuclear do Iraque. Dois
dias após o ataque, Begin falou para o mundo: “se tivéssemos ficado quietos,
dois, três anos, no máximo quatro anos, e Saddam Hussein tivesse produzido 3,
4, 5 bombas, este país e seu povo teriam sido perdidos: um outro Holocausto
teria ocorrido na história do povo judeu. Nunca mais é Nunca mais. E nunca
permitiremos que o inimigo desenvolva armas de destruição em massa contra nós.”
Begin em 1981 estabeleceu um novo padrão para os líderes israelenses: se uma
ação preventiva for possível, ela deve ser considerada – especialmente quando a
sobrevivência do país estiver em jogo.
Algumas
autoridades israelenses esperavam um ataque ao Irã enquanto o comandante do Comando
Central americano, General Michael Kurilla, ainda estivesse no cargo,
reconhecendo sua afinidade operacional com Israel. Mas Kurilla está de saída. O
presidente Donald Trump, embora anteriormente tenha incentivado a ação militar
israelense, desde então, decidiu dar uma chance para a diplomacia, chegando a
enviar Kurilla para pedir a Israel que recue, por enquanto.
Outras
autoridades acreditam que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se tornou
dependente demais da aprovação americana. E ainda outras dizem que Israel pode
e deve agir sozinho – especialmente considerando que as defesas aéreas do Irã,
antes consideradas formidáveis, foram severamente degradadas pelas operações
israelenses.
Macron e seus
comparsas hoje priorizam o retorno da Síria às suas antigas fronteiras em vez
de se preocuparem com a segurança e a paz a longo prazo para Israel. Ficamos
com a impressão de que eles preferem uma região liderada por ditaduras e
tiranos, como Turquia, Catar e Egito, a uma região estabilizada pelo poder
militar israelense e seus países parceiros do Acordo de Abraão.
O cheiro que
emana desses cidadãos europeus e americanos da velha guarda é de antipatia por
Israel. Eles simplesmente não conseguem tolerar um Israel forte.
Em vez de
abraçar Israel – a única democracia no Oriente Médio, o único país que
constantemente se comprometeu com a paz no Oriente Médio e o único verdadeiro
aliado americano no Oriente Médio – como uma potência regional positiva e
proativa que está remodelando o Oriente Médio para melhor, eles a difamam como uma
bully, ou pior.
Aqui tenho
que explicar por que Israel não considera mais ajudar a criar um "governo
eficaz e reconstrução" envolvendo, bilhões de dólares e euros adicionais
para a Autoridade Palestina ou acordos diplomáticos que não valem nada como
acordos com a Síria e o Irã.
Quarenta anos
de acordos ao estilo de Oslo, nos quais o Ocidente persuadiu e pressionou
Israel a retiradas territoriais e a uma política de contenção contra seus
inimigos, provaram ser um fracasso completo. A política de
"contenção", que priorizava a diplomacia em detrimento de triunfos
militares, fracassou completamente. Tudo explodiu na cara de Israel, com o
terror e a invasão da Judeia, Samaria, Gaza, Síria e Líbano, e a marcha do
programa de bombas nucleares do Irã que podemos dizer, já chegou lá.
Isso foi
acompanhado por décadas de cegueira intencional do Ocidente em relação à
natureza jihadista dos inimigos de Israel, à ameaça dos jihadistas a outros
países da região e à infiltração de influências jihadistas no próprio Ocidente
– das populações migrantes com mentalidade jihadista.
Assim, nos
últimos 18 meses, Israel não teve outra escolha a não ser buscar uma avenida
melhor para prevenir e neutralizar ameaças inimigas. Em seu discurso à nação
ontem à noite, Bibi Netanyahu deixou claro que Israel deve e continuará a guerra
em Gaza e em outros lugares até a vitória.
Israel quer
ser temida – e sim, militarmente “dominante” –, não amada. E Israel também sabe
que seus vizinhos buscarão uma verdadeira parceria somente quando ela for
forte.
Assim, Israel
não pode mais aceitar políticas que enfatizam "silêncio por silêncio"
ou "contenção", pois isso permite que o inimigo desenvolva suas
capacidades de ataque sob o pretexto de um período de trégua.
Depois do dia
7 de outubro, entramos numa nova era. Israel tem que projetar sua força para
neutralizar definitivamente os adversários e, assim, liderar a região – para
reunir uma coalizão de nações verdadeiramente em busca da paz. Sim, para
realmente "estabilizar" a região, mas não por meio da dependência de modelos
diplomáticos batidos e fórmulas fracassadas que transbordam fraqueza.
É triste e
tão destrutivo que políticos como Macron e outros pensem que o caminho para a
paz no Oriente Médio seja, mais uma vez, a monotonia, pressionando Israel à
contenção, a "mostrar boa-fé" na diplomacia, a se curvar às demandas
árabes e a concordar com retiradas que supostamente "satisfarão" a
sede de sangue do inimigo. Isso sabendo que somente Israel suportará as consequências
de um Irã nuclear.
É horrível
que eles se rebaixem a demonizar Israel como uma ameaça, em vez de reconhecer
que Israel é o maior trunfo do Ocidente. O único país que conseguiu trazer seus
valores de liberdade para a região e o único que não terá medo de defender
estes valores face aos tiranos que continuam a ameaçar o mundo. O momento está
aqui novamente. A Doutrina Begin não deve ser somente uma memória histórica.
Deve ser uma política ativa. Israel precisa se preparar para agir, sozinha se
necessário, e logo.