Sunday, April 20, 2025

O Ocidente Mais Uma Vez Contra Israel - 20/4/2025

Dois assuntos estiveram nas manchetes de Israel nesta semana da Páscoa. Uma foi uma postagem do filho de Benjamin Netanyahu, Yair, insultando o presidente da França, e a outra, o vazamento das intenções de ataque de Israel às usinas nucleares do Irã e o veto americano.

O presidente francês Emmanuel Macron disse de forma muito sucinta que Israel "tem o direito de se defender, mas dentro das proporções" (sejam lá quais forem as proporções da cabeça dele). Ele também reafirmou a necessidade de fortalecer a Autoridade Palestina, reconstruir Gaza e caminhar em direção à criação de um Estado palestino, ao mesmo tempo em que advogava pela retirada militar israelense da Síria, Líbano e Gaza. Só não pediu para visitar a Alice no país das maravilhas.

A reação do filho do primeiro-ministro de Israel foi rápida. Ele mandou o presidente francês se danar (para usar uma palavra mais educada) e depois lembrou da hipocrisia francesa, que se recusa a dar independência à suas colônias na África, na Polinésia e até no Mediterrâneo, para a Ilha da Córsega.

Yair criou um incidente diplomático, mas ele tem razão.

O fato de Macron e a esquerda política no Ocidente não terem aprendido nada com os ataques a Israel de 7 de outubro de 2023 (e o apoio de Mahmoud Abbas a eles) é decepcionante, mas não é nenhuma surpresa.

O que é mais desanimador é que eles nem mesmo aprenderam com as lições do apaziguamento de Hitler antes da segunda guerra mundial. Para Macron e outros lacaios ocidentais o mais importante hoje é prevenir uma terceira guerra a qualquer preço. Especialmente se este preço incluir sacrificar Israel. Então, o Estado judeu não pode ser tão poderoso e controlador, tão "provocador". As mãos de Israel precisam ser amarradas.

Para isso, Macron e seus puxa-sacos querem deslegitimar a doutrina de defesa de Israel de reduzir preventivamente a capacidade de ataque dos inimigos. Isso inclui operações contra o Hamas em Gaza, a Hezbollah no Líbano, as milicias xiitas no Iraque, na Síria, contra células terroristas na Judeia e Samaria, e é claro, o Irã.

Esta doutrina, é o que em Israel chamamos de Doutrina Begin. Em 1981, o primeiro-ministro de Israel, Menahem Begin ordenou a destruição da usina nuclear do Iraque. Dois dias após o ataque, Begin falou para o mundo: “se tivéssemos ficado quietos, dois, três anos, no máximo quatro anos, e Saddam Hussein tivesse produzido 3, 4, 5 bombas, este país e seu povo teriam sido perdidos: um outro Holocausto teria ocorrido na história do povo judeu. Nunca mais é Nunca mais. E nunca permitiremos que o inimigo desenvolva armas de destruição em massa contra nós.” Begin em 1981 estabeleceu um novo padrão para os líderes israelenses: se uma ação preventiva for possível, ela deve ser considerada – especialmente quando a sobrevivência do país estiver em jogo.

Algumas autoridades israelenses esperavam um ataque ao Irã enquanto o comandante do Comando Central americano, General Michael Kurilla, ainda estivesse no cargo, reconhecendo sua afinidade operacional com Israel. Mas Kurilla está de saída. O presidente Donald Trump, embora anteriormente tenha incentivado a ação militar israelense, desde então, decidiu dar uma chance para a diplomacia, chegando a enviar Kurilla para pedir a Israel que recue, por enquanto.

Outras autoridades acreditam que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se tornou dependente demais da aprovação americana. E ainda outras dizem que Israel pode e deve agir sozinho – especialmente considerando que as defesas aéreas do Irã, antes consideradas formidáveis, foram severamente degradadas pelas operações israelenses.

Macron e seus comparsas hoje priorizam o retorno da Síria às suas antigas fronteiras em vez de se preocuparem com a segurança e a paz a longo prazo para Israel. Ficamos com a impressão de que eles preferem uma região liderada por ditaduras e tiranos, como Turquia, Catar e Egito, a uma região estabilizada pelo poder militar israelense e seus países parceiros do Acordo de Abraão.

O cheiro que emana desses cidadãos europeus e americanos da velha guarda é de antipatia por Israel. Eles simplesmente não conseguem tolerar um Israel forte.

Em vez de abraçar Israel – a única democracia no Oriente Médio, o único país que constantemente se comprometeu com a paz no Oriente Médio e o único verdadeiro aliado americano no Oriente Médio – como uma potência regional positiva e proativa que está remodelando o Oriente Médio para melhor, eles a difamam como uma bully, ou pior.

Aqui tenho que explicar por que Israel não considera mais ajudar a criar um "governo eficaz e reconstrução" envolvendo, bilhões de dólares e euros adicionais para a Autoridade Palestina ou acordos diplomáticos que não valem nada como acordos com a Síria e o Irã.

Quarenta anos de acordos ao estilo de Oslo, nos quais o Ocidente persuadiu e pressionou Israel a retiradas territoriais e a uma política de contenção contra seus inimigos, provaram ser um fracasso completo. A política de "contenção", que priorizava a diplomacia em detrimento de triunfos militares, fracassou completamente. Tudo explodiu na cara de Israel, com o terror e a invasão da Judeia, Samaria, Gaza, Síria e Líbano, e a marcha do programa de bombas nucleares do Irã que podemos dizer, já chegou lá.

Isso foi acompanhado por décadas de cegueira intencional do Ocidente em relação à natureza jihadista dos inimigos de Israel, à ameaça dos jihadistas a outros países da região e à infiltração de influências jihadistas no próprio Ocidente – das populações migrantes com mentalidade jihadista.

Assim, nos últimos 18 meses, Israel não teve outra escolha a não ser buscar uma avenida melhor para prevenir e neutralizar ameaças inimigas. Em seu discurso à nação ontem à noite, Bibi Netanyahu deixou claro que Israel deve e continuará a guerra em Gaza e em outros lugares até a vitória.

Israel quer ser temida – e sim, militarmente “dominante” –, não amada. E Israel também sabe que seus vizinhos buscarão uma verdadeira parceria somente quando ela for forte.

Assim, Israel não pode mais aceitar políticas que enfatizam "silêncio por silêncio" ou "contenção", pois isso permite que o inimigo desenvolva suas capacidades de ataque sob o pretexto de um período de trégua.

Depois do dia 7 de outubro, entramos numa nova era. Israel tem que projetar sua força para neutralizar definitivamente os adversários e, assim, liderar a região – para reunir uma coalizão de nações verdadeiramente em busca da paz. Sim, para realmente "estabilizar" a região, mas não por meio da dependência de modelos diplomáticos batidos e fórmulas fracassadas que transbordam fraqueza.

É triste e tão destrutivo que políticos como Macron e outros pensem que o caminho para a paz no Oriente Médio seja, mais uma vez, a monotonia, pressionando Israel à contenção, a "mostrar boa-fé" na diplomacia, a se curvar às demandas árabes e a concordar com retiradas que supostamente "satisfarão" a sede de sangue do inimigo. Isso sabendo que somente Israel suportará as consequências de um Irã nuclear.

É horrível que eles se rebaixem a demonizar Israel como uma ameaça, em vez de reconhecer que Israel é o maior trunfo do Ocidente. O único país que conseguiu trazer seus valores de liberdade para a região e o único que não terá medo de defender estes valores face aos tiranos que continuam a ameaçar o mundo. O momento está aqui novamente. A Doutrina Begin não deve ser somente uma memória histórica. Deve ser uma política ativa. Israel precisa se preparar para agir, sozinha se necessário, e logo.

Sunday, April 6, 2025

O Que Está Acontecendo com o Irã - 06/04/2025

Nas últimas décadas, vários esforços foram feitos para impedir que o Irã construísse um arsenal nuclear, seja por meio de diplomacia e acordos internacionais ou sanções econômicas. Mas, apesar das inúmeras horas e trabalho dedicados pelos Estados Unidos e outros países, os tiranos de Teerã estão agora mais perto do que nunca de seu objetivo.

No ponto em que estamos as negociações com os aiatolás são inúteis. Durante anos, o Irã enganou intencionalmente a comunidade internacional, fingindo cumprir os acordos nucleares enquanto secretamente avançava seu programa de armas, interferindo nas inspeções das instalações nucleares e desafiando repetidamente as demandas da comunidade internacional para cessar e desistir de obter armas nucleares.

Há apenas seis semanas, um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica disse: “O Irã afirma ter divulgado todo o material nuclear, atividades e locais exigidos no Acordo de Salvaguardas. Isso é inconsistente com as avaliações da agência.” Tradução: O Irã continua mentindo sobre a extensão de seu programa nuclear.

A AIEA estima que se o inventário atual do Irã for enriquecido ainda mais, seria suficiente para seis ogivas nucleares. O Irã poderia enriquecer urânio suficiente para cinco bombas de fissão em cerca de uma semana apenas e o suficiente para oito armas em menos de duas semanas.”

Esses aiatolás devem ser impedidos a todo custo antes que seja tarde demais.

Assim que Trump assumiu o governo americano, ele reimpôs as sanções contra o Irã, mas além de levar tempo para fazerem efeito, elas têm brechas que precisam ser fechadas como isenções e licenças especiais que facilitam o comércio iraniano, o comércio de petróleo entre o Irã e a China, operações bancárias feitas por terceiros e ONGs islâmicas que mandam fundos para o Irã.

Além disso, os Estados Unidos podem "desestabilizar" o regime através de ataques cibernéticos à infraestrutura crítica e a de petróleo, incluindo refinarias, oleodutos e terminais de distribuição.

Não podemos esquecer que é preciso estabelecer uma linha de apoio com o povo do Irã. Isso envolve uma campanha de informação agressiva, apoio aos grupos de oposição, criar redes de cooperação regionais, e o uso da mídia social e tradicional. Devemos mostrar ao povo iraniano a repressão e os abusos dos direitos humanos, direitos de livre expressão, e de imprensa do regime. Informar sobre a falência econômica e a transferência dos fundos do país para apoiar os grupos como o Hezbollah, o Hamas, os Houthis e as milicias xiitas no Iraque que não trazem qualquer benefício ao povo iraniano. E de todas as formas apoiarmos os que protestam contra um regime que a maioria deles claramente detesta.

Mas como disse, isso tudo leva tempo. Um tempo que talvez e infelizmente, não tenhamos mais.

Por isso, é que o governo Trump está transferindo uma quantidade sem precedentes de arsenal militar para o Oriente Médio, na vizinhança do Irã e do Iêmen. Essa transferência, junto com sanções econômicas e um prazo de dois meses para o Irã encerrar seu programa nuclear e entregar todo o seu arsenal, incluindo mísseis intercontinentais e balísticos e seu estoque de uranio enriquecido, deveria fazer o Irã pensar duas vezes. Mas não.

O Irã está claramente nervoso, o que é uma coisa boa, mas também desafiador, o que era de se esperar. O "Líder Supremo" Aiatolá Khamenei disse no mês passado, que Teerã não seria intimidado a negociar com os EUA baixo a "demandas e ameaças excessivas", e rejeitou negociações diretas. E ameaçou um "golpe duro" se os EUA atacassem o Irã.

O comandante da força aérea da Guarda Revolucionária iraniana tornou a ameaça ainda mais explícita esta semana: "Os EUA têm 10 bases e 50.000 soldados na região... Se você vive em uma casa de vidro, não deve atirar pedras", ele disse. E o conselheiro de Khamenei e ex-presidente do parlamento Ali Larijani enfatizou que se os EUA bombardearem as instalações nucleares do Irã, a "opinião pública" iraniana pressionará o governo a "mudar sua política" e a buscar armas nucleares.

Larijani está é sonhando. O povo iraniano está esgotado de ser maltratado por este bando de fanáticos que querem trazer o apocalipse. Se houver um ataque, o povo iraniano ficará do lado dos Estados Unidos. E os aiatolás sabem disso.

No final das contas, Trump sabe que neste caso, não pode ficar só na promessa, na ameaça. Ele terá que agir como prometeu, e isso terá que ser em breve. Porque manter a sua palavra será decisivo ao lidar com a China e com a Rússia. E talvez seja por isso que Trump ligou neste final de semana para Bibi - que estava em viajem na Hungria - para vir imediatamente para Washington.

É essa realidade aterrorizante que explica a postura dura tomada pelo presidente americano em relação aos iranianos, a quem ele avisou que eles enfrentarão bombardeios "como nunca visto antes" se não desmantelarem seu programa nuclear.

A abordagem de Trump é precisamente o que é necessário neste momento crítico, mesmo porque ficou abundantemente claro que a liderança do Irã não tem intenção de desistir de suas ambições nucleares. Quanto mais o mundo espera, mais perto o Irã fica de uma arma nuclear que poderá enviar contra Israel ou qualquer outro aliado americano.

Na última segunda-feira, em um sermão proferido em Teerã, o líder supremo aiatolá Khamenei, reafirmou seus apelos anteriores pela destruição de Israel, dizendo: "Erradicar a entidade sionista é um dever religioso e moral".

Estamos todos na mira dele, e a cada dia que passa o candidato a Hitler da Pérsia está se aproximando cada vez mais de seu objetivo ameaçando todos e tudo o que prezamos. E uma vez que o Irã pense que acabou com os judeus, como sabemos, o Ocidente será o próximo. Então, esta não é apenas uma batalha de Israel; é uma guerra de todos, e chegou a hora de Washington e Jerusalém agirem.

Claro, a ideia de atacar o Irã é aterrorizante. Mas, por mais assustadora que a ideia possa parecer, ela empalidece em comparação com termos aiatolás atômicos capazes de ameaçar o mundo com chantagem nuclear e destruição. Temos que confrontar a realidade de que a única solução verdadeira para o problema da República Islâmica é a sua queda.

As recentes ações de sucesso de Israel contra o Hamas e o Hezbollah (proxies do Irã) e seus golpes esmagadores nas defesas aéreas do Irã criaram uma oportunidade única para Washington que pode não existir mais a frente.

Trump deixou claro que quer um Oriente Médio onde os amigos de Washington sejam muito mais fortes e seus inimigos muito mais fracos.

Para isso estamos correndo contra o tempo; e não há um momento sequer a perder.

Os EUA e/ou Israel devem bombardear o Irã agora, antes que seja tarde demais.

 

Sunday, March 30, 2025

Os Protestos em Gaza - 30/03/2025

 

Este ano não tivemos cerimônias. Não em Jerusalem e não no Cairo. Nem qualquer evento simbólico em Washington para marcar os 46 anos do acordo de paz entre Israel e o Egito. Em vez de celebrações o que temos é tensão que vem crescendo desde maio último quando Israel lançou a ofensiva no sul da Faixa de Gaza. Nesta ofensiva, Israel tomou o corredor Filadelfia, que tinha se tornado uma galinha de ovos de ouro para a família do presidente egípcio al-Sissi, que alegadamente cobrava e continua a cobrar dezenas de milhares de dólares para um visto de saída de Gaza e entrada no Egito e para de lá ir para outro país.

A paz entre Israel e o Egito sempre foi fria. Enquanto os líderes políticos dos dois países assinavam tratados, autoridades de segurança construíam uma estrutura de cooperação contra ameaças mútuas, e israelenses viajavam aos milhares para o Cairo, Alexandria e Luxor, a paz nunca chegou ao povo egípcio. E hoje, essa paz parece mais uma relíquia.

As tensões pioraram ainda mais quando o presidente americano Donald Trump anunciou que iria relocar a população de Gaza para outros países gerando um protesto árabe liderado pelo Egito. De repente, a Faixa de Gaza deixou de ser a prisão em céu aberto e Israel sua carcereira para se tornar a terra palestina e que, por amor a ela, os palestinos nunca deixariam.

Mas a realidade não é bem assim. A mídia israelense relatou há alguns dias que, desde que a guerra em Gaza começou, cerca de 35 mil pessoas deixaram a Faixa — não forçadas, mas voluntariamente. O Ministro de Energia e Infraestrutura Eli Cohen disse durante uma entrevista à Rádio do Exército que os números do governo israelenses são mais próximos de 70 a 80 mil.

Na quinta-feira, cerca de 200 moradores de Gaza teriam deixado Gaza para receber cuidados médicos em outros países acompanhados de seus familiares; e na quarta-feira, houve relatos de que, nos próximos dias, 100 moradores de Gaza estariam se mudando para a Indonésia para trabalhar em construção.

Vale a pena ter tudo isso em mente ao considerar alguns acontecimentos realmente espantosos em Gaza esta semana. Pela primeira vez, manifestações contra o Hamas eclodiram na terça-feira e continuaram na quarta e quinta-feira. Não vamos colocar o carro na frente dos bois e pensar que o Hamas está à beira do colapso. Mas esses protestos — seu tamanho, o fato de terem ocorrido em vários locais na Faixa de Gaza ao mesmo tempo e continuado por dois dias — representam algo novo e diferente, algo nunca visto antes: os maiores protestos anti-Hamas já realizados em Gaza.

Centenas e centenas de manifestantes tomaram o que restou das ruas, exigindo a libertação imediata dos reféns israelenses que ainda estavam vivos para pôr fim à guerra. Esses manifestantes irritados e frustrados, gritando que já tinham tido o suficiente, eram provavelmente os mesmos que apoiaram o Hamas, celebraram o sucesso de seu massacre em 7 de outubro e talvez até entraram para ajudar o grupo terrorista a saquear, a torturar, a estuprar e a matar israelenses.

Mas depois de 17 meses de guerra, a realidade desta loucura finalmente os alcançou. As condições de vida intoleráveis, sem moradia, água, eletricidade, esgoto e dependo da ajuda humanitária controlada pelo Hamas para comer, os manifestantes não se contiveram, e mesmo correndo o risco de morte, saíram às ruas contra o Hamas.

O fato de eles estarem pedindo a soltura dos reféns para a guerra acabar, mostra o seu desespero completo e absoluto que se transformou em raiva contra o Hamas — mesmo um pouco tarde. Ou talvez, quem sabe, finalmente se deram conta quem são os verdadeiros vilões que destruíram suas vidas.

Uma das razões para estes protestos agora, tem a ver com o fim do cessar-fogo. Os moradores de Gaza que retornaram ao que restou de suas casas quando o cessar-fogo entrou em vigor em 19 de janeiro tiveram um choque — e agora que Israel recomeçou as operações dentro de Gaza e a alertar as pessoas para deixarem suas casas novamente, eles não querem reviver o que já passaram desde 7 de outubro.

Dalia Ziada, uma autora egípcia disse que hoje a situação em Gaza é diferente por três razões: “O Hamas está só e devastado; a mídia tendenciosa patrocinada pelo Catar já perdeu a credibilidade e capacidade de manipular a verdade; o povo de Gaza quebrou as barreiras do medo depois de não ter mais nada a perder.”

Ahmed Fouad Alkhatib, um blogueiro palestino-americano de Gaza e membro sênior do Atlantic Council, postou no X que "os protestos massivos anti-Hamas e anti-guerra em Gaza não são organizados pela OLP, AP ou Fatah. Eles são expressões orgânicas, populares e inteiramente autênticas de frustrações, raiva, fúria e exaustão de um povo mantido refém pelo terrorismo e criminalidade implacáveis ​​do Hamas."

Até agora, houve pouca reação internacional a esses protestos a nível de governos — tanto ocidentais quanto árabes. Mas se eles continuarem a crescer, isso poderá gerar pressão sobre o Hamas ou apoio a uma liderança alternativa em Gaza.

O silêncio dos manifestantes pró-Palestina no exterior atingiu Alkhatib. Ele escreveu que se deparou com um "protesto 'pró-Palestina' aparentemente organizado espontaneamente" em Washington na quinta-feira. Similar ao que ocorreu em São Paulo, na terça-feira.

Ele disse: "Eu pensei, uau, talvez eles estejam aqui para apoiar as centenas de milhares de moradores de Gaza que têm se manifestado contra o Hamas e exigido o fim do governo do grupo terrorista. Em vez disso, esses manifestantes estavam repetindo os mesmos velhos slogans cansados ​​e não fizeram nenhuma menção ou referência aos moradores de Gaza que estão colocando suas vidas em risco. A surdez dos manifestantes era surpreendente, quase como se estivessem deliberadamente tentando ofuscar o que estava acontecendo em Gaza."

Alkhatib escreveu que, além de desafiar o Hamas, esses manifestantes de Gaza estavam expondo a fraude do movimento tradicional de "solidariedade pró-Palestina" no Ocidente, "um que só se importa com as vidas palestinas quando se encaixa em uma agenda estritamente anti-Israel e aplica indignação seletiva, mas nunca em relação a uma organização terrorista fascista islâmica que destruiu o projeto nacional palestino e prejudicou o povo palestino. Que vergonha para todos que ainda estão em silêncio!"

As vozes que emergem dos protestos — onde os cartazes incluem “Fora, fora, fora! Hamas, saia”, “Queremos viver” e “O sangue de nossos filhos não é barato” — confirmam isso, apontando para uma disposição crescente entre os moradores de Gaza de expressar descontentamento com o Hamas, apesar dos riscos. E a repressão não tardou. Odai al-Rabei, de 22 anos, foi sequestrado, torturado e assassinado pelo Hamas. Vídeos circularam mostrando imagens gráficas do corpo de al-Rabei, que parecia ter sofrido tortura. Outros vídeos mostraram o cortejo fúnebre de al-Rabei realizado em Gaza hoje, no qual milhares de participantes declararam em fúria: “Em espírito e sangue nós o vingaremos, Odai!”, “Allahu Akbar,” assim como “Fora, fora, fora! Hamas fora!” O fato de as pessoas ainda estarem indo às ruas sugere que elas sentem que há pouco a perder.

Os protestos em Gaza não significam que o Hamas está prestes a cair — assim como revoltas semelhantes em outros lugares raramente levam a uma mudança de regime da noite para o dia. Mas eles desafiam suposições de longa data sobre o povo de Gaza: que eles nunca enfrentarão o Hamas e que eles não têm para onde ir.

Para Israel, isso representa uma abertura estratégica e um desafio. Ela já está se moveu para apoiar a realocação voluntária.

A missão agora é não esmorecer e continuar as operações militares que trarão mais pressão sobre o Hamas, tanto de Israel como internamente. Israel também precisa estar pronta com planos e ideias construtivas para ajudar os moradores de Gaza que quiserem sair, e a colocar uma nova ocupação da Faixa que se ocupe da educação sem lições de ódio, da próxima geração, e que limpe qualquer traço da memória do Hamas e dos outros grupos terroristas que são os verdadeiros inimigos do povo árabe da região.