Sunday, March 27, 2011

A Política Palestina e o Ataque em Jerusalem - 27/03/2011

Depois do horrendo ataque em Itamar na semana retrasada, nesta quarta-feira tivemos um ataque em Jerusalem. Uma bomba jogada embaixo de um ônibus em plena hora do rush. Uma inglesa cristã estudante de bíblia de 56 anos foi morta e dezenas foram feridos.


Até agora, nenhum grupo reinvidicou este ataque.

No nível militar, os palestinos adotaram uma tática que mistura cada vez mais mísseis avançados com esfaqueamentos e bombas em sacolas. É o casamento entre os iranianos e células terroristas locais. Os ataques são difusos e não incluem homens-bomba.

Para o público, esta nova tática não é interessante e a mensagem não é nova. Com ou sem homens-bomba, os israelenses compreendem que estão entrando num novo período de violência e que o perigo estará em qualquer lugar, seja em Rishon Lezion, Sderot, Jerusalem, Itamar ou Tel Aviv. Os judeus são todos colonizadores e portanto alvos legítimos.

Esta terceira onda de terror palestino depois das de 1987 e 2000, também é uma guerra política e seu propósito principal não é o de matar judeus. Não. Quando judeus morrem é só um benefício à mais. Seu propósito é o de enfraquecer Israel politicamente para causar seu eventual colapso.

E é neste contexto que os vários grupos palestinos se abstiveram de tomar responsabilidade pelo ataque em Jerusalem e seus esforços para fugir do questionamento foi notável. No passado, a Fatah, Hamas e o Jihad Islâmico competiam pelo crédito dos massacres.

Inicialmente pareceu que este novo round de terrorismo iria seguir o mesmo modelo. As Brigadas dos Mártires de Al-Aksa, braço da Fatah de Mahmoud Abbas, por exemplo, imediatamente reinvidicou a autoria do massacre da familia Fogel em Itamar. O Hamas quis competir pelo crédito e promoveu uma grande celebração da atrocidade no dia seguinte em Gaza, distribuindo balas e presentes ao público. Mas quando a Fatah negou a responsabilidade, o Hamas ficou quieto.

O Hamas, por seu lado, se creditou da barragem de mísseis lançados na última semana em Israel. 58 lançados no sábado passado. Aí o Jihad Islâmico reivindicou os ataques de Katyusha de longo alcançe em Rishon Letzion, Beersheva, Gedera e Ashdod. Mas ninguém quis o crédito pelo ataque ao ônibus de Jerusalém na quarta-feira. O que será que aconteceu? Ninguém quis o crédito pelo ataque, mas tampouco ninguém negou sua autoria.

Nas duas ondas anteriores, os grupos terroristas tinham pelo menos 2 objetivos ao se responsabilizarem por ataques terroristas. O primeiro era aumentar sua popularidade. Na sociedade palestina, quanto mais judeus você mata, mais popular você se torna. O Hamas conseguiu vencer as eleições em 2006 porque os palestinos acreditaram que o grupo havia conseguido chutar os judeus de Gaza em 2005. Apesar da Fatah ter matado um número maior de judeus ao longo dos anos, o Hamas foi recompensado por esta percepção e sua recusa categórica em negociar qualquer coisa que seja com Israel.

A segunda razão era dinheiro. Os grupos precisavam mostrar serviço a seus patrocinadores como Saddam Hussein que pagava milhares de dólares para as familias dos homens-bomba. Na última década, o Irã e a Síria têm pago milhares de dólares para armar e treinar o terrorismo palestino da Fatah, Hamas e Jihad Islâmico.

O fato de hoje ninguém estar reinvindicando este ataque, mostra que algo fundamental está mudando. Para entendermos esta mudança, vamos deixar o Jihad Islamico de lado, porque eles são só provedores de “serviços” para o Hamas. O fato de tanto a Fatah como o Hamas manterem silêncio mostra que depois de 4 anos de desentendimento, suas negociações para um governo de união estão sérias. A segunda razão é que, ambos sabem quem fez o ataque e cada um quer usar o terrorismo para ganhar vantagem sobre o outro. A Fatah sabe que se o Hamas reinvindicar o ataque, sua popularidade na Judéia e Samária irá crescer mas o Hamas não quer ser condenada pela Fatah às vésperas de concluir o governo de união. E se a Fatah confessar o crime para mostrar que como o Hamas eles também não querem a paz com Israel, estarão se arriscando com a comunidade internacional.

A verdade é que tanto para a Fatah quanto para o Hamas, a audiência procurada não é Israel, mas a Europa e os Estados Unidos. A Fatah está em meios a uma campanha para que o mundo declare o estado palestino unilateralmente em setembro. Da perspectiva israelense, isto é perigoso porque este novo estado palestino estará desde o nascimento, em guerra com Israel. Além disso, a declaração deste estado colocará trezentos mil israelenses que moram na Judéia e Samária, num estado de limbo.

O debate aqui nos Estados Unidos é se o Presidente Obama apoiará ou vetará esta resolução. Pela sua conduta, se ele não apoiar a criação do estado palestino ele possivelmente irá se abster do veto. O fato é que possivelmente isto acontecerá e se a comunidade internacional decidir a criação do estado palestino dentro das linhas de armistício de 1948, a Comunidade Internacional ficará à vontade para autorizar novas sanções contra Israel.

A lógica diz que a Fatah deveria esperar pelo menos até setembro para recomeçar com o terrorismo se sua vontade não se fizer na Assembléia Geral, mas isto é o Oriente Médio aonde a lógica não tem um grande papel.

Mas o fato de nem a Fatah e nem o Hamas terem negado sua participação neste ataque de quarta-feira, mostra que eles não sentem mais a necessidade de fingir. Eles não precisam dizer que se opõem ao terrorismo para manter o apoio da Europa e Estados Unidos. Os palestinos chegaram à conclusão de que hoje a Europa é abertamente hostil contra Israel e esta administração americana está no mesmo caminho e isto não é resultado de qualquer lobby palestino.

Vejam o que está acontecendo na Líbia. Os Estados Unidos simplesmente transferiram a liderança das operações militares para a França. Isto nunca aconteceu. Obama não quer ver os Estados Unidos na frente de qualquer ação contra árabes. E aí está o perigo.

O abandono europeu de qualquer semblante de justiça quando se trata do estado judeu é produto de sua realidade política. As comunidades muçulmanas estão se expandindo de modo exponencial na Europa influenciando as posições virulentas da mídia, e como consequencia, forçando seus governos a tomarem posições muito mais hostis a Israel, para apaziguar suas violentas comunidades muçulmanas.

Vejam o primeiro ministro inglês David Cameron, por exemplo. Quando ele chamou Gaza de uma prisão a céu aberto no ano passado, ele não estava falando ao líder da Fatah, Mahmoud Abbas. E ele não estava fazendo esta afirmação por convicção. Ele sabe isto ser uma grande mentira. Ele também sabe que o Hamas é um grupo terrorista jihadista com a mesma ideologia da Irmandade Muçulmana e da Al-Qaeda.

Mas para Cameron, muito mais importante que a prosperidade de Gaza e os objetivos genocidas de seus dirigentes, é o fato do lobby muçulmano ter conseguido expulsar 6 membros do parlamento que expressaram algum suporte para Israel nas eleições anteriores na Inglaterra.

Hoje os palestinos sabem que eles não precisam fingir para manterem o apoio da Europa. Depois de terem seus cérebros lavados por sua mídia e intimidados pelas comunidades muçulmanas, os europeus desenvolveram uma resposta pavloviana de ódio para tudo o que se refere à Israel. E não importa se for o massacre de crianças israelenses ou o bombardeamento de sinagogas ou jardins de infância. Eles sabem que os culpados são os judeus e esperam que seus governos puna o estado de Israel. E os Estados Unidos querem transferir qualquer decisão sobre o Oriente Médio para estes países que têm estes interesses em jogo.

Assim, o que o silêncio palestino ensina sobre quem cometeu este ultimo ataque em Jerusalem é que nesta nova onda de terrorismo, os palestinos sabem que eles não podem perder. Com a Europa na correia e os Estados Unidos seguindo, a Fatah e o Hamas estão livres para juntarem suas forças para enfraquecer Israel militar e politicamente.

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