O tumulto no Oriente Médio continua. Bashar Assad está hoje na posição que Mubarak estava no começo dos protestos no Egito. E está fazendo os mesmos erros, senão pior. Em seu discurso nesta semana, ele se recusou a falar de reformas e logo em seguida disse que substituiria as leis de emergência vigentes há 40 anos por leis anti-terrorismo que poderão ser até pior. Assad é claro, culpa Israel por este desafio aos seus 11 anos de poder e mais de 40 anos de ditadura de sua familia. Os protestos e as mortes continuam mas ninguém nas Nações Unidas ou em qualquer outra organização mundial está sequer mencionando o assunto.
Na Líbia os Estados Unidos entregaram o comando das operações da OTAN para a França e já anunciaram que não mais tomarão parte nas ações para manter o espaço aéreo do país livre. Mas ao dar esta declaração, Obama simplesmente mandou uma mensagem para Kadafi que se ele se mantiver firme, ele poderá reganhar o controle do país. E é exatamente isto o que está acontecendo. Mais uma vez, Obama ignorou as lições passadas da História. Uma delas é “se você atirar no rei, tem que matar o rei”.
No Yemen a situação também está piorando. Em Bahrain, a situação se estabilizou somente com o cerco dos bairros shiitas da ilha e a intervenção militar da Arabia Saudita.
E o Irã continua, nos bastidores, firmando sua posição hegemônica na região. Uma pesquisa entre os países árabes do Golfo Pérsico mostrou que todos eles, sem exceção, acham que o Irã é uma ameaça muito maior que Israel. Interessante é que a “inteligentsia” que cerca Obama e é defendida pela mídia, continua a cometer os mesmos erros de avaliação e tomar lamentáveis decisões que continuam a alienar os aliados e a fortalecer os inimigos dos Estados Unidos.
Obama continua a pressionar Israel por concessões e congelamentos de construções na Judéia e Samária. Mas não há qualquer pressão para o Irã cessar sua atividade nuclear. Obama decidiu bombardear a Líbia baseado numa nova doutrina que ele chama “a responsabilidade de proteger civis”. Mas esta doutrina parece servir somente para a Líbia do petróleo e não para a Costa do Marfim aonde centenas estão sendo massacrados, ou no Sudão, aonde centenas de milhares foram mortos em Darfur.
Obama condenou Mubarak sobre os direitos humanos no Egito, mas se curva ao rei da Arábia Saudita aonde ninguém pode ter uma Bíblia, mulheres não votam ou dirigem e decapitações ocorrem todas as sextas-feiras por crimes como “bruxaria”. Ou a China que prende dissidentes e obriga mulheres a abortarem seus bebês se elas já tiveram sua quota de filhos. O premier chines é recebido na Casa Branca com tapete vermelho e jantar de gala.
Quem Obama acha que está enganando? Para um presidente que baseou sua campanha eleitoral na oposição às guerras no Iraque e Afganistão, ele hoje está em mais guerras contra países árabes que qualquer presidente na história americana. Com a diferença que hoje os Estados Unidos alienaram e perderam seus maiores aliados na região.
E com tudo isto ocorrendo, o juiz Goldstone veio à público num editorial escrito no Washington Post na sexta-feira, para dizer que se arrepende do relatório que leva seu nome. Goldstone acusou Israel de crimes de guerra e possivelmente de crimes contra a humanidade durante a guerra de Gaza em 2008-2009. Parece que Yom Kippur veio cedo para Richard Goldstone.
Apesar do tom de arrependimento deste surpreendente artigo, ele ainda diz que a culpa foi de Israel por não ter colaborado com sua equipe. Mas ele disse que hoje sabe que Israel não alvejou civis de propósito. Netanyahu ontem à noite falou que este relatório deve ser jogado no lixo da história.
Goldstone disse logo no primeiro parágrafo do seu editorial que se ele soubesse na época, o que ele sabe hoje, o relatório teria sido diferente. Como é trágico que um juiz reconhecido como Richard Goldstone tenha perdido sua bússola moral e produzido um documento que causou um dano tão irreversível para Israel. Trágico para o nome dele mas mais trágico ainda para as forças armadas que colocaram suas vidas em perigo para defender seus cidadãos de modo honrável contra o governo assassino e terrorista de Gaza.
E a desculpa esfarrapada que tudo isto foi causado pela falta de cooperação de Israel? Goldstone sabe muito bem que Israel não podia cooperar com esta investigação que havia sido formulada desde o princípio pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas com a clara intenção de sujar o nome de Israel, legitimar seus inimigos e reduzir sua capacidade de defesa em conflitos futuros. A cooperação de Israel somente daria mais credibilidade à parcialidade do Conselho.
Mas mesmo sem a cooperação de Israel, a verdade sobre o que ocorreu no campo de batalha – a verdade que ele diz que não conhecia – estava disponível para ele na época. Israel forneceu à Goldstone de modo informal, relatórios sobre suas ações e as informações públicas em jornais, revistas, televisão, nunca deixou qualquer dúvida que o Hamas havia provocado a guerra e que estava usando escudos humanos para aumentar a morte de civis. Estas mesmas fontes publicaram os esforços sobrehumanos que o exército de Israel estava fazendo – muito além que qualquer outro exército no mundo – para evitar a morte de civis.
Só agora, 18 meses depois de submeter acusações incendiárias contra Israel, seguidas de várias entrevistas para justificar suas conclusões é que Goldstone retorna com um mea culpa, procurando desfazer o mal causado. Como dizem os rabinos, é como tentar colocar de volta as penas do travesseiro que se rasgou ao vento.
Seria risível, se não fosse tão trágico, que só agora Goldstone reconheça que as alegações contra Israel foram baseadas em mortes e ferimentos de civis para os quais não havia prova. De fato, a única conclusão racional para uma investigação honesta – dadas as provas disponíveis na época, a história de comportamento do Hamas e a tradição moral do exército israelense – é que Israel não agiu para propositalmente alvejar e matar civis palestinos. Mas a investigação de Goldstone não foi honesta.
Infelizmente, esta tardia “reconsideração” de Goldstone não trará publicidade suficiente ou causará qualquer impacto no relatório original que contém as acusações falsas contra Israel. Governos, incluindo aqueles que se dizem amigos de Israel mas que não votaram contra o relatório – não irão correr para pedirem desculpas ao governo ou aos soldados de Israel. Eles não reconsiderarão suas políticas. E não irão expressar confiança na capacidade de Israel de investigar internamente alegações contra seu exército.
Os governantes e as ONGs que usaram o relatório Goldstone como sua “prova” para castigar Israel, não irão agora se voltar e criticar o Hamas. Eles não irão condenar a Autoridade Palestina por usar o relatório como desculpa para a declaração unilateral do seu estado.
Eles não irão exigir que Mahmoud Abbas abandone seus esforços de negociar um governo de unidade com o Hamas, um grupo terrorista que objetiva abertamente a destruição de Israel e como escreveu Goldstone na sexta-feira, “proposital e indiscriminadamente” alveja civis israelenses. A culpa de Israel foi “estabelecida” há muito tempo atrás. E não importa que o homem que certificou esta culpa, queira hoje corrigir esta grande mentira que ele ajudou a cimentar. Tarde demais.
Tarde demais também para as organizações de mídia que enfatizaram em suas primeiras páginas as alegações sem fundamento de crimes de guerra cometidos por Israel. Elas não irão dar qualquer espaço para esta retratação tardia. Ficaria surpresa se víssemos os maiores jornais do mundo seguirem o exemplo de Goldstone e se retratarem das reportagens e análises que declararam Israel um pária da humanidade.
Hoje Goldstone escreve que ele tinha esperança de que “a investigação de Israel sobre o conflito em Gaza iria iniciar uma nova era de equilíbrio no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas – que até então tinha uma parcialidade indubitável contra Israel”. Dada esta história de parcialidade no Conselho, porque será que o juiz concordou em liderar este trabalho sujo com um efeito tão devastador?
Sua investigação teve um efeito tóxico em todos os campos - nos fórums diplomáticos e legais, na mídia, nas universidades e no discurso público mundial. Ele envenenou o nome de Israel. E no campo de batalha, ele prestou uma ajuda imensa aos inimigos do estado judeu, encorajando-os a acreditar que podiam matar israelenses não só com impunidade mas com simpatia e apoio internacional. Goldstone declarou Israel um inimigo imoral, colocando a vida de seus cidadãos em perigo.
Sabe o que? Uma desculpa destas não é suficiente. Ele deve para Israel, no mínimo, daqui para a frente, até o fim de seus dias, trabalhar incessantemente para tentar desfazer o dano que ele causou.
É... Yom Kippur chegou cedo para Richard Goldstone, mas sua demonstração de penitência veio muito tarde demais.
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