Sunday, June 5, 2011

Disturbios na Fronteira Siria - 5 de Junho de 2011

Foi só a presença de espírito e calma do pequeno contingente de soldados israelenses da reserva que evitaram que milhares de palestinos “refugiados” tornassem o dia da Nakbah, num sangrento episódio. Isto foi há 2 semanas quando Israel comemorava o dia de sua independência, considerado uma catástrofe para os árabes. Uma multidão de sírios e palestinos tentou derrubar a cerca que separa a Síria de Israel, claramente para provocar uma resposta letal dos soldados e produzir alguns “mártires” para a causa.


Além disso, como subproduto, o governo sírio esperava desviar a atenção de sua população dos massacres diários de seus próprios cidadãos, para massacres perpetrados por Israel. O dilema para o estado judeu era e é: proteger a soberania de Israel a qualquer custo, mesmo ao custo de vidas de manifestantes ou permitir o temporário atropelo da fronteira, o que sem dúvida encorajaria multidões maiores e consequencias piores.

O resultado não foi catastrófico. 2 mortos e 100 manifestantes presos e retornados à Siria. Mas na era do Facebook, o momento não poderia ser perdido. Agora os árabes inventaram o dia da Naksa. Se para eles o dia da criação de Israel em 1948 foi uma catástrofe, o dia da reunificação de Jerusalem em 1967 foi uma “desfeita temporária”. E estão conclamando milhares de refugiados palestinos dispostos ao martírio para convergirem para a fronteira com Israel a partir de hoje e culminando nos dias 5 a 7 de Junho.

Poucos destes árabes podem realmente ser considerados “refugiados” pois nunca puseram os pés em Israel, muito menos foram expulsos. Eles são, no máximo, descendentes daqueles que saíram de Israel confiando na palavra dos líderes árabes que haviam prometido uma rápida vitória que culminaria com jogar os judeus ao mar. Estes palestinos continuam a viver alimentados pela esperança dada por estes mesmos líderes que seu retorno às suas antigas casas está assegurado.

Mas depois de 63 anos, os desafios que Israel está encontrando são diferentes dos do passado. E o país precisa se adaptar e estar à altura para responder.

O incidente da flotilha turca de Maio passado mostrou como de vítima, Israel passou a ser o vilão. Ela não estava preparada para lidar com a mídia internacional e apresentar seu lado ao mundo. Pior ainda, parece que o aparato de inteligência de Israel também não parece estar andando com o tempo ao não conseguir antecipar eventos que ocorrem na sua própria fronteira.

Duas semanas antes de Mubarak apresentar sua resignação como presidente do Egito, um representante da Knesset perguntou ao chefe da inteligência militar de Israel se os eventos da Tunisia poderiam afetar os vizinhos, especialmente o Egito. A resposta foi que não, que o Egito era diferente. O incidente da Flotilha e de novo há duas semanas quando os manifestantes conseguiram atravessar a fronteira, mostram que os distúrbios nos países árabes não estão tirando o foco de Israel, como alguns esperavam.

Israel também está ocupada com seu inimigo existencial número um: o Irã e em maneiras para reduzir a ameaça da Republica Islâmica.

Enquanto Israel se preocupa com estas ameaças estratégicas, ela deixa passar as mudanças que estão ocorrendo: os palestinos e seus patrocinadores vendo os sucessos na Tunísia, Egito, agora no Yemen, se deram conta que não precisam trazer Israel para um confronto militar mas provocar uma resposta militar de Israel contra civis para ridiculariza-la aos olhos do mundo. Mostrar que é um país arrogante que não respeita os direitos humanos.

A ideia é de perpetuar a imagem de vítima. De mandar centenas de manifestantes desarmados para atravessarem a fronteira. Neste confronto não há como Israel ganhar.

Mas por outro lado, é preciso entender as intenções daqueles que estão por trás desta nova tática. Numa entrevista recente ao The New York Times, Rami Makhlouf, primo do presidente Sirio Bashar Assad, disse que se não houvesse estabilidade na Síria, não haveria estabilidade para Israel.

E é o que temos hoje. Desde esta manhã, a fronteira com o Líbano parece calma mas a fronteira com a Síria está em ebulição. Além disso houveram confrontos em alguns pontos na Judéia, manifestações em Gaza e assim por diante. Os olhos estão voltados para as fronteiras de Israel e não para as dezenas de funerais que estão ocorrendo na Síria.

Com o regime usando mão pesada contra seus próprios cidadãos há semanas, se o regime da Síria não quisesse, não haveria ninguém na sua fronteira com Israel hoje. A Hezbollah está presente ajudando Assad e organizando estas marchas “pacíficas”. E acima de tudo, parece que conselheiros iranianos foram despachados de Teherã para comandar a bagunça na fronteira.

A resposta pobre de Israel há duas semanas, consolidou a idéia de que esta é a maneira correta de atacar o país e com um custo muito baixo para os árabes. Desde aquele dia, os manifestantes têm dito que não precisam de exércitos. Que com as mãos nuas libertarão a Palestina e Jerusalém.

O ex-primeiro ministro de Israel Yitzhak Rabin dizia que Israel não precisava de um departmento de relações públicas. Que o mundo iria julgar Israel por suas ações e comportamento.” Isto era na época dele. Gostaria de saber o que ele faria hoje com a Internet.

Israel precisa começar a agir com a cabeça e encontrar novos meios para confrontar estes manifestantes desarmados e dissuadí-los de suas tentativas. É imperativo que Israel previna que suas fronteiras sejam violadas por multidões que são apenas peões daqueles que não estão nem aí para sua situação. Se estivessem, depois de 3 gerações, teriam dado à estes descendentes de palestinos a cidadania dos países aonde nasceram e os direitos de qualquer outro cidadão. Mas estes governos, como a Síria querem simplesmente avançar sua própria agenda e se manter no poder a qualquer custo e se usar estes manifestantes contra Israel servir a seus propósitos, então que seja.

Dia 15 de Maio foi o primeiro dia. Hoje, dia 5 de Junho é o segundo e temos dias 6 e 7 de Junho, a comemoração da derrota árabe em 1967 na Guerra dos Seis Dias. Bem ou mal, o calendário árabe não acaba aí: está cheio destas “comemorações” de derrotas árabes.

Eu não sei qual é a resposta para este dilema hoje. Mas sem dúvida, parte da solução está em Israel se dar conta de que ela realmente precisa de um departamento de relações públicas.

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