Sunday, August 21, 2011

Israel e o Egito - Nova Fase 21/8/2011

Esta semana tivemos mais um terrível ataque terrorista. Mas este não foi qualquer ataque. Foi o primeiro passo de uma escalação perigosa num front que até agora, não causava preocupação para Israel: o Egito.


Este também é o primeiro fruto da queda do presidente Hosni Mubarak, patrocinada pelos Estados Unidos, e provavelmente o primeiro ataque bem sucedido da Al-Qaeda em Israel. Sim, porque os suspeitos são os Comitês Populares Palestinos, um grupo afiliado à al-Qaeda.

De acordo com as testemunhas, os terroristas estavam usando uniformes militares egípcios. Num fogo cruzado na fronteira, ainda no decorrer do ataque de quinta-feira, Israel atingiu 3 soldados egípcios. A questão é: com que atitude irá o Egito reagir e qual será sua opinião pública. Pelo que vimos até agora, os sinais não são nada bons.Manifestantes no Cairo frente à embaixada israelense exigiram o fim do acordo de paz.

Dos Estados Unidos vemos somente a mesma retórica vazia e palavras de espanto. Por enquanto, os que governam interinamente o Egito não têm qualquer interesse em complicar as coisas com Israel mas o que acontecerá em alguns meses quando as rédeas do governo forem entregues à um governo islâmico e profundamente anti-Israel?

O que mais preocupa, no entanto, é o modelo de avaliação de risco que Israel insiste em usar e que só é revisto quando o sangue rola nas ruas, ou neste caso, nas estradas. É só ver a história.

De 1994 a 2000, Israel fechou os olhos para a cooperação aberta entre as forças de seguranças palestinas e os grupos terroristas. Israel só começou a reconsiderar sua posição depois do ataque ao túmulo do patriarca José, no qual policiais palestinos se recusaram a ajudar a retirar um soldado israelense que acabou sangrando até a morte enquanto os terroristas e vândalos destruíam e queimavam o local.

Da mesma forma, o exército de Israel só deixou de ignorar o massivo empilhamento de armas pela Hezbollah quando o grupo começou a guerra em 2006. Em Gaza, a história foi igual. Israel só respondeu com força à barragem de mísseis do Hamas, quando sua frequência e mortes tornou a vida dos residentes do sul do país absolutamente intolerável em 2008.

Só podemos esperar que o ataque múltiplo, sofisticado, combinando vários de tipos de armas e emboscadas por um inimigo ainda não identificado, e em sua fronteira, irá forçar o exército israelense a alterar sua visão sobre o Egito. A possibilidade que este seja só o primeiro de uma onda de ataques numa guerra irregular vinda do Sinai é grande. E até agora não vimos uma clara estratégia por parte do governo Netanyahu para lidar com este tipo de agressão vindo da península.

O inimigo inclui o Hamas, a Irmandade Islâmica, células terroristas afiliadas com Al-Qaeda, o exército egípcio e as forças de segurança que operam na área, além dos residentes beduínos que nos últimos anos vêm sofrendo um forte processo de islamização.

É preciso deixar bem claro que este ataque de quinta-feira não veio do vácuo. Há mais de uma década que a situação no Sinai vem se deteriorando. Desde a saída de Mubarak em Fevereiro, o governo egípcio perdeu o controle da península, deixando que suas linhas de fornecimento de gás para a Jordânia e Israel fossem explodidas mais de uma vez e terroristas firmassem suas bases nas fronteiras.

Enquanto o mundo comemorava em êxtase a vitória dos manifestantes na praça Tahrir, o Hamas mandou suas forças atacar as estações de polícia egípcias na fronteira em Rafah e El-Arish com RPGs e rifles. Dizem que o Hamas teria chegado até o canal de Suez atacando também lá a polícia local.

Em resposta, a junta militar egípcia se rendeu e abriu a fronteira entre Gaza e o Egito, permitindo aos jihadistas se deslocarem livremente e expandirem em muitas vezes sua capacidade em mísseis, armamento e pessoal treinado para a Faixa de Gaza. A ameaça ficou tão grave que no final de semana passado, com a aprovação de Israel, os egípcios enviaram dois batalhões do exército para o Sinai, dizendo que era para erradicar células da Al-Qaeda que estariam operando no local.

Não ficou claro o que estes batalhões fizeram até os ataques de quinta. Quase que imediatamente após os ataques, as autoridade militares do Egito negaram categoricamente que os terroristas tivessem entrado em Israel pelo Sinai. Não há dúvida que houve muito planejamento e treinamento necessário para levar a cabo estes ataques. A competência dos terroristas indica que tinham posse de inteligência precisa sobre o tráfego israelense civil e militar na fronteira com o Egito.

O que ficou claro é que Israel não pode contar seriamente com a cooperação do exército egípcio para combater seus inimigos. A verdade é que não podemos nem descartar a possibilidade que o exército egípcio tenha cooperado com os terroristas nesta operação assassina.

E isso não é surpresa. Desde a saída de Mubarak, os militares da junta têm cultivado assiduamente seus elos com a Irmandade Muçulmana.

Três dias antes dos ataques, o exército de Israel anunciou seu orçamento para os próximos 5 anos, sem qualquer aumento na força ou equipamento. O chefe do estado maior, General Benny Gantz disse que o status quo era necessário para não provocar o Egito. Mas imediatamente após os ataques, o ministro da defesa Ehud Barak, ignorando o Egito, disse que os culpados eram de Gaza.

Apesar de ser totalmente plausível assumir que eram palestinos os perpetradores dos ataques, não é plausível assumir que eles sejam os únicos culpados. O que esta quinta nos mostrou é que Israel deve se preparar para uma nova realidade estratégica vinda do Egito e agir decisivamente. Primeiro é preciso investir na barreira de 240 km que separa Israel do Egito; é preciso aumentar as forças do Comando Sul de Israel e equipá-las com mais tanques e outras plataformas específicas para a guerra no deserto. E pela primeira vez em 30 anos, o exército precisa começar a treinar para possivelmente ter que novamente guerrear no deserto.

Apesar da revolução no Egito não ter sido sobre Israel, ela será sua primeira vítima. O novo Egito claramente rejeita a paz feita com o estado judeu pelo antigo Egito. Marquem minhas palavras. Este não é apenas um incidente isolado mas a abertura de uma nova fase. E a situação só irá piorar.

Esta é a dura e amarga realidade refletido no sangue que corre nas estradas de Israel. Minha pergunta final é: Alguém ainda está pensando em entregar a Judéia e Samária para o controle Palestino?



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