Em entrevista na
semana passada para a CNN, o ex-primeiro ministro de Israel Ehud Olmert quis
dar ao público a impressão de que ele estava à beira de um acordo histórico com
Mahmoud Abbas em 2008 e foi só por causa da interferência de certos indivíduos
dos Estados Unidos que trouxeram dinheiro de fora, que o acordo não saiu.
Independente de
seus motivos políticos, Olmert decidiu alimentar um mito internacional que um
acordo entre Israelenses e Palestinos era iminente e só precisava de uma diplomacia
americana robusta para ser finalizado.
Deixando de
lado estas acusações absurdas sobre milhões de dólares instantâneos
transferidos para grupos extremistas de direita para acabar com a inciativa de
paz, Olmert não estava nem na porta da garagem de um acordo de paz. De fato,
suas negociações secretas são prova do abismo que existe entre a maior concessão
feita por um primeiro ministro israelense e as exigências mínimas dos
palestinos para um acordo.
Depois das
fracassadas negociações de Camp David e Taba, a administração americana se
concentrou em trazer de volta estas propostas que simplesmente não funcionaram.
Outras alternativas nem foram consideradas e continuam a não ser consideradas.
O ex-presidente Bill Clinton, escreveu no the New York Times que “todo o mundo
sabe qual será o acordo final” por causa das iniciativas diplomáticas de
Olmert.
Assim,
presidentes americanos desinformados, que são levados a acreditar que um acordo
de paz está à sua porta, inevitavelmente lançam iniciativas baseados nos termos
negociados por Olmert só para no final baterem de frente com seus aliados
israelenses e falharem outra vez.
Desde 1949, os
Estados Unidos se auto-nomearam mediadores do conflito entre Israel e os
Árabes. Além do acordo de paz, Washington queria aumentar sua influência na
região. Esta mediação falhou nos dois pontos e feriu interesses econômicos e de
segurança vitais para os Estados Unidos.
De fato, a
mediação americana nunca produziu um só tratado de paz entre Israel e os
árabes. Os dois tratados que Israel assinou, foram iniciados diretamente pelas
partes sem a participação dos Estados Unidos.
Menachem Begin
iniciou as tratativas do acordo com o Egito em 1979, que foi aceito por Sadat,
em desafio à preferência do presidente Jimmy Carter que queria uma conferência
internacional e a concordância da Liga Árabe sobre os termos do acordo. Carter
tentou sabotar a iniciativa pressionando Israel sobre Jerusalem e os
palestinos. Só quando viu que iria perder o bonde deste momento histórico foi que Carter pulou no vagão
e coordenou as tratativas para selar o acordo.
Os acordos de
Oslo de 1993 entre Israel e os palestinos, foram apresentados pelo primeiro
ministro Yitzhak Rabin e Shimon Peres, surpreendendo o presidente Bill Clinton
que depois aceitou facilitar a sua assinatura. Do mesmo modo o acordo entre
Israel e a Jordânia em 1994, foi totalmente negociado entre Yitzhak Rabin e o
Rei Hussein. Clinton só apareceu na cerimônia de assinatura que se
deu em Israel e não nos Estados Unidos.
Até agora, as
várias iniciativas de paz americanas não só não produziram qualquer paz, mas
aumentaram a beligerância dos árabes. Elas foram todas baseadas no conceito
errado de “terra por paz” que premia os agressores em vez de penaliza-los e
provoca mais agressões contra a vítima.
Estas
iniciativas de paz incluiram pressionar Israel para terminar a ocupação do
Negev, internacionalizar Jerusalém e permitir a volta de refugiados árabes para
dentro de Israel em 1949 e 50, os planos Roger, Kissinger, Reagan, Bush-Baker,
Clinton e Mapa da Rota e conferências de Madrid, Wye River, Sharm el Sheikh,
Camp David, Taba, Annapolis, culminando nos pronunciamentos de Obama santificando
as linhas de cessar-fogo de 1949, promovendo a divisão de Jerusalem e o congelamento
da construção de judeus em Jerusalem do leste, Judéia e Samária.
Infelizmente, as
tentativas de mediação honesta entre Israel e os palestinos têm escapado aos
Estados Unidos. Enquanto Israel, através de seus 64 anos de história se manteve
uma aliada incondicional da América e um modelo para confrontar o terrorismo,
os palestinos ideologica e abertamente se posicionaram do lado dos seus
inimigos: a Alemanha nazista, o bloco soviético, Saddam Hussein e Osama Bin
Laden. Eles assassinaram o embaixador americano em Khartoum em 1973, participaram no bombardeamento da base
americana em Beirute em 1983, comemoraram o 11 de setembro, condenaram a
execução de Saddam Hussein e bin Laden e estabeleceram um sistema educacional
anti-semita e anti-americano para produzir novas levas de terroristas e
homens-bombas.
A mediação
americana se basea na falsa premissa que o conflito entre Israel e os árabes é
a causa de toda a turbulência no Oriente Médio, criando uma ligação ilusória e absurda entre este conflito que tem uns cem anos e o conflito islâmico entre sunnitas e shiitas que dura há mais de 1400 anos. Hoje os países árabes estão em tumulto e o
sentimento anti-americano em ascenção. Os Estados Unidos estão reduzindo seu
orçamento militar e diminuindo sua presença no Oriente Médio inclusive em
países que abriram seus braços para seu exército como a Arábia Saudita e Bahrain.
A China e a Russia estão aumentando sua influência e o programa nuclear do Irã
está avançando. Todos estes acontecimentos são independentes do problema
palestino, do conflito entre Israel e árabes, e da própria existência de
Israel.
Em 1967 a
Arábia Saudita ficou satisfeita com a devastação do Egito e da Síria na guerra
dos 6 dias que tinha como objetivo também a remoção da família Saud. Em 1990, enquanto
o Kuwait e a Arábia Saudita se debatiam com a invasão do Iraque, o time Bush-Baker
estava preocupado com os assentamentos judaicos na Judéia e Samária.
Hoje, 22 anos
mais tarde, a Arabia Saudita e a maioria dos países árabes esperam ansiosos por
um ataque preventivo de Israel ou dos Estados Unidos contra o Irã. Esta é a verdadeira ameaça à sua existência. Todos são anti-Israel e
querem sua destruição mas não é o conflito com o estado judeu ou o assunto
palestino, hoje seu maior problema.
Para que a
confiança árabe na liderança americana se justifique, os Estados Unidos devem
focar nos problemas reais como o Irã, o terrorismo islâmico, e o tumulto
recente nos países árabes que estão se radicalizando a cada dia.
Mas não só
isso. Para aumentar seu poder e influência no Oriente Médio, os Estados Unidos
precisam fortalecer a cooperação com os países democráticos, estáveis, e aliados
incondicionais na região como Israel. E não subordinar tal cooperação à uma
mediação de um assunto que hoje é secundário.
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