Sunday, January 20, 2013

Chuck Hagel, Obama e Israel - 20/01/2013


A oposição à candidatura de Chuck Hagel para Secretário de Defesa dos Estados Unidos foi tão intensa que muitos analistas previram que Obama não iria à frente com a nomeação. Estavam errados!

A decisão de nomear um extremo isolacionista para esta posição manda uma mensagem gélida sobre a direção que Obama irá tomar em sua política externa nos próximos quatro anos. Uma direção especialmente desconcertante para os judeus Americanos e para Israel.

Para começar, ao nomear uma pessoa com uma história tão consistente de desdenho com relação à Israel, mostra que Obama não mais se importa em alienar a vasta maioria dos judeus que votaram nele e a quem agora ele não precisa mais cortejar.

Obama está nomeando o homem que acusou o “lobby judaico” de deslealdade, de manter duas fidelidades e de agir como uma quinta coluna por apoiar Israel. A visão que ele tem dos judeus é um esteriotipo anti-semita comparável aos descritos nos Protocolos dos Sábios do Sião.

Além disso há o histórico de votação de Hagel no Senado em relação a Israel que mostra que até resoluções com amplo apoio tanto dos democratas quanto dos republicanos receberam o voto negativo de Hagel. Isto o tornou o senador mais hostil a Israel dos últimos tempos.

Mas o que mais preocupa em relação à nomeação de Hagel é que ele também tem o histórico mais consistente em oposição a ações contra o Irã, se opondo inclusive as sanções.

Isto sem falar que Hagel não tem sequer qualquer experiência na área de defesa. Seus meros 12 anos no Senado americano se concentraram nos comitês de bancos, moradia, e assuntos urbanos, comitê de inteligência, comitê de regras e administração e comitê de relações exteriores.

Assim, Hagel tem três problemas: suas declarações públicas, seu histórico de votação e sua capacidade executiva.

Seis meses antes das eleições que o reelegeram, Obama prometeu que asseguraria que o Irã nunca teria a bomba atômica. Mas Hagel tem defendido consistentemente o apaziguamento e a contenção com os mullas.

Neste contexto, como pode Obama nomear Hagel, que mantem uma posição aparentemente tão oposta à promovida em sua campanha? Ou será mesmo oposta? Que mensagem Obama estaria mandando ao Irã? A notícia da nomeação foi festejada em Teherã com manchetes dizendo que “o senador anti-Israel Chuck Hagel será o próximo secretário de defesa” enfatizando sua oposição à uma ação militar contra o Irã.

Obama sabia que até os democratas seriam contra esta nomeação. Até o New York Times e o Washington Post, dois jornais super-liberais acharam a nomeação inapropriada.

O professor Alan Dershowitz, que apoiou a reeleição de Obama disse que a nomeação de Hagel enviava uma mensagem confusa aos mullas e fortalecia aqueles que disseram que Obama estaria blefando sobre uma opção militar contra o Irã.

A liderança judaica americana está mesmo profundamente angustiada. O AIPAC não comentou formalmente, mas os líderes das maiores organizações judaicas americanas excepcionalmente se uniram para condenar a nomeação de Hagel para este cargo.

Houve no entanto, quem corresse para defende-lo. Os colunistas Tom Friedman e Roger Cohen do NYT o descreveram como um candidato ideal, um forte amigo de Israel, criticando duramente os líderes judaicos que tem a “chutzpah” (a coragem) de questionarem a boa-fé política de Hagel e que estão por trás desta campanha para torpedear sua nomeação.

A realidade, no entanto, é que a maioria dos judeus, incluindo os democratas, estão muito estressados com a escolha. Dershowitz diz que 95% da comunidade judaica americana se opõe à ela.

Mas enquanto os judeus realmente têm suas razões para não gostar das posições de Hagel, sua nomeação tem implicações globais ainda maiores. Ela pode ser um sinal de que Obama estaria retomando sua política inicial de engajar estados-pária em negociações fúteis e o apaziguamento do extremismo islâmico.

Certamente haverá muitas questões colocadas pelos senadores nas audiências para sua confirmação e Hagel tentará minimizar ou modificar suas posições passadas. Ele já diz que seus comentários sobre o lobby judaico foram distorcidos e que suas declarações sempre representaram um “apoio inequivoco” a Israel.

O governo de Netanyahu corretamente não comentou sobre a nomeação de Hagel pois seria se intrometer num assunto doméstico de outro país. Ao contrário de Obama que disse que “Israel não sabe o que seus interesses são” ao ouvir da probabilidade de Netanyahu será o ganhador da eleição esta semana.

Se Hagel for confirmado, o novo Secretário de Defesa levará consigo o histórico de apaziguamento do Irã, de diálogo com o Hamas e de críticas severas da influência pró-Israel em Washington.

Como disse Dershowitz: “a nomeação de Hagel não foi só um erro para Israel mas um erro para a América e um erro para a paz mundial”.

É certamente um sinal de que neste segundo termo, as relações entre Israel e a administração Obama serão ainda mais turbulentas do que previamos.

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