O comportamento da Europa é além da compreensão. Como continuamente se recusa a
ver o óbvio e como até interesses políticos mínimos se sobrepujam à verdade –
sem qualquer vergonha. E enfim, quando um de seus membros não tem outra escolha
a não ser falar a verdade, é criticado e ostracizado.
Este
é o caso da Bulgaria. Na semana passada seu ministro do interior Tsvetan
Tsvetanov colocou a culpa do ataque terrorista contra um ônibus de turistas em
Burgas em julho do ano passado inteiramente sobre a Hezbollah.
A
investigação e a distribuição das conclusões finais do ataque que matou cinco
israelenses e o motorista búlgaro têm inundado o noticiário do país nos últimos
dias.
Assen
Agov, um parlamentar búlgaro declarou que “já que pessoas morreram em solo
Europeu, a Hezbollah deve ser declarada uma organização terrorista”.
Imediatamente
após a publicação dos resultados da investigação, os veículos de mídia social
foram inundados com declarações anti-semitas e anti-Estados Unidos, acusando o
governo de Sofia de se curvar ao lobby judaico e à pressão americana.
Há
anos que Israel vem pedindo à União Européia para designar a Hezbollah como grupo terrorista e com isso tornar ilegal o envio de milhões de euros que o grupo consegue angariar na Europa todos os anos.
Desde
2005 a Hezbollah está incluida na lista de grupos terroristas dos Estados Unidos. O
novo secretário de estado americano John Kerry disse que agora que evidências
esmagadoras mostram o envolvimento do grupo neste ataque terrorista, “a Europa
deve enviar uma mensagem clara que a Hezbollah não poderá continuar suas ações
desprezíveis sem impunidade”.
O
conselheiro sênior em contra-terrorismo de Obama, John Brennan, também disse
que a Europa deve agir contra a infraestrutura financeira da Hezbollah para
evitar ataques futuros.
E
qual foi a resposta da Europa a todo este furor? A chefe da política exterior
da União Européia, Catherine Ashton, declarou que é preciso “meditar sobre o
resultado da investigação”! Bem profundo.
A
realidade é que a Europa não dá a mínima para a longa lista de atrocidades e
crimes perpetrados pela Hezbollah, inclusive os mais recentes massacres da
oposição e de civis na Síria.
E
aí tem o que chamamos de “spin”, a distorção da verdade. Quando questionado, o
chefe do contra-terrorismo europeu Gilles de Kerchove disse que primeiro era
preciso provar o envolvimento do “braço armado” da Hezbollah e depois a Europa
precisava decidir se colocar o grupo na lista de terroristas era “a coisa mais certa”
a ser feita. É óbvio que a Europa não está pronta a deixar que fatos interfiram com suas
opiniões.
Será
que alguém acredita que só porque a Hezbollah tem alguns assentos no parlamento
do Líbano, que o seu “braço armado” e seu “braço político” estão em planetas
diferentes? Isto foi exatamente o que disse o presidente da Bnei Brit Internacional
numa coluna no EUObserver. Daniel Mariaschin ainda disse que a Europa criou esta
distorção, para defender sua intransigência em incluir a Hezbollah na lista de
grupos terroristas.
Parece
que absolutamente nada, nem mesmo o assassinato de inocentes em solo europeu,
pode causar a mudança de política na Europa.
O
recente envolvimento da Hezbollah na Síria, mostra que ela não é só uma força
paramilitar no Líbano mas uma força mercenária que usa seus membros para
assegurar a manutenção de Assad no poder e no processo assumir o controle das
armas de destruição em massa da Síria.
O
próprio vice de Nasrallah, Naim Qassem, rejeitou esta noção quando a
Inglaterra decidiu designar o “braço armado” da Hezbollah como grupo terrorista.
Em 2009 numa entrevista ao LA Times ele deixou claro que “é a mesma liderança
que gerencia o trabalho parlamentar e governamental e que direciona as ações do
jihad em sua guerra contra Israel”.
E
mesmo assim, a Europa continua a ver a Hezbollah somente como um movimento
social do Líbano, parte da estrutura política e social do país e não o que
realmente é: o braço terrorista do Irã.
Pior
ainda, apesar de várias instituições de “caridade” para as quais a Hezbollah
angaria fundos terem sido desmascaradas como fachadas para unidades
terroristas, a Europa continua a dizer que o dinheiro é marcado para projetos
educacionais e sociais no Líbano. E
quem controla isso?
O
paradoxo é que enquanto a Europa diz estar fazendo de tudo para impedir o
comércio com o Irã e punir membros do governo sírio, ela incentiva a Hezbollah
a propagar sua ideologia, a angariar fundos e de participar em transações que
ajudam o Irã a evitar os efeitos das sanções.
A
verdade é que não existem duas Hezbollahs. É uma organização com uma liderança.
E a Europa deveria se envergonhar em permitir que um grupo terrorista tão letal
opere em seu território.
O
continente europeu, saturado do sangue dos inocentes parece estar imune às
mortes de Burgas. Os europeus insensíveis. É impensável que mesmo um ataque em seu
solo não seja suficiente para a Europa fazer o que é certo. O assustador, é
pensar o que o seria.
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