Sunday, February 10, 2013

A Europa e a Hezbollah - 10/02/2013


O comportamento da Europa é além da compreensão. Como continuamente se recusa a ver o óbvio e como até interesses políticos mínimos se sobrepujam à verdade – sem qualquer vergonha. E enfim, quando um de seus membros não tem outra escolha a não ser falar a verdade, é criticado e ostracizado.

Este é o caso da Bulgaria. Na semana passada seu ministro do interior Tsvetan Tsvetanov colocou a culpa do ataque terrorista contra um ônibus de turistas em Burgas em julho do ano passado inteiramente sobre a Hezbollah.

A investigação e a distribuição das conclusões finais do ataque que matou cinco israelenses e o motorista búlgaro têm inundado o noticiário do país nos últimos dias.

Assen Agov, um parlamentar búlgaro declarou que “já que pessoas morreram em solo Europeu, a Hezbollah deve ser declarada uma organização terrorista”.

Imediatamente após a publicação dos resultados da investigação, os veículos de mídia social foram inundados com declarações anti-semitas e anti-Estados Unidos, acusando o governo de Sofia de se curvar ao lobby judaico e à pressão americana.

Há anos que Israel vem pedindo à União Européia para designar a Hezbollah como  grupo terrorista e com isso tornar ilegal o envio de milhões de euros que o grupo consegue angariar na Europa todos os anos.

Desde 2005 a Hezbollah está incluida na lista de grupos terroristas dos Estados Unidos. O novo secretário de estado americano John Kerry disse que agora que evidências esmagadoras mostram o envolvimento do grupo neste ataque terrorista, “a Europa deve enviar uma mensagem clara que a Hezbollah não poderá continuar suas ações desprezíveis sem impunidade”.

O conselheiro sênior em contra-terrorismo de Obama, John Brennan, também disse que a Europa deve agir contra a infraestrutura financeira da Hezbollah para evitar ataques futuros.

E qual foi a resposta da Europa a todo este furor? A chefe da política exterior da União Européia, Catherine Ashton, declarou que é preciso “meditar sobre o resultado da investigação”! Bem profundo.

A realidade é que a Europa não dá a mínima para a longa lista de atrocidades e crimes perpetrados pela Hezbollah, inclusive os mais recentes massacres da oposição e de civis na Síria.

E aí tem o que chamamos de “spin”, a distorção da verdade. Quando questionado, o chefe do contra-terrorismo europeu Gilles de Kerchove disse que primeiro era preciso provar o envolvimento do “braço armado” da Hezbollah e depois a Europa precisava decidir se colocar o grupo na lista de terroristas era “a coisa mais certa” a ser feita. É óbvio que a Europa não está pronta a deixar que fatos interfiram com suas opiniões.

Será que alguém acredita que só porque a Hezbollah tem alguns assentos no parlamento do Líbano, que o seu “braço armado” e seu “braço político” estão em planetas diferentes? Isto foi exatamente o que disse o presidente da Bnei Brit Internacional numa coluna no EUObserver. Daniel Mariaschin ainda disse que a Europa criou esta distorção, para defender sua intransigência em incluir a Hezbollah na lista de grupos terroristas.

Parece que absolutamente nada, nem mesmo o assassinato de inocentes em solo europeu, pode causar a mudança de política na Europa.

O recente envolvimento da Hezbollah na Síria, mostra que ela não é só uma força paramilitar no Líbano mas uma força mercenária que usa seus membros para assegurar a manutenção de Assad no poder e no processo assumir o controle das armas de destruição em massa da Síria.

O próprio vice de Nasrallah, Naim Qassem, rejeitou esta noção quando a Inglaterra decidiu designar o “braço armado” da Hezbollah como grupo terrorista. Em 2009 numa entrevista ao LA Times ele deixou claro que “é a mesma liderança que gerencia o trabalho parlamentar e governamental e que direciona as ações do jihad em sua guerra contra Israel”.

E mesmo assim, a Europa continua a ver a Hezbollah somente como um movimento social do Líbano, parte da estrutura política e social do país e não o que realmente é: o braço terrorista do Irã.

Pior ainda, apesar de várias instituições de “caridade” para as quais a Hezbollah angaria fundos terem sido desmascaradas como fachadas para unidades terroristas, a Europa continua a dizer que o dinheiro é marcado para projetos educacionais e sociais no Líbano. E quem controla isso?

O paradoxo é que enquanto a Europa diz estar fazendo de tudo para impedir o comércio com o Irã e punir membros do governo sírio, ela incentiva a Hezbollah a propagar sua ideologia, a angariar fundos e de participar em transações que ajudam o Irã a evitar os efeitos das sanções.  

A verdade é que não existem duas Hezbollahs. É uma organização com uma liderança. E a Europa deveria se envergonhar em permitir que um grupo terrorista tão letal opere em seu território.

O continente europeu, saturado do sangue dos inocentes parece estar imune às mortes de Burgas. Os europeus insensíveis. É impensável que mesmo um ataque em seu solo não seja suficiente para a Europa fazer o que é certo. O assustador, é pensar o que o seria.


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